Alforria com hora certa

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Bateu certa hora, começa um desfile de carros, normalmente dirigidos por mocinhas, que apenas param por breves minutos, esperando apenas que os senhores se levantem, pendurem a conta e entrem no banco do carona. É a alforria relativa que alguns dos maiores de 70 anos têm vivido; o exíguo prazo para frequentar o bar. Senhores que passaram a vida trabalhando […]

O sabor da vitrine

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Um boteco que se preze tem vitrine. Essa história de cardápio alcança, no máximo, um quadro negro escrito a giz e só para os pê-efes do dia; o importante mesmo fica naquela estufa quentinha sobre o balcão, onde jazem, mergulhados na banha, linguicinhas e bifinhos a rolê, ao lado de ovos cozidos e coloridos, uma travessa de torresmo e, supremo […]

Enterrados vivos

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A senhora chegou de repente, saiu do carro e esticou o pescoço, perscrutando o ambiente, obviamente a procura de alguém. Esperou mais um pouco sem falar com ninguém até que desistiu, entrou no carro e foi embora. Joãozinho, o atendente que também faz as vezes de fofoqueiro, disparou: – Salvo pelo gongo! Não estamos em Londres. Não há gongo, nem […]

O sarau improvisado

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Bares com as portas novamente abertas, o negócio agora é se adaptar ao horário. Para ver futebol, só se for campeonato europeu por causa do fuso horário, para ver os jornais da tevê, não se pode ir além dos programas vespertinos, regados a sangue; a opção é o velho papo. Mas não tem sido fácil. A turma vesperal dos botecos […]

Os mandamentos do botequim

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Engana-se quem pensa que os botecos são terra de ninguém. Mesmo o muquifo mais soez preserva a autoridade ditatorial do proprietário, quase sempre um sujeito – ou sujeita – de maus bofes, cara fechada e resmungão. As normas estão nas feições do dono, mas algumas estão escritas pelas paredes dos ambientes, caso clássico do “fiado, só amanhã”. Ultimamente tem aparecido […]

A magia desfeita

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Quando um bar fecha as portas a cidade morre um pouco. É nos bares que a comunidade pulsa, que os humores se apresentam e as paixões afloram. Há poucos lugares tão democráticos; com o fechamento de um bar o cidadão perde sua embaixada, seu púlpito, espaço de reivindicação, protesto, lamento, desabafo. Como dizia o sábio Tetê Catalão, pode não mudar […]

A vida das moscas

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– Dizem que o uirapuru só canta quando está fazendo ninho. Eu que só conheço o canto do uirapuru porque o Silvestre Gorgulho me deu um disco com um monte de canto de passarinhos fingi concordar – há de se convir que não dá pra contrariar quem tenta puxar um papo a partir de uma afirmação dessas. Mas não fui […]

Um divã no botequim

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Convenhamos que bar não é lugar para discutir relação. Mas como hoje ninguém tem lugar para nada e a vida privada escorre pela latrina, lá estava o casal tentando acertar os ponteiros. Antes, porém, devo esclarecer que não caí na tentação de fazer fofoca; o que segue é só um caso mundano, cheio de testemunhas involuntárias. A moça parecia confundir […]