Em tempos de eleições

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Circe Cunha e MAMFIL

Não se iludam: a eleição do novo presidente dos EUA, Donald Trump, reflete rigorosamente o desejo expresso, nas urnas, pela população daquela grande nação. A afirmação, por mais óbvia que pareça, ajuda a desmistificar o caráter de protesto dos movimentos organizados nas principais cidades americanas, intensificado tão logo foram assinados os primeiros decretos xenófobos, prometidos por ele durante a campanha.

Trump é a face real daquele país, pouco mostrada pela mídia. Trump é o modelo ideal de governante, estilo xerife do velho oeste, desejado pelo cidadão típico e real que habita fora dos grandes centros urbanos e que desconhece e despreza o restante do planeta, ao qual credita a culpa pelo fim do american way of life, tão bem captado pelo desenhista Norman Rockwell.

Trump é o vingador não só dessa turma primitiva, cujos os ancestrais caçaram os nativos como animais selvagens, mas também de uma elite de caipiras ricos que odeiam tudo o que não é americano. Obama foi um breve ponto fora da curva que ajudou a lembrar que as coisas podem ser diferentes. Por isso mesmo o yes we can que deu mote a sua campanha em 2008 ecoou apenas entre a população marginalizada, na qual se encontra o grosso dos atuais imigrantes.

Também não chega a surpreender que, entre os próprios imigrantes que se tornaram prósperos na América, muitos se declararam contra as liberalidades excessivas na concessão de vistos e a favor das novas restrições. Nesse ponto, vale lembrar também um velho conselho aos marinheiros de primeira viajem: a última pessoa que um brasileiro que mora nos Estados Unidos quer encontrar por perto é outro brasileiro. A avareza é um dos instintos básicos do ser humano.

Trump é o avarento guindado por seus compatriotas ao poder para resguardar aquilo que acreditam ser deles por direito. O apoio popular às trumpices é bem maior do que o divulgado até agora pela mídia. Não é por outra razão que o atual presidente tem declarado guerra à imprensa. A própria Hillary deixou escapar sua mágoa pela derrota ao deixar no ar a pergunta: “Onde estava toda essa gente que agora protesta nas ruas que não veio para votar?”.

Na realidade, a eleição de Trump interessa tanto aos brasileiros quanto as eleições dos presidentes da Câmara e do Senado. Ambas dizem respeito a um mundo distante e apartado do cotidiano do homem comum. Desde que não interfiram em nossas vidas, tanto faz esse ou aquele. Ao que não podemos mudar, não devemos dispender tempo.

A frase que foi pronunciada

“É triste, sim.”

Ruth Cardoso

Release

» É fato que a saúde do DF vai de mal a pior. O Conselho Regional de Farmácia do DF (CRF/DF) entregou ao procurador-geral de Justiça do Distrito Federal, Leonardo Bessa, o relatório final das fiscalizações, do ano passado, em oito hospitais públicos pelos conselhos regionais de Farmácia, Enfermagem, Medicina, Odontologia e Engenharia e Agronomia.

Cultura

» Durante a entrega do relatório, a presidente do CRF-DF, Drª Gilcilene Chaer, disse ter esperança de que o resultado desse trabalho seja concluído com ações efetivas que resultem em soluções aos problemas. Resta saber qual a mágica para impor uma administração em que não haja possibilidade de desvios, imprudências, negligências e imperícias administrativas.

Ação

» Na entrega do relatório, a presidente do CRF/DF, Drª Gilcilene Chaer, frisou que espera que esse relatório seja transformado em ações concretas para a melhoria da sofrida saúde da população e principalmente para a melhoria dos serviços farmacêuticos.

Deúncia

» Sem poupar a má gestão, a Drª Chaer denuncia que faltam farmacêuticos na secretaria de Saúde e que esse fato prejudica a cadeia de medicamentos. “A Lei nº 13.021/2014 não está sendo cumprida”, adverte a profissional.

Século 21

» Há falta de tecnologia na saúde para controlar o paciente desde sua entrada, a presença dos médicos, o uso dos medicamentos, as verbas aplicadas, os aparelhos comprados, os instalados, os usados, os profissionais capacitados. Nas cadeias, a mesma coisa. Faltam escâneres na Papuda para evitar a entrada de objetos proibidos e a revista íntima, um terminal para a chegada do preso.

Crise hídrica I

» Joel Sampaio nos envia o seguinte e-mail: “Tragédia anunciada desde 1960 por Ari Cunha, que advertiu que a explosão demográfica não se resolveria com violência contra os pobres, e, em 1972, por Juscelino Kubitschek, que ao chegar aqui ficou horrorizado com a anarquia urbanística. E disse que o que viu não foi o que sonhou para Brasília”.

Crise hídrica II

» E os deputados distritais acham pouco e ainda entregam à especulação imobiliária de grandes empreiteiras zonas de proteção ambiental, com dezenas de nascentes, como é o caso do Mangueiral. Primeira medida necessária: proibir a Terracap de implementar loteamento e expansão urbana em Brasília e fazer loteamentos na Ride destinados à população pobre do Distrito Federal.

História de Brasília
Maria da Graça Dutra, Correio Braziliense: Não me parece dos mais brilhantes. Entrou na História o novo personagem, que a escreve e que escolhe e julga os dirigentes da Nação: o povo. Para esse novo personagem, tudo leva a crer que na história não haverá mais lugar para os dúbios, os “salvadores”, os “mágicos”. (Publicado em 22/9/1961)

Voltando ao futuro

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Circe Cunha e MAMFIL

Em 2017, não faltarão problemas de toda ordem para o GDF administrar. A maioria das adversidades é composta por questões antigas e graves que necessitarão de soluções urgentes, bem equacionadas, para que resolvam, de fato e de modo definitivo, as muitas mazelas vividas pela capital.

Este será ano decisivo tanto para o bem de Brasília quanto para o futuro político de Rollemberg: 2018 será ano de eleições, em que as atenções dos políticos, de modo geral, estarão fixadas nos eleitores e nas campanhas, cada vez mais caras e menos financiadas pelos habituais apoiadores. Portanto, tudo o que tiver de se consertar e executar deverá ser feito este ano.

Com 812 mil votos em 2014, Rollemberg se tornou o governador do Distrito Federal, herdando, além do cargo pomposo, uma das maiores heranças malditas que um político pode receber do antecessor. Tivesse ele noção exata do que viria pela frente, talvez tivesse resistido às tentações do ego e recuado a tempo, optando por missões bem menos espinhentas, como o Congresso, que ele conhece bem. Agora que entrou no barco furado do Buriti, em meio a um oceano turbulento, não dá mais para largar o leme e tem de seguir em frente, mesmo com a expectativa de naufrágio.

Tendo de enfrentar uma Câmara Legislativa nitidamente fisiológica e cada vez mais hostil ao Executivo, o GDF sabe que, com cofres esvaziados por incúrias e crimes do passado, não terá como recompor os salários de um quadro de servidores inchado, desprestigiado e, portanto, presa fácil dos sindicatos órfãos.

No penúltimo ano de governo, também a população já teve tempo de constatar o caos absoluto que tomou conta do sistema de saúde pública de Brasília. Nesta altura dos acontecimentos, os brasilienses puderam perceber que o melhor que se pode fazer para evitar a violência é ficar trancado quietinho dentro de casa, rezando para que nenhum bandido venha invadi-la.

Com a alta nos índices de desemprego, com a iminência do colapso no abastecimento de água e a certeza de que o falido governo federal nada pode fazer para socorrer Brasília, a cidade assiste hoje à maior crise política, administrativa, econômica e social de toda sua curta história. Com a situação nesse crescendo de gravidade, quem sabe nas próximas eleições os brasilienses não elejam um candidato do tipo milagreiro, como fez a antiga e hoje decadente capital do Brasil, Rio de Janeiro, que elegeu não um padre, mas um bispo.

A frase que foi pronunciada

“Meu coração balança um samba de tamborim movido a gaita de fole, que canta por mais uma mudança daquelas de encher a alma de fé, como foram outras várias que este país me proporcionou e nos proporciona a viver.”

Do escocês Barry Wolf, advogado internacional criminologista e sócio-fundador da Wolf Associates Anti-Corruption Advisers

Do Bem

» O professor Nagib Nassar conseguiu desenvolver a mandioca quimera UnB703. Vinte quilos por planta. Duas coisas importam ao mestre: levar a instituição UnB para o mundo e acabar com a fome.

Apanhando

» Nestes 10 anos foram 556 mil cidadãos vítimas de homicídios. Com uma população carcerária de mais de 500 mil presos e outras centenas de milhares com mandato de prisão abertos, pode-se afirmar com certeza que este não é definitivamente o país da paz e do amor com uma paisagem tropical e caliente ao fundo.

Educando

» Buscar as causas do macabro descalabro é andar em círculo. Na base, o que se vê é a falta de escolas. No topo, os mesmos problemas de séculos: indiferença das autoridades, morosidade e elitismo na Justiça, tudo temperado com a crescente desmoralização do Estado, afundado em incontáveis episódios de corrupção. O exemplo vem de cima.

Fica a dica

» Fernando, nosso leitor, explica em carta enviada para quem viu Brasília nascer e, por isso, entenderia melhor a ideia. Muito menos gasto com placas de metal destruídas por tiros, pichações ou mesmo roubadas, as placas de concreto coloridas com as mesmas cores que as antigas funcionam muito melhor e permanecem preservadas por mais tempo.

Desafio

» Só lançando mesmo uma campanha. Anos de sinal instalado no início do Lago Norte e até hoje há na pista de rolamento da direita motoristas que param no semáforo apesar das placas sinalizando a direita livre. Vamos ver quem está na engenharia para impor com criatividade uma placa que convença os motoristas a só ocupar a faixa se for virar à direita. No Lago Sul, depois do Gilberto Salomão, a comunidade entendeu.

História de Brasília

Benedito Coutinho, O Cruzeiro: Inegável que ainda emana do ex-presidente extraordinário poder político. Ainda é, e sê-lo-á por muito tempo, um líder, no mais profundo sentido da denominação. (Publicado em 22/9/1961)

Delações

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Acreditar na versão de algumas autoridades de que os vazamentos seletivos das colaborações premiadas são feitos com o intuito de incriminar determinados grupos é tudo o que desejam os que forjaram essa narrativa enganosa. Na verdade, o que se oculta por trás dessa versão marota é a tentativa de levar os incautos a crer que a Justiça tem agido de modo parcial, acusando uns e livrando outros.

Seguindo esse roteiro minuciosamente traçado, a conclusão óbvia a que se chega é que os casos atuais revelados pela Operação Lava-Jato vêm sendo conduzidos com viés político, de forma a incriminar apenas membros do governo passado. Nesse caso específico, a Justiça estaria agindo de forma partidarizada, o que poderia ensejar a anulação de todo o processo feito até aqui.

Trata-se da tática de acusar os acusadores, invertendo a lógica, disseminando a dúvida e, por conseguinte, induzindo ao erro. Somente se preocupam com as delações os que efetivamente têm culpa e foram nominalmente acusados. Reclamam de suposto vazamento seletivo apenas os envolvidos no maior caso de corrupção da nossa história.

A rigor, nenhum crime contra o erário deveria tramitar na Justiça sob o rótulo de sigiloso. Contrassenso maior ainda é dar a essas mesmas pessoas flagradas com a mão na cumbuca o foro especial por prerrogativa de função. Ao remeter as ações penais contra esses larápios aos tribunais superiores, o que se cria é uma casta de privilegiados praticamente imune às ações da lei.

Por seu lado, a benesse acaba por tornar letra morta o primado básico da República que assegura que todos são iguais perante a lei. Até mesmo o Supremo Tribunal Federal, a mais alta corte do país, que deveria ater suas funções direcionadas a resoluções de questões constitucionais, se vê obrigado a se desviar de seu caminho natural para cuidar do julgamento de uma galeria de gatunos contumazes, protegidos pelos mais bem pagos rábulas da nação.

Não é por outro motivo que mais de 22 mil brasileiros possuem a prerrogativa de foro. Com mais de 100 mil processos para serem julgados a cada ano, não chega a ser surpreendente que o STF não consiga julgar a tempo os mais de 500 casos envolvendo parlamentares, alguns aguardando parecer final há mais de três décadas.

A frase que não foi pronunciada

“Você me dá o boi, mas não solta o rabo!”

Homem do campo. Ou da cidade

Cordeirinhos
Ainda ano passado o senador por Sergipe Eduardo Amorim disse que o povo brasileiro não aguentaria mais escândalos. Dizia que a crise econômica era uma preocupação sólida e ameaçadora, com a inflação e o desemprego. Lendo jornais antigos, vê-se que a nossa população pode se chatear com a corrupção, mas ser efetiva usando o direito de cidadão e contribuinte…aguenta mais muito tempo.

Lástima
Como se não bastassem todos os problemas e escândalos, mais uma vez, o perigo de pagar pela má gestão cerca o trabalhador. A reforma da Previdência é clara. Trabalhar por mais tempo, até os 65 anos de idade, e contribuir por mais tempo, 35 anos, foi absoluta falta de planejamento.

Simples assim
Dória errou. Confundiu pichação com grafite. Não é só pedir desculpas aos artistas e agradecer por ter aprendido com eles?

1997
“Intoxicados da Funasa salvando vidas e lutando contra a morte.” Era o que dizia a faixa no protesto de trabalhadores da fundação em Rondônia. Mas o sindicato da classe foi além. Denunciou o Brasil na Corte Interamericana de Direitos Humanos por negligência em relação aos trabalhadores da antiga Sucam intoxicados pelo DDT e outros pesticidas usados no combate à malária.

2017
Pesquisa da USP identifica na alimentação do brasileiro 68 compostos químicos que excedem o valor da ingestão diária aceitável. Inclusive os mais tóxicos autorizados pela Anvisa. A pesquisa ironiza no título: “Alimentação do brasileiro é rica em agrotóxicos”. A grande questão é a falta de burocracia justamente
onde deveria haver.

História de Brasília

As informações desencontradas que têm vindo do Rio dão conta de que a Cofap teria determinado o congelamento geral de preços em todo o Brasil. Eu queria saber que preços. Se os preços do supermercado ou do Serve Bem, se os preços das mercearias ou os dos estabelecimentos de subsistência.
(Publicado em 30/8/1961)

Merkel, Ângela

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Circe Cunha e MAMFIL

Ângela Doroteia Merkel, 63 anos, está à frente de chancelaria da República Federal da Alemanha desde 2005 . Doutora em física, pela Universidade de Leipzig, filiou-se ao partido União Democrática Cristã em 2000. Uma protestante dirigindo um partido católico. A mãe, professora de inglês/latim e o pai, pastor luterano. Merkel é a primeira mulher alemã a liderar um partido conservador. Em pouco tempo não só conquistou a simpatia das principais lideranças de seu país, como também foi eleita a primeira mulher do Parlamento alemão. É considerada como política austera e apegada às normas estabelecidas pela União Europeia.

Essa defesa extrema das regras, leis e princípios a tem tornado alvo de críticas permanentes dos seus opositores, principalmente de países mais pobres da zona do euro. Lamentos de alguns contra o corte de regalias e a favor da permanência de altos salários.

Essa situação decorre do fato de a Alemanha, como maior potência econômica da região, só ter a ganhai com a estabilidade da Europa. Países que se rebelam contra as regras do Parlamento Europeu são os mesmos que têm a economia interna em desajuste.

O fato de ser uma cientista e ter sido criada na Alemanha Oriental, onde as carências e as privações materiais eram evidentes, ela teve o caráter e a disciplina forjados também com a presença e suporte da família. O fato é que Merkel se tornou a líder mais importante da Europa.

Sob o firme comando de Ângela Merkel, que enfrentou a divergência sobre o assunto, pensou com senso humano, a Alemanha abriu as portas para receber mais de 1 milhão de refugiados. Com precisão científica, só recebe imigrantes quando tem certeza que todos receberão educação e vida digna. Nem a ação do tunisiano Anis Amri, que lançou um caminhão contra uma multidão num mercado de Natal, em Berlim, intimidou a chanceler germânica a seguir a diretriz traçada.

De vida simples, Ângela Merkel é vista fazendo compras nos mercados, passeando nas ruas, mostrando que é uma pessoa comum que serve aos compatriotas. É gentil com os subalternos, não faz acepção de pessoas, como rege sua formação. Sem mordomias, arrogância ou uso do cargo em próprio benefício, a líder alemã é antípoda dos políticos brasileiros, que têm, corno marca registrada da maioria, a vaidade o egocentrismo, a desonestidade e o mau de caráter. Talvez a proximidade temporal nos deixe cegos. Os líderes mundiais deveriam tê-la como exemplo a ser seguido. Em tempos em que a política é descrença generalizada, ela é a exceção.

>> A frase que foi pronunciada

“Doença da economia nacional: não se fatura o que se gasta. Causa mortis: má gestão.”

União

Coxinhas

»O evento organizado no Parque da Cidade é uma prova incontestável de que Brasília carece de mais movimentos. Qualquer atividade atrai um público maior do que o esperado. O resultado são filas intermináveis, engarrafamentos e excesso de pessoas. Vale um estudo preliminar da Defesa Civil para prevenção de acidentes e proteção dos presentes.

>> História de Brasília

Os jornalistas que vivem em Brasília e que participaram de todos os episódios da crise política resultante da renúncia do sr. Jânio Quadros, estão, hoje, nesta coluna, respondendo a esta pergunta: “Que acha você do futuro político do sr. Jânio Quadros?”. (Publicado em22/9/1961)

Um aeroporto aquém de Brasília

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Circe Cunha e MAMFIL

Mediante a Pesquisa Permanente de Satisfação, divulgada a cada trimestre pela Secretaria de Aviação Civil, os passageiros podem aferir a qualidade dos serviços de infraestrutura prestados nos principais aeroportos de todo o Brasil, atribuindo uma nota a cada um deles e dando opinião para a melhoria geral dos terminais. O Aeroporto Internacional Presidente Juscelino Kubitschek, apesar das melhorias nas instalações decorrentes de reforma exigida pelo fato de Brasília ser uma das sedes da Copa do Mundo de Futebol de 2014, ainda deixa muito a desejar.

Na realidade, esse não é propriamente o aeroporto que os brasilienses e a capital modernista mereciam. O terminal dos sonhos, que tinha tudo em comum com a cidade, infelizmente ficou suspenso no ar, no rabisco do mestre Niemeyer, abortado que foi pelo regime militar, que via nas posições ideológicas e firmes do arquiteto motivo para afastá-lo de tão importante projeto. Mais do que uma mágoa que não ficou expressa nas palavras, restou um comentário, feito anos depois, em que o arquiteto mostrava sua preocupação e uma previsão de que o projeto aceito pelos militares obrigaria os passageiros a percorrer extenso e exaustivo caminho até a porta da aeronave. “O projeto do aeroporto era semelhante ao do francês Charles de Gaulle, em Paris: moderno para um aeroporto da década de 1970, mas não foi para a frente por motivos políticos. O Niemeyer desenhou uma estação central circular, com elementos formais que lembravam as colunas do Palácio do Planalto”, afirma o professor aposentado da UnB José Carlos Coutinho, especialista na obra de Niemeyer.

Deixando de lado esse aspecto histórico que já é fato consumado, o terminal JK tem sido alvo de reclamações constantes de todos os que, por algum motivo, circulam em suas dependências, principalmente pelo aspecto comercial conferido ao aeroporto. Os preços cobrados, de souvenir a alimentos, estão entre os mais altos, não só do Brasil, mas também de aeroportos mundo afora. Para ter uma ideia, uma simples lata de refrigerante é vendida por preço superior aos cobrados nos mais requintados restaurantes do planeta. O aspecto de shopping se repete no longo trajeto que os passageiros são forçados a percorrer.

Antes de chegarem aos distantes portões de embarque, as pessoas são obrigadas a circular por dentro de extensa cadeia de lojas que vendem artigos e bugigangas importadas a preços astronômicos. Guilherme Simões de Assis vê como ótima oportunidade aproximar passageiros da arte. As exposições no aeroporto, porém, são tímidas para a área. Seria muito mais civilizado se os passageiros percorressem esses mesmos trajetos, mas tivessem ao alcance da vista e do bolso obras de arte, dos mais consagrados artistas brasileiros até as produzidas pelos artistas locais, que, diga-se de passagem, estão entre os melhores do planeta. Ideia simples, como pregava Niemeyer.

A frase que foi pronunciada

“Alegria nunca é para sempre, mas forja um ninho para quando a tristeza chega.”

Seu pensamento?

História de Brasília

À frente do Caravelle, estava postado, com todo o equipamento, um carro-pipa do Corpo de Bombeiros, com dois soldados controlando a mangueira para orientar o jato, se preciso. (Publicado em 31/8/1961)

Um gênio brasileiro

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Circe Cunha e MAMFIL

Fato comum parece perseguir e marcar invariavelmente as pessoas dotadas de grande genialidade: não são plenamente compreendidas por seus contemporâneos e conterrâneos. Com Oscar Niemeyer não foi diferente. Depois de 1964, com a instalação dos militares no poder, ficou cada vez mais difícil para Niemeyer trabalhar no Brasil. Nesse período particular da vida, o arquiteto se encontrava no auge das potencialidades e energia criativa e as obras de arte arquitetônicas brotavam em profusão de sua prancheta simples.Impedido pelo novo governo, unicamente por causas ideológicas, de prosseguir os projetos, Niemeyer levou sua arte preciosa para fora do país, onde foi acolhido com entusiasmo e deixou obras magníficas que serviram para divulgar o talento da nova arquitetura brasileira segundo os padrões modernistas que marcavam aquele período. O que o Brasil desdenhou o restante do mundo recebeu de braços abertos e aplaudiu.

Mas, contrariando de certa forma a profecia que diz que ninguém é profeta na própria terra, Niemeyer conseguiu ser grande dentro e fora do país. No entanto, aquele período conturbado de nossa história deixou mágoas silenciosas e permanentes na alma do arquiteto, principalmente com relação ao tolhimento abrupto de seu trabalho.Perdas maiores teriam o Brasil e principalmente sua capital, que, de certa forma, ficaria incompleta, alijada de obras fundamentais para o conjunto arquitetônico que todos creem referência em modernismo. Por sua singularidade, Brasília é hoje tombada como a primeira cidade planejada do planeta com o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, conferido pela Unesco em dezembro 1987.Neste ano, portanto, completam-se três décadas desse honroso título, que pode, por ação indevida de seus gestores e da própria população, ser retirado sem maiores problemas, o que seria um desastre e uma vergonha.

A frase que não foi pronunciada
“Estou precisando de novos inimigos. Os antigos gostam de mim!”
Camiseta na praia

Jogando

Continuam as reclamações em aeroportos brasileiros com os estragos feitos por funcionários em malas e sacolas ao arremessá-las sem cuidado no transporte e nas esteiras. A bagagem aparece irreconhecível. Um abuso enfrentado pelo consumidor que paga tantas taxas para os aeroportos.

Invisível

Pela cidade, várias faixas de pedestres estão invisíveis, o que no período da volta às aulas é sinal claro de perigo.

Esperança

Simples assim. Fernando Henrique Cardoso contou com um corpo acadêmico competente e deu uma guinada na economia. Fica a dica para o governador Rollemberg, que cresceu em Brasília e sabe com quem pode contar. Ainda há tempo de deixar boa marca na gestão.

Mais caro

Faltou incluir no projeto da senadora Ana Amélia uma garantia para que os consumidores não paguem a conta pela nova ideia. Se os planos de saúde forem obrigados a fornecer medicamento para o tratamento de doenças crônicas, certamente o custo recairá no bolso de quem deveria ter saúde gratuita, como garante a Constituição.

História de Brasília
E há mais. Banco do Brasil e Previdência Social precisam, também, se instalar aqui, que é a sede do governo. (Publicado em 21/9/1961)

Cercado de interesses

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Circe Cunha e MAMFIL

Com a judicialização da questão do reajuste das passagens de ônibus e do metrô, e a vitória do Executivo no embate, as oposições ao governo Rollemberg, finalmente, encontraram o mote político que buscavam para justificar a declaração de guerra ao Palácio do Buriti, arrebanhando para essa empreitada todo um conjunto de siglas que praticamente tinham desaparecido do horizonte depois do desmonte do lulopetismo.

Não se enganem nessa questão. O que interessa de fato à parte significativa da Câmara Legilativa do Distrito Federal (CLDF) não é exatamente o peso dos reajustes no bolso do trabalhador. PSol, Juventude Socialista do PDT, Central Geral dos Trabalhadores e outros grupos, que sempre orbitaram como parasitas em torno do governo populista passado, querem desestabilizar a atual administração a todo custo.

O que move esses grupos, sob a batuta da CLDF, é a disputa nua e crua por nacos do poder. Os trabalhadores estão, mais uma vez, sendo usados como massa de manobra. Com o desmascaramento dos oportunistas, o tempo das ilusões ficou para trás e não dá mais para acreditar nas boas intenções dessa gente. Na peleja sem heróis, o GDF deveria organizar um amplo debate, ao vivo, envolvendo o corpo técnico do governo, o Conselho de Transporte, empresários e todos os segmentos da sociedade verdadeiramente preocupados com a questão dos transportes públicos, para que a razão e a verdade retornassem, naturalmente, para o lado correto. É sabido que as fraudes na utilização dos vales-transportes vêm se multiplicando a cada dia. É por esse bueiro, cuja profundidade se desconhece, que escoam recursos públicos preciosos.

O que é preciso é que a população veja e entenda, de forma clara e didática, o que dizem as planilhas e quais os meios reais de ajuste dos preços das tarifas com base principalmente nos cortes de despesas desnecessárias e no racionamento do sistema. Em tempos de inflação alta e de forte desemprego, falar em aumento de tarifas é comprar briga com a população. Mesmo assim é possível chegar a um consenso aceitável, que atenda a todas as partes, principalmente os usuários que bancam o sistema. Para isso, o primeiro passo, e talvez o mais difícil, seja organizar um sistema eficiente de comunicação entre o GDF e a população.

O que não é razoável é querer atender a todos de forma plenamente satisfatória, a menos que se faça como a maioria dos políticos que, nessas horas, prefere optar pelo caminho mais fácil, empenhando a alma e a dignidade. O que parece ser absolutamente impossível, nestas circunstâncias, é satisfazer o apetite pantagruélico da classe política local e muito menos o dos grupos de aproveitadores que rondam o governo como mariposas em volta da luz.

A frase que não foi pronunciada
“País desenvolvido não é aquele em que o pobre anda de carro. É aquele em que o rico anda de transporte público.”
Pensamento urbano

História de Brasília
As explicações de que são necessárias essas viagens são, vamos dizer assim, do tempo do presidencialismo. Isso porque não é possível que o presidente e o primeiro-ministro vivam em Brasília, enquanto os ministros restantes só possam viver na Guanabara. (Publicado em 21/9/1961)

Corrupção e populismo

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Circe Cunha e MAMFIL

Se fosse depender hoje apenas da percepção geral da população brasileira sobre corrupção, nosso país poderia estar em situação muito pior do que a apontada agora pelo ranking da Transparência Internacional (TI), que situou o Brasil na 79ª posição entre os 176 países pesquisados.

As descobertas feitas até agora pelas equipes de procuradores e investigadores que cuidam da Operação Lava-Jato, considerada por muitos o maior caso de corrupção não só no Brasil mas também no planeta, pelo volume de dinheiro desviado, ao mesmo tempo em que empurraram nosso país para uma posição vergonhosa na lista, ajudarão, no futuro próximo, a mostrar para o resto do mundo que algumas de nossas instituições estão se empenhando, ao máximo, para pôr fim à corrupção secular que nos consome.

Não é por outro motivo que a sociedade vem demonstrando publicamente seu apoio às pessoas e às instituições que cuidam com seriedade do assunto e criticando, ou mesmo hostilizando com ameaças físicas, os envolvidos nesse caso nebuloso. “O Brasil conseguiu trazer isso à luz. Isso tem impacto negativo inicial. Daí a perda da 76ª posição no ano passado para a 79ª agora. Mas isso pode ser também uma virada do país. A gente, a partir do enfrentamento, pode começar a ganhar posições e dar um salto positivo efetivo”, avalia o representante da TI no Brasil, Bruno Brandão.

No âmbito mundial, a ONG chama a atenção para a facilidade que ainda existe para pessoas e grupos poderosos escapar da fiscalização interna em seus países e mesmo da fiscalização internacional, com o refúgio em paraísos fiscais espalhados pelo planeta. Ao fugir dos impostos devidos na origem, esses grupos ajudam a alimentar o ciclo vicioso da corrupção, da desigualdade e da concentração de riquezas nas mãos de poucos privilegiados desonestos.

Para a TI, a corrupção sistêmica, conforme revelada recentemente pelos chamados Panamá Papers, ajudam no aumento da desigualdade social, ao mesmo tempo em que geram ambiente favorável ao aparecimento e fortalecimento de políticos populistas, como vistos na última década no Brasil e agora nos EUA com Trump.

Nesse contexto, tanto o lulopetismo quanto o trumpismo se assemelham em número, gênero e grau. “Durante 2016 vimos que, em todo o mundo, a corrupção sistêmica e a desigualdade social se reforçaram reciprocamente, o que tem provocado decepção nas pessoas, principalmente em relação à classe política”, assinala o comunicado da TI, para quem essas práticas resultam em violação dos direitos humanos, freio ao desenvolvimento sustentável e, por tabela, incremento à exclusão social, com o aumento da pobreza e da violência.

Tudo a que assistimos agora no Brasil. Outro aspecto ligado à corrupção aqui em nosso país, em vários capítulos, foram as seguidas tentativas de reprimir a sociedade civil (nós contra eles) e as ações visando limitar a liberdade de imprensa (dita mídia golpista). Até mesmo as seguidas tentativas de fragilizar a ação da Justiça, por meio da criação de órgãos e conselhos fiscalizadores formados por entidades socias ligadas ao governo e à aproximação perniciosa do Executivo das antigas e perpétuas elites clientelistas, deram forma e conteúdo ao governo passado e seu modus operandi. Tudo o que experimentamos está presente na raiz das graves mazelas.

A frase que foi pronunciada
“Um muro já entre Trump e os EUA!”
Alguém sensato

História de Brasília
Outra coisa é referente ao ministério. Quase sempre ausente do Distrito Federal, o ministério tem preferido o gabinete do Rio enquanto os outros dois poderes, Legislativo e Judiciário, têm a sede no DF. (Publicado em 21/9/1961)

Uma cidade enferma

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Circe Cunha e MAMFIL

Está complicada a vida no Distrito Federal, cuja qualidade de vida ganhou fama mundo afora. Problemas e mais problemas têm surgido diariamente, atormentando a vida de todos. Congestionamentos constantes no trânsito, principalmente nas vias que dão acesso ao Plano Piloto, racionamento e má qualidade da água, faltas e cortes de luz repetidos, especulação imobiliária, precariedade do transporte público, aumento dos índices de poluição do ar e desmatamento e aterramento de nascentes.

Não há exagero nas reclamações. A lista de queixas inclui ainda poluição sonora e visual, sujeira e lixo amontoados por toda a cidade, esgotamento da capacidade dos aterros sanitários, multiplicação das invasões e de assentamentos precários, descaracterização da cidade com puxadinhos e outros aleijões arquitetônicos.

Mas não acabou. Há também reformas e construção de elefantes brancos onerosos e desnecessários, aumento assustador da violência e da criminalidade urbana, escolas e hospitais públicos superlotados e de baixa qualidade e aumento geométrico de tributos para cobrir rombos crescentes.

O desânimo só aumento diante da perda da qualidade geral de vida, da decadência e da desvalorização dos espaços urbanos, da incapacidade dos órgãos de segurança e de saúde de atenderem a tantos chamados diários, da corrupção e dos desvios de recursos públicos constantes numa máquina pública inchada e ineficiente, das notícias constantes sobre negociatas envolvendo agentes públicos, tribunais e órgãos de fiscalização.

Esses e muitos outros pesadelos, que, até bem pouco tempo, eram problemas típicos de grandes cidades brasileiras, já fazem parte de nosso cotidiano. E, pior, vieram para ficar. O mais perturbador é que essas pragas foram libertadas quase de uma só vez de dentro do baú dos políticos locais. Durante três décadas, essa foi a semente plantada por eles no planalto central. É essa a colheita que temos agora. A capital está seriamente doente.

A frase que foi pronunciada
“O imposto é a arte de pelar o ganso fazendo-o gritar o menos possível e obtendo a maior quantidade de penas.”
John Garland Pollar

Abuso
» É certo que haja livre concorrência, mas aceitar um refrigerante por R$10 é fora de propósito. A reclamação chegou de um leitor e turista horrorizado com o preço cobrado no Aeroporto de Brasília.

Leitor 1
» Por falar em aeroporto e leitor, Roldão Simas envia opinião para a redação com o seguinte teor: “Nas vias de acesso ao centro da cidade, as placas indicativas assinalam Brasília em vez de Centro, (termo correto e usado nas cidades do mundo inteiro). Isso ocorre, por exemplo, na saída do aeroporto bem como na EPTG desde Águas Claras para o centro da cidade.

Leitor 2
» O aeroporto fica em Brasília, Águas Claras fica também em Brasília, que é o nome da cidade capital federal. E completa: “O centro de Brasília é o cruzamento do eixo rodoviário com o eixo monumental. Fica na Estação Rodoviária. Todo o mundo sabe disso”.

Impressionante
» Falta muito para que a alimentação no Brasil seja saudável. O uso de gordura em frituras, a falta de frutas, legumes e verduras na alimentação, o excesso de sal e açúcar, além do abuso de salgadinhos industrializados para as crianças são o cenário para tantos obesos morando à beira mar.

Educador
» Mário Sérgio Mafra, superintendente da Fubrae, nos conta numa missiva que tentou implementar no Brasil a estrutura e funcionamento da Escola da Ponte, hoje as mais adiantadas da Europa. Elas tratam do interesse dos alunos como prioridade para o aprendizado. Mesmo lutando para implementar a metodologia educacional de cultura colaborativa, Mafra não encontrou gestores que o ouvissem. “A ideia ficou estancada nos ouvidos moucos dos tomadores de decisões educacionais. O Brasil perdeu o norte e dificilmente sairá desse hiato pedagógico. Estamos a remendar o modelo educacional do século 19.”

História de Brasília
A verdade dessa afirmativa está no fato de alcançarmos a primeira metade de mês de governo e nenhuma providência de alto alcance ter sido tomada até agora. (Publicado em 21/9/1961)

Crise hídrica

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960 »

jornalista_aricunha@outlook.com

Circe Cunha e MAMFIL

Um dos fatores da escolha do DF para ser a capital se deu pela riqueza de mananciais na região (Águas Emendadas). Porém, o crescimento populacional acima do esperado e a ocupação irregular do solo levaram à situação limite em que vivemos. A avaliação vem sendo feita pelo engenheiro e especialista em crise hídrica Demetrios Christofidis, para quem a escassez e a carência no abastecimento de água são realidade que precisa ser enfrentada não apenas com novas formas de captação, mas, sobretudo, com o aumento da eficiência da rede, principalmente por meio de ações que minimizem a perda e o desperdício em todo o sistema.

Assim como é certo que, ao fim de cada mês, chega a conta individual de consumo de água à residência, a grande conta coletiva, resultante de anos e anos de uma política irresponsável que levou políticos locais a negociar terras públicas em troca de votos, chegou e os valores são altíssimos — praticamente impagáveis. É precisamente nesse ponto que reside a grande diferença entre o político oportunista, cujo horizonte se estende até as próximas eleições e o estadista, que tem visão do futuro e sabe bem das consequências de seus atos. Pior é que todas as causas diretas que levaram à preocupante situação de escassez no abastecimento persistem inalteradas.

O quadro que se tem hoje no Distrito Federal, relativo à questão do abastecimento de água, exige que a solução do problema de modo satisfatório obedeça ao que diz tanto a Lei do Saneamento Básico (Lei nº 11.445/2007), bem como as diretrizes contidas na política nacional de resíduos sólidos PNRS (Lei nº 12.305/10). Sem o prévio cumprimento desses instrumentos legais, qualquer ação visando a solucionar o grave problema no abastecimento de água de qualidade para os habitantes da capital do país será inócua.

A medida que propugna pela captação de água do Lago Paranoá, que para muitos equivale a beber da própria urina, corre o risco de se transformar numa solução fácil, ou mesmo um grande engodo. Além do aumento contínuo na oferta de água, com cada assentamento irregular que surge sendo prontamente atendido com rede de abastecimento, o desperdício, que ronda 25%, precisa ser prontamente contido. Aliás, essa questão precisa ser discutida e repensada. A Caesb e a CEB são as primeiras a chegar aos loteamentos ilegais e irregulares, o que parece uma incoerência com as leis. Certamente, se Caesb e CEB não fizessem ligações em áreas invadidas, a grilagem não valeria a pena.

O assoreamento e a poluição de mananciais são problemas que perduram e necessitam da ação firme dos órgãos de fiscalização para impedir o comprometimento dos recursos naturais. Em 1969, a Caesb foi criada também com a responsabilidade de proteger os mananciais, o que, convenhamos, não cumpre. Há ainda quem proponha, corretamente, a transformação do Parque recreativo da Água Mineral em estação exclusiva para a captação e abastecimento de água. De toda forma, nenhuma solução será definitiva e correta se não forem implementadas políticas que ponham fim à indústria criminosa de invasões, defendida pela classe política com assento na Câmara Legislativa e por empresários inescrupulosos de olho apenas no lucro fácil e rápido. Afinal, comprometer o abastecimento de água significa inviabilizar a própria capital.

A frase que foi pronunciada:
“Nenhum indício melhor se pode ter a respeito de um homem do que a companhia que frequenta: o que tem companheiros decentes e honestos adquire, merecidamente, bom nome, porque é impossível que não tenha alguma semelhança com eles.”

Lições de Nicolau Maquiavel

História de Brasília
Tanto o presidente da República quanto o primeiro ministro ainda não puderam começar a trabalhar, só atendendo a pedidos. Os corredores do Planalto estão atopetados de pedintes de todos os estados, em busca de cargos, posições e mando. (Publicado em 21/9/1961)