Brasil ainda sem senso escolar

Publicado em ÍNTEGRA

ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

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com Circe Cunha e Mamfil

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         Com a divulgação do Censo Escolar 2017, feito pelo Ministério da Educação (MEC), a própria ministra substituta, Maria Helena de Castro, reconheceu que a situação é grave, principalmente com relação ao número elevado de reprovação de alunos ao fim do terceiro ano do ensino fundamental, que chegam a esta fase sem ter aprendido a ler, a escrever e a fazer contas de Matemática.

          Nesse período, o Censo mostrou que um em cada dez estudantes não consegue concluir a alfabetização proposta pela rede pública do país, o que, para a ministra, mostra um “fracasso” da escola. Essa deficiência se prolonga também ao fim da 9ª série, quando se conclui o ensino fundamental. Nesta fase 11,1% dos alunos são reprovados.

              Para Maria Helena, existe nas escolas do país uma espécie de “cultura da reprovação”. Esse aspecto, na sua visão, traz impactos na vida escolar e na autoestima dos alunos, favorecendo, inclusive, a evasão escolar. “Os professores são influenciados pela cultura da reprovação, observou a ministra, para quem nenhum outro país do continente apresenta taxas de reprovação tão preocupantes como a nossa. Segundo sua avaliação, torna-se “inútil reprovar e não mudar o que a escola vai ensinar.

             Também a presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Institucionais (Inep), Maria Inês Fini, “Há uma crença de que a reprovação agrega conhecimento. A reprovação, diz, “contamina a cultura escolar.” Mesmo o diretor de Estatísticas Educacionais do Inep, Carlos Moreno, insiste na mesma análise. Para ele a repetência do aluno do 3º ano do ensino fundamental é um dado muito negativo, pois trata-se da etapa que finaliza o ciclo de alfabetização para aqueles alunos que deveriam estar na faixa dos oito anos de idade.

                Pode ser que, por razão, o Censo 2017 tenha apontado uma queda no número de crianças e adolescentes nas escolas públicas e privadas brasileiras nos últimos quatro anos. Houve nesse período uma queda global de 45 milhões para 43,7 milhões de matrículas na comparação com 2013.

               Muito além dos números, dados, gráficos e estatísticas trazidos pelo Censo Escolar 2017, está a comprovação global de que a escola pública no Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer se quiser um dia se igualar às suas congêneres, principalmente aquelas dos 35 países que formam a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

          O que chama ainda mais atenção dentro desse quadro desolador é que, ao lado da deficiência no âmbito pedagógico, nossas escolas ressentem do básico em termos de infraestrutura.

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       No ensino fundamental, 8,2% não possuem vasos sanitários; 45,7% não têm salas de leitura e bibliotecas e 88,5% não contam com laboratórios de ciências. No geral, apenas 41,6% dessas escolas possuem rede de esgoto, sendo que 52,3% contam apenas com escoamento por fossas.

             Esses problemas aparecem com maior frequência nas escolas da região Norte, atingindo sobremaneira os estados do Acre, Amazonas, Pará e Roraima, onde a situação sanitária é precária também para toda a população.

             Existem ainda escolas que nem rede de água possuem e que são abastecidas por poços artesianos ou carros pipas. O Censo apontou que em algumas escolas do ensino fundamental (10%) não há, sequer, rede de energia elétrica.

       No Brasil são milhares de escolas que funcionam precariamente e fazem parte daquele conjunto de estabelecimentos de ensino perdidos no tempo e espaço, abandonados numa parte do país em que as condições de vida pouco diferem daquelas vividas no século XIX.

A frase que foi pronunciada:

“Choca-me ver o desbarato dos recursos públicos para educação, dispensados em subvenções de toda natureza a atividades educacionais, sem nexo nem ordem, puramente paternalistas ou francamente eleitoreiras.”

Anísio Teixeira

Leitora

Ana Lucia Duarte D’Alessandro nos escreve contando que recebeu uma multa indevida no Aeroporto de Brasília. Seu carro estaria estacionado em local proibido na plataforma superior. No mesmo dia e hora registrados na multa, ela estava em casa e o carro na garagem. Sem ter condições de comprovar o que diz, por ter recebido a multa meses depois, a leitora teve que pagar a multa aplicada. Ao contar o episódio em uma roda de amigos, dois deles relataram ter passado pela mesma situação.

Pagamento

Ceasa comemora menos furtos a veículos depois da cobrança para ocupar o estacionamento. A entrada e saída controladas e o monitoramento do espaço diminuíram sobremaneira o número de ocorrências.

Expressão

Ânimo em Brasília com a engenhoca importada pelo afinador de pianos, o Rogério.  Pianolift custou 25 mil euros contando com os impostos de importação. Agora “carregar piano” não é lá tão difícil assim.

Foto: www.youtube.com/watch?v=nmuez82cO6U
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HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Começaram as chuvas e os abrigos nos pontos de ônibus ainda não foram construídos. (Publicado em 13.10.1961)

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