Ilusão passageira

Publicado em ÍNTEGRA

ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

com Circe Cunha e Mamfil

colunadoaricunha@gmail.com;

Charge: tribunadainternet.com.br
Charge: tribunadainternet.com.br

        Enganam-se os políticos que acreditam ainda, que a cada novo salvo-conduto obtido junto aos tribunais, em cada uma das três instâncias, aumentam, na mesma proporção, suas chances de escapar da justiça e do julgamento popular. Pelo contrário, a cada drible dado nas cortes de justiça, à custa, é óbvio, dos mais caros e requisitados escritórios de advocacia do país, mais e mais aumenta, no seio da população, o sentimento de contrariedade e de decepção com seus representantes.

        Em muitos casos recentes, esses sentimentos têm sido elevados para níveis da ofensa e, não raro, para a violência contra esses privilegiados e imputáveis. Nesses casos, as mídias sociais têm papel importante, não importando se os fatos são inflados por elementos fictícios ou não. Para uma parte da população, existe mesmo até um sentimento de caça aos políticos enrolados com a justiça.

             Os últimos acontecimentos ocorridos na cidade de Bagé, envolvendo o ex-presidente Lula, dão uma mostra do que está acontecendo e pode vir a ocorrer daqui para frente. A questão é simples: a cada passo dado, por esses figurões, para fora do alcance da lei, mais a população se aproxima e passa a cercar esses personagens.

Charge: blogdomagno.com.br
Charge: blogdomagno.com.br

       A razão é simples e antiga: os brasileiros, de um modo geral, passaram a repudiar manobras de todo o tipo, principalmente aquelas que visam conferir blindagem a determinados indivíduos. O alívio momentâneo dado por algumas decisões da justiça tem seu preço cobrado pelo cidadão. Não raro, esse preço é alto e tem sido cobrado em todo e qualquer lugar público onde esses políticos são flagrados em desfile.

      Agressões e xingamentos e, agora, agressões físicas, têm ocorrido com cada vez mais frequência. Há um crescendo de insatisfação geral, sintomático e preocupante, mas que acaba revelando o grau de saturação existente entre os cidadãos e as principais lideranças políticas do país. Acreditar, nessa altura dos acontecimentos, que através do processo eleitoral, pela depuração do voto popular, penalidades e ilícitos sejam simplesmente perdoados ou extintos, é uma tolice e uma temeridade.

         A nossa democracia vai, aos poucos, adquirindo características muito peculiares. Uma delas, é a transferência de sentimentos pessoais às personagens públicas, o que tem arrastado muitas manifestações para o campo das emoções. O mais racional e lógico, que seria afastar as chances desses políticos de se reelegerem nas urnas, não é ainda sequer cogitado. Muitos preferem odiar, agredir, ofender e manifestar sua raiva.

          O homem cordial brasileiro entende que esse ainda é o melhor caminho para se livrar de pessoas indesejadas. O voto e a experiência mundial provam isso, que é a melhor solução e o melhor método sanitário.

 

A frase que foi pronunciada:

“O cérebro humano é como um chapéu de chuva: funciona melhor quando aberto.”

Walter Gropius

Imagem: resologics.com
Imagem: resologics.com

Pelo povo

Tramita no Senado o PLS 378/2015, que proíbe duas cobranças: a com assinatura básica e a com consumo mínimo. O consumidor só deve pagar o que efetivamente consome. É obvio, mas não é o que acontece. Mais uma vez o senador Reguffe age atendendo a expectativa popular. Realmente não é justo, moral nem honesto que seja cobrado o que não é consumido.

Pois é

Lasier Martins, senador pelo Rio Grande do Sul, faz uma pergunta interessante sobre as urnas eletrônicas. Diz o parlamentar: “Se até o sistema do Google e da Nasa já foram invadidos, assim como há hackers invadindo sistemas bancários todos os dias, como pode ser garantida a segurança do voto exclusivamente eletrônico?”

Charge: tribunadainternet.com.br
Charge: tribunadainternet.com.br

Números

Nosso país tem 473 mil urnas prontas para instalar a impressora de votos. No total, são 550 mil urnas. O problema é justamente o módulo impressor que não existe.

Marcante

Senador Magno Malta saiu com essa em uma reunião. Hoje eu estou assaltado pelo complexo de Suplicy: não sabe resumir nada.”

Foto: senado.leg.br
Foto: senado.leg.br

Átimo

Passageiros que aguardam o ônibus nas paradas entre o Varjão e o Paranoá são assaltados constantemente. De carro ou moto, os ladrões recolhem os pertences rapidamente e somem. Uma das paradas mais assaltadas fica na entrada da rua da Casa da Dinda, onde os trabalhadores também aguardam os filhos que chegam da escola.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O seu candidato, entretanto, sr. Waldemar Alcântara, médico e presidente de um partido político, está inteiramente fora de cogitação. Não preencheu as condições mínimas para o cargo. (Publicado em 18.10.1961)

It's only fair to share...Share on Facebook
Facebook
Share on Google+
Google+
Tweet about this on Twitter
Twitter
Share on LinkedIn
Linkedin