Vence o mais cheiroso

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960 »

jornalista_aricunha@outlook.com

Circe Cunha e MAMFIL

Nos últimos anos, diversas expressões da nossa língua pouco conhecidas e faladas pelos brasileiros comuns passaram a aparecer em grande número em manchetes de jornais e na mídia em geral e, em pouco tempo, começaram a ganhar a boca do povo, como se fossem palavras oriundas de uma nova língua estranha e misteriosa.

Expressões como “delações premiadas”, “embargos infringentes” e outras pertencentes ao mundo hermético do direito foram incorporadas às discussões corriqueiras, quando o assunto é corrupção da classe política, de empresários ou de funcionários públicos. À medida que a população vai se inteirando dos fatos, tanto do mensalão quanto dos decorrentes da Operação Lava-Jato, começaram a surgir também personagens e profissões inteiramente desconhecidas do grande público, que agiam com tanta desenvoltura nos bastidores das campanhas políticas que mais pareciam ser o ator principal.

A vaidade e a soberba dos profissionais da propaganda de perfumarias e, principalmente, o repentino e inexplicável enriquecimento material, mesmo antes de despertar a inveja dos que por anos sempre atuaram no mesmo meio e não tiveram sorte igual, chamaram a atenção das autoridades que seguiam a rota dos bilhões de reais surrupiados que escorriam por todos os lados. Nesta chamada democracia de audiência, em que os candidatos são vendidos como sabonete, vence quem for mais cheiroso.

O primeiro representante dessa categoria a surgir diante dos holofotes da mídia e das comissões parlamentares de inquérito foi um tal Duda Mendonça, que, na pretensão de querer parecer mais realista do que o rei, confessou ter recebido a paga pelos préstimos à campanha de Lula em contas devidamente camufladas no exterior. Aquele episódio, que quase custa um impeachment ao chefão geral do esquema, de nada serviu para abaixar a crista das aves de rapina. Pelo contrário. O próximo e mais devastador escândalo de corrupção, o petrolão, trouxe não um, mas uma dupla de marqueteiros do mesmo naipe, engasgados na Operação Acarajé, de 2016. O casal João Santana e Mônica Moura já foi apresentado à população devidamente acompanhado dos agentes da Polícia Federal.

Tão egocêntrico como o primeiro de 2005, esse casal de propagandistas de ilusões, graças às relações estreitas que mantinham com os mesmos figurões da República e certos do manto protetor da impunidade que os milhões de dólares ilusoriamente conferem, entraram tranquilamente na sede da polícia em Curitiba, de onde esperavam sair dali a poucas horas.

Condenado agora por crime de lavagem de dinheiro a oito anos de cadeia, mais um bloqueio de US$ 4,5 milhões, acrescidos ainda de mais US$ 30 milhões a título de reparação de danos, o casal segue em liberdade e promete recorrer. No despacho, o juiz Sérgio Moro mandou um recado aos marqueteiros lembrando que “a lavagem encobriu a utilização de produto de corrupção para remuneração de serviços eleitorais, com afetação da integridade do processo político-democrático” sendo, em sua avaliação, “o elemento mais reprovável do esquema criminoso da Petrobras, a contaminação da esfera política pela influência do crime”.

Quando o marketing é usado para vender corruptos como se fossem salvadores da pátria, torna-se, ele próprio, parte desse mesmo esquema de fraude, convertendo os profissionais da propaganda em verdadeiros marqueteiros do crime.

A frase que foi pronunciada

“O órgão que, de 1892 a 1937, mais falhou à República não foi o Congresso, foi o Supremo Tribunal.”

João Mangabeira na obra Rey – o estadista da República

Social
Bela campanha da Câmara dos Deputados. Com linguagem simples, um assunto que pede coragem e honestidade. Como ser natural com um deficiente físico. Se for idoso, não há necessidade de gritar, basta falar mais devagar. Com um cadeirante, o melhor é ficar na mesma altura ao conversar. Antes de ajudar, pergunte se a pessoa quer ajuda.

Mais calçadas
Como diz Uirá Lourenço, as cidades precisam ser pensadas para as pessoas, não só para os carros. Basta ver a quadra 213 Norte. Não há calçadas internas na quadra. As cadeiras de rodas e pedestres se deslocam arriscando a vida no asfalto.

Nada ainda
No Setor de Rádio e TV Sul, havia há três anos a multa cidadã aplicada por agentes-mirins. Carros estacionados em calçadas eram as infrações em maior quantidade. Uirá lembra do Jane’s walk, passeio guiado por alunos de arquitetura e urbanismo que elaboraram projetos de revitalização da área.

Declaração
Amigos(as)/Fui ao Piauí/ E voltei para Brasília/ Feliz por ter ido/ E feliz por voltar/ É muito bom ser de lá/ E é muito bom morar aqui. (professor Climério Ferreira)

Pauta cultural
Celina Kaufman, da Art&Art Galeria, convida os apreciadores de arte da cidade para a exposição de pinturas Quatressência, com Luiz Costa, Sonnia Guerra, Pompéia e Tony Lima. A vernissage ocorrerá no dia 15 de fevereiro às 18h30. A mostra estará aberta ao público até 15 de março, das 9h às 19h, de segunda a sexta. SAFS – Quadra 6, Lote 1, Trecho III Edifício dos Plenários.

História de Brasília
José Vieira Madeira, O Globo: o futuro de Jânio talvez seja o de ficar vagando sempre (para nossa alegria) por este mundo a fora, vendo os desfiles de biquínis na Europa, os cigarros de ópio no Oriente e as corridas de cavalo em quase todas as partes do mundo. (Publicado em 22/9/1961)

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