Escola é a extensão natural do lar

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Tem razão um leitor que disse: “O politicamente correto não muda nossa maneira de ser, apenas faz com que a gente se cale”. Em nome da onda do politicamente correto muita barbaridade tem sido cometida, uma boa parte, inclusive, politicamente incorreta.

A laicidade do Estado manda que se retirem os crucifixos de todas as escolas e prédios públicos. Nas salas de aulas, retiram a imagem de Jesus e em seu lugar colocam-se a imagens de Guevara, Lenin ou Marx.

No carnaval, o desfile de mulheres nuas em público e transmitido pelas tevês para todo país é uma manifestação cultural. Nesse caso, não se discute a proibição do nudismo explícito. Já amamentar o filho recém-nascido no banco da praça pública é atentado ao pudor. Exemplos como estes se encontram aos milhões hoje em dia. O pior é que do silêncio acabrunhado de muitos, alguns poucos se aproveitam para impor pontos de vistas míopes, de um mundo cada vez mais bizarro.

A sociedade que temos hoje, com suas qualidades e defeitos, espelha o lar e a escola de origem. A escola representa a primeira sociedade em que o indivíduo se integra fora de casa. Neste ambiente muito particular, o indivíduo é ouvinte do mundo. Tudo capta, reproduz e convence os de casa.

Num mundo ideal, a escola seria a extensão natural do lar, alargada pelo convívio com os semelhantes. No mundo real é onde virtudes e vícios se acotovelam como numa feira, cada um com seu apelo próprio. O fato é que nossas escolas públicas reproduzem muito mais o pensamento de uma categoria— como grupo fechado em torno de um sindicato —, do que o pensamento de pais, alunos e educadores.

Para não contrariar a classe, a orientação pedagógica de nossas escolas prefere o caminho fácil ditado pela cartilha ideológica sindical que o de se apoiar nas ciências do ensino.

O ocaso das esquerdas no Brasil não é fato que se deva comemorar. O que se pode festejar, isso sim, é o fim de um tipo muito especial de esquerda, que busca nivelar e pasteurizar o indivíduo, moldando-o de acordo com a vontade pessoal de um grupo.

O apoderamento das escolas por vontade de um grupo sindical é algo danoso e com consequências a longo prazo. Fazer das escolas, como se tem visto, lugar de proselitismo ideológico e propaganda partidária tem por finalidade atender apenas uma parte ínfima da sociedade. Aqui, essa realidade se estende dos pequenos até os universitários.

A laicidade, no sentido de neutralidade, deve se estender além das questões religiosas e abranger também questões partidárias. Podem até tirar os crucifixos das paredes, mas é preciso que sejam retirados também a foice e o martelo. O que se quer são alunos que pensem com a própria cabeça, vejam com os próprios olhos e andem com os próprios pés. Isso é educar. Que venham mestres e educadores de verdade com vontade e talento. Abaixo os professores de palanque.

 

A frase que foi pronunciada

“O poder desgasta aqueles que não o têm”

Do filme O poderoso chefão

 

Balaio

Aliados ou adversários. Iniciante nos jogos eletrônicos, um amiguinho do João entrou pela primeira vez em uma lan house. Animado com a conquista, preparou-se para enfrentar o jogo Call of Duty 4. Causou um pânico nos colegas. A diversão dele era atirar para todos os lados. Assim está o presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão. Sem saber quem é aliado e quem não é, confunde os colegas, jornalistas e assessores.

 

Passado e futuro

Por falar na Câmara dos Deputados, Espiridião Amin está sendo convencido pelos amigos para concorrer à presidência da Câmara. Se for considerada a vida pregressa, Amin já está eleito.

Aumento

Lá estava o Ipea atestando e os brasileiros comemorando o fim da pobreza extrema entre 1995 e 2008. Agora, a FGV apresenta um estudo coordenado por Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais, projetando um aumento dos miseráveis.

 

Caracas!

Enquanto isso, a Venezuela, que recebeu bilhões de investimento do Brasil, vê seus cidadãos atravessando o país até a Colômbia para conseguir qualquer coisa para comer. A situação ultrapassa a crise econômica e social. Não há liderança que segure o país.

 

Terceiro mundo

Pesquisas científicas, que deveriam ser prioridade do nosso governo para manter a independência do país, continuam sendo sacrificadas. Dezenas de milhões investidos em um supercomputador que permanece desativado e a nanotecnologia contra o câncer que até hoje não foi finalizada por falta de permissão.

 

História de Brasília

Sr. Presidente. Como o senhor vê, não foi uma cidade se criando, se desenvolvendo, se multiplicando. Foi a consciência de homens decididos, foi o espírito de brasilidade, foi a competência de técnicos. Dê Brasília a quem é de Brasília. (Publicado em 10/09/1961)

Quem pariu a crise que a embale

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“Auriverde pendão de minha terra, Que a brisa do Brasil beija e balança, Estandarte que a luz do sol encerra E as promessas divinas da esperança… Tu que, da liberdade após a guerra, Foste hasteado dos heróis na lança Antes te houvessem roto na batalha, Que servires a um povo de mortalha…!”
Castro Alves, Navio negreiro

Fossem apartados em cantos distintos, sociedade e governo, e entendendo governo como o conjunto formado pelos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, restaria que as agruras experimentadas atualmente pela população, na forma de inflação, desemprego e sensação de desamparo, advêm unicamente da sofrida qualidade daqueles que compõem o governo e comandam a máquina pública.

Em outras palavras, pode-se afirmar, sem margem de erro, que a crise atual sem precedentes que assola os brasileiros tem sua origem e seu catalisador justamente no governo. Tendo em vista que, por suas características e razão de sua própria existência, cabe aos governos cuidar para que a sociedade desfrute de plenas condições de bem-estar e segurança, fica posta a contradição.

Para um observador atento, fica patente que o governo, que deveria zelar pela população, é fonte primária de todos os problemas que se abatem sobre os cidadãos. Não fossem as consequências da má gestão do Estado sobre o grosso da sociedade, poderíamos afirmar taxativamente que o povo vai bem, quem está mal e em crise é o governo. A crise é deles. Aos brasileiros resta o sacrifício de arcar, com elevadíssimos impostos, uma máquina de Estado convertida em moedor de carne humana.

Sinais, nem tão sutis assim, podem ser observados por toda a cidade, estampados em números garrafais nos chamados impostômetros. Quem passa pela manhã e vê um valor, ao meio-dia já nota que esse número variou muito para cima.

Dos contribuintes são sorvidos por minutos quantias fabulosas, fazendo da carga tributária brasileira um monumento mundial, equivalente ao colosso de Rodes. Certamente, podemos inferir que pagamos muito, para termos em troca não só os péssimos serviços de sempre, mas, sobretudo, para sentirmos na pele os efeitos de uma crise poderosa, que absolutamente não nos pertence. Temos assim o mesmo destino lúgubre dos escravos de outrora que pagavam pelo chicote que os açoitava. Não bastasse bancar a máquina paquidérmica que o esmaga, resta aos cidadãos acreditar que mudanças virão ali adiante e seguir em procissão carregando no andor o Leviatã moderno.

Triste sina essa de um povo que, ao longo dos séculos, segue pagando o preço de sua agonia sem se rebelar, sem nada dizer.

A frase que foi pronunciada

“Não deves aceitar suborno, pois o suborno cega os perspicazes e pode deturpar as palavras dos justos.”
Êxodo 23:8.

 

 

  • Vida longa

    » Haja coração com a política brasileira! Os médicos de Fernando Henrique Cardoso deram uma solução para acertar o descompasso do batimento no peito do ex-presidente. Um marca-passo.
  • Moro num país tropical

    » Soltos pelo juiz Moro: o diretor comercial da Consturbase, Genesio Schiavinato Juni, o presidente Construcap, Roberto Ribeiro Capobianco, o ex-executivo da Schahin Engenharia Edison Freire Coutinho, e Erasto Messias da Silva Jr., da construtora Ferreira Guedes.
  • Próximo passo

    » Parece um bom serviço avisar as vítimas de violência doméstica, por uma notificação da Justiça, quando o agressor sair da cadeia. Mas e aí?
  • De jeito nenhum

    » Consolidação das Leis de Trabalho no foco de discussões na Câmara dos Deputados. Há controvérsias quando o assunto é a mudança da CLT baseada em acordos extrajudiciais.
  • Irritante

    » Atender telefonema em que por uma gravação a Claro vende serviços é simplesmente aviltante.
    Se o telemarketing incomodava com atendentes insistentes, mas que tinham direitos trabalhistas, agora a voz eletrônica faz o serviço. Sem custos para a operadora. O desabafo
    é da leitora Graça
    Maria de Franco.
  • Escândalo

    » Volta à tona o Seguro DPVAT. A Seguradora Líder, representada por Ricardo Xavier, respondeu ponto a ponto as suspeitas do deputado cearense Cabo Sabino. Agora é aguardar se os deputados da CPI do DPVAT ficarão satisfeitos com as explicações sobre os pagamentos a segurados
    e com a prestação de contas da Líder.

 

História de Brasília

Não sugerimos nomes. Brasília é uma cidade nascida à beira de um rio, com uma estação de estrada de ferro, uma praça e uma igreja. Para ter água, foi preciso fazer um Lago, para ter uma praça, foi preciso fazer terraplanagem, e a nossa Igreja ainda não está pronta. (Publicado em 10/09/1961)

Marketing político

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Se com o advento e a difusão dos inúmeros meios de comunicação de massa as campanhas políticas ganharam um impulso verdadeiramente formidável, com a internet esse alcance atingiu as estrelas.
Interessante observar que, ao mesmo tempo em que a propaganda eleitoral ia passando de uma mídia para outra, mudou não só o jeito como os candidatos externavam sua retórica e pregação política, mas, sobretudo, o processo eleitoral como um todo, com reflexo direto nos partidos e na própria democracia.

Na televisão, o horário eleitoral gratuito deu impulso à faceta visível das campanhas, representada aqui pela imagem dos candidatos junto a um eleitor passivo, confortavelmente sentado no sofá, no que os especialistas denominaram de democracia de audiência. Em televisão, é sabido que imagem é tudo. Vale mais do que as propostas apresentadas. A imagem de uma cidade limpa, organizada, com crianças felizes indo para a escola, hospitais em pleno funcionamento, policiamento ostensivo e gente sorridente circulando por ruas ensolaradas, rende mais votos do que as propostas políticas e o próprio programa dos partidos.

Infelizmente, essa democracia imagética, explorada à exaustão pela propaganda política nas TVs, à semelhança dos filmes de ficção, dista léguas da realidade crua de nossas cidades.

O valor intrínseco do que é visto em cores e movimento tem tido, até aqui, o poder de sobrepujar a vida como ela é, conduzindo o eleitor para o mundo do faz de conta. Satisfeitos com o que veem, os eleitores devolvem esse prazer visual em forma de votos para os candidatos.

De posse desse novo instrumental de comunicação, os marqueteiros brasileiros fizeram fortunas, transformando candidatos primitivos e analfabetos em sumidades intelectuais e refinadas. Essa imersão do mundo político no realismo fantástico da televisão resultou ainda na falsificação do produto a ser passado ao consumidor/eleitor. Compra-se a imagem de um político, mas o que se tem é um canastrão político. Nem ator, nem político. Essa transubstanciação da política em ficção parece ter seus dias contados.
A Operação Lava-Jato, por um lado, e a disseminação das redes de internet, por outro, têm mudado não apenas o comportamento passivo do eleitor, mas principalmente a postura dos candidatos, dos partidos e principalmente dos marqueteiros.

Na realidade, as redes de compartilhamento de informação instantânea têm imposto uma espécie de voto distrital, desnudando uns e chamando a atenção de outros. Qualidades e defeitos dos postulantes trafegam à velocidade da luz e são mostrados ao vivo nas redes. Grandes manifestações de apoio ou repúdio são organizadas e agendadas num clique. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.

A entrada da internet no universo das campanhas políticas, trazendo um tipo novo de democracia direta, vem substituindo paulatinamente a figura do marqueteiro tradicional pelo profissional que constrói páginas eletrônicas, onde os candidatos parecem falar on-line com cada eleitor, colocando suas propostas e debatendo assuntos do interesse de cada um.

Pode-se debater também a importância dessa hipermídia para o aperfeiçoamento da democracia. Mas o essencial continua sendo o que sempre foi: partidos coerentes, com compromissos sólidos e éticos. Menos discurso e mais atitude em honrar o voto e os impostos.

A frase que não foi pronunciada

“Quanto vale sua amizade?”

Mercado aberto de favores com o dinheiro público

Tecnogato

» Na opinião de profissionais, a mudança de padrão das tomadas brasileiras não pode ser baseada em segurança. O choque elétrico como acidente doméstico se dá por falta de aterramento nos condutores e equipamentos. Vamos acompanhar a chegada dos estrangeiros para as Olimpíadas com seus computadores, carregadores de celular e tudo mais.

E agora?

» No Dia das Mães, vários políticos envolvidos em operações da Polícia Federal fizeram lindas homenagens. Poesias, carinhos e palavras firmando um amor verdadeiro. O mesmo protocolo. Discurso às avessas da prática.

História de Brasília

Presidente, o senhor não me conhece, mas ouça isto: dê Brasília a quem é de Brasília. A Prefeitura do Distrito Federal não pode ser uma solução política. É uma solução técnica. Em Brasília, nosso país conseguiu reunir a melhor equipe técnica de que se tenha notícia, e esta equipe não pode ficar distante da indicação para a prefeitura. (Publicado em 10/09/1961)

Depoimento (im)pessoal

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Cartas, por suas características de documento escrito, representam material, por excelência, para historiadores e demais estudiosos da sociedade e de uma época. No caso da história do Brasil, são inúmeras as missivas escritas de próprio punho por personagens que revelam não só momentos marcantes dos bastidores políticos, mas, sobretudo o ponto de vista pessoal do autor sobre os acontecimentos vividos.

Exemplo mais próximo pode ser conferido na carta dramática em que o ex-presidente Getúlio Vargas descreve a crise no interior do poder e que culminaria em seu ato derradeiro.

 

Nesse sentido, a carta enviada agora pela presidente afastada, Dilma Rousseff, aos senadores que julgarão em definitivo o seu processo de impeachment vem se juntar à já farta documentação de uma década em que o Brasil experimentou na carne e na alma, pela primeira vez, o que se acredita ter sido um governo orientado pela cartilha da esquerda.

Infelizmente, a carta não é manuscrita, o que possibilitaria até um exame grafológico que trouxesse à luz traços da personalidade dessa personage. Logo no preâmbulo, e pelo que foi dado aos brasileiros conhecer sobre as limitações intelectuais de Dilma, o que ela chama de depoimento pessoal e pelos termos colocados não vai além de um texto técnico, alinhavado e confeccionado por alguém íntimo e versado nas ciências labirínticas do direito.

Os 54 milhões de votos que essa senhora agita como bandeira salvadora — considerando os custos astronômicos das campanhas políticas inflacionados pelos providenciais marqueteiros — a Operação Lava Jato vem mostrando que foram obtidos de forma criminosa e devidamente lavados na Justiça Eleitoral.

Ao classificar seu processo de “inominável injustiça” e de ser vítima de “uma farsa política”, o que Dilma deixa antever é seu desprezo pelas instituições republicanas, incluídos aí o Congresso e o Supremo Tribunal Federal.

Dizer que sempre acreditou na democracia esconde uma falácia, pois apoiou, desde logo, governos autoritários que infelicitam a vida de seus cidadãos. Por isso, afirmar que sempre lutou “contra todas as formas de opressão” soa quase como escárnio para quem sempre esteve de braços abertos para receber toda espécie de ditadores que por aqui transitavam.

A distorção da história, traço onipresente na narrativa da maioria das esquerdas, segue neste documento de forma corrente. Ao afirmar “jamais traí meus companheiros em horas difíceis”, Dilma busca enviar uma mensagem para aqueles aliados que de alguma forma estão às voltas com a polícia e na eminência de aderir à colaboração premiada.

Afirmar ainda que vai relegar para “historiadores futuros e honestos o dever de resgatar a verdade dos fatos”, o que a presidente afastada quer dizer é que a versão de sua saga será contada pela equipe intitulada Historiadores pela Democracia, grupo de pretensos intelectuais que em visita recente ao Palácio da Alvorada buscam dar uma versão muito particular aos acontecimentos recentes.

 

A frase que foi pronunciada

Política fiscal: “Se você é um pouco mais leniente com o governo, você diz que foram pecados veniais. Se você acha que o governo é muito ruim, você diz que foram pecados capitais”

Delfim Netto

 

Memórias e poemas

Doralice Lariucci tem sua obra em tecelagem e pintura exposta hoje no Sesc DF — SCS Qd. 02, Bloco C.

 

Degradante

Por falar em Setor Comercial Sul, passear por ali causa uma apreensão em relação ao futuro. Lojas lacradas, prédios vazios, fachadas abandonadas. Pessoas dormindo no chão, sujeira por todo lado.

 

Interestadual

Na empresa São Geraldo é assim. Um idoso vem de graça do Ceará por direito líquido e certo. Na volta, o guichê da empresa na capital federal cobra a metade do valor da passagem.

 

História de Brasília

Um pequeno balanço da crise: dezenas de estivadores do Recife ainda se encontram presos em Fernando de Noronha, levados para lá por forças do Exército. Esta, pelo menos, é a declaração de doqueiros, que se negaram a voltar ao trabalho, sob a alegação de que o Exército ainda não libertou seus líderes exilados. (Publicado em 09/09/1961)

Lavando Têmis a Jato

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Em anotações atribuídas a Marcelo Odebrecht às quais a Polícia Federal teve acesso, o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Francisco Falcão, era mencionado “como uma das autoridades que, no limite, podiam atuar em seu benefício em caso de problemas judiciais.” Na bombástica delação premiada feita pelo ex-senador Delcídio do Amaral, Falcão aparecia também, ao lado de Dilma e de José Eduardo Cardozo, como autor de um complô para nomear o ex-desembargador federal Marcelo Navarro Dantas para o cargo de ministro do STJ, com o firme propósito de obstruir as investigações da Operação Lava-Jato.

Diante dessas denúncias, a Procuradoria-Geral da República deu início a uma série de investigações que visavam esclarecer os trâmites e as tramoias jurídicas, na 5ª Turma do STJ, para soltar empreiteiros de peso, como o próprio Marcelo e o principal executivo da Andrade Gutierrez, Octávio Azevedo.

Da denúncia constam ainda as suspeitas de venda de habeas corpus. O pedido de abertura de inquérito tão rumoroso, feito pela PGR, está agora nas mãos do ministro Teori Zavascki, que cuida dos casos da Lava-Jato. Formado por 33 ministros, o STJ é a segunda Corte judicial mais importante do Brasil. Matérias que não envolvam questões constitucionais têm neste tribunal sua última instância.

É também essa Corte que julga as autoridades com prerrogativa de foro. Por essa razão, suspeitas sobre desvios de comportamento de qualquer um de seus membros tem o poder de desestabilizar o próprio Poder Judiciário. Repete o filósofo de Mondubim: “não basta ser íntegro, tem que parecer íntegro”.

De qualquer forma, o pedido de investigação da Procuradoria-Geral da República indica que a enxurrada vinda da Lava-Jato chegou ao Judiciário. Em outra frente, o juiz federal Paulo Bueno criticou a decisão do ministro do STF Dias Toffoli de soltar Paulo Bernardo, preso durante a Operação Custo Brasil.

Para Bueno, essta decisão pode dar oportunidade para que Paulo Bernardo esconda parte do dinheiro que ainda não foi encontrado pela PF. Embora não se discorde da decisão de Toffoli, a medida beneficiando Paulo Bernardo desestimula e constrange futuras investigações deste caso.

Para alguns juristas, o ministro Dias Toffoli deveria se declarar impedido de julgar este caso, já que, no passado, integrou como advogado a defesa desses mesmos personagens agora enrolados com a justiça.

O desembargador do Tribunal Regional Federal Ivan Athié, depois de converter em domiciliar a prisão de Fernando Cavendish, detido na Operação Saqueador, que investiga desvios de R$ 370 milhões em contratos de obras públicas, voltou atrás ante as repercussões negativas do caso e agora se declara impedido de julgar o caso.

Questões assim fazem pairar sobre o Judiciário brasileiro suspeitas de envolvimento de alguns de seus membros em escândalos da Lava-Jato — o que, neste momento, é tudo o que não pode acontecer.

 

A frase que foi pronunciada

“Uma gota de veneno contamina o cântaro.”

Inácio Dantas

 

Cenáculo

Essa é uma rede pioneira de lanchonetes com alimentos saudáveis. Está em várias escolas particulares.

 

Debate dos leitores

Wilson Lima pede espaço na coluna para que os leitores participem sobre o assunto Lei do Silêncio. Os que defendem o emprego de centenas de pessoas em contraponto aos que depois da labuta gostariam do sono dos justos.

 

História de Brasília

Ainda sobre a mesma rádio, a Nacional, um recado para a atual direção artística: No programa Música para o almoço é feito, constantemente, um anúncio de determinado expectorante, o que não condiz muito com o horário, dedicado a refeições. (Publicado em 9/9/1961)

Punir é reformar

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De um modo sucinto, o conceito de Estado Democrático de Direito pode ser entendido como um conjunto englobando território, população e governo, em que a força da lei é estendida, igual e indistintamente a cada um dos indivíduos e, onde a vontade livre da maioria é respeitada e acatada por todos.

Democracia, já diziam os antigos, é o império da lei. Dessa forma, é possível a existência de um Estado de Direito sem democracia, caso das ditaduras que possuem Constituição própria. Mas é absolutamente impossível a existência de um Estado Democrático sem Direito.

Dentro da estrutura do EDD, os partidos representam os veículos que tornam possíveis a manifestação e a afirmação dos direitos de cada indivíduo perante o Estado. Portanto, é possível afirmar que sem os partidos não existe representação válida e, por conseguinte, não existe democracia.

Ocorre que quando esses veículos, por algum motivo, são maculados, a transmissão da vontade popular até o governo é afetada de modo grave. Importante é juntar aqui também o conceito de República ou coisa pública, fundamental para a existência de um verdadeiro EDD.

De uma forma grosseira, bem público é tudo o que existe para além da porta de casa dos indivíduos. O que a população vem assistindo em capítulos, nestes últimos mil dias, é a mais clara negação desses conceitos primários.

O que a Operação Lava-Jato e congêneres vêm mostrando, mesmo o mensalão, é que a nossa República e, por extensão, o nosso EDD foram completamente vilipendiados da forma mais tosca, comprometendo toda a nossa jovem democracia. A corrupção, elevada ao nível sistêmico, contaminou a estrutura do EDD brasileiro.

Dito dessa maneira, a questão é como prosseguir adiante, dentro desse mesmo modelo ou, mais precisamente, com esses mesmos partidos. As revelações que vão vindo à tona demonstram, cada vez com mais certeza, que com essas legendas partidárias que temos não podemos prosseguir em frente. Antes de falar em receitas fáceis, tipo reforma político partidária, é preciso um posicionamento firme da nossa, até aqui, prescindível Justiça Eleitoral.

O que fazer com partidos reconhecidamente corruptos e corrompidos? Colocar a culpa no modelo de coalizão não adianta. Antes de tudo, é preciso aplicar a lei. Em nosso caso, dado o estado endêmico de corrupção a que chegamos e, por tabela, de decomposição em que se encontram nossos partidos, o correto parece ser a cassação pura do registro desses partidos junto da Justiça Eleitoral, sem prejuízo de outras sanções individuais.

Nesse caso, observando-se, inclusive, fatos inéditos que levaram essas legendas a cometerem o chamado crime de lesa-pátria, que, entre outras manobras, visavam à substituição do EDD por uma ditadura de partido único. Em nosso caso particularíssimo, a punição já é, em si, o primeiro passo para uma reforma que deve vir com urgência.

 

A frase que não foi pronunciada

“Ouve opiniões, mas forma juízo próprio.”

William Shakespeare

 

Capes

Enquanto de um lado há calorosas discussões sobre o projeto Ciência sem Fronteiras, de outro os protestos registrados no portal Reclame Aqui foram desativados.Vai entender.

 

Golpe

A rede D’Or disponibiliza no balcão de entrada dos hospitais um comunicado aos acompanhantes e pacientes sobre as quadrilhas que ligam para os apartamentos pedindo para depositar dinheiro em contas bancárias de pessoas físicas. Impensável dar golpe em pessoas vulneráveis com doenças graves.

 

Sem equidade

Lá estava perto da UnB. Um buraco da rede de esgoto cheio de galhos para avisar aos motoristas que estava aberto. No poste ao lado, um pardal. Quando é que vão inventar a dívida ativa para o governo pagar? Com as mesmas consequências que elas têm para os contribuintes.

 

Do povo

Fábio Gomes, na página de interatividade com o Senado, questiona a situação dos intercambistas que participam do Programa Mais Médicos. A situação de direitos humanos desses trabalhadores envergonha o Brasil, apesar do silêncio do STF e outras autoridades.

 

Daqui

Sobre o mesmo assunto, Manoela Mello questiona ao governo por que não faz um programa de melhoria de salários para os médicos terem interesse em ir ao interior e a locais distantes, como existe no Judiciário? Seria um início…

 

Eleição

Nenhum tribunal já disse ou dirá que a autonomia universitária passa por cima de uma lei específica sobre a escolha de dirigentes. Se não, a universidade escolheria seus dirigentes internamente como quisessem e publicariam sua decisão, sem passar pelo MEC ou PR. Diz a Lei nº 9.192, de 21 de dezembro de 1995 —  Presidência da República, art 16, inc.III : em caso de consulta prévia à comunidade universitária, nos termos estabelecidos pelo colegiado máximo da instituição, prevalecerão a votação uninominal e o peso de setenta por cento para a manifestação do pessoal docente em relação à das demais categorias.

 

História de Brasília

As mudanças de governo mostram que o Estado não pode dirigir empresas que deveriam pertencer a capitais privados. O resultado é o caso da Rádio Nacional: há três dias, irradiando boatos contra o sr. João Goulart, e, hoje, chamando-o de presidente Constitucional do Brasil. (Publicado em 09/09/1961)

Capitalismo de estado

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No cerne dos escândalos cotidianos, está, ao lado da mediocridade média de nossos representantes políticos, o fato de o Brasil ter enveredado, desde cedo, pelo caminho paternalista que o conduziu ao beco sem saída do chamado capitalismo de estado.

Essa criação tem seu marco em nossa história contemporânea quando Getúlio Vargas condicionou o apoio aos aliados na Segunda Guerra ao financiamento para a instalação da Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda (RJ). O primeiro complexo industrial brasileiro moderno nasceu assim de uma decisão monocrática que colocava na mesma mesa de negociações as opções entre o apoio aos nazistas e ao eixo fascista ou o financiamento para a construção de uma metalúrgica, com a qual o governo pretendia fazer aqui uma sui generis revolução industrial de cima para baixo.

Ainda para conferir ares de normalidade a um progresso material fictício, confeccionado unicamente por vontade do Estado, foi organizado um modelo de sindicalismo artificial, atrelado, logicamente, aos humores do grande pai da pátria. Ao nosso modelo de desenvolvimento e progresso foram interpostos mecanismos que condicionavam o crescimento da economia aos investimentos dos bancos estatais. Tutelados desde sua origem, empresas e empresários sempre viram no governo e nas instituições financeiras do estado começo e fim de suas atividades.

A onipresença do poder central, em toda a atividade econômica, ensejou uma espécie de atrofia, fazendo de nossos empreendedores seres totalmente dependentes da máquina pública. Mesmo as atividades culturais, oriundas das manifestações espontâneas da população, se viram, de alguma forma, atreladas aos benesses do Estado.

Dessa forma, não chega a ser surpresa que a grande maioria das empresas do país se encontrem hoje, por conta de uma devassa sem precedentes, no banco dos réus, por conta de uma relação histórica que atrelou todas elas ao dinheiro do contribuinte.

Da mesma forma, os programas de incentivo à cultura, em vez de favorecer a produção de trabalhos realmente significativos e de largo alcance, serviram para alimentar uma indústria de parasitas que, se submetidos aos rigores da livre iniciativa e do mercado, teriam, na sua grande maioria, naufragados ainda no porto de partida.

Se a tutela do Estado serviu, num primeiro momento, para trazer à tona as atividades econômicas e culturais, suas continuação e superproteção ao longo de tanto tempo têm servido apenas para criar um mundo de fantasias, onde a Operação Lava-Jato ou a Operação Boca Livre são apenas parte desse enredo.

 

A frase que foi pronunciada

“Somos a consequência do nosso pensamento.”

Buda

 

Concurso

Vem aí concurso para professor da rede pública de ensino no DF. O governador Rodrigo Rollemberg garante que no segundo semestre de 2017 os aprovados serão contratados. O professor Júlio Gregório, com experiência em sala de aula, tem dado valor à classe docente. Agora o reforço para a educação pública depende de um trabalho direto com a família dos estudantes.

 

Brasiliense

Capital Inicial, Cássia Eller, Célia Porto, Eduardo Rangel, Hamilton Holanda, Legião Urbana, Ney Matogrosso, Paralamas do Sucesso, Plebe Rude, Rosa Passos e Zélia Duncan. Apenas para ficar registradas algumas das nossas pratas da casa que despontam pelo Brasil e pelo mundo.

 

Cidadão

Nota legal atrai  contribuintes e prazo vence em agosto. Mais de 13 mil pessoas recebem crédito de quase 2 milhões.

 

Câncer

Em plenário, a senadora Ana Amélia disse estar estupefata com a corrupção. Ela está em todos os lugares, disse a parlamentar. “Está no esporte amador, no esporte paralímpico, está na cultura, com os desvios da Lei Rouanet, está na medicina, com os desvios das órteses e próteses, lamentavelmente, mas também não chega a ser conforto para nós, políticos, que só a classe política esteja visada nessas operações envolvendo a Lava-Jato”, afirmou.

 

Metrô

Hoje, o TRT da 10ª Região julga o acordo coletivo da categoria do transporte metroviário. É dia de ficar atento sobre a possível paralisação.

 

História de Brasília

O Congresso votou a emenda parlamentarista sob coação, para retirar do sr. João Goulart, como presidente da República, uma boa parte de sua autoridade. Por isto, e por outras razões, é que não creio no Parlamentarismo. Estou com o sr. Raul Pilla. Satisfeito com a aprovação, e decepcionado com as mutilações. Cada partido defendeu seu quinhão, e o povo, ora o povo, que se lixe!

Opinião pública lava a jato

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Experiência é o outro nome para erros cometidos. É com esse pensamento que os investigadores da Operação Lava-Jato buscam seguir adiante na apuração do maior caso de corrupção da história brasileira de todos os tempos. Nesse terreno, as pegadas deixadas por sapatos de grifes foram impressas por gente muito poderosa. Portanto, é preciso que esses profissionais da justiça tenham todo o cuidado em seguir firmes no encalce, sem deformar as pistas e sem chamar a atenção daqueles que ainda seguem em frente delinquindo e certos da impunidade.

Há uma unanimidade sobre os riscos que correm as investigações vindas de todos os setores diretamente prejudicados. O reconhecimento da existência de múltiplas ações para sabotar as investigações é recorrente, principalmente por parte dos profissionais da lei. Não é por outro motivo que a cada passo importante dado pelos investigadores, as ações empregadas e os nomes dos envolvidos são diretamente postos para o conhecimento da imprensa e da população.

O seminário Grandes casos criminais: experiência italiana e perspectivas no Brasil demonstra não só a necessidade de colher as experiências do rumoroso caso ocorrido na Itália, mas, sobretudo, os erros cometidos ao longo daquele processo e que acabaram por prejudicar a continuidade das investigações. É preciso não cometer as mesmas falhas. Para o principal nome daquele processo, o ex-procurador Antônio di Pietro, é importante que os investigadores tenham o apoio da sociedade. No caso italiano, diz, “a sociedade se mobilizou e se transformou num vigilante, num policial e num síndico”. Para seu colega brasileiro, presente no evento, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a Operação Lava-Jato “por si só, não salvará o Brasil”.

Em sua opinião é preciso, no caso brasileiro, também contar com o apoio e a mobilização social para combater a corrupção e acabar com a impunidade no país. “Não chegaremos ao fim dessa jornada unicamente pelos caminhos do Ministério Público ou do Judiciário”, afirmou Janot, para quem é “indispensável a força incontrastável da cidadania vigilante e ativa”. Para o procurador, o fim da corrupção equivale, na nossa história, ao fim da escravidão.

Quando um corpo social está maduro, diz, e anseia por mudanças, o poder secular pode até retardar a sua implementação, mas jamais impedir os desdobramentos dos fatos. Antônio Di Pietro, por sua vez, ressaltou que seu colega Sérgio Moro “está fazendo o seu trabalho com o único objetivo de cumprir o seu dever de juiz e, certamente, não sob influência de ambições políticas”. Já o presidente da Transparência Internacional, José Ugaz, alertou para o perigo que corre a Operação Lava-Jato. “Na ausência de novas lideranças, existe um risco real de que a velha política consiga sabotar os avanços da luta contra a corrupção, afirmou.

A frase que não foi pronunciada

“A máquina política triunfa porque
é uma minoria unida atuando
contra uma maioria dividida.”

Will Durant

A verdade
» Impossível resistir à simpatia do Uber. Descontos promocionais para quem indica amigos, mais segurança, sem necessidade de manusear dinheiro, acompanhamento do trajeto pelos familiares. Tenho muitos amigos taxistas na cidade. Muitos mesmo. Chega a um ponto que o melhor é se unir ao mais moderno e eficiente.

Interesses
» Depois da celeuma na Câmara Legislativa sobre a votação das Organizações Sociais (OS), um projeto aprovado de forma duvidosa acabou por revogar a lei que regulamenta as OS. A ação acabou por inviabilizar o suporte das OS ao sistema público de saúde do DF. Técnicos do Legislativo distrital confirmaram que se trata de ato inconstitucional. O assunto está fora da alçada do Legislativo local.

Release
» Escola Parque da 308 Sul recebe a peça O auto da comadre espírita. Em apresentação única, a Cia. de Teatro Cesel promete uma releitura do clássico de Ariano Suassuna.“Não sei, só sei que foi assim”, quem não se lembra da clássica frase de Chicó, personagem de O auto da compadecida? Um dos maiores clássicos de Ariano Suassuna ganha o palco do Teatro da Escola Parque no próximo dia 22, em duas sessões (às 20h e às 21h30). A Cia. de Teatro Cesel garante que vai tirar muita gargalhadas da plateia.

História de Brasília

Nem todo mundo tem dito a verdadeira história, e é preciso que isto fique escrito: o Congresso (Câmara e Senado, também) votou a emenda parlamentarista sob coação, para retirar do sr. João Goulart, como presidente da República, uma boa parte de sua autoridade. (Publicado em 9/9/1961)

O triste hoje da UnB

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É do mister das universidades se ocuparem da universalidade do conhecimento, em todos os pontos cardeais. Portanto, nada do que é humano deve escapar da análise crítica desses centros do saber. Pelo menos é assim que deveria ser num mundo ideal. No caso das universidades brasileiras, o reconhecimento natural sobre a função de pensar a sociedade vem sendo atropelado por uma espécie de niilismo político que se imiscuiu entre nossos pensadores, turvando-lhes a visão e a mente.

Nos últimos anos, a ascendência exacerbada dos partidos políticos e seus credos sobre o funcionamento material e intelectual de nossa universidade vêm, aos poucos, subtraindo-lhes a primazia do saber, substituída por uma espécie de gosma inócua, que busca uniformizar uns e alijar outros, pespegando-lhes a tatuagem de golpistas ou coisa que o valha. Infelizmente a UnB, como as demais universidades públicas, não escapou desse vendaval, e vem sendo abduzida por esses cantos de sereia. O que, à primeira vista, parece tingido pelos matizes da pluralidade, esconde, no seu âmago, um ódio ao diferente.

O surrealismo da situação atual fez daquele professor que simplesmente quer ministrar suas aulas um corpo estranho nesse turbilhão. Cartas de funcionários da UnB recebidas por esta coluna — que, por motivos óbvios, pediram sigilo do missivista — ajudam a elucidar a situação vivida em nossas academias. Uma delas explica que o PT adotou a estratégia em outra década de controlar os sindicatos dos professores e daí, mediante eleição, controlar as reitorias. As greves eram 80% políticas. Foram bem-sucedidas. Hoje, controlam 90% ou mais das reitorias, diz nosso missivista. Aparelham as administrações e usam recursos e políticas para fortalecer seu partido. Trabalham para destruir possíveis adversários.

Com a mudança dos ventos, provocada pela Operação Lava-Jato e pelo processo de impeachment, houve sensível diminuição no apoio ao PT. O seu lugar foi imediatamente tomado por uma franja do mesmo naipe. O PSol tentou o mesmo caminho e hoje controla a Andes, vários sindicatos e algumas reitorias, com destaque para a UFRJ, a maior universidade federal. Dentro da universidade, quem se atreve a defender o impeachment vira uma espécie de barata kafkiana e tem de se esconder dos demais.

Nos países desenvolvidos, a liturgia é diferente. Conselhos de luminares (scholar) escolhem os dirigentes, com maioria de gente externa. Darcy Ribeiro vislumbrou o mesmo para a UnB. Pelo menos é o que está na Lei 3.998/61 e no Decreto 500, de fevereiro de 1962. Ele foi contra as eleições gerais. O governo FHC regulamentou o processo eleitoral, reservando 70% do peso aos votos dos docentes. A UnB vem ignorando a lei desde 2008, adotando a paridade de 1/3 do peso para docentes, técnicos e alunos. “Eleição geral para reitor é uma invenção da esquerda brasileira. Não acontece em nenhum país desenvolvido, nem em Cuba, nem na China. As esquerdas latino-americanas são únicas no mundo que vivem no passado, lutando contra a ditadura até hoje,” descarrega o funcionário.

A rigor, no Brasil, não se tem uma direita, muito menos uma esquerda. O que existe, de fato, são aqueles grupos que estão acima (no poder) e o restante, situados abaixo. No meio desses grupos, fica uma grande maioria silenciosa, indiferente e descrente. Em outra carta, um dos professores descrentes desabafa: Tenho vários amigos que lecionam na UnB que desistiram de tudo e passaram a construir a vida ao largo da vida acadêmica. Agem como estrangeiros. Vão para as aulas, dão as aulas e voltam para casa. Se quiserem entrevistá-los, o último lugar em que vão encontrá-los é no Minhocão. Preferem andar quilômetros a encontrar com colegas.

História de Brasília
Com isto ficariam satisfeitos os ministros militares, que já se haviam pronunciado abertamente quanto à volta do sr. João Goulart ao país, como “inconveniente para a segurança nacional”.  (Publicado em 9/9/1961)

Estatais para quê?

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Tirem o mel da vista que os ursos param de vir roubar. A sentença, válida nos parques naturais do Hemisfério Norte para manter os perigosos mamíferos longe dos acampamentos humanos, serve também para o caso brasileiro das estatais.

Afastando os políticos e seus clubes partidários das empresas públicas, estará resolvida boa parte dos flagelos da corrupção que se abatem sobre as estatais. Mas, numa linha direta de raciocínio, melhor mesmo é vendê-las a quem possui o perfil correto para administrá-las dentro das regras de mercado: a iniciativa privada.

Para um Estado que não consegue administrar e prover, com um mínimo de qualidade, os setores de saúde e educação, que são obrigações constitucionais, não faz sentido que detenha o controle de enormes empresas apenas para produzir bens de consumo.

Ao Estado interessa produzir segurança previdenciária, bem-estar social, amparo e proteção jurídica dos seus cidadãos, e não gasolina e lingotes de ferro. A Lei Geral das Estatais, em gestação suspensa agora no Congresso, reflete bem o efeito nefasto da ingerência política em cargos e diretorias de estatais e fundos de pensão.

Com os superescândalos de corrupção que vão sendo levantados paulatinamente pelas investigações da Operação Lava-Jato, foi preciso a confecção de um conjunto de normas, que, em outras palavras, visam unicamente conter a razia sobre uma centena de empresas públicas. Está mais do que confirmado que as indicações políticas estão entre as principais causas das centenas de casos de corrupção chegam , a todo momento ao conhecimento do público.

Nos últimos anos, chegou-se ao requinte que colocar essas empresas e seus fundos de pensão a serviço dos interesses direto dos partidos. Somente no setor das estatais, há uma média de 400 diretorias que são preenchidas de acordo com a necessidade dos 40 partidos existentes. Outros 700 cargos, em empresas e órgãos públicos, aguardam o mesmo destino.

Não adiante, nesses casos, antepor mecanismos de controle nessas empresas. Eles simplesmente não funcionam a contento quando quem está no lado de dentro do balcão é alguém blindado pela chamada prerrogativa de foro.

A denominada governança se mostrou inócua quando a empresa, no caso, é pública. Os casos que mostram os estragos feitos por esse tipo de gestão em empresas como a Petrobras e Eletrobras são exemplares e não devem ser esquecidos sob pena de virmos a repetir não apenas os mesmos erros e deslizes éticos de sempre, mas sobretudo perpetuar os prejuízos bilionários em cima de uma sociedade já exangue.

 

A frase que foi pronunciada

“No famoso quadro de Pedro Américo, que glorifica o Grito do Ipiranga, aparece a figura atônita e circunstancial do tropeiro, símbolo do povo, que via, mas não participava do acontecimento.”

Ulysses Guimarães

 

Dança

De 11 a 31 de julho, Brasília recebe a 26ª edição do Seminário Internacional de Dança de Brasília. Neste ano, a homenagem será em memória do dramaturgo inglês William Shakespeare e dos 400 anos da morte do romancista castelhano Miguel de Cervantes. Inscrições no portal www.dancebrasil.art.br.

 

Sonhos

Os 25 anos de dedicação da bailarina, coreógrafa e professora Gisèle Santoro a tornaram referência nacional e internacional. O festival contempla os amantes da cultura e da dança com espetáculos gratuitos, além de dar oportunidade para que as “pratas da casa” entrem em companhias renomadas mundialmente.

Release

Solidariedade — Com o frio quem tem feito, os mais necessitados poderão contar com a doação de cobertores e agasalhos feita por estudantes interessados no aulão beneficente de Redação Oficial, do IMP Concursos, no sábado (9/7), das14h15 às 17h15, na 603 Sul. Para participar, basta fazer a inscrição pelo site, e confirmação antecipada mediante a doação na secretaria de alguma unidade.

 

História de Brasília

A luta pelo ministério tem sido uma espécie de “queda de corpo”, capoeira, e rebanada, cada um puxando a brasa para a sua sardinha, vendo-se que o braseiro é tão pequeno… (Publicado em 9/9/1961)