Massa de manobra livra espertalhões

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil

Em tempos de crise, em que a política e, principalmente, os políticos se transformaram em caso de polícia, a estratégia usada com sucesso para livrar os protagonistas da mira da Justiça e do linchamento público tem sido o lançamento das bases de apoio de cada grupo para o confronto direto entre si, incluindo nessa tática os meios de comunicação que oscilam de um lado e de outro.

O plano não é novo, mas os resultados indicam que esse ainda é o método mais objetivo para tirar do foco espertalhões que sempre usaram a política com a finalidade de enriquecimento rápido e fácil. Diante da chegada iminente da polícia nas residências de cada um desses malabaristas, o jeito é apelar para a velha e boa “massa de manobra”, em que grupos de pessoas passam a ser conduzidos apenas para servir aos interesses desse ou daquele personagem e suas respectivas siglas partidárias.

Enquanto todos se engalfinham numa guerra fratricida renhida, seus principais atores saem ilesos do outro lado. Tem sido assim desde 2005, quando vieram à tona dos escândalos do mensalão. Ao transformar um episódio, típico da esfera policial, em embate do tipo político-ideológico, os principais envolvidos nesse crime de lesa-pátria conseguiram surfar acima das refregas que se seguiram, acusando adversários de agir da mesma forma e terem tratamento mais brando. Ao fim e ao cabo, enquanto grupos se digladiavam nas ruas e nas redes sociais, todos os protagonistas dessa chanchada criminosa saíram sãos e salvos, sendo, logo a seguir, reencaminhados aos cargos após as eleições seguintes.

Embora essa estratégia tenha servido, em parte, para livrar os principais cabeças do foco da Justiça, nunca mais houve paz e harmonia entre os diversos grupos políticos e, pior, esse sentimento de ódio mútuo se espalhou como fogo em palha seca. De lá para cá, os discursos de ódio só recrudesceram, entrando por outras variantes, como a pregação contra religiões de matriz africana, gays, lésbicas, artistas, professores e outros grupos da sociedade.

As universidades, onde o embate político sempre vem com uma dose extra de hormônio e idealismo, têm sido o local em que as patrulhas pró e contra determinados grupos mais se batem em confrontos, que resultam inúteis e infrutíferos. O surgimento de grupos extremistas à direita e à esquerda do falso espectro político nacional tem crescido em ritmo preocupante, opondo, na maioria das vezes, pessoas até então distantes desses assuntos. Enquanto a cizania é fomentada de forma irracional, antepondo amigos, irmãos, compatriotas, torcedores, fiéis e outros os vilões dessa guerra civil anunciada vão tratando de escapulir pelos fundos, rumo às novas eleições libertadoras que virão na certa.

A frase que não foi pronunciada

“Meandros obscuros rondam a liberdade de expressão retirando-lhe a expressão de liberdade.”

Dona Dita, pensando no véu da democracia

Sem papas

Vlogueiro Daniel Fraga está dando o que falar. De vez em quando, recebe notificações do provedor para retirar vídeos do YouTube. A liberdade de expressão no Brasil é limitada. De qualquer forma vale conhecer esse cidadão nos vídeos disponíveis.

Novidade

Uma comissão na Câmara dos Deputados discute mudanças no Código de Processo Penal. Um tema interessante abordado foi a justiça restaurativa. Nela, a reparação do dano não é só a punição do culpado, mas a vítima também é considerada. O deputado petista Paulo Teixeira explica: “A justiça punitiva pune o réu e não dá nenhuma satisfação para a vítima. Nós achamos que, em muitos casos, a justiça restaurativa, que existe no mundo inteiro, poderia ajudar a dar satisfação para as vítimas.”

Das penalidades

As equipes de fiscalização, como Agefis, o Instituto Brasília Ambiental (Ibram), com a polícia, não têm descanso com as invasões repetidas e incentivadas que sempre aumentam no fim de ano. Vão continuar com muito trabalho enquanto a lei não punir devidamente.

Consome dor

Um garoto mordeu um biscoito recheado e sentiu algo estranho na boca. Era um anel. Menos mal. A empresa foi condenada a pagar R$10 mil por danos morais. Mas recorreu com o argumento de que não houve dano, já que o garoto não engoliu o corpo estranho. Para quem tem dúvidas, já houve decisão nesse sentido, mas a ministra Nancy Andrighi colocou um ponto final nas interpretações convenientes da lei. Se não está na receita do biscoito, é dano moral.

De graça

Alunos e concurseiros têm oportunidade de baixar livros gratuitamente no portal do Senado. Basta acessar http://livraria.senado.leg.br/.

História de Brasília

Às firmas empreiteiras, que nunca foram ouvidas, e que sempre foram desprezadas nessas oportunidades, cabe, também, uma participação efetiva na luta pela Prefeitura de Brasília. Todas as máquinas paralisadas deveriam ser levadas amanhã, de manhã, para a Esplanada dos Ministérios, e numa passeata sem faixas nem alto-falantes, os motores em movimento dariam uma resposta ao esquecimento do governo. (Publicado em 8/10/1961)

It's only fair to share...Share on Facebook
Facebook
Share on Google+
Google+
Tweet about this on Twitter
Twitter
Share on LinkedIn
Linkedin