Autor: Circe Cunha
DESDE 1960
aricunha@dabr.com.br
com Circe Cunha e MAMFIL
Dinheiro público é sagrado, pelo menos, deveria sê-lo. Fossem respeitados os limites para os gastos do governo, obviamente não seriam necessárias a adoção de medidas emergenciais e paliativas como o aumento de impostos e muito menos de arrocho fiscal. Houvesse esse temor reverencial aos recursos retirados dos cidadãos, nada do que ocorre hoje, inclusive o lento processo de impeachment, estariam em pauta.
Leis claras e objetivas deveriam ser erigidas para blindar o dinheiro público das razias dos governantes. Leis que penalizassem os infratores na exata medida de seu desatino. Se para cada real desviado, correspondesse um dia de prisão e multa equivalente, o caminho da probidade estaria facilmente aplainado.
Em maio deste ano, o ainda governo Dilma, através do decreto 8.456, cortava 22% ou R$ 70 bilhões do Orçamento da União, para fazer frente aos desajustes profundos nas contas públicas. Essa medida em si já sinalizava, para além do núcleo fechado do governo, que alguma coisa de muito séria estava acontecendo com os recursos da União.
O chamado “corte na carne”, anunciado fora de tempo e contexto, por uma equipe econômica já sem crédito e complemente rendida aos caprichos da presidente, causou mais surpresas do que contrariedades. Por esta época, o país já vivia sob o clima pesado por conta dos sucessivos escândalos que brotavam de dentro do governo. Embora não se conheçam os detalhes internos que levaram a adoção desse decreto, o certo é que ele marcou de forma indelével as relações da presidente com seu partido. A adoção dessa medida deixou claro que as promessas de campanha não só não seriam cumpridas, como não seriam cumpridas nenhum outro planejamento prévio, inclusive o Plano Plurianual.
A bandeira do partido da presidente que pregava a redução sustentada das desigualdades sociais e econômicas, fora irremediavelmente rasgada, Restava a presidente o apoio constrangido de sua base de apoio. Os corte atingiram em cheio os Mínistérios do Desenvolvimento agrário (53%), da Educação (23,7%), da Pesca e Aquicultura ((78%), além das Secretarias de Promoção da Igualdade Racial (56%) e Direitos Humanos (56%). A redução significativa dos investimentos nas áreas sociais, deixou a presidente suspensa no ar, segura apenas pelo pincel. Diante da encruzilhada de cortar em áreas sociais e sobreviver no cargo, Dilma optou pela segunda hipótese, conseguindo ainda uma sobrevida no governo, mas já era tarde.
A profanação do dinheiro público, pela má gestão desses recursos e, principalmente pelos inúmeros episódios de corrupção que a Nação vai tomando conhecimento, selaram o destino de Dilma. Os episódios que resultaram no seu afastamento, resumidas nas chamadas pedaladas fiscais, representam apenas uma gota d’água no oceano das tribulações experimentadas e induzidas por um governo de triste memória.
A frase que foi pronunciada:
“ Só criei o SBT porque as portas estavam fechadas para mim.”
Silvio Santos, dando a dica para quem precisa conhecer o próprio valor.
Hoje
Vale visitar o templo budista na entrequadra 315/316 Sul. Volta a quermesse que já se tornou tradição na cidade. Monge Sato e equipe mantém a organização, clima de paz e a delícia da cozinha japonesa.
Ah ta!
Agora é lei. Todos os alimentos perto do vencimento devem ser doados pelos supermercados a instituições de caridade. O que acontece é que o mercado diminui o preço justamente desses produtos, que ainda caro são desovados nos carrinhos das donas de casa que sempre estão em busca de ofertas para manter o equilíbrio das finanças domésticas.
Leitora
Sobre a falta de pediatras no hospital do Gama. Não conheço a realidade daquele hospital, mas constato o caos na pediatria em Brasília de forma geral.
Recentemente, a pediatria do hospital Alvorada ( particular e ligado ao grupo AMIL ) fechou as portas e a reabertura está nas mãos da justiça. Nesta semana, fala-se do fechamento da pediatria do HRAN, (um dos principais e bons hospitais públicos da cidade).
Alega-se que esta especialidade da medicina não demanda muitos procedimentos e acaba tornando pífio e inócuo o retorno financeiro. Apenas sobrecarrega fisicamente os hospitais.
No entanto, a questão permanece. Seja no Gama, no Plano Piloto, em qualquer parte. A pediatria cuida do futuro. Há pediatras – e muitos – querendo fazer seu trabalho. Mas como, se o futuro está cada vez mais longe? Ana Maria
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Para os que gostam de caça e pesca, vejam este resultado de fim de semana no nosso Dick Shaw, do Informador: 5 pacas, uma capivara e 80 quilos de Tucunaré. Superou o recorde de “conversa de pescador”, que pertencia, até então, ao Auristelio Ponte.(Publicado em 12/09/1961)
DESDE 1960
aricunha@dabr.com.br
com Circe Cunha e MAMFIL
Num apanhado geral de notícias sobre o Brasil veiculadas diariamente pelos jornais mundo afora, fica evidente que o assunto mais enfocado sobre nosso país é justamente o que trata da corrupção, principalmente aquela em que o governo e o mundo político local estão secularmente envolvidos. De modo geral, o noticiário internacional relaciona as causas principais do subdesenvolvimento persistente do nosso país à corrupção endêmica que impregna toda a máquina pública. Hospitais e escolas públicas extremamente carentes são mostrados para exemplificar os casos concretos da malversação dos recursos públicos e seus efeitos sobre a vida da população.
Mesmo agora nas Olimpíadas, grande parte dos correspondentes internacionais deixaram as disputas e os torneios de lado e partiram para registrar o dia a dia das comunidades enclausuradas em favelas miseráveis à mercê da trégua na guerra entre a polícia e o crime organizado. Sob todo e qualquer ângulo em que se procura enxergar a realidade brasileira lá de fora, a corrupção desponta como causa e assunto logo nas primeiras linhas. Por que razão nossas mazelas ganham tanto destaque na mídia estrangeira se temos também tantos aspectos positivos de nosso cotidiano que merecem ser mencionados?
Essa questão tem, na avaliação dos jornalistas de outros países, uma explicação até singela. Para muitos, a entrada de seus países no rol das nações desenvolvidas só foi possível depois de debelados os casos de corrupção na administração do Estado. Muitos de nossos compatriotas, afirma um repórter europeu, não conseguem entender como, em pleno século 21, um país continental e com uma grande população ainda não se livrou dessa praga. Enquanto não surge uma resposta satisfatória para a questão, melhor examinar o que um estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO) diz sobre os efeitos e as consequências da corrupção que se escondem sob a linha d’água desse imenso iceberg.
Para cada R$ 1 desviado pela corrupção, ocorre um dano na economia da ordem de R$ 3. É o que os especialistas chamam de multiplicação dos prejuízos. A corrupção é capaz também de contaminar agentes públicos honestos, primeiro pelo desestímulo e, em seguida, por pressão ou simples adesão àqueles que se beneficiam. Também a ineficiência e o excesso de burocracia se inserem no círculo vicioso da corrupção, alimentando-se mutuamente. Outro efeito é a sensação de impunidade, decorrente da falta de pena adequada, mecanismos eficientes para devolver o roubo e do tempo longo dos processos.
Por fim, a corrupção produz o efeito devastador de desmoralizar as instituições e, por tabela, a própria democracia. Um desses efeitos é sentido pela forte rejeição que a população expressa por seus representantes e respectivos partidos políticos e que bem ficou demonstrado nas manifestações de ruas.
Zeina Latif, economista, aponta como consequências diretas da corrupção sobre a economia do país os altos custos de transação, a baixa confiança nos contratos, o afastamento de investidores e a redução da capacidade de investimentos. Trata-se aqui de causa conhecida cujas raízes também se conhecem e cujo remédio é sabido por todos. Mas ainda assim insistimos em não enxergar o problema que nos consome a cada dia.
A frase que não foi pronunciada:
“Corrupção é um bicho que se alimenta da ignorância de um povo. Dói, mas é a verdade.”
Dona Dita, lendo jornal para os netos
Uma lástima
É de estarrecer que uma campanha publicitária com aquele peso de pobreza seja permitida ir ao ar. A Etna escolheu a mentira para vender seus produtos. Mentir para as visitas que aquele sofá custou caríssimo ou aquela peça de decoração que foi uma pechincha pode ser apresentada aos amigos como uma peça rara.Em pleno combate à corrupção, estimular a raiz de todos os males em propaganda é inaceitável. Ou deveria ser.
Palavrinhas mágicas
Já ouvi no programa do Toninho Pop, do compadre Juarez e na ClubeFM. As pessoas se comunicam muito bem ao pedir música. Mas é raro ouvir dos ouvintes as palavras “por favor” e “obrigado”. Está aí uma grande oportunidade para os apresentadores trabalharem a educação das pessoas queridas que participam do programa.
Nota oficial
» O GDF enviou aos jornalistas nota sobre a paralisação de 48 horas dos policiais Civis. O movimento teve o objetivo de pressionar o governo para equiparar os salários dos civis aos dos federais.
Curiosidade
Art.22 XXIII — O Brasil é o único país do mundo que proíbe a bomba atômica na própria Constituição.
História de Brasília
A principal preocupação do sr. Oscar Pedroso Horta, na TV, em S. Paulo, foi falar mal de Brasília, chamando-a de insípida, horrível e tenebrosa. E é mesmo. Não é para todo o mundo, mas para muitos. O homem é produto do meio.(Publicado em 12/9/1961)
DESDE 1960
com Circe Cunha e MAMFIL
Tanto na Câmara dos Deputados como no Senado Federal parece haver um caminho aberto e aplainado para a legalização definitiva dos jogos de azar e dos cassinos em todo o território nacional. A presidência das duas Casas se manifestou no sentido de acelerar os projetos PL 442/91 e PLS 186/2016.
Obviamente, a votação de tão polêmica proposta caberá ao conjunto dos parlamentares e a aceitação por parte do presidente interino, Michel Temer, e sua publicação no Diário Oficial. Alguns ministros e pessoas próximas ao governo garantem que o projeto conta também com a simpatia de Temer. Dessa forma, dá para se ter uma ideia preliminar de que, nos altos escalões do Estado, a ideia da volta dos bingos, dos cassinos e de todos os jogos de azar já é consenso e um ponto pacificado.
Obedecidos esses trâmites legais, os brasileiros saudosistas poderão comemorar o retorno ao longínquo ano de 1946, quando o jogo foi banido pelo então presidente Gaspar Dutra. Quem sabe o retorno dos espetáculos no cassino da Urca e o Teatro de Revista, com suas vedetes cobiçadas, e os programas ao vivo nos auditórios das rádios. Naquela ocasião, existiam no país 71 cassinos em funcionamento, empregando 60 mil pessoas, entre trabalhadores efetivos e contratados por temporada, casos de artistas e outros empresários de shows.
Comparado com Brasil atual, aquele era um outro país, em alguns aspectos, até mais inocente e primitivo. As principais cidades ainda estavam em formação. A preocupação das classes abastadas urbanas de então era copiar o glamour da Hollywood e dos shows da Broadway.
Nesses 70 anos, o Brasil mudou muito. Em alguns aspectos, com o surgimento do crime organizado, podemos dizer que somos Primeiro Mundo. No caso da corrupção na política e na máquina do Estado, somos praticamente imbatíveis. Estímulo ao turismo e aumento de arrecadação para os cofres públicos, além da geração de empregos, têm sido os argumentos levantados pelos que defendem o projeto.
No outro extremo, estão órgãos como o Ministério Público, que avalia que haverá ainda mais sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e apropriação dos cassinos por facções do crime organizado, nacionais e estrangeiras.
Pelo que conhecemos hoje dos órgãos de fiscalização e controle do Estado que, entre outras cegueiras, não viu os escândalos do mensalão e do petrolão, dá para se ter uma noção de como será o futuro do país com a jogatina liberada.
Propostas dessa natureza, por seus impactos incertos sobre a economia e sobre a ordem pública, deveriam ser confiadas à sondagem da sociedade, através de um geral e amplo plebiscito didático, mostrando os prós e contras pela volta dos cassinos.
É a sociedade que pode e deve decidir o que é melhor para ela e para seu futuro. No entanto, o certo é que no caso da volta dos cassinos, o futuro será como num jogo de azar, com muitos perdedores e uma elite pequena de privilegiados, sorrindo e imitando os magnatas cafonas de Atlantic City e Las Vegas.
A frase que não foi pronunciada
“A vida é como um cassino: já entramos nela programados para perder. A banca, isto é, os donos deste mundo, os que ditam as regras, são os que sempre ganham.”
Cláudio Suenaga, historiador
Novidade
Aconteceu na 19ª Vara Cível de Brasília. Uma autoescola precisou indenizar em R$ 4 mil, por danos morais, um aluno que não pôde receber a habilitação porque ficou impossibilitado de fazer a prova prática. Não havia um carro adaptado para a necessidade especial. Há proposta no Senado que obriga a autoescola a providenciar veículos adaptados.
Concurso
Gustavo Satolino, procurador da Fazenda Nacional, ex-assessor de ministro do Superior Tribunal de Justiça, pós-graduado em direito administrativo e processo administrativo e autor de vários livros de direito fará uma palestra concorrida na cidade: Técnicas de estudos e motivação para concursos. O evento será no IMP, 603 Sul, sábado, dia 13 às 14h. A inscrição pode ser feita no site impconcursos.com.br
Flashes
Algumas das próximas discussões nas casas legislativas federais vão desde o uso do FGTS para garantir empréstimos consignados, ao reajuste de servidores da Câmara, TCU e Forças Armadas, Judiciário e MPF, até a diminuição da taxa de imposto sobre remessa ao exterior que passará de 25% para 6%.
História de Brasília
Não se nega ao goiano o privilégio de ser prefeito de Brasília, mas não se pode admitir a expressão “será dada ao PSD de Goiás”, porque isto implica em barganha, é ilegal, é imoral. (Publicado em 12/9/1961)
Desde 1960
Ari Cunha com Circe Cunha e MAMFIL
Devem-se aos contínuos avanços da tecnologia, a facilidade com que tudo que se move pode ser gravado em filme e áudio e disponibilizado, em segundos, para milhões de pessoas simultaneamente. O lado bom dessas novas possibilidades é que o que deveria, por motivos escusos, ser mantido longe do conhecimento da sociedade, vem a tona, para o bem da transparência na gestão da coisa pública. O lado ruim dessa bisbilhotice eletrônica desenfreada é que o mundo da fofoca e da semeadura de intrigas e discórdias ganha um aliado sem igual na desestabilização de amizades ou de governos.
Por enquanto, o desenrolar das conversas, gravadas sorrateiramente pela presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, com o vice-governador Renato Santana ainda não ultrapassaram a tênue fronteira que separa o que é mexerico do que é fato. Ainda assim o caso vem ganhando repercussão graças a entrada oportunista da Câmara Legislativa no assunto.
Para quem acompanha do alto o caso, soa estranho que um vice-governador que se diz conhecedor de fatos graves, envolvendo um órgão tão sensível e com tantos problemas como a Pasta da Saúde, não tenha, imediatamente, comunicado o fato ao governador, ao Ministério Público , a Polícia Federal e Civil ou mesmo a imprensa, para colocar a questão a limpo.
Parece estranho ainda o modo como a sindicalista preparou e arquitetou toda uma investigação por conta própria, fazendo seguidas gravações, montando dossiês e até um intrincado organograma do caso. Há ainda algumas dúvidas sobre o conhecimento ou não do vice-governador de que estava sendo gravado. Tudo neste caso caminha ainda no limbo das presunções.
Parece ainda mais estranho que tenha vindo justamente um outro sindicato, no caso o dos Delegados do DF a pronta disposição para a criação de uma força-tarefa voluntária para ajudar na apuração das supostas irregularidades na área de Saúde.
O governador erra em se deixar levar pela correnteza incerta dos acontecimentos. De concreto e positivo fica a determinação do chefe do Executivo local de encaminhar a Corregedoria do GDF e à polícia a abertura de investigações.
O entrelaçamento do mundo da política com o mundo do crime é fato e os brasileiros vem tomando conhecimento dessa união através da Operação Lava Jato e congêneres. Agora, acreditar que o atual governo tenha tido a ousadia de participar da rapinagem do dinheiro público, depois de tudo o que Brasília assistiu com os últimos ex governadores, é crer que , de fato, não vale a pena continuar com o atual sistema que deu autonomia política a capital.
A frase que foi pronunciada:
“ Não há diferença entre humanos, há estratégia.”
Bruce Killer
Release
Na última sexta-feira o TJDFT o desembargador Mario Machado Vieira Netto empossou seis novos membros da Corte local. Os futuros desembargadores do TJDFT são os juízes de Direito substitutos de 2º Grau James Eduardo da Cruz de Moraes Oliveira, Cesar Laboissiere Loyola, Sandoval Gomes de Oliveira, Esdras Neves Almeida, Gislene Pinheiro de Oliveira e Ana Maria Cantarino.
Novidade
São necessários 43 anos para que um brasileiro, solteiro, com um salário mímimo de renda seja capaz de obter o mesmo rendimento de alguém da classe média. Ou um milionário gastaria menos de 1h30 para receber R$880, os mesmos reais que o assalariado recebe por um mês de salario. Trata-se da calculadora da desigualdade , uma ferramenta criada pela Oxfam para aferir a desigualdade na Améria Latina e Caribe
Ferro e fogo
A ira de moradores com o descaso de donos de cachorros chegou ao limite. Uma campanha que está ganhando adeptos por toda a cidade é chocante. Se o dono do cachorro nao recolhe as fezes caninas deixadas pelo animal, o pessoal da campanha o faz. E faz mais ainda. Acondiciona em uma caixinha, segue o dono, espera que ele entre em casa. Daí toca a campainha e entrega o material expelido pelo pet.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Hoje é domingo. Presidente novo, de muda para o Alvorada. O Lago não terá vento forte. Dia bom para pescaria. Até já, tilápias.
(Publicado em 10/09/1961)
DESDE 1960
aricunha@dabr.com.br com Circe Cunha e MAMFIL
Se forem observadas através da lupa dos órgãos da justiça e da polícia, é certo que em praticamente todos os setores da administração pública do país serão identificadas irregularidades das mais variadas, desde as mais simples e corriqueiras até casos mais complexos e de grande monta.
É conhecido, nas repartições públicas, o desvio diário, pelos próprios funcionários, de pequenas quantidades de material básico como papel, lápis, clipes, levados para uso particular. É o chamado roubo formiguinha. Somados, estes desvios continuados causam prejuízos de milhões de reais aos contribuintes.
Usar os serviços e o material das repartições públicas para fins particulares é tão comum que já não causa mais espanto. Os antigos costumavam dizer que quem desvia um centavo desvia um milhão. “Non adimittitur peccatum nisi restituatur ablatum” ou “não se perdoa o pecado sem se restituir o que foi roubado”, dizia padre Antônio Vieira no século 17.
Nos hospitais desaparecem desde medicamentos básicos até estetoscópios, termômetros e outros materiais. Nas delegacias, somem armas e munições. Nos quartéis, só não levam o canhão. Nas escolas e universidades públicas, tudo é alvo dos amigos do alheio. Nada escapa à sanha dos fajardos. Até os materiais mais inusitados são surrupiados, como tampa de bueiro, placas de sinalização, fiação elétrica, roupas no varal. Nem os locais de descanso eterno escapam da ação dos ladravazes. Túmulos são saqueados; imagens, crucifixos e quaisquer objetos de valor são levados sem medo de assombração. Aliás, um crucifixo bem importante foi noticiado pela imprensa como desaparecido de algum palácio em Brasília. Nas igrejas, sob o olhar dos santos, roubam-se os dízimos. Em outras, pastores tungam os fiéis sob promessas de futuras farturas no além e punição do fogo do inferno.
O que a Operação Lava-Jato e congêneres têm mostrado para todo o país é que, nem aqueles aos quais foi confiado à guarda das coisas do Estado (res pública) são dignos dessa missão. Fossem todos, dos maiores aos menores, obrigados a devolver 100% do subtraído e condenados a prisão por gatunagem, obviamente não haveria espaço suficiente para trancafiar tal multidão.
A delinquência é democrática e está presente em todos os escalões sociais. A diferença é que para as elites existem aqueles advogados, de altos honorários, que, mais do que conhecer os meandros da lei, conhecem os juízes certos para cada caso. Nas camadas de poder aquisitivo menor a história se repete. Mesmo os programas sociais são tungados de cima a baixo e de baixo para cima. O caso recente do conjunto Paranoá Parque é um exemplo. O Governo do Distrito Federal vem investigando casos de venda e de aluguel dos apartamentos recebidos no programa Morar Bem Habita Brasília. Ocorre o mesmo com parte das propriedades entregues por meio de programas de reforma agrária e assentamentos de famílias na área rural.
Entre os elementos que compõem o chamado Custo Brasil, a corrupção tem um peso considerável. Estudo apresentado em 2015 pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) dão conta que até 2,3% de nosso Produto Interno Bruto (PIB) escoam a cada ano pelo ralo largo da corrupção, ou algo como R$ 100 bilhões.
A situação é tão séria que mesmo a Anistia Internacional tem denunciado que os casos de corrupção no Brasil têm tido reflexos negativos e diretos tanto sobre a questão dos direitos humanos, como no aumento da criminalidade.
A frase que foi pronunciada
“A corrupção não é uma invenção brasileira, mas a impunidade é uma coisa muito nossa.”
Jô Soares, antes das operações da Polícia Federal
Vale ver
Hoje é dia de acompanhar Cantorias, um excelente documentário da TV Senado, às 21h30. Entrevistas de pessoas que sabiam da vida ou espírito do lendário Zé Limeira, chamado por Orlando Tejo de “o poeta do absurdo.” Depoimentos de Ariano Suassuna, Chico César, Siba, João Furiba, Geraldo Amâncio, Ivanildo Vila Nova, Moacir Laurentino, Oliveiras de Panelas, Jomaci Dantas, Beto Brito, Marcus Accioly, Bráulio Tavares e Gonzaga Rodrigues. O programa será reprisado.
História de Brasília
A informação extraoficial que se tem é a de que a Prefeitura será “dada ao PSD de Goiás”. Prefeitura não se dá, Brasília não se concede. Escolha-se um técnico da equipe que a construiu, e seja este, o Prefeito. (Publicado em 12/9/1961)
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com Circe Cunha com MAMFIL
Volta o dragão da inflação.
Herança maldita
De todos os dados que demonstram de modo cartesiano a crise que se instalou na economia do país, nenhum é mais importante e preocupante do que aquele que assinala o fechamento de postos de trabalho.
Primeiro, porque a questão do desemprego afeta direta e individualmente cada um dos brasileiros e, por tabela, suas famílias. A propagação e os efeitos do fechamento de postos de trabalho geram malefícios que ultrapassam os próprios indicadores numéricos, incidindo em cheio na questão social.
Quando os efeitos da crise econômica começam a ser inscritos na Carteira do Trabalho nas folhas destinadas às anotações de rescisão de contrato, o estrago está consumado. Nesse ponto, a questão dos indicadores e da matemática deixa de ser preocupação apenas de economistas e ascende a um outro patamar de importância que diz respeito ao maior bem de todos: a cidadania.
A divulgação agora apresentada pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), feita pelo Ministério do Trabalho, demonstra que em junho foram fechados mais de 91 mil vagas de emprego formais. Mesmo a sensível melhora registrada, se for comparada com os dados de junho de 2015, quando foram fechados 111.119 postos, demonstra que o flagelo do desemprego ronda os lares em todo o país. Se forem contabilizados os últimos 12 meses, esse número ascende para 1,765 milhão de postos com carteira assinada a menos.
Para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego atual se situa em 11,2%, o que equivale a dizer que 11 milhões de brasileiros, em idade ativa, estão desempregados. É a maior taxa registrada desde 2012. Basta percorrer os centros das metrópoles brasileiras para constatar o grande número de estabelecimento comerciais fechados.
Sumiram os empregos e os consumidores. Shoppings e supermercados estão vazios. Só se compra o essencial e básico. Sem consumidores, crescem os riscos de desabastecimento por falta de demanda. Sem demanda, cai o ritmo industrial. Sem as compras pelo setor de transformação, acabam os pedidos para o setor primário.
A contaminação sistêmica se instala de modo crônico. O ciclo de crise econômica se fecha e é perpetuado. Nos últimos três meses, a indústria fechou 3,9% dos postos de trabalho, o comércio 1,7% e construção civil , mais afetada, fechou 5,1% dos empregos. Também o rendimento médio real, recuou 3,3% em relação a 2015. Os salários dos trabalhadores da agricultura, pecuária, pesca e produção florestal, tiveram também um recuo da ordem de -6,4%.
A crise bate à porta das famílias brasileiras, adentra pelas dispensas vazias e se instala na sala de visitas em frente à televisão, aguardando boas notícias, que, pelo visto, tão cedo não chegarão.
A frase que não foi pronunciada
“Dilson Funaro disse que teríamos um crescimento japonês com uma inflação suíça. Ainda tem desse sonho para vender?”
Senhorinha que gosta de discursos
Institutos
Sem órgãos de defesa do consumidor que façam alguma coisa efetivamente, o brasileiro continua a pagar R$ 12 pelo quilo de feijão. O advento da internet é uma arma potente contra esse tipo de abuso. Em apenas alguns minutos, é possível organizar um boicote de dimensões continentais. Mas somos um povo resignado. Do feijão ao STF.
LIA
A Lei de Improbidade Administrativa já existe. Não falta legislação no país. O Ministério Público do Pará tem um estudo interessante sobre o assunto no portal http://bancodeprojetos.cnmp.mp.br/consulta.seam
Apareça
Pena que os atletas do Rio estejam perdendo o XVI Encontro de Culturas da Chapada dos Veadeiros. O evento vai até domingo, em São Jorge. Mas você pode se programar para passar o fim de semana mais perto da cultura brasileira. Roças, quilombolas, pequenos produtores, rezadeiras, parteiras, batuqueiros, artistas do povo e também indígenas. Eles iniciaram a programação do encontro com a Aldeia Multiétnica, que chegou à 10ª edição.
História de Brasília
Está de pé o caso da Prefeitura de Brasília. O regime parlamentarista está sendo desvirtuado, porque estão fazendo leilão de cargos. O que ocorre com Brasília é simplesmente lamentável. (Publicado em 12/09/1961)
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Governos populistas, sem exceções, em todo tempo e lugar, buscam nos eventos esportivos, principalmente aqueles de intensas repercussões interna e externa, meios de difundir e propagandear seus feitos e imagem. A história está repleta de exemplos desse tipo e mostram como o personalismo, o apelo ufanista e a exploração marqueteira da gestão do Estado caminham, lado a lado, com esses grandes torneios. Não foi diferente durante o governo Médici, e não foi diferente no governo Lula.
Arquitetadas dentro do esquema cartesiano e frio de propaganda do governo, a Copa do Mundo de Futebol e agora as Olimpíadas serviram para incensar e pôr em primeiro plano a figura do chefe do Executivo. Pai dos pobres, pai da pátria, pai dos esportes. Não importa o epíteto, interessa, isso sim, destacar que graças à intervenção pessoal do “nosso guia”, o Brasil se tornará também uma potência nos esportes. Todo o resto, incluindo os gastos astronômicos para viabilizar os eventos, é secundário e vem em decorrência da premissa original.
Deixado o legado da Copa do Mundo, os grandes estádios são agora verdadeiros elefantes brancos, cuja manutenção diária exige cada vez mais recursos do contribuinte. O caso do Mané Garrincha, o mais caro de todas as arenas do planeta, é um exemplo concreto.
A Noruega abriu mão de realizar os Jogos Olímpicos de Inverno de 2022 sob a alegação dos altos custos financeiros para o cidadão. Somente com a realização da Copa em 2014, a Fifa embolsou R$ 16 bilhões. Um recorde absoluto em toda a história da entidade. A maioria de seus dirigentes encontra-se hoje banida do mundo da bola e não se atreve sequer a sair das fronteiras do país, sob pena de serem presos e deportados para os EUA onde a Justiça quer trancafiá-los por longos períodos.
Quem lucrou também com aqueles jogos foram as grandes empreiteiras, a maioria investigada pela Operação Lava-Jato. Para o restante dos brasileiros, ficaram as dívidas com a festança. No caso das Olimpíadas, especialistas no assunto garantem que a realização desses eventos é um mau negócio e deixa dívidas de longo prazo para as sedes desses eventos de até 30 anos.
Estimativas como a do economista Andrew Zimbalist dão conta de que o Rio de Janeiro gastará cerca de R$ 20 bilhões para realizar os Jogos Olímpicos. Urbanistas de renome internacional, como a brasileira Raquel Rolnick, relatora das Nações Unidas para o Direito à Moradia e hoje uma das principais especialistas mundiais na questão, concordam que para a preparação desses eventos são comuns os casos de expulsões de grandes levas de moradores das áreas vizinhas aos jogos, encarecimento nos preços de moradia, falta de alternativas e pressão sobre as famílias mais pobres para deixarem os locais próximos dos eventos.
Esses contingentes desfavorecidos, diz Raquel, acabam empurrados para periferias cada vez mais distantes e sem recursos. Para Raquel, essas têm sido as características tanto das Copas do Mundo como dos Jogos Olímpicos pelo mundo. No caso da Olimpíada do Rio de Janeiro, a expulsão dos moradores da Vila do Autódromo serve como ilustração desse modelo de exclusão.
A frase que não foi pronunciada
“Mostre o que você bebe e eu digo o que você pensa.”
Frequentador assíduo do Bar Bante
Sem líderes
Enquanto os brasileiros penam para cumprir as regras trabalhistas, a Vila Olímpica no Rio de Janeiro foi surpreendida pelo Ministério Público que atestou mais de 600 trabalhadores sem carteira assinada ou contrato de trabalho. O mais difícil de ser brasileiro é não ter nos mandatários um exemplo a ser seguido.
Jovem escritor
Depois do sucesso do concurso de redação do Senado Federal, o Sindigraf-DF teve a mesma iniciativa ano passado e de tão rico o material apresentado resolveu repetir a iniciativa.
Novidade
Marcada para 4 de agosto, mas ainda não confirmada, audiência pública na Câmara dos Deputados vai analisar o projeto de lei com artigos contra a corrupção. O primeiro depoimento será do juiz federal Sérgio Moro.
Crise
Ovídio Maia, do Sindicato de Habitação do Distrito Federal (Secovi), informa que a profissão dos corretores de imóveis passa a ser exclusiva aos poucos e explica: “A remuneração do corretor não é fixa, é necessário fazer poupança e pensar em longo e médio prazos, se não, o trabalhador com certeza abandonará o mercado”.
História de Brasília
Está de pé, o caso da Prefeitura de Brasília. O regime parlamentarista está sendo desvirtuado, porque estão fazendo leilão de cargos. O que ocorre com Brasília é simplesmente lamentável. (Publicado em 12/09/1961)
DESDE 1960
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Durante mais de duas décadas, o cartel dos combustíveis lesou os brasilienses. Estimativas subestimadas falam em prejuízos ao consumidor da ordem de R$ 1 bilhão ao ano. Ao longo de todo esste período, a combinação criminosa de preços foi facilitada por um misto de inoperância dos órgãos de fiscalização, do Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (CADE) e do próprio Governo do Distrito Federal, auxiliados por uma turma de deputados distritais cujas campanhas eleitorais eram irrigadas com fartas doações de maus empresários.
A própria Petrobras, principal fornecedora dos produtos, se encontrava nesse mesmo período mergulhada no maior caso de corrupção de sua história. Dessa forma, os consumidores eram lesados em várias frentes simultaneamente. Também os combustíveis encontrados nas bombas era de qualidade duvidosa. Não foram poucos os casos de automóveis que tiveram seus motores danificados em razão de combustíveis “batizados”.
Nesses 20 anos, foram identificados e revelados pela imprensa vários casos de bombas de combustíveis com contadores adulterados. Parte volumosa dos lucros ilegais, tanto do fornecedor nacional como dos distribuidores locais, servia, obviamente, para garantir a continuidade dos negócios escusos.
Diante de um esquema tão poderoso e gigantesco que englobava o governo federal, o governo do Distrito Federal, todos os órgãos de fiscalização, além dos poderes Judiciário e Legislativos local e federal, o consumidor era invisível e indefeso, sem ter a quem recorrer.
Seguir o ciclo do combustível no país, desde sua retirada no poço, refino, distribuição e venda nas bombas, é percorrer a trilha de crime bem orquestrado contra o consumidor final. O próprio programa que envolve a produção do etanol e sua mistura a gasolina e ao óleo diesel é uma história que esconde um dos maiores engodos ao brasileiro. O departamento de física da UnB, há anos, elaborou um projeto onde era impossível adulterar ou roubar o consumidor. Óbvio que nenhum executivo se interessou.
As apurações reveladas agora pela Operação Lava-Jato e pela Operação Dubai, deflagrada no Distrito Federal, apontam para um esquema em que o principal insumo do desenvolvimento, no caso os combustíveis, foi usado para beneficiar empresários e políticos corruptos em detrimento de uma população, transformada em uma sociedade de trouxas.
A frase que foi pronunciada
“A escravidão voluntária lubrifica a máquina oligárquica com alienação, suor e sangue. Ao povo, o trabalho. Aos mandatários, o lucro.”
Renée Venâncio, no pensador Uol
Voz do povo
» Comentário na parada de ônibus do Varjão era sobre o aumento da violência depois de instalado o residencial Parque Paranoá.
Coletivos
» Por falar em ônibus, os preços continuam muito além dos serviços prestados. São motoristas que para chegar ao destino mais rápido se negam a parar em alguns pontos. Além da sujeira causada pelos usuários e nunca limpa pelos empresários. É feia a situação.
Release
» 2016 é um ano importante para a Terra Madre – Orgânicos e Saudáveis (www.terramadresaudaveis.com.br), empório especializado em produtos para alimentação. Como parte da primeira fase do processo de expansão da rede, a Terra Madre comemora a estreia da primeira franquia da marca na CLSW, 301, Bloco C, Loja 20. A franquia é comandada por Nuria Arruda.
História de Brasília
Contrariedade geral, ontem, no aeroporto. Todo o mundo que viajava apresentava certa contrariedade por não ter sido contemplado com um ministério. O mais triste de todos era o sr. Paulo Lauro, de S. Paulo, a quem, merecidamente, o sr. Tancredo Neves lhe tomou um ministério. (Publicado em 10/09/1961)
Desde 1960
aricunha@dabr.com.br
Com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br
Tênue é a linha que separa o remédio do veneno. A diferença nos efeitos, vida e morte, é dada pela dose. Entre os princípios orientadores da homeopatia estão a da semelhança (simillimum), que reza que a mesma substância que provoca a doença é capaz de curar e a da dose mínima e dinamizada, que ensina que uma substância extremamente diluída (potência) possui o poder da cura.
Transpondo essas noções da antiga medicina tradicional ocidental para o conturbado e doente mundo contemporâneo, que diagnósticos e prescrições médicas seriam necessários para debelar as crescentes ondas de atentados terroristas que vêm ocorrendo em diversas partes do mundo? A obviedade, enxergada apenas pelos gênios, recomenda o fim do comércio mundial de armamentos.
É sabido que parte do material bélico empregado no derramamento de sangue inocente pelo mundo é fabricada aqui mesmo no Brasil. É do conhecimento das autoridades investigativas que em muitos centros religiosos (mesquitas) espalhados pelo Ocidente jovens de várias origens e formação são abduzidos e recrutados para se juntar às forças paramilitares que fazem uma interpretação totalmente radical do Islamismo. O mesmo ocorre com as redes de comunicação como a internet. É possível se alistar as forças da morte e aprender a fabricar bombas devastadoras apenas com um apertar de botões.
Para alguns governos, soa estranho o silêncio dos países muçulmanos com relação aos atentados na Europa e nos Estados Unidos. Para os mais exaltados, é um sinal de aceitação passiva.
Exemplos na história mostram que a intensificação dos atentados acirrará a radicalização de grupos xenófobos no Ocidente, com consequências imprevisíveis. O que os terroristas almejam é justamente chamar os ocidentais e seu way of life para o centro do ringue, criando ao mesmo tempo pretexto e confusão geral para a metástase dos conflitos.
O morticínio crescente afugentará e obscurecerá a luz da razão. Nunca houve um bom resultado quando se misturam religião e armas. Se são muitas as causas que originam os atentados, maiores e mais danosas ainda são suas consequências.
Diante da impossibilidade de acordos formais com grupos radicais terroristas e da ineficácia estratégica de uma guerra convencional a esses homicidas, fica a questão: por onde buscar o fim dos atentados?
Para alguns estrategistas, melhor adotar o princípio do simillium da homeopatia, aplicando aos insurgentes o mesmo método cruel, ao mesmo tempo, diluindo as ações onde quer que estejam as fontes terroristas.
Não parece ser um bom remédio. Experiências ensinam que guerras e conflitos nunca foram solução para a humanidade. Se resolvem problemas imediatos e pontuais, criam outros maiores para o futuro.
A frase que foi pronunciada
“Não existe caminho para paz, a paz é o caminho.”
Mahatma Gandhi
Lição
Ônibus para Taguatinga Centro, linha 7801, passa direto para não pegar idosos na parada. Polícia vai atrás, obriga o onibus a voltar e embarca o casal idoso.
Cerratenses
Um mirante no Jardim Botânico de Brasília dá oportunidade ao visitante de vislumbrar quase 500 hectares de cerrado. A reserva ecológica, que abriga o parque, chega a 4,5 mil hectares. Paulo Bertran, historiador, e o fotógrafo Rui Faquini criaram o termo cerratenses para explicar os que admiram o cerrado. Rafael Poubel, do JBB, explica que uma das missões do local é fortalecer a identidade do brasiliense com o bioma. “Falta muito esta questão do pertencimento. Há pessoas que nasceram em Brasília e que não sabem o que é Cerrado”, explica o ambientalista.
Rouanet
Pedro da Costa diz em sua missiva que antes de tentar mudar a Lei Rouanet, como dissemina o discurso oficial, é preciso consolidar o entendimento de que nenhuma lei é capaz de evitar a corrupção. Essa eficácia incumbe as ações prévias de controle, que precisam do apoio de fato dos superiores e de punição rigorosa quando são julgadas. Isso porque um cidadão se aproveitou de forma ilícita para bancar o próprio casamento.
Frieza
Que decepção! Animada por entrar pela primeira vez na Livraria da Travessa, no Leblon, o atendimento foi terrível. Queria saber sobre as palestras, os lançamentos e as atividades da livraria. Cara a cara com o atendente, a resposta foi fria e seca. Tem tudo na internet, disse roboticamente.
História de Brasília
No final, um ato sério terminou em bagunça. Dizem, que propositadamente, foi evitada a transmissão da faixa em público, no parlatório do Planalto, porque a sua inauguração, com a transferência de governo, do sr. Juscelino Kubitschek para o sr. Jânio Quadros, foi danosa para a República. (Publicado em 10/09/1961)
Desde 1960
aricunha@dabr.com.br
com Circe Cunha e MAMFIL
Fatos aparentemente distintos, quando por algum motivo desencadeados, revelam possuir conexões tão íntimas que apontam para uma origem comum. Neste sentido, o que teria em comum a operação desencadeada pela polícia civil, que prendeu gangues rivais em São Sebastião, com o 29º posto comunitário de segurança incendiado pelos vândalos na Estrutural?
Numa primeira análise, são fatos distintos. Mas, de acordo com a Teoria das Janelas Quebradas, muito aceita em grandes metrópoles do mundo desenvolvido, esses fatos possuem correlação, influenciando acontecimentos, à primeira vista díspares. Um exemplo típico foi evidenciado recentemente com o antigo hotel Palace Torre, no Setor Hoteleiro Norte. Depois de falida a empresa, o edifício ficou abandonado por um longo período. Aos poucos, o hotel foi depredado por passantes.
Primeiro, foram quebradas algumas vidraças da portaria. Em pouco tempo foi se transformando em moradia para desocupados e viciados em crack. Em menos de um ano, se transformou em um enorme problema para toda a região, afetando os negócios de outros hotéis, afastando clientes, assustados com o aumento da criminalidade. De abandonado, passou a depredado e virou centro de problemas de toda ordem, sendo preciso a intervenção de uma força policial de desocupação a um alto custo para os cofres públicos.
Curioso observar que é justamente naquelas localidades onde os postos comunitários foram depredados e incendiados que ocorre o maior número de casos de violência e crimes de toda a ordem. Simbolicamente, a destruição dos postos representa uma tomada do território pelo crime.
A decadência da avenida W3 e do Setor Comercial Sul é exemplo claro de como a deterioração de certas localidades favorece a ocorrência de crimes e serve como chamariz para desordeiros, prejudicando empresários e colocando em risco moradores das proximidades e transeuntes.
Nova York é outro exemplo dessa teoria, quando adotou “a tolerância zero”, reprimindo toda espécie de crime, dos mais insignificantes aos de maior nocividade.
Hoje, é fato, essa metrópole mundial é um oásis de tranquilidade reconhecida por todos. O incêndio criminoso desses postos deve ser investigado a fundo e seus autores exemplarmente punidos, para o bem da comunidade e o futuro da cidade.
A frase que foi pronunciada
“O poder é a escola do crime.”
William Shakespeare – Macbeth
Promessas
Lendo notícias da Samarco à época do acidente com o Rio Doce, Andrew Mackenzie, chefe executivo da BHP Billiton, dona da Samarco, havia prometido criar um fundo de assistência para reconstruir a área afetada e rapidamente assistir as comunidades atingidas. “As pessoas do Brasil e em particular de Mariana, têm a minha determinação absoluta de que faremos a nossa parte ajudando na reconstrução das casas, da comunidade e do seu espírito. Faremos isso trabalhando lado a lado com Murilo Ferreira, diretor-presidente da Vale, e Ricardo Vescovi, diretor-presidente da Samarco.
Dívidas
Sem espaço na mídia, o acidente em Mariana continua com o mesmo rastro de destruição. Prefeitura e governo estadual precisam informar à população brasileira sobre todas as medidas efetivamente tomadas. Mais que isso, é fundamental a transparência nas verbas em trânsito para que se acompanhe onde vão parar. Outras tragédias no país já mostraram que a verba destinada nem sempre chega para beneficiar a população.
Lembrança
Em uma palestra para líderes da construção civil no DF, o brilhante Ayres Britto finalizou o discurso com a seguinte frase: “Estamos vivenciando, no Brasil, uma mudança de atitude. A desonestidade, como estilo de governo, está com seus dias contados”, frisou o ministro. Brindemos, então, à honestidade!
História de Brasília
O discurso do sr. João Goulart não pode ser transmitido pela estação oficial. Ou melhor, foi transmitido, mas ninguém entendia nada, porque todo o mundo falava durante a oração. Foi um pecado mortal dos funcionários do Itamarati. (Publicado em 10/9/1961)