Bancadas privativas

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Com Mamfil e Circe Cunha

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Engana-se quem acredita que a formação de bancadas políticas do tipo monolíticas dentro do Poder Legislativo traz benefícios diretos para o processo de aperfeiçoamento democrático e a população de modo geral. Pelo contrário. A existência dessas bancadas é nociva e contrária aos reclamos do cidadão, sendo necessárias apenas para atender a interesses de grupos fechados e ilhados da sociedade.

Para os políticos de pouca expressão e sem poder de atuação, a inserção nessas bancadas resulta em oportunidade de se fortalecer e, com isso, obter vantagens e dividendos para si. Atuando com desenvoltura, cada bancada dessas conta com o patrocínio generoso de um ou mais padrinhos, que passam a ter, a seu dispor, um bloco de políticos que agem de acordo com as suas orientações.

Tome-se aqui, à guisa de exemplo, o caso da bancada da bala. Formada por uns 40 deputados, na maioria com ligações dentro das polícias Civil e Militar, esse agrupamento tem insistentemente agido para sepultar o Estatuto do Desarmamento, sob o enganoso argumento de que os índices de violência requerem que cada cidadão porte uma arma de fogo para a própria defesa e da família, tal qual é feito hoje nos Estados Unidos.

Para esse tipo de bancada, que prega uma falácia desse tamanho, não seria nada surpreendente se a poderosa indústria bélica do país, de alguma forma, financiasse essa retórica, com patrocínios fabulosos de campanhas eleitorais. O mesmo ocorre com a bancada da Bíblia, financiada pelas igrejas; com a bancada ruralista, financiadas pelo agronegócio, e assim por diante.

Surpreendente seria a formação de uma bancada do cidadão, voltada para os interesses diretos de cada brasileiro que financia essa festa para a qual não é convidado. Mais surpreendente ainda seria a formação de uma bancada da educação, concentrada em preparar o país para a grande revolução do ensino, único caminho seguro para a superação do subdesenvolvimento.

Para um país com mais de 200 milhões de habitantes, não faz sentido algum que essas bancadas, financiadas por todos, continuem trabalhando e fazendo lobby para grupos exclusivos. A atuação delas chegou a tal paroxismo que hoje é possível observar que o comportamento e a linha de trabalho desses grupos se sobrepõem às diretrizes do partido ao qual esses políticos estão filiados.

A bem dos fatos, a bancada hoje é independente dos partidos e age apenas por conta dos interesses do grupo, mesmo que isso vá contra as diretrizes de cada legenda. Qualquer reforma política que não venha tratar desse assunto diretamente não deve ser levada a sério.

 

A frase que foi pronunciada

“Fica, Lula!”

Recepção com duplo sentido do povo curitibano

 

Publicidade

» Normas gerais de processo administrativo tributário. Enigma para os contribuintes que, por falta de publicidade, não conhecem os direitos que têm. Os deveres, sim. Esses são divulgados constantemente. Falta interação mais amigável com os contribuintes.

 

Reciclagem & emprego

» Começa a ser desativado o Lixão da Estrutural. Lugar que cresceu além das possibilidades de manutenção. Começou errado até na escolha do local. Em pronunciamento, o governador Rollemberg anunciou que cumprirá as exigências do Plano Nacional de Resíduos Sólidos. O Aterro Sanitário será uma saída interessante para combater o desemprego.

 

Celíacos

» Seria esperar muito dos empresários da alimentação que partisse deles a preocupação em proteger os celíacos, portadores de doença autoimune intolerantes ao glúten. O Superior Tribunal de Justiça reconheceu a legitimidade ativa de uma associação que defende os celíacos (sem ter um ano de formação) e ajuizou uma ação civil pública contra uma pizzaria.

 

Novidade

» Operadoras de plano de saúde não podem limitar o serviço de home care. O entendimento do STJ é que esse tratamento se configura em uma extensão dos cuidados hospitalares.

 

Trabalhador

» Agindo de forma diversa do ídolo, metade da bancada petista da Câmara dos Deputados está em Curitiba para apoiar Lula. Quem chama a atenção pelo comportamento imparcial é o senador Paulo Paim. Se existe alguém desse partido que trabalha, Paim é o exemplo.

 

Tsunami

» Disse o juiz Moro que há provas de “macrocorrupção” praticada de “forma serial” pelo ex-ministro Palocci. Essas palavras começam a invadir ações que até então eram impenetráveis.

 

História de Brasília

Afora isto, houve outra irregularidade na sessão de ontem do Tribunal do Júri de Brasília. Pelo menos 21 jurados deveriam ser avisados pessoalmente, mas o oficial de justiça deu o ciente a apenas dez jurados. (Publicado em 27/9/1961)

 

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