Segue o jogo

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Colocados em posições antípodas, políticos citados em delações e membros do Ministério Público, Polícia Federal seguem diante do tabuleiro de xadrez, movimentando suas peças. A cada deslocação de uma peça, de um lado, corresponde a mobilidade de outra, oposta. A estratégia é anular o jogo do oponente, tornando nulas as investidas de cada um. Nesta disputa, em o que está em tela é o interesse soberano do cidadão, não há espaço para vacilos.

Advogados dos mais renomados e caros escritórios do país e que , em tempo algum anteriormente, lucraram tanto, espreitam , com lentes potentes, as investidas dos homens da lei.

No Congresso prosseguem as tentativas sub reptícias de alterar a legislação de modo a estender o beneplácito da anistia aos políticos que venderam a alma aos empresários. Para a população que assiste a esse ballet ensaiado , interessa o final da partida, dentro das regras e sobretudo uma mudança radical no modo de comandar o Estado.

Interessante observar que aqueles personagens que até então todos apostavam e torciam por sua vitória, foram postos na vala comum dos amaldiçoados com o recebimento ilícito de dinheiro público.

Um caso que chama a atenção tanto como decepciona é com relação ao senador suspenso de suas atividades Aécio Neves. Considerado , até pouco tempo, uma aposta jovem e promissora para mudar o jeito manhoso da velha política, esse mineiro , filho e neto de políticos tradicionais e conhecidos, parece ter sucumbido aos encantos do vil metal. Nas gravações e confissões vindo à tona a cada instante, o que se esta revelando é a face desconhecida de um político, até experiente, mas que , por razões que só ele sabe ao certo, acabou envolvendo ,de forma escandalosa , seu futuro, seu passado e , de quebra, levando à prisão sua irmã dileta e seu primo de confiança, todos irremediavelmente riscados da agenda dos eleitores de Minas e do Brasil.

Ao lado de Aécio, tomba também Michel Temer. Esse por sua importância no comando da articulação para sanear as contas públicas, tem maiores contas a prestar à justiça e aos seus eleitores. Pelo o que se sabe, Temer esta pendurado no cargo de presidente do Brasil apenas por um fio de cabelo. No caso , pelo cabelo do deputado e homem de confiança, Rocha Loures, candidato a homem bomba da vez, caso sua situação se complique ainda mais.

De certa forma essas e outras decepções com homens públicos, acabam funcionando como lição prática de cidadania: não existem super heróis e salvadores da pátria capazes de resolver o problema do país apenas por voluntarismo próprio. Na realidade, neste jogo de xadrez, em que importantes personagens da nossa história política atual vão tombando lado a lado, fica, ao menos a certeza de que é preciso mudar os rumos do país, despir as velhas vestes e dar início à um tempo novo, no qual a política não seja mais confundida com mero caso policial.

 

A frase que não foi pronunciada:

“Ninguém ouse aconselhar os outros antes de seguir seus próprios conselhos.”

Sêneca, um dos mais célebres intelectuais do Império Romano

 

 

Documento

Trabalho de extremo valor para jornalistas e pesquisadores feito pelo funcionário do Senado Nerione Cardoso Júnior. Ele é da Coordenação de Arquivo e a partir de reuniões com a coordenadora do Arquivo, Carla Mendes, e a chefe do Arquivo Histórico, Rosa Vasconcelos, elaborou um guia on-line de referência com todas as CPIs ocorridas no Senado e as CPIs mistas.

 

Pesquisa

A diretora da Secretaria de Documentação do Senado, Dinamar Pereira Rocha, explicou que esse trabalho atende as diretrizes estratégicas do Senado para divulgação do acervo histórico da Casa. As CPIs disponíveis ao público externo aconteceram desde 1946.

 

Perigos

A Sífilis está voltando de maneira assustadora. Interessante é que na Escola do Varjão apenas as mulheres ficaram na palestra sobre o assunto. Os estudantes homens foram dispensados. Entre 2010 e 2015 houve um aumento de mais de 5.000% nos casos de sífilis no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. O obstetra Domingos Mantelli não poderia ser mais claro: “não se vê quem tem alguma doença sexualmente transmissível pelo rosto ou documento. Há casos em que o próprio portador não faz ideia que está contaminado. A doença fica incubada e é transmitida por relação sexual sem proteção”.

 

Bárbaros

Nosso leitor Roldão Simas aponta locais anti-urbanos com ocupações irregulares, como os quiosques no Setor Médico Local Sul ou as pichações na extinta CEME, Central de Medicamentos abandonada a mais de 50 anos.

 

Detalhes

Palestra do Prof. Robert Alexy em Brasília fez sucesso por onde andou. Chamou a atenção de alguns presentes o velho hábito de docente. O doutrinador da teoria dos direitos fundamentais não abriu mão de falar escrevendo no Flipchart. Mesmo que ninguém enxergasse.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

No pátio de manobras, as pessoas que esperavam o governador Leonel Brizola não acreditaram noutra versão senão a de sabotagem. (Publicado em 28/09/1961)

 

Ordem sem progresso

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Andamos em círculo. Fatores históricos explicam uma parte de nosso atraso com relação a outros países do continente, caso do Chile ou dos Estados Unidos. Com a instalação da República em 1889, o Brasil trocou a monarquia por outra forma de governo, apenas de modo oficioso.

A concentração de poderes nas mãos do chefe do Executivo permaneceu semelhante à que havia com a monarquia. Trocou-se um imperador por um presidente. O cetro foi substituído pela caneta. O aparato permaneceu o mesmo.

A população da época nem tomou conta da substituição de um pelo outro. O mandonismo e o patrimonialismo continuaram intocados. O homem cordial, que no período monárquico era identificado com mais facilidade pelo título de nobreza ou por consanguinidade, foi substituído e modernizado com o advento do nepotismo. A hereditariedade na transmissão do poder está intocada.

Não estranha que hoje muitos jovens políticos ostentem no sobrenome o brasão que os identifica com os seus antepassados ilustres. Os que, no presente, ocupam o poder, tratam, desde sempre, de aplainar os caminhos para os seus que virão em seguida.

Ao mantermos as estruturas do passado na montagem e composição do governo, adiamos, sine die, nosso encontro com o futuro. Assim a presença dos clãs políticos no controle do Estado se repete num ciclo monótono.

A manutenção dos atores e seu séquito no controle da máquina pública trouxe naturalmente a ideia da imprescindibilidade do Estado como meio de atingir o desenvolvimento e o paraíso. Ao Estado foi incorporado o papel de grande pai de todos, indutor do progresso.

 

A frase que foi pronunciada

“Com as mãos prontas para fazer o mal, o governante exige presentes, o juiz aceita suborno, os poderosos impõem o que querem. Todos tramam em conjunto.”

Miquéias 7:3

 

Ri ou chora?

» Na delação foi dada a notícia de que a Odebrecht lançaria um canal para estabelecer uma “linha de ética”. A intenção seria receber informações sobre denúncias de atos ímprobos, violações das políticas internas ou mesmo às leis. Parece que a notícia é brincadeira porque quem prestava depoimento eram os diretores e senhores com o sobrenome da empresa.

 

Cuidado

» Alvos preferidso dos estelionatários, os idosos são vítimas de novos golpes com cartão de crédito. Nunca entregue seu cartão a ninguém. Nem no momento de pagar. Aguarde a máquina e coloque-o você mesmo. Atrás do cartão há o número de segurança que, com os seus dados, dão aos estelionatários a chance de fazer compras pela internet usando os seus dados.

 

Que clientes?

» É incompreensível a demora dos bancos e bandeiras de cartões para resolver o problema de clonagem ou uso indevido. Principalmente nos casos onde o estelionatário compra pela internet. Em algum lugar, o produto será entregue. A mesma coisa celular na cadeia exigindo resgate. Em alguma conta o dinheiro é depositado. Afinal, de que lado os bancos estão?

 

Aptidão física

» Grupo de concurseiros que fazem o TAF para os bombeiros se uniram pelo Facebook para trocar informações sobre as clínicas que prestam exatamente os exames pedidos no edital. Em muitas os atendentes mal preparados dizem que é a mesma coisa um exame e outro, o que certamente prejudicará os candidatos.

 

Que coisa!

» No dia 1º de junho, Maria Silvia assumia o BNDES aplaudida de pé, com total apoio da equipe econômica e de técnicos. Maria Silvia Bastos Marques pediu demissão na sexta-feira, alegando razões pessoais. Deixou a chave do cofre que conseguiu trancar a duras penas.

 

Passeio

» Fica até o dia 31 de julho o Pula Mania no Shopping Iguatemi. As melhores poses para fotos!  Aos sábados, domingos e feriados, o espaço também estará aberto ao público até as 22h.

 

História de Brasília

Os passageiros, refeitos do susto, acham que o pouso foi feito fora da pista ou com deficiência dos trens de aterrissagem. E alegam que o baque foi muito grande no pouso. Dizem, ainda, que o avião subiu alguns metros para se projetar novamente no solo. (Publicado em 28/9/1961)

Patrimonialismo estatal

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Os casos recentes de corrupção endêmica que vêm à tona tem como único pano de fundo a megaestrutura de um Estado, capturado, ao longo de toda nossa história pelas elites rurais e empresariais. Assim,  qualquer reforma, por mais criteriosa e técnica que se apresente, que não cuidar primeiro do gigantismo do Estado, está marcada com a sina do fracasso. É do tamanho do Estado que devemos cuidar.

O gigante deitado eternamente em berço esplêndido não é outro senão o Estado que erigimos e que ameaça tombar sobre nós. O caso das estatais explica bem a contradição: um Estado extremamente rico e uma população com os mais risíveis níveis de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

É o mesmo paradoxo que permite a existência de suntuosos palácios de mármores, como a sede dos Três Poderes, enquanto populações inteiras permanecem sem as mínimas condições de infraestrutura sanitária, sobrevivendo com as mesmas carências básicas de séculos passados.

Somente o gigantismo de um Estado injusto explica o fato de um presidente da República viajar a bordo de uma aeronave de última geração, um verdadeiro hotel seis estrelas, enquanto milhões de brasileiros são obrigados a se submeter a cada dia aos piores meios de transporte do planeta. A redução do Estado ao mínimo necessário às exigências da população é a primeira condição para se livrar do subdesenvolvimento e libertar a nação do labirinto em que se encontra.

 

A frase que foi pronunciada

“Não há despertar de consciências sem dor. As pessoas farão de tudo, chegando ao limite do absurdo para evitar enfrentar a sua própria alma. Ninguém se torna iluminado por imaginar figuras de luz, mas, sim, por tornar consciente a escuridão.”

Carl Jung

 

Simples assim

» É bom que o Palácio do Planalto cobre dos prefeitos a contrapartida do que têm sido feito com as cifras extras que recebem. O primeiro passo para controlar os cofres é acompanhar o retorno do que foi investido. Vereadores e prefeitos, antes de marcar as passagens para Brasília, preparem o relatório das obras efetivamente feitas com o que foi recebido.

 

Câmara dos Deputados

» Por falar nisso, em 12 de junho prefeitos e vereadores em defesa dos municípios de Mato Grosso virão à capital para participar da comissão especial que analisa mudanças na Lei Kandir. Pela declaração do presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios, Neurilan Fraga, a situação está difícil: a arrecadação dos municípios encolheu mais de R$ 190 bilhões em 10 anos

 

Conveniências

» Tem gente se perguntando como é que o mesmo TSE, que fez vista grossa para a entrega de panfletos pelos Correios, vai condenar a chapa Dilma-Temer três anos depois. Os Correios não fizeram o registro obrigatório para a distribuição do material eleitoral do PT e, apesar da ilegalidade registrada pelo TCU, nada foi feito.

 

De graça

» Casa cheia em todas as apresentações da orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro às terças-feiras. Com entrada franca é um programa e tanto para quem gosta da boa música. Uma pena que a orquestra não possa tocar em casa. Até hoje, o teatro está fechado. Certamente, deteriorando.

 

Leitor

» Registramos o cumprimento recebido pelo pioneiro Carlos Romeiro. Acompanhando sempre os acontecimentos na capital, também defende a cidade com o ímpeto de quem a viu nascer. Nossos agradecimentos.

 

Só suspeitos

» Quem estuda na biblioteca da UnB já viu um rapaz que escolhe sempre sentar perto das meninas bonitas. Mesmo com mesas disponíveis, ele sempre está perto delas. Agora, fotos dele estão espalhadas pela universidade alertando garotos e garotas para terem cuidado. Um senhor estranho também fica na biblioteca fotografando as meninas. Uma pena vislumbrar a UnB cercada, mas sem eficiência no policiamento. O descaso com a segurança dos alunos continuará.

 

História de Brasília

A presteza do Corpo de Bombeiros foi absoluta, mas o equipamento mostrou que é ineficiente para incêndios de tal monta. Os pertences dos passageiros e partes do avião bem que poderiam ter sido salvos, mas o equipamento deficiente fez com que o fogo se alastrasse por todo o aparelho, provocando perda total do “Caravelle”. (Publicado em 28/9/1961)

Esplanada dos vitupérios

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Pobre Esplanada dos Ministérios. Erguida numa época de grande otimismo em que o futuro do país parecia estar ao alcance da mão, essa praça cívica, na visão de seus construtores, deveria ter a amplidão do Brasil, para, assim, acolher e dar espaço a todos os brasileiros sem distinção. Um sítio de encontro e confraternização de toda a nação. A Esplanada foi concebida para representar, em grande escala, a sala de estar e de visita dos brasileiros.

Durante o auge do regime militar, a praça ficou praticamente vazia e esquecida por quase duas décadas. Com o retorno da democracia, o povo voltou às ruas e a Esplanada passou a ser o ponto central do país para a maioria das grandes manifestações em nome da liberdade. Nos últimos anos, no entanto, o que a população tem assistido é à transformação da Esplanada de todos os brasileiros em uma praça de guerra e de baderna, patrocinada e insuflada pelo Partido dos Trabalhadores e seus satélites, incluídos as centrais sindicais, os movimentos, os proto guerrilheiros dos sem-teto e dos sem-terra e os outros fascistas do gênero.

Agindo ao comando de uma esquerda irresponsável, com o patrocínio de recursos advindos dos impostos compulsórios sindicais, o que essa turma de desocupados busca é a desestabilização completa do país por meio da venezuelização do Brasil, o que levaria a cessar também o grande esforço da Justiça para pôr atrás das grades todos os políticos e empresários que arruinaram econômica e socialmente o país.

A praça que era do povo, como o céu é dos aviões, se transformou em palco constante para a exibição da força e da brutalidade de uma minoria de derrotados politicamente que, por meio do recrutamento de baderneiros mercenários, prosseguem no incitamento ao ódio, com a depredação do patrimônio Público.

O que se viu, na quarta-feira, na Esplanada dos Ministérios, foi a repetição de uma tática que visa sondar até onde eles podem prosseguir com a destruição. A cada investida, virão mais atrevidos. A cada sinal de impunidade pelos prejuízos causados, novas e mais intensas depredações se seguirão. O ar de satisfação com as lideranças desses movimentos de arruaceiros se apresentaram nas redes sociais após os acontecimentos, revelam, de fato, que o exército Bracaleone de Stédile, Boulos, Vagner e outros dessa laia já está em marcha.

O que querem é o confronto a qualquer preço, inclusive, com a fabricação de mártires. A pichação  na parede lateral de um dos ministérios destruídos dizia tudo: “Morte à burguesia”. Nesse caso, burguesia é todo e qualquer brasileiro que não se alinha, prontamente, a essa gente. A inoperância das autoridades de segurança, inclusive, o próprio ministro da Justiça, em nome de uma tolerância sem limites, é tudo o que deseja essa turma para crescer e vir a se transformar num verdadeiro problema. Aí será tarde e o ovo da serpente já terá se rompido. Querem na verdade é o retorno de 1964 para dar-lhes um motivo e um mote para prosseguir na oposição a qualquer preço, uma vez que não encontraram, até hoje, o próprio espaço dentro da democracia.

 

A frase que foi pronunciada

“A manifestação ficou da cor da bandeira do PT.”

Noelen Juliany, na Esplanada

 

Precipitado

» Sancionada a lei dos migrantes. A entrada no país, princípios e metas para políticas públicas são regulamentados.

 

Na prática

» No último dia 4, quando tudo seguia calmamente, José Dirceu deixou a Justiça Federal com um peso na garganta declarado à repórter Vera Rosa, do Estadão: “Temos que nos preparar para a guerra política”, disse. Mesmo que Lula nunca tenha mostrado, publicamente, apoio ao companheiro, ele permanece com a ideia de atrair a juventude, movimentos sociais para enfrentar o governo Temer. O enredo já se conhece. Mesmo que tenha todo o apoio do mundo vai fazer o que com o poder? A mesma coisa?

 

Enquanto isso…

» A situação dos hospitais do país está cada vez pior. Menos médicos, menos material e menos medicamentos. Até oxigênio para atender a demanda das UTIs está faltando. Os últimos a pedirem socorro foram os hospitais filantrópicos. Em Mato Grosso, as unidades começaram a suspender os serviços.

 

Liderança

» Melhor que a Secretaria de Segurança, a Força Nacional e o Exército estejam sempre preparados para as badernas. Se a próxima manifestação for pacífica, terão cumprido a missão da mesma forma.

 

História de Brasília

O medo de explosão dominava a todos. Quando saltavam, procuravam se esconder no mato rasteiro que acompanha a pista e apareciam, depois, mais adiante. (Publicado em 28/9/1961)

Anápolis compra a República

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Como galhos de uma frondosa árvore que vão se ramificando rumo ao céu, diversos subenredos, surgidos com as operações da Polícia Federal e do Ministério Público no combate às quadrilhas compostas por políticos e empresários, vão se formando ao longo dessa trama, compondo o que parecem ser novas histórias repletas de suspense de igual teor. Entre os enredos paralelos que surgiram rápido e naturalmente e que parecem chamar mais atenção do que a trama central estão as delações da empresa JBS dos irmãos Batista.

Depois das confissões dos 77 executivos da Oderbrecht, que todos acreditavam ser a verdadeira delação do fim do mundo, eis que vem à tona o mea-culpa dos donos da maior indústria de carnes do planeta. Essa, até agora, pelo menos é tida como a mais espetacular das confissões e cujas repercussões poderão pôr abaixo definitivamente o edifício já condenado de nossa República.

Caso seja transformada, algum dia, em roteiro de filme, a saga dos dois irmãos Batista, vindos do interior de Goiás, poderia repetir, por outra vertente, a história de sucesso de Dois Filhos de Francisco, baseado na vida da dupla sertaneja Zezé Di Camargo e Luciano. No caso dos Batista, a história de sucesso parece se repetir, só que com um viés totalmente novo.

Chega a ser surpreendente como pessoas de pouca instrução escolar, donas de um simples açougue em Anápolis, que parecem, em algum momento, ter experimentado o lado duro da vida, tenham vindo para a capital e aqui encontrado terreno fértil para montar, em curto espaço de tempo, o que é hoje a maior empresa processadora de carnes do mundo.

Nesse caso, o terreno propício que lhes permitiu encontrar rapidamente o atalho rumo à riqueza fabulosa foi achado junto aos governos Lula e Dilma, que, por motivos para lá de pragmáticos, escancararam-lhes as portas do maior banco de fomento da América Latina, o BNDES. Com o apoio flagrante desse Banco, segundo notícias veiculadas na imprensa, o faturamento da dupla Joesley e Wesley saltou de R$ 4 bilhões, em 2006, para R$ 170 bilhões em 2016.

Campeões nacionais absolutos em aporte de recursos públicos a particulares, a JBS obviamente pagou com uma mão a ajuda preciosa que recolheu com a outra, passando a financiar milhares de políticos por este país afora. Somente em 2014, doou mais de R$ 300 milhões para campanhas eleitorais, tornando-se, isoladamente, a maior financiadora de políticos. Desse ponto, até vir  a ser o centro das atenções das autoridades judiciais, foi um pulo.

Apanhados de calças curtas, cuidaram de negociar, secretamente, um acordo de delação suspeito, em troca da liberdade total. Quando essas confissões vieram a público, os irmãos estavam longe, fora do alcance da lei. Nessa história nebulosa, o que mais chama a atenção é como dois caipiras puderam comprar, de porteira fechada, toda uma República. Vai ver que é porque nossa velha república não valia grande coisa. Arrematados por uma pechincha e de baciada, nossos políticos comportam-se agora como cupins no qual foram inoculados pesticidas muito potentes: cada um fugindo como pode.

 

A frase que foi pronunciada

“Não roubar, não deixar roubar, pôr na cadeia quem roube, eis o primeiro mandamento da

moral pública.”

Deputado. Ulysses Guimarães, sempre vivo!

 

Só números

» Pesquisa na Internet contabilizou o acesso no Twitter por assunto. As menções feitas durante o impeachment da presidente Dilma provocaram aproximadamente 100 mil mensagens pelo microblog. Empatou com o assunto Aécio Neves. Já o presidente Temer despertou a manifestação de 300 mil internautas.

 

Átimo

» Aconteceu durante aquela sessão da CAE, onde o relatório da reforma trabalhista foi dado como lido. O senador Tasso Jereissati tentava presidir os parlamentares com urbanidade. De repente, depois da fala aplaudida do senador Calheiros, o senador Romero Jucá interrompeu a ordem da fila. Com o protesto do senador Jereissati, Jucá foi rápido no gatilho. “Eu tenho a palavra porque fui citado.” Sem se conformar com o que tinha ouvido, o senador Tasso perguntou à sua volta se o senador Jucá tinha sido citado na fala de Calheiros. Enquanto tentava descobrir, Jucá disse tudo o que tinha a dizer.

 

História de Brasília

No acidente do Caravelle, o pessoal de bordo abriu, imediatamente, a portinhola da comissária e indicou o caminho que todos os passageiros deviam seguir. Atingiam o pequeno corredor da parte dianteira do avião e se jogavam, depois, pela porta de emergência. (Publicado em 28/9/1961)

A vingança do Mané Garrincha

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Com a emancipação política do Distrito Federal, ardilosamente armada por um grupo de pessoas interessadas em inaugurar aqui também um amplo balcão de negócios, como já vinha sendo praticado no restante do país, Brasília passou a integrar também o rol das unidades da Federação dilapidadas por criminosos disfarçados de representantes da população. Desde essa época e, principalmente, a partir da instalação da Câmara Legislativa, os seguidos prejuízos aos brasilienses e à cidade se acumulam ano após ano.

Fossem colocados numa balança os benefícios e prejuízos trazidos com a chamada maioridade política da capital, sem dúvida alguma, a balança penderia para o lado dos enormes malefícios que esse arranjo artificial trouxe à vida da capital. Qualquer pesquisa, a partir do fim dos anos 1980, demonstra que, com a emancipação, praticamente, a cada semestre houve pelo menos um grande escândalo de corrupção e de desvio de dinheiro público, tudo devidamente registrado pela imprensa.

Abduzida por políticos inescrupulosos de todos os matizes políticos, Brasília tem sido, desde então, negociada e retaliada, como mercadoria entre esses grupos, sempre em desfavor da população. A emancipação política foi um grande negócio apenas para os homens de negócio, amasiados no Legislativo local e blindados com a prerrogativa de foro.

A inovação trazida pela arquitetura moderna da capital, infelizmente, não foi estendida ao modo de administrar a cidade. Repetimos, assim, os mesmos erros históricos de outras unidades da Federação de confiar a gestão dos recursos públicos a grupos políticos, cujo o único compromisso é consigo mesmo e com seu entorno imediato.

Sob o falso argumento de que sem eles não pode haver democracia, os políticos da capital têm zombado por anos da credulidade dos eleitores, enquanto cuidam de engordar de forma acelerada o próprio patrimônio. Com a prisão agora de mais nove figurões da política local, por causa do superfaturamento do Estádio Mané Garrincha, o que a sociedade candanga assiste é à continuação de cenas de crimes, cujo os personagens principais continuam sendo os eleitos pela sociedade para cuidar da cidade.

A bem da verdade, qualquer grande obra pública realizada por essa turma, em todo tempo e lugar, não resistirá a nenhuma apuração feita com lentes cristalinas. O problema ganha ainda mais gravidade quando se verifica que órgãos de fiscalização, como o Tribunal de Contas do Distrito Federal, durante todos esses anos, não foram capazes de impedir a repetição dos desmandos perdulários.

Agindo como anexo do Legislativo e do Executivo local, o TCDF foi mais uma criação advinda da emancipação política e, como tal, tem mostrado a que veio. Caso a polícia persista na prisão de tantos políticos, vai chegar um momento em que eles só caberão em estádios gigantes tipo Mané Garrincha. Enfim, encontrarão uma destinação prática para o monstrengo de mil colunas.

A frase que foi pronunciada

“A reforma possível nesse momento do Brasil é a reforma do Mané Garrincha para prender tantos políticos e empresários.”

Dona Marina Quintino Isadora, falando alto no supermercado em perfeita sintonia com a coluna Visto, lido e ouvido

Novamente

» Hoje é dia do movimento Ocupa Brasília. A concentração começa, às 9h, no Mané Garrincha. Trânsito deve deixar marcas. É hora de se pensar em protestos mais inteligentes que tragam resultados. Para isso, o primeiro passo é a união dos brasileiros, coisa que não interessa a quem gosta de corromper.

Futuro

» Alunos da UnB desenvolvem pesquisa sobre os impactos reais do desperdício de alimentos. Essa pesquisa é feita com a produção de um documentário científico e monografia mostrando o custo da perda na produção. O trabalho foi parar no Ministério do Meio Ambiente que vai adotá-lo na mostra Circuito Tela Verde.

Proteção?

» Teor das gravações à parte, a população brasileira gostaria de saber a razão de os diretores da JBS estarem livres, leves e fagueiros. Quanto ao crime cometido, o que será feito?

Vergonha

» Ao ler o relatório, Lindbergh Farias avançou para cima de Ricardo Ferraço. Farias também se desentendeu com Ataídes Oliveira. Um cordão humano foi feito para impedir a leitura da Reforma da Previdência. Dessa vez Ataídes e Randolfe quase chegaram às vias de fato. Otto Alencar segurou os exaltados. O que parece um diário de diretoria de primário é uma descrição do comportamento dos representantes dos brasileiros.

História de Brasília

O fogo, a essa altura, já dominava as duas turbinas e os tanques de querosene. Os passageiros, em pânico, sentiram, entretanto, a gravidade do momento, porque, no instante de tocar o solo, o aparelho caiu pesadamente, dando tremendo baque. Subiu um pouco e caiu, depois, para se arrastar, deixando a labareda iluminando a parte utilizada da pista. (Publicado em 28/9/1961)

Balança, mas não cai

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Num ponto muitos concordam: as múltiplas relações criminosas costuradas nos últimos anos entre políticos e empresários, que vão sendo reveladas em estrepitosos capítulos a cada delação, adquiriram tal volume de enredo e situações inusitadas que ultrapassaram, inclusive, os estilos ficcionais e de realidade fantástica, atingindo uma categoria da literatura que ainda está por ser inventada.

Enquanto o novo estilo não surge para narrar com precisão essa fase extremamente tumultuada da nossa história recente, toda a trama, por sua riqueza de detalhes e mesmo pela forma ridícula com que os personagens são identificados pelos delatores, deixa exposto um vastíssimo material para compor não uma saga, mas um compêndio de sátiras e troças, descrevendo de A a Z as muitas mazelas de nossa República tão vilipendiada, o completo desprezo pelos eleitores.

Somente ao humor, com sua mordacidade e acidez aguda, é dada a faculdade de adentrar a fundo nessa história, retratando e reduzindo esses personagens e situações àquilo que realmente são: seres mesquinhos, que mercadejam a ordem moral, vendilhões, dispostos às mais degradantes tarefas por um punhado de dinheiro.

Não serão com análises formais, acadêmicas e sisudas que poderemos entender o verdadeiro espírito dessa fase, uma vez que os personagens que compõe o enredo, em nenhum momento, demonstraram seriedade em suas ações. Na maioria das situações, tanto nas negações como nas confissões, o que se tem é o burlesco e a zombaria. Todos têm estampado nas expressões que o crime valeu a pena. Milhões de reais e de dólares ficarão escondidos e à disposição para retorno da cadeia.

Tudo é tragicamente cômico. A começar pelos apelidos dados aos políticos pelos empresários campeões. Para descrever, com riqueza de detalhes, toda essa extravagância de casos, faz muita falta a argúcia de escritores como Max Nunes, Paulo Gracindo, Millôr Fernandes, Carlos Manga, Lauro Borges, Guimarães Rosa, Castro Barbosa e muitos outros de saudosa memória. Somente filósofos dessa vertente do saber poderiam, agora, decifrar o momento brasileiro.

O “Edifício Balança, Mas Não Cai” de nossa República se mostra tão impressionantemente atual nas suas diversas situaçõesque a reedição desse sucesso dos anos 1950 pareceria a continuidade de um Brasil que nunca aprendeu o que é ser sério. A PRK-30, que ia ao ar nos anos 1940 pela Rádio Nacional, poderia muito bem compor a Hora do Brasil, que ninguém sentiria a menor diferença. Não à toa que sempre fomos ridicularizados como país pouco sério pelo restante do planeta. País onde o auge do protesto é bater panelas na janela de casa.

Mesmo o povo, que diz não ver graça alguma nessas situações, vota, a cada eleição, para ter de volta ao palco esses mesmos personagens. O Brasil é uma grande chanchada. Só que no atual caso, a risada final parece vir de algum ponto no Sul do país. É uma risada que mostra todos os dentes de uma boca enorme, mas, se observada mais de perto, é formada por grades de uma prisão à espera de engolir esses bufões.

 

A frase que não foi pronunciada

“O Brasil é uma Ferrari dirigida por macacos.”

Na Internet

 

Mais essa

» Na França investigações sobre pagamentos ocultos de contratos de armamentos entre França e Brasil em 2009. O traçado das investigações está pronto. Apontam o fornecimento de cinco submarinos, inclusive, um nuclear. O contrato assinado por Lula e Sarkosy foi faraônico: 6,7 bilhões de euros (quase R$ 22,9 bilhões) entre a fabricante naval francesa DCNS e o Brasil.

 

Adiante

» Enquanto as questões políticas aquecem nos bastidores, o Senado discute na Comissão de Relações Exteriores o livre comércio entre os países. Os debates quinzenais gravitam sobre a ordem internacional, “Erguer ou Estender pontes?

 

Inclusão

» Até 26 de maio, os eleitores, numa parceria entre o Instituto dos Cegos e o Tribunal Eleitoral, participam do recadastramento biométrico durante a Semana de Inclusão. Até agora, 1.600 eleitores deficientes foram registrados no Cadastro da Justiça Eleitoral.

 

Sem solução

» A JBS pagou propina a 1.829 candidatos de 28 partidos, segundo o diretor Ricardo Saud. As doações ilícitas foram de quase R$ 600 milhões. O espectro da corrupção é de largo alcance. Só uma reforma política para resolver. Mas, sem o apoio de 1.829 candidatos de 28 partidos, será difícil aprovar.

 

História de Brasília

O “Caravelle” deslizou mais ou menos uns duzentos metros e, antes de atingir a curva de conversão para o pátio de manobras, parou fora da pista. (Publicado em 28/9/1961)

Desculpas insinceras

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Na selva inóspita em que se encontram embrenhados empresários e políticos, o verdadeiro valor ético de uma desculpa vai depender diretamente do tamanho da punição que se anuncia à frente. Neste caso, os pedidos de desculpas divulgados em nota pela imprensa, tanto da Odebrecht como da JBS , possuem um valor, digamos, de cunho empresarial, já que, por uma questão de garantia e preservação de espaços no mercado, é preciso se render a certos ritos formais de praxe.

É, mais ou menos, como os cartões de Natal enviados por políticos, em que até a assinatura do missivista é reproduzida mecanicamente por carimbo. Por trás das formalidades e dos textos recheados de frases até tocantes como: “Assumimos aqui um compromisso público de sermos intolerantes e intransigentes com a corrupção” ou, “o que mais importa é que reconhecemos nosso envolvimento, fomos coniventes com tais práticas e não as combatemos como deveríamos”. Assim, anunciam apenas um vasto e desolado deserto de boas intenções.

Nesse caso, as desculpas soam como propaganda das empresas, em que o reconhecimento da culpa é usado como pedestal para proclamar falsos sentimentos de pesar pelos erros. Desculpas insinceras funcionam assim como verniz que mantém polida, entre o público, a imagem de bom mocismo dessas empresas. Ao fim e ao cabo, empresários desse calibre e políticos desse matiz se merecem e nasceram um para o outro.

O propalado presidencialismo de coalizão que, à primeira vista, parecia ser formado por uma composição natural e ocasional de forças políticas para o bem do país não passa de uma espécie de supermercado do Estado, onde os representantes do povo e os donos das empresas discutem o valor de cada mercadoria disposta nas estantes.

Para os eleitores traídos, fica a mágoa de que os políticos nem ao menos tiveram a consideração de pedir desculpas. Fica absolutamente patente que, com os atuais Legislativo, Executivo e Judiciário que o Brasil vai adentrar o século 21, trajando as vestes e os trejeitos do século retrasado. No capitalismo do tipo cartorial, em que a riqueza das empresas é construída à sombra do Estado, o que mais chama a atenção são os vetores em sentidos opostos: ao crescimento exponencial da riqueza e do patrimônio de empresários e políticos, corresponde o empobrecimento progressivo de largas parcelas da sociedade, prejudicadas com a subtração de oportunidades e de recursos. É graças à miséria de muitos que essa dupla de embusteiros vem, há décadas, fazendo seu pé-de-meia. Desculpem-me as exceções, mas os números que provam essa realidade estão aí para confirmar essa história da infâmia.

A frase que não foi pronunciada

“Sim! Prevarico e faço parte de uma organização que corrói o país. Mas nós não invadimos o Congresso Nacional. Chegamos aqui com o seu voto. Continuamos a contar com sua memória curta. Muito obrigado.”

Alguém anotou para pregar no espelho do banheiro até o dia das eleições

Homenagem

» Dib Francis foi laureado pela Academia Brasileira de Ciências, Artes, História e Literatura, em parceria com o Instituto Biográfico do Brasil. Auditório Honestino Guimarães do Museu Nacional, Brasília-DF.“Dedico essa honraria a todos os meus colegas, músicos, sobretudo os músicos eruditos, uma categoria nem sempre reverenciada na real medida de sua augusta dedicação”, disse o professor e pianista homenageando a classe.

Copabacana

» Por falar em piano, a Editora Multifoco lança o livro Falando de piano com Linda Bustani e Luiz Eça. Assinado pela nossa Moema Craveiro Campos. Dia 24, às 18h. Pena que dessa vez será na Av. Atlântica 3744, no Bar Garota de Copacabana.

Lembranças

» Clarisse Rocha Ribeiro deu uma declaração pelo Facebook sobre o colégio Indi que converge com a opinião de pais que tiveram filhos estudando por lá várias décadas atrás. A diferença do Indi para as outras escolas é que a criançada se sente em casa enquanto estuda. Quando os pais buscam, sempre tem o que fazer para aproveitar mais um pouquinho dos amigos e dos professores.

Pela Paraíba

» Pelas linhas de Josué Sylvestre, no livro Meio século de vida pública sem mandato ou com?, o tempo passa sem que se perceba. As histórias de Campina Grande e da Paraíba, entre 1950-1985, o volume 1, conta o escriba que Alouízio Afonso Campos, era advogado, economista, administrador, político e milionário. No início da jornada pela disputa de voto, Aluízio delineou um discurso certeiro que agradava toda a gente. Repetia de cidade em cidade. Os aplausos eram sempre efusivos. João Agripino, também na lida, quando chegou com Josué em Guarabira, pediu para falar primeiro. Depois do discurso reaproveitado pelo amigo Aluízio, saiu-se com essa: Mas mago do Catolé, você não quer gastar nem ideias?

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O avião apenas tocara no solo (18:27 horas) e uma enorme explosão se ouviu. A seguir, uma labareda vermelha dominou a cauda do aparelho, por onde deveriam descer os passageiros. (Publicado em 28/09/1961)

Polícia dá largada à reforma política

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Quem diria que a tão pretendida reforma política, reconhecida por todos como a mãe de todas as reformas, acabaria sendo induzida pela delegacia de polícia. De fato, a questão política se transformou, entre nós, em caso de polícia. Não é para menos. Boa parte de nossos políticos, de posse da carapaça da prerrogativa de foro e do corporativismo cego, tem agido como fora da lei.

Com a entrada de sola da polícia no covil político, o que é correto, ficam adiadas as urgentes reformas da Previdência e trabalhista, o que é ruim. Agora, quer queiram, ou não, a pressão popular, na trilha dos homens da lei, vai fazer de tudo para colocar um fim na eterna festa bancada com o dinheiro do contribuinte.

Mal-acostumados com as mil mordomias trazidas pelo cargo, nossos políticos têm agido, desde sempre, como adolescentes rebeldes e mimados, filhos de família rica. Problemáticos e sem limites, nossos representantes se tornaram em fonte de encrencas. Antigamente, o simples fato de alguém ser chamado à delegacia para dar explicações era uma grande vergonha e, dificilmente, a pessoa se livrava da pecha de encrenqueiro e perigoso.

Hoje, ser levado, sob vara, para prestar esclarecimentos à Justiça, mais parece um ritual de batismo, quando o meliante é introduzido no nebuloso mundo da política. O pior dessa situação vexaminosa é que nossos representantes são, em última análise, feitos à nossa imagem e semelhança. Pelo menos à imagem e semelhança dos eleitores. Conhecedores da fraqueza moral de nossos políticos e do poder de sedução do dinheiro, empresários reunidos no exclusivíssimo clube dos campeões nacionais, abduziram os representantes legais da população para juntos saquearem, à mancheia, os cofres do Tesouro.

Seguros e aquartelados no bunker do mandato e usando do falso argumento de que não existe democracia sem eles, nossos políticos têm abusado da paciência da população, da desobediência as leis e da falta de bom senso, indo constantemente contra as mínimas regras da ética, praticando todo o tipo de crime, sob o olhar preguiçoso e o passo lento da justiça. Mais importante do que a existência de uma classe política apartada dos reais interesses da sociedade é a manutenção da máquina pública em mãos de pessoas de bem, cujo o único partido é o do interesse comum. O tamanho do Estado tem que ser da exata dimensão dos reclamos da população e não dos interesses privados da classe dirigente.

A reforma política deflagrada pelas investidas das operações policiais precisa ser continuada, agora, com a pressão contínua e crescente da população sobre os Poderes da República. Ou brigamos pela revisão geral no modo de fazer política neste país, ou nos tornaremos cúmplices desses mesmos crimes e, portanto, reféns das mazelas que criamos para nós mesmos.

Por séculos a população brasileira tem se submetido de forma apática às arrumações propostas pela elite dirigente e o resultado invariavelmente tem sido o mesmo: subdesenvolvimento e miséria contínua. Está na hora de seguir junto com a polícia e arrombar a porta dessas iniquidades e proclamar o poder da ética. Ao menos pelo bem das novas gerações que virão.

A frase que não foi pronunciada

“O Brasil já está bem adubado. Vamos plantar um país melhor!”

Ozanan Coelho, de onde estiver

Pancada

» Nenhum instituto meteorológico conseguiu prever as chuvas repentinas e intensas que caíram na semana. O dia ensolarado surpreendeu muita gente quando transformado em verdadeiro dilúvio.

Incoerência

» Enquanto a população amarga uma conta mais salgada em troca de menos água, a Adasa acaba de autorizar a coleta de água por caminhões-pipa em 11 pontos do DF. Geralmente, são localizados próximos a nascentes.

Direito Humano

» Em Minas, a regra já precisa ser acatada e obedecida. A Superintendência de Limpeza Urbana de Belo Horizonte recebeu uma notificação da Superintendência Regional do Trabalho, que obriga os garis a não mais andar pendurados nos caminhões, eles devem ser transportados dentro da cabine ao lado do motorista.
Macaquice

» Começa uma pressão popular para que os clubes de futebol sigam o exemplo do Coritiba e do Atlético Paranaense. O Campeonato Brasileiro seria transmitido pelo Facebook ou pelo YouTube. Essa ideia parece assinada pelo senador Requião. Mas só parece.

Sem fiscais

» Os micro-ônibus que transitam na pista das quadras perto do Parque Olhos D’Água continuam passando pelas rotatórias como verdadeiros malucos. Se houver emergência que exija frenagem, certamente acontecerá um acidente.

História de Brasília

Toda essa massa humana desesperada e desorientada invadiu a pista durante a chegada do governador Leonel Brizola, e atirou-se a caminho do desastre. (Publicado em 28/9/1961)

As colunas tortas do Estádio Mané Garrincha

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Para um observador posicionado na praça central em frente ao Palácio do Buriti, a imagem dos edifícios em toda a volta, parece obedecer ao padrão regular de gabarito destinado àquela região. Do lado norte estão as construções que abrigam o Poder Executivo e o Tribunal de Contas. No lado sul ficam algumas das sedes do Poder Judiciário e a Câmara Legislativa. Por sua concepção, essas sedes de poderes formam o que pode ser designado como a grande Praça Cívica de Brasília. Tudo minuciosamente pensado e composto para dar o sentido de integração e de harmonia a todo o conjunto. Ao menos no plano ideal, essa deveria ser a imagem formada em 360 graus de visão. Cada coisa em seu devido lugar e, todos juntos, compondo uma unidade racional, como devem ser os projetos bem resolvidos.

Ocorre que a ingerência indevida de pessoas estranhas ao ofício, mas com um apetite muito grande para coisas escusas, surpreendentemente, levou à implantação, naquela localidade um gigantesco aleijão, obviamente, para atender a interesses próprios e imediatos que entrou em definitivo para a galeria dos grandes escândalos da capital.

A implantação do gigantesco estádio de futebol Mané Garrincha, ao custo astronômico de R$ 1,8 bilhão, um dos mais caros do planeta, além de não dignificar, por sua arquitetura, o grande ponta-direita do Botafogo, muitas vezes, considerado superior em técnica ao próprio Pelé, não se enquadra na paisagem, de onde desponta como um objeto estranho. Na verdade, esse é, pelo custo, pelo mau gosto e pela localização, um verdadeiro monumento à corrupção consolidado e que os brasilienses acabaram por herdar à força.

Desde sua conclusão, ficava patente que essa seria uma obra totalmente inútil e que, após sua inauguração, só renderia prejuízos e dissabores aos contribuintes e torcedores. Somente com despesas para sua manutenção, esse elefante branco consome hoje R$ 8,4 milhões ao ano, ou R$ 700 mil mensais.

Fechado para jogos do Brasileirão 2017 e com uma agenda pobre de eventos, o estádio tem sido uma dor de cabeça para o governo atual. Para se livrar desse entulho, o GDF ensaia agora empurrar o monstrengo para a algum empresário, por meio de parceria público-privada (PPP). À semelhança com o que ocorre com o Autódromo Nelson Piquet, abandonado à própria sorte e transformado em abrigo de moradores de rua, o futuro do estádio é também sombrio.

Portanto, não será surpresa se, algum dia, o estádio vir a ser demolido para dar lugar a qualquer outra finalidade. A Justiça e os órgãos de fiscalização, que deveriam ter impedido a construção desse monumento ao desperdício, correm agora com seus passos de cágado atrás do prejuízo. Não é preciso dizer que não chegarão a tempo de alcançar os responsáveis pela obra faraônica.

A frase que foi pronunciada

“O homem roubado que sorri rouba alguma coisa do ladrão.”

William Shakespeare

Bem pensado

Quem reclama de ocupar o lugar de um fiscal da Fazenda, ditando CPF para o Nota Legal, deixa de receber desconto no IPTU ou no IPVA. Os argumentos contra a participação cidadã são vários. Um deles, aponta uma espécie de quebra de sigilo sobre a possibilidade monetária do contribuinte. Falácia. Se você pedir para 10 amigos ditarem seu CPF quando fizerem compras, você é beneficiado com o crédito alheio. Sem problemas.

Força desigual

Comprar passagem aérea internacional e ter de pagar pelo assento parece cobrança dobrada. Parece sem fim a guerra de forças contra os clientes que, sensatamente, são identificados no Código do Consumidor como hipossuficientes.

Release

Aula de astrofotografia na Chapada dos Veadeiros é destaque do próximo feriado. O curso será ministrado, em 16 e 17 de junho, no Camping Pachamama, pelo engenheiro mecânico Rafael Defavari, que trabalha no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron e ministra workshops sobre astrofotografia no Sesc – SP. Rafael já teve fotografias publicadas pela Nasa, BBC, National Geographic, Greenwich Royal Observatory (Inglaterra), jornal inglês Daily Mail, Forbes entre vários outros.

Solidariedade

Uma ação emergencial em prol do abrigo EducAmar, localizado na Cidade Estrutural. Voluntários, alimentos, roupas e produtos de limpeza são bem-vindos. Crianças e adultos ligados ao projeto recebem aulas de reforço e alfabetização. Doe. Basta ligar para 98592-9462

História de Brasília

Atrás, a estação de passageiros regurgitava de tanta gente vinda de toda a parte. No estacionamento do aeroporto, dezenas de caminhões, com faixas, cheios de candangos, aguardavam a chegada do governador do Rio Grande do Sul. (Publicado em 28/9/1961)