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Maria Angélica e as leis

Reproduzo carta inspirada na exposição Congresso Nacional – Aqui o Brasil toma posse da sua história. O evento foi criado por funcionários do Senado e organizado pela diretora de Projetos Especiais, Elga Lopes. A identidade da protagonista, aqui tratada como Maria Angélica, está preservada.

“Com o passar do tempo, aquele céu da paixão foi se transformando em inferno. Nosso segundo filho nasceu e tudo mudou. Meu marido começou a ficar violento. Primeiro, verbalmente. De tudo o que eu ouvia, o pior foi ele ter conseguido me fazer acreditar que eu não tenho valor, que não presto para nada. Passei a ver uma pessoa totalmente inútil quando me olhava no espelho. Sem vigor, sem força. As coisas pioraram bastante.

Na frente do meu filho mais velho, ele jogou álcool no meu corpo e ameaçou atear fogo. Sua coragem não chegou a tanto. Eu não sabia mais o que fazer. Medo, ódio e angústia eram meus sentimentos diários. Até que, em 2006, vi nos jornais e na TV notícias sobre a Lei Maria da Penha. Foi sancionada graças a uma mulher que sofria mais do que eu, que passou a usar cadeira de rodas por causa da violência do marido, conseguiu enfrentar o que eu ainda luto para conseguir: me libertar da escravidão do pensamento.

Graças a ela, agora é lei não poder, dentro do lar, abusar da força física. É lei não poder bater ou violentar a própria mulher. Agora a legislação criou mecanismo para evitar a violência doméstica contra a mulher. Prevenir e punir são os objetivos da lei, até erradicar a violência. Mais do que isso: criaram-se delegacias próprias preparadas para atendimento. Ter uma delegacia especial para a mulher é muito importante. Expor a intimidade é ação muito doída. Ter pessoas preparadas para nos ouvir é fundamental.

A que ponto chegamos? Ser necessária uma lei que atinja o que ocorre dentro de um lar. Ou do que deveria ser um lar. Resguardada por artigos e incisos, me enchi de bravura e pedi a separação. Não poderia mais viver daquele jeito. Se estava viva, não tinha razão para não querer mais acordar. Meus filhos precisavam de mim. Não era hora de desistir. Como a violência aumentou, dei parte na Delegacia da Mulher. Boletins de Ocorrência, denúncias, julgamento. Ele ficou proibido de se aproximar de mim.

Voltei a estudar, renasci. Mas ele continuava a me perseguir. A lei nunca o intimidou. Ficava escondido na faculdade acompanhando os meus passos. Mas, por alguma razão, se a Lei Maria da Penha não o intimidava, para mim, ela era um manto encorajador. O tempo passou e cada vez que ia buscar meus filhos no fim de semana, sentia que havia mudança. Ele jogava as crianças contra mim. Falava coisas que mantinham acesa a chama do ódio. Usar as crianças era uma guerra desigual.

Tentei amenizar a situação da maneira mais honesta possível. Usar a mesma arma que ele seria muito baixo. Aguentei firme, mostrando pelo comportamento que eu não era o que ele dizia. Um dia, ouvindo rádio, soube da existência do projeto de lei do deputado Regis de Oliveira. Ele queria acabar com a transferência do ódio entre os pais para o filho. Se for assim, até a perda da guarda pode acontecer. Não pude acreditar. Outra lei a meu favor. Senti na pele o Congresso como casa do povo. Era inacreditável para mim que pessoas tão importantes estivessem fazendo leis que se encaixavam perfeitamente à realidade do meu dia a dia. Não era possível que eu, tão insignificante, estivesse sendo objeto para leis. Não era mais aquela imagem que o espelho refletia. Estava sendo resgatada pelo Congresso Nacional. Pois bem. Essa lei diz tudo. Se meu ex-marido realizar campanha de desqualificação da minha conduta como mãe, se dificultar a volta dos meninos, fizer falsa denúncia contra mim, omitir informação das crianças, mudar ou viajar sem me avisar, ele estará agindo contra a lei. Não contra mim.

As coisas estão melhorando, mas há um impasse. Por ser militar, sinto que meu ex-marido nunca será punido. Mesmo porque ele não usa a farda dentro de casa. Há no Código Penal Militar a proteção entre casais militares. Como não sou militar, não posso contar com essa proteção. Mas isso será outra luta. Escrevo para a coluna só para compartilhar minha esperança. Ainda há espaço para leis na minha vida. Dessa vez foi o senador Cristovam Buarque quem adivinhou. É a PEC da Felicidade que vou perseguir agora. Ela acrescenta no artigo 6º da Constituição Federal a felicidade como direito social dos brasileiros. Sobrevivi.”

(Coluna inicialmente publicada em 3/2/2011)

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Precisa-se de heróis

Nós, brasileiros, somos carentes de heróis. Se a música é o samba, logo aparece um bicheiro ganhando dinheiro com o tráfico. Se é funk, drogas, crimes e sexo sem freios. Se é no futebol, vem a máfia do apito, ou o jogador idolatrado é flagrado em situação escabrosa, desobedecendo aos superiores ou trocando gentilezas com criminosos. Uma pregação impecável na igreja, lágrimas, voz rouca, sentimento à flor da pele e um buraco na Bíblia para carregar milhares de dólares e sonegar impostos. Ou o pedido de perdão pelos pedófilos que comandavam os leigos. Ou, ainda, o voto, dado com toda a convicção. Você brigava para defender seu candidato. Até amigos perdeu com tanto fanatismo. E depois viu sua confiança perdida ou enterrada em uma Caixa de Pandora, ou na boca de um sanguessuga, ou no mensalão, ou em uma Operação Satiagraha, que tentou mostrar a firmeza de uma verdade.

Uma volta pelo Museu da Corrupção deixa qualquer brasileiro triste. Uma fissura se abre e daí não há como negar. A deseducação se espalha pelo ar. Filmes na TV ensinando atrocidades inimagináveis poluem pensamentos de crianças com a personalidade ainda em formação. A Comissão de Direitos Humanos da Câmara jogou para a plateia o assunto baixaria na TV. Nada foi resolvido. Tudo continua como antes.

Neta batendo nos avós, crianças estimuladas a mentir, adolescentes grávidas, famílias se desintegrando com gritos e completa falta de respeito. Programas que ridicularizam as pessoas atacam com piadas destruidoras. O brasileiro passa mais de duas horas na frente da televisão bombardeado por violência, pornografia e consumismo. É melhor a mais bonita, o mais rico. Merece reverência aquele vilão da novela. A pregação é separar as pessoas por cores, preferências sexuais, sotaques. Sempre a desunião toma força. Mas a esperança não morre. Programas como o Conquista Criança, Guarda Mirim, Futebol Cidadão, Prosepa, Adolescentes, Batuque, Nossa Casa, Pescar, Segundo Tempo, Travessia, O Pequeno Nazareno, Doutores Alegria, Criança Feliz e tantos outros levados a sério por pessoas que se dedicam a resgatar a infância perdida ou a preservá-la.

Há políticos sérios empenhados em desatar os nós da violência criando leis para punir mais severamente aqueles que roubam a infância de meninos e meninas nascidos em lares pobres ou ricos. Há jogadores de futebol, vôlei, basquete, tênis e outros esportes que honram as medalhas que beijam. Há também os artistas e diretores de novelas ou editores de jornais na TV empenhados em lutar por uma sociedade mais justa e pela paz.

Perdão, criançada de Realengo. Nós temos assistido a toda corrupção de braços cruzados. Poderíamos ser heróis dando bons exemplos, lutando pela melhoria na qualidade das relações humanas. Desculpe, meninada, não termos agido por um Brasil sem jeitinhos. Aquela fila furada, aquele troco errado escondido, aquele nervosismo com o vizinho. Assistimos de camarote a todas as cenas em que os professores tiveram negado o direito a trabalho mais digno. Mesmo cansados e sobrecarregados de tarefas, eles não desistem porque acreditam que vale a pena apostar em um futuro melhor. Mesmo que eles não ganhem salário de artista ou de jogador de futebol, cumprem script de orações para ter forças para o dia seguinte. Eles levam nos passos a certeza de que estão trilhando até um país melhor.

Temos negligenciado a solidariedade. Até um sorriso e um olhar nos negamos a dar. Temos perdido tanto tempo sem conversa, sem diálogo, sem gargalhadas e histórias engraçadas só para não perder aquele programa na TV. Estamos tão perto e tão longe uns dos outros. Perdão, garotada. Fomos tão passivos com cada cena de violência exibida nas telas, nas ruas, nas salas de aula. Somos covardes para exigir punição. Passaram Isabela Nardoni, João Hélio e tantas outras crianças que perderam a vida. Nós não fizemos nada. Quem sabe um dia esse berço esplêndido que embala nossos gigantes deixe de existir. Só agindo, teremos heróis. Heróis reais. Homens de bem. (Circe Cunha)

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HISTÓRIA DE BRASÍLIA Muito acertada foi a atitude do diretor da TV-Brasília, que fez a entrega do aparelho às crianças, sem nenhuma publicidade, e sem dizer o nome da pessoa que fez a doação. A luta de vaidades chegou a provocar intrigas entre boas amizades. (Publicado em 05/08/1961)

HISTÓRIA DE BRASÍLIA Um porta-voz jornalístico da TV-Nacional declarou em sua coluna, que tem havido muitas promessas da imagem de televisão em Goiânia. Queremos informar ao integrante da dupla de cronistas romanos, que a TV-Rádio Clube entrou ontem no ar, ela pertence aos “Diários Associados”, que confirmaram, assim, o título de pioneiros no Brasil Central. (Publicado em 05/08/1961)

HISTÓRIA DE BRASÍLIA E mais: não demorará muito, e Goiânia estará mandando imagem para Brasília, e recebendo a imagem do nosso Canal 6, integrando a rede de TVs entre Goiás, Minas, Estado do Rio, Estado da Guanabara e Estado de S. Paulo. (Publicado em 05/08/1961)

HISTÓRIA DE BRASÍLIA O outro, da dupla romana, diz que não gostou da programação diurna da TV-Brasília. Fez muito bem, e demonstrou bom gosto masculino. E que o horário diurno da TV-Brasília é dedicado às mulheres. (Publicado em 05/08/1961)

HISTÓRIA DE BRASÍLIA Bem, nós não somos cronistas de TV. Vamos ao nosso assunto. Para conhecimento do DCT de Brasília, a carta registrada n. 16.3177 chegou ao DF no dia 29 de julho último, e foi entregue ontem. É ou não é uma vergonha! (Publicado em 05/08/1961)

HISTÓRIA DE BRASÍLIA O diretor do Departamento de Saúde de Brasília é engenheiro sanitarista. Isto não haveria de ser nada, não fosse o número de propagandistas de laboratórios que o procuram diariamente, sendo que a todos ele tem a informar que nada tem a ver com remédio, e que quando adoece procura um médico. (Publicado em 05/08/1961)  

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O voto contra a praga do populismo Interessante que o populismo é um vírus que contamina. O povo, querendo levar vantagem, aplaude com a ajuda da claque ou chora levado pelo auxílio das carpideiras. De um lado, alguém, lá de cima, cospe enquanto fala; de outro, muitos ninguéns lá debaixo aparam o cuspe e curtem o que não entendem. Assim, os dois saem ganhando—o que cospe e o que é cuspido. O que cospe, às vezes, tem estudo, instrução. Quando não tem, chega com as plumas do carisma. Os que recebem a saliva mal desenham as letras. Mas muitos chegam pelas asas da sabedoria. Os outros ficam de fora. São pé de burro. Foram feitos para trabalhar com a finalidade de sustentar o show de cusparadas. Pagam com meses de trabalho. Teimam em ser honestos. Enxergam cada passo, cada manobra, cada palavra aerada. O populismo é, antes de tudo, uma enfermidade que acomete o sistema democrático de representação. O círculo é construído desde o voto ao discurso. Do discurso ao voto. Cada vez mais comum na América Latina, essa modalidade de prática política tem o suporte do marketing desenvolvido em escritórios para desenhar e traçar a figura do líder que será destacado. Estudam os dentes, os cabelos, os gestos, a fala, o olhar, o choro, o riso. Dão uma humanizada no candidato. Treinam a impostação, as olhadas para as câmeras, as roupas, os sapatos, a cor da gravata combina com o assunto, com o estado, com o país. Se usa ou não aliança. Se usa ou não relógio. Se escolhe o relógio caro, logo é furtado durante os abraços. Encadernam a calúnia e a difamação para qualquer necessidade de golpe necessário em última hora. Contra isso, caminha uma lei. Ah, sim! O discurso também tem as letras passadas em pente-fino. Nada de usar palavras negativas, como “fome” ou “zero”. Isso traz má sorte. Qualquer projeto que busque sucesso tem que trazer todas as palavras com sentido positivo. Puxar a realidade dos ouvintes para trazê-los ao discurso é o começo preferido. Daí cria-se o laço. Em seguida, todos os exemplos parecem servir como um manto. O manto da manipulação. E, manipulada, toda massa quer mais é crescer, desde que o fermento seja a seu favor e, de preferência, sem responsabilidades e compromissos em troca. Na mesma medida em que as promessas foram feitas. É uma alimentação compartilhada que vai e volta. De mentiras e afagos. Todos saem satisfeitos e felizes. Apoiado pelas regras, o sistema eleitoral brasileiro enaltece quando destaca a figura do líder carismático dos demais poderes da República. Eles são colocados acima dos partidos e do próprio Estado e em ligação direta com as massas, que passam a ver na pessoa a encarnação de um pretenso salvador da pátria e dos oprimidos. O herói ideal que parece real. No mesmo sentido se encaminham as chamadas leis populistas. Chegam sob medida, literalmente. Muitas vezes como medidas provisórias. Têm o intuito de atender os reclames de grupos, geralmente amigos, à custa do erário, colocando em risco o futuro da sociedade como um todo. Toda a ação populista é imediatista e tem por objetivo trazer benefícios eleitoreiros. De um lado, estão os que não se enxergam com poder. Por isso, vendem o voto. De outro, o líder considerado o pai da pátria. E é justamente por meio dessa prática que vão se diluindo as fronteiras que separam a coisa (res)pública da privada. Ao cidadão ficam as contas e promissórias vindas dessa doença política, dessa anomalia sustentada pela falta de atitude. Brasília, vestida em uma concepção moderna, mergulha nessa prática desde a emancipação política. Já dizia o filósofo de Mondubim: “Há mais mistérios entre a Praça dos Três Poderes e a Praça do Buriti do que a nossa imaginação possa alcançar”. Sentadinha, com uma venda nos olhos, dona Themis nem imagina o que está por vir. Medidas provisórias assinadas às pressas vão parar na mesa dos ministros do STF, que tomarão a impopular decisão de reconhecer a inconstitucionalidade da promessa. Daí, todo aquele festejo, que ficou na cabeça do povo como gratidão à ajuda para burlar as regras, não será real. Mas a ideia ficou grudada na áre do cérebro que processa a felicidade. Outra receita de populismo, também à moda candanga, foi a alienação de bens imóveis públicos para as entidades religiosas e de assistência social que “não atenderem as funções das políticas setoriais do Estado” e que passaram, exclusivamente, a ser objetos de alienação mediante autorização da Câmara Legislativa. Lá está nas mãos dos deputados distritais a maquininha da barganha bem possante e envenenada. Mesmo que isso custe a desorganização urbana da cidade. Mas é outra pisada na lacuna. O ministro Joaquim Barbosa, do STF, disse em uma situação parecida: “A alienação de bens públicos deve ser efetivada obrigatoriamente mediante licitação”. A última medida populista é nova. Veio pela Lei nº 1.668, deste ano, que vai obrigar o GDF a pagar as rescisões e indenizações trabalhistas dos rodoviários dispensados pelas empresas que perderam na concorrência pública a renovação de suas linhas. Assim é que, depois de décadas prestando um péssimo serviço à população, e recebendo por isso somas incalculáveis de dinheiro do contribuinte, esses mesmos empresários deixam, mais uma vez, as contas trabalhistas de suas empresas nas costas dos pagadores de impostos. Isso é o populismo na sua versão mais acabada. Passa rápido o tempo. Os políticos se articulam pelas eleições. Seu voto será pelas próximas gerações. 

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Deus ex machina

Em 2008, segundo a IBM, 2,5 quintilhões de bytes foram produzidos diariamente, sendo que, de lá para cá, essa enorme massa de informações tem crescido a taxas astronômicas. Com tal volume de dados em circulação pelo planeta, a expressão Big Data entrou para o vocabulário cotidiano das pessoas e de conglomerados empresariais, num mundo conectado agora pela informação on-line. Hoje é recorrente nas grandes empresas a utilização do Big Data para levantamento estratégico de dados globais para a execução de determinado empreendimento. A própria Petrobras usou os dados colhidos pelo sistema do Big Data para levantamento de sítios submarinos do pré-sal onde a ocorrência de petróleo era mais factível. Além de ferramenta das empresas para alavancar novos negócios, o Big  Data tem sido utilizado como importante e duvidoso meio de armazenamento de informações de dados pessoais dos indivíduos e de grupos. Essa é uma forma eletrônica de garantir não só vultusos lucros financeiros, mas, sobretudo, interferir ou mesmo manipular pessoas, a partir do conhecimento das características de cada um.

Deus criou o homem e o homem criou a máquina. Dessa forma, a máquina “enxergaria” no homem seu deus e criador onipotente, a quem tudo é possível. O ponto de apoio buscado por Arquimedes para mover o mundo foi encontrado na web e sua alavanca está na gigantesca base de dados colhida pelo Big  Data. O lugar por excelência em que esse ponto de apoio é buscado para “erguer” o mundo tem endereço “geográfico” certo: as redes sociais de relacionamentos.

Aproveitando-se, talvez, da crescente solidão individual num mundo cada vez mais globalizado, sites de relacionamento como Facebook,Twitter,YouTube, Instagram, Tumblr, Flickr, Pinterest e outros milhares de “endereços” de encontros virtuais e trocas de informações têm se expandido a passos de gigante. Os especialistas nessa matéria já apontam a informação como a principal mercadoria de alto valor econômico na atualidade.

O caso Edward Snowden, envolvendo coleta de bilhões de dados em todo o mundo, em nome de pretensa política de segurança nacional, acendeu um sinal de alerta por toda parte. Também o jeito despretensioso com que milhões de pessoas postam suas vidas na web, abrindo-se como num divã psicanalítico, tem facilitado o trabalho dos coletores de dados.

Recentemente, os juízes da Suprema Corte americana decidiram, em bloco, que o conteúdo das informações digitais dos telefones celulares também deveria ser protegido da bisbilhotice dos agentes de polícia, dando-lhe a mesma inviolabilidade constitucional que os lares gozam contra as investidas arbitrárias do Estado.

Invasão, só com mandado judicial. Ainda assim, na esfera subliminar do mundo da informação e da enorme massa de dados acumulados, assiste-se a investida indiscriminada de toda sorte de olheiros, sempre dispostos a traçar o perfil desse ou daquele potencial cliente, eleitor, contribuinte ou o que valha.

Os governos, principalmente os daqueles países em que as leis da informática inexistem, e mesmo naqueles cujas leis são letras mortas, representam os maiores sorvedores de informação. Em nome do Estado, não medem esforços para saber da vida de todos e de cada um.O escândalo mais novo nessa xeretagem cibernética vem justamente do Facebook. Com apenas 10 anos de criação, o Facebook já age como raposa velha no mundo virtual.

Sob o pretexto de realizar uma experiência behaviorista e sem o consentimento dos envolvidos, esse site manipulou seu feed de notícias de quase 700 mil membros, separando-os entre aqueles que recebiam ou emitiam boas notícias e aqueles que recebiam ou emitiam notícias ruins.

O estudo, reunido sob o título Evidência experimental de contágio emocional em massa através de redes sociais, mostrou que os usuários do Facebook difundiam indiscriminadamente e na velocidade da luz as suas emoções estimuladas, negativa ou positivamente. Apesar das críticas vindas de diversos pesquisadores, a experiência serviu para demonstrar a capacidade que a mídia social tem de influenciar internautas. Isso na mesma proporção em que as pessoas se expõem nas redes.

Outro aspecto que chama a atenção é que, com tamanha exposição no mundo virtual, as pegadas deixadas pelas pessoas são facilmente decifradas, a ponto de gerar especialistas credenciados na interpretação dos anseios de cada um. Ao lado das diversas especialidades criadas após o advento dos computadores em rede, surge agora uma nova ciência social, com o pomposo nome de física social e que, à semelhança das ciências exatas, dos quantitativos e variáveis, seria capaz de prever aritmeticamente o comportamento das pessoas ou grupos. Isso é feito a partir de pistas deixadas nas redes, tais como os produtos que compram, com quem se relacionam, os exames médicos, a conta bancária, o Imposto de Renda, filmes, músicas baixadas, lugares prediletos e infinitas outras informações.

Com esses dados é possível traçar um perfil realista do indivíduo, pessoa, contribuinte, cliente, prevendo, inclusive, seu comportamento como algo mensurável matematicamente. Num planeta com tal volume de informação circulante, no qual a personalidade de cada um se perde como gotas no oceano imenso, o homem vai, pouco a pouco, erguendo seu labirinto e perdendo, talvez, a única riqueza que possui: a individualidade e o caráter sui generis de ser.

(Coluna originalmente publicada em 13/7/2014)

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Lembrança do Ceará

Galo-de-campina cantando acanha a natureza. A cidade com o maior número de profetas é Quixadá. Em Quixeramobim há três coisas grandes — a ponte, o nome da cidade e a língua do povo. O universo é seguido pelas cores. Se o galo-de-campina canta, pode ir para o roçado. A chuva não vai tardar. Cumaru, nesta época, fica coberto como se fosse algodão. Em sendo fevereiro, no meio do ano já se sabe como vai ser a chuva.

Toda árvore cura doenças. São citadas uma a uma com as vantagens do chá. Água da Pirocaia era vendida em carroças puxadas por burro, em barris grandes. O povo pagava por latas. Rezadeira reza sobre uma perna doente. “Que é que coso?” Resposta: “Osso rendido, nervo trilhado e carne amassada”. Nesse diálogo, a rezadeira move um galho de “amor de cunhã” até murchar.

Limão vermelho é igual a uma farmácia. Nos galhos podem-se enxertar vários tipos de limões. É planta da salvação. Vento do Aracati sopra de noite, do mar para o continente. É agradável para as noites de calor. Dando a volta em Quixadá, é sinal de chuva. Foz do Aracati: água barrenta para beber.

Português que mora no interior é chamado de marinheiro. Tem experiência e viajou pelo mar. Açude do Cedro é no Quixadá. Foi construído pelo imperador “para que nenhum cearense morra de sede”. No alto da serra, há uma pedra com formato de galinha choca.

Um homem estava com pequena faca na mão. Apareceu uma onça. Ele fez oração. “Meu Padim Padre Cícero, me ajude a matar essa onça com este quicé. Senão, preste atenção: arranje um banquinho e se sente, que você vai ver a maior briga de um homem com uma onça.”

Abelhas e marimbondos dão picadas que matam quando muitas. Porém salvam de reumatismo se forem poucas. Na fogueira de S. João, fim da noite, espalhar a brasa, abanar as cinzas com chapéu. Depois, uma folha de laranja da boca, fé em Deus. Ande de um lado para outro para não queimar os pés. A fé cura.

Reza nas procissões. Pedido, e a chuva chega logo, se De se Deus concordar. Procissão quando a santa balança e ameaça cair, há quem advirta: “Devagar com o andor que a santa é de barro”.

Padre Cícero não dava dinheiro. Ajudava a profissão de quem pedia. Chegou um senhor no Juazeiro, pediu ajuda. Padre Cícero indagou qual era a profissão. Funileiro. Encomendou 200 lamparinas. Não disse para quê. O homem pediu ajuda. Não tinha dinheiro para encomenda tão grande. Padre Cícero adiantou o que precisava.

Sentindo que a umidade do ar estava anunciando chuva, marcou no sermão. “Amanhã vamos rezar para chegar chuva. E cada pessoa procure o funileiro, compre sua lamparina. A procissão é de noite.” A procissão se realizou e no dia seguinte a chuva caiu forte. O funileiro fez o nome do padre e seguiu a viagem com dinheiro que nunca havia visto.

Diz a crença que “quando o pé da serra se pinta de vermelho, é o pau-d´arco que fulora”. A partir daí é chuva de encher açudes.

Vaqueiro chegou à casa do amigo. Logo lhe perguntaram: “Que é isso no seu olho, compadre?” Ele contou a história que estava correndo num cavalo atrás de uma rês na caatinga. Um galho seco passou no rosto e estragou a vista. A dona da casa, que preparava a mesa, ouviu tudo e no final perguntou: “Compadre, o que é isso no seu olho?”. Mudou de assunto.

Dois jovens na obra do açude de Orós viram que nada ia adiante. Um diz para o outro: “Se derramasse aqui a cerveja que os engenheiros bebem, dava para encher o açude”.

Na política do Ceará, havia candidato a presidente do estado que não chegava a nenhum lugar sem foguetes estourando. Cansado de tanto barulho, um caviloso resolveu surpreender na chegada de Franco Rabelo. Soltou dezenas de foguetes sem o estampido. O foguete subia e caía sem papocar.

A alegria da criançada era tomar banho nas bocas de jacaré. A água da chuva caía direto nas calçadas. Era alegria para a meninada.

De mais a mais, quem tentar roubar as velhas lembranças seja amarrado, queimado e repreendido em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.

(Coluna originalmente publicada em 5/9/2010)

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Velhinha aos 50 anos

Fim melancólico de José Roberto Arruda no governo do Distrito Federal. Preso por ordem do Tribunal Superior de Justiça, viu o sol nascer quadrado no cubículo da Polícia Federal. Considerou-se vítima de armações. O povo nas ruas desmentiu com os protestos da cidade. Por outro lado, em cada casa há uma história sobre os feitos do ex-governador.

Estranhava um homem aparentar tanta dedicação à cidade que governava. Obras espalhadas denotavam que eram malfeitas e, pior ainda, malconservadas. O bolo foi crescendo. O povo começou a abrir os olhos. Era obra demais para tão pouco tempo. Ideal seria mesmo que fosse investigado o que acontecia no Distrito Federal.

Reação do povo veio na hora exata. O que havia de maldade, pretensão, orgulho e avanço no dinheiro público ruiu por terra como um castelo, dessa vez de baralho.

As investigações eram feitas pela Polícia Federal. Passo a passo foram chegando mazelas que José Roberto Arruda engrenava. Era coisa muita, mas a medida do ter nunca se enche. A ganância é fraqueza dos que pensam mais em dinheiro do que no país, na vida, na família.

José Roberto Arruda, quando governador de Brasília, desenvolveu muitas obras em direções várias. O veículo leve sobre trilhos, por indicação do destino, chegou à porta da Polícia Federal. Fim da linha para o governo. Arruda não teve o cuidado de fazer pistas para liberar o trânsito. Em todo o DF, faltavam acabamento e coletor de águas pluviais.

Durante muito tempo, a população da capital federal acusava “os de fora” de todas as maldades que a imprensa anunciava. A coisa era corroída por dentro. Quando o escândalo chegou ao Tribunal Superior de Justiça, a água cobriu a cidade de acanhamento e vergonha. Não fica nisso. O plano não pode nem deve ficar circunscrito a pouca gente. Brasília está com o cofre furado.

Em se procurando detalhes, voltamos a dizer que melhor seria a Comissão do Distrito Federal do Congresso. Todos os senadores trabalhavam com ideal de dar à cidade condições habitáveis e de trabalho. Senadores queriam vida na cidade com lisura.

A Câmara Distrital carrega a culpa por tornar a cidade impraticável. Distritais recebem dinheiro na meia, na cueca, no sapato. Aquele dinheiro era suborno para se comportarem quando o fornecedor exigisse.

Cenas do inferno de Dante foram filmadas com distritais orando pelo roubo feito, bolsa grande para caber muito mais dinheiro, pacotes enchendo os bolsos, meias e cuecas.

Houve época em que os moradores da cidade acusavam os legisladores federais e ministros de se excederem, e a população levar a culpa. Não vale a pena falar que se mora em Brasília. Os olhos se abrem e a situação piora.

Ninguém quer acreditar mais nos moradores da cidade, que sempre defenderam a paz e a cordialidade. A placa tectônica estava fendida. E os escândalos brotaram como devastadores tsunamis e terremoto. O escândalo poderá adiar até as eleições presidenciais deste ano. Tudo é possível a partir do que estamos vivendo. Há carne noutros angus.

No estado de Goiás, que o presidente do Banco Central, Henrique Meireles, tinha o gosto de dirigir, a situação está de mal a pior. Cidadão universal, Meireles desistiu. Seu passado ia ser manchado se eleito. E talvez nem sequer chegasse ao poder. O ponto de corrupção em Goiás se propaga por todo o Brasil.

Outros estados sofrem dos mesmos males. Há uma onda de corrupção cobrindo o Tesouro Nacional. O governo cobra impostos altíssimos para atender ao que os gulosos chamam de necessidades. Dinheiro roda pelo Brasil como se fosse apenas coisa de papel. O governo federal tira do bolso do trabalhador.

Impossível previsão para 2010. Está muito curto o tempo para se resolver mais coisa no país. Nada se resolverá num dia, porém a precaução exige prudência.

Na República e nos estados, dinheiro público é rolo compressor, dominando a pobreza com favores pequenos. Os grandes abocanham o maior bocado. Mesmo assim pagam menos impostos que o povão.

O Brasil não será consertado num abrir e fechar de olhos. O presidente Lula da Silva usou seu chavão de sempre: não há nada que não se possa negociar.

O país não pode parar, nem mudar de governo sem raios X que mostrem quem é, de onde veio, qual a profissão.

A permanência de Paulo Octávio no governo é dificuldade para resolver o assunto. Trata-se de um cúmplice do complô.

Qualquer candidato está na obrigação de dizer o que fez para merecer qualquer posto. Sem isso, estaremos caminhando para tapar o sol com a peneira e favorecer aos que não merecem.

“Cautela e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém”, como ensina o filósofo de Mondubim. Muito menos à cidade cinquentona.

(Coluna originalmente publicada em 13/2/2010)

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Um ano de páginas novas

Distribuídos em alguns colégios públicos, os livros da editora Educar, DPaschoal são para fazer pensar. Nada de lobo engolindo meninas ou caindo em caldeirão. As histórias se passam no Brasil, com mandacarus e rendas de bilro. A criançada é despertada ao conhecimento de nutrição, atitudes positivas, comportamento, regionalismos, reinserção na sociedade, problemas do preconceito.

Envolvidas em uma sociedade consumista, em que novelas e fofocas ocupam grande parte da vida de adolescentes, nada como tentar mudar pela leitura. Os mais novos que forem estimulados a ler só ganharão com isso. André Schmidt, aos seis anos, leu mais de 150 livros. Tainá Alves dos Santos de Catanduva, com 12 anos, da 6ª série, já tinha lido 230.

Uma criança reclamava da biblioteca da escola que não emprestava livros até que o aluno devolvesse o que tinha levado. O pequeno estava revoltado porque queria fazer comparações. Dizia que aquilo era uma injustiça. As ilustrações dos livros da Educar são atraentes e estimulam o apego às histórias. Em uma delas, Chapeuzinho de Palha aprende a ler e conta a história do seu primeiro livro.

O livro é um amigo que precisa ser conservado e passado para quem gosta da leitura. Na coleção “Para mudar o mundo”, a ideia é atravessar as paredes da escola e mostrar a cidadania no dia a dia dos professores, alunos lembrando a responsabilidade também dos pais.

As crianças estão expostas aos escândalos na política. Veem pela televisão autoridades se xingando no Supremo Tribunal. Envolvimento de políticos em corrupção. É preciso orientá-las sobre que é certo e errado. Há também as notícias de pessoas que devolvem o que encontram. É gente simples que teve berço. O mesmo que falta a tantos abastados.

Em outro livro, No duelo das fadas, as proteínas, carboidratos e fibras estão na berlinda. O desafio é descobrir quem é o melhor. Até uma cartilha de receitas é criada pelo leitor. Excelente ideia para um país entre a fome e a obesidade. O Fome Zero tiro tirou muitos brasileiros da situação de miséria. Mas falta educação para aproveitar o alimento regional. A desnutrição é do tamanho do alimento desperdiçado.

Fadas e borboletas foi feito em parceria com o Instituto CF-Brasil. No livro, Angelina vive nas ruas e todo o seu sentimento é segredo. Não porque ela queira, mas porque ninguém queria saber. Até que algo acontece. Quem vive na rua diz que o mais doído é a falta do olhar. As pessoas passam e ignoram a presença do mendigo ou até mesmo do trabalhador mais simples. São incapazes de dar nem que seja um sorriso.

Voltando às escolas, ao fim das leituras, os professores devem explorar o assunto com a janela da leitura, dramatização, gravações, em que a criançada recapitula e apreende tudo o que foi apresentado sobre o tema. O fantasma dos vaga-lumes é uma chamada à cidadania, conscientização e educação.

É próximo às crianças de Brasília. Ricos de um lado e pobres de outro. Do Varjão aos condomínios, do Setor de Mansões do Lago ao Paranoá e Itapuã. Isso em uma cidade criada com o princípio do socialismo, onde todos deveriam ocupar o mesmo espaço. Na verdade, foram para o espaço, bem longe, nas cidades satélites. Depois de ter devorado o livro durante as aulas, há discussões, vídeos, teatrinho, dinâmicas, sarau literário e por aí vai.

O Pneu chorão é imperdível. Lembra o volume do contêiner despachado para o Brasil cheio de lixo. Desperta para a importância do progresso limpo. Uma lição de reciclagem e conscientização ambiental contamina também a família dos garotos. As mães são estimuladas a separar o lixo e reaproveitar tudo o que for possível. É interessante observar a animação da criançada. E assim a sociedade se transforma.

Os títulos também são atraentes. A semente da verdade trabalha ética e atitude. A criança que fizer nascer de uma semente morta a planta mais linda reinará com o poder de ser sempre boa. As professoras mostram as vantagens da determinação e da verdade. São livros que, semeados nas mentes em crescimento, ficam arraigados para sempre. Quem sabe tenham o poder até de criar pessoas melhores, governantes mais honestos. Um povo mais educado, com certeza. Alice queria sempre coisas novas e não dava importância ao que já tinha. O consumismo insano também é trabalhado no livro O sapo e o jardim florido. Sandra Aymone, Patrícia Secco e Luís Norberto Pascoal são a comissão de frente na escrita dos livros infantis.

(Coluna originalmente publicada em 1º de janeiro de 2010)

VISTO, LIDO E OUVIDO

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HISTÓRIA DE BRASÍLIA O Departamento dos Correios e Telégrafos, ao qual está subordinada a mesma repartição de Brasília, Deus me livre. Um exemplo: uma carta de Goiânia a Brasília demora até onze dias, quando corre normalmente. Com a nova tarifa, não há mínima esperança de melhora. (Publicado em 04/08/1961)

HISTÓRIA DE BRASÍLIA O Secretário da Fazenda de Goiás instaurou inquérito para apurar a denúncia do repórter associado goiano Cunha Júnior. Disse o repórter que na Secretaria da Fazenda quase todo o mundo é “funcionário paletó”. (Publicado em 04/08/1961)

HISTÓRIA DE BRASÍLIA A explica: funcionário paletó é o que deixa o paletó na cadeira, sai, vai ao cinema, e quando o chefe procura, há sempre alguém que diz: “o homem está na casa. O paletó dele está aí”. (Publicado em 04/08/1961)

HISTÓRIA DE BRASÍLIA Esta tática do funcionalismo público é muito antiga, e foi extinta em São Paulo quando o Sr. Jânio Quadros foi eleito governador. (Publicado em 04/08/1961)

HISTÓRIA DE BRASÍLIA Os postos de microondas dos “Diários Associados” já estão prontos. Mais algumas semanas, e Goiânia será a nova cidade a se integrar na rede de microondas associada. (Publicado em 04/08/1961)   HISTÓRIA DE BRASÍLIA Há um grupo de senhoras em Brasília fazendo caridade, e há um grupo fazendo a indústria da caridade. Quando o nosso Raiuga lançou a campanha da televisão para as crianças do Hospital Distrital, essas senhoras da indústria da caridade ficaram revoltadas porque não puderam entrar na publicidade da campanha, e queriam fazer a doação com grande proveito pessoal. (Publicado em 05/08/1961)

VISTO, LIDO E OUVIDO

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O discurso inicia com a clara percepção da enormidade “da responsabilidade de conduzir (a Nação) na lei e na dignidade” e na “devoção aos valores comuns”. Para Tancredo “o homem público se entrega a destino maior do que todas as suas aspirações” só podendo cumpri-lo através da “permanente submissão ao povo”. Naquele discurso Tancredo fala , em tom profético, que o povo não é “uma entidade abstrata” que pode ser “conduzida em trilhas de equívoco, pelo fanatismo e pela demagogia.”. Também sobre a coesão nacional, tão necessária neste momento atual, “não deve ser confundida com as manifestações patológicas do nacionalismo extremista” e sim como resultado do “sentimento de solidariedade da cidadania.” Tancredo sabia que somente “a consciência da responsabilidade coletiva” poderia fazer do Estado “um instrumento comum da ação social”. Muito ao contrário do que ocorre hoje no vale tudo das eleições milionárias, em que o concorrente é olhado como um inimigo a ser eviscerado em público, o discurso deixa claro de que a vitória política “não é a do júbilo de uma facção que tenha submetido a outra, mas festa da conciliação nacional..” Quanto ao adesismo fácil que se assiste hoje nesse presidencialismo de coalizações interesseiras que foi imposto ao país, o texto dizia de forma direta: “ A adesão aos princípios que defendemos não significa, necessariamente, adesão ao governo que vamos chefiar. Ela se manifestará também no exercício da oposição.”

A frase que foi pronunciada:
“Enquanto o cachorro não souber o que é dinheiro vai continuar sendo o melhor amigo do homem”
Frase da Internet
 

Sem fim
Até quando os empresários de  Brasília vão continuar fechando os olhos para postergar a capacitação  dos funcionários para o atendimento ao público. Com raríssimas exceções há dois tipos de vendedores: o carrapato e o espanta cliente.
Qualidade
Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente estabelece outra frente de trabalho no Ministério. Tratar o ambiente das metrópoles com parques protegidos, vegetação nativa preservada e águas despoluídas. Ela dá a ideia de criar conselhos da própria comunidade que gerenciem os projetos e que permaneçam independentes de partidos.

Surpresa
Sebrae de Mogi das Cruzes recebeu uma inscrição inusitada. João Pedro, de 7 anos queria aprender noções de empreendedorismo para abrir uma fábrica de robôs que salvarão o mundo. O instrutor responsável pelo atendimento foi Cláudio Augusto Cavalcanti Ramos. De forma lúdica explicou o que eram metas, mercado fluxo de caixa.

Presente para o futuro
João Pedro já tem o local da fábrica estabelecido. Em qualquer lugar perto da casa da avó. Tudo começou com a palestra JEPP do Sebrae. Jovem Empreendedor  Primeiros Passos que introduz o assunto. Essa é uma ideia que renderia muitos frutos para o Brasil.

2018
Ninguém pode viver com pedra nas mãos para mostrar a insatisfação. Política é a arte de conspirar. Visite na internet o Comitê multidisciplinar independente.

Minirreforma eleitoral
O mesmo artigo da lei para que não pudesse ter a contagem dos votos impressos obriga o recadastramento biométrico. Nas próximas eleições o voto impresso será tão fundamental quanto a articulação da oposição para se fazer presente no mundo político. A hora de começar a mudar é agora.