Autor: Severino
Desde segunda-feira, estamos vivendo uma história arrepiante na Esplanada dos Ministérios. As câmaras de vigilância teriam flagrado a movimentação de uma onça em pleno Palácio do Itamaraty
Nós estamos vivendo sob o império dos números. Não existem mais pessoas; só planilhas, estatísticas e projeções contábeis. O número venceu, pelo menos provisoriamente.
Bomba! Às vésperas do Dia dos Namorados, esta coluna conseguiu uma mediúnica exclusiva com o poeta do amor, Vinicius de Moraes. Fala, poeta!
Visito a mostra Entre nós – a figura humana no acervo do Masp, no CCBB. Observo as pessoas interagindo com as pinturas executadas por grandes mestres e me recordo de um texto de quinze anos atrás, onde reflito sobre a estética contemporânea
Parlamentar 1: Vossa Excelência é uma besta quadrada!
Parlamentar 2: Besta quadrada é Vossa Excelência. Vossa Excelência é um quadrúpede de 28 patas.
Se você já foi fotografado por Mila Petrillo, pode anotar: os deuses têm alguma simpatia por você. Ela escolhe sempre o ângulo mais favorável, o aspecto mais relevante, a luz mais reveladora.
O mundo fica mais alegre, agitado e delicado quando Mila chega. Ela é animada por uma afetuosidade barroca, excessiva, indiscreta, que beira o escândalo.
O Profeta Gentileza passou por Brasília nas décadas de 1970 e 1980. Em plena ditadura militar, ele trazia uma mensagem subversiva: gentileza gera amor e paz! Era possível ver e conversar com ele no Restaurante Coisas da Terra, nos semáforos ou no entorno da Rodoviária. Não era por acaso que ele veio a Brasília. Tinha plena consciência da importância da repercussão que teriam suas mensagens na capital do país. A passagem de Gentileza por Brasília está registrada no documentário A mensagem do profeta, dirigido por Marcos Orsini, com fotografia de Marcelo Coutinho.
Sempre que alguém freia o carro e pede para que eu atravesse alguma via, imagino que está inspirado pela frase do profeta: “Gentileza gera amor e paz”. O profeta Gentileza morou em Brasília na década de 1980; eu o vi diversas vezes no Restaurante Coisas da Terra, com a estampa de Cristo, os olhos alucinados e a tabuleta com o lema sagrado. Ele era uma artista conceitual, a sua frase mobilizou um movimento pela delicadeza nas relações cotidianas.
Clarice Lispector era armada de radares poderosos de intuição. Em 11 de dezembro de 1970, ela conheceu a escritora Olga Borelli, de quem se tornaria amiga para sempre. O encontro está registrado na biografia Clarice – Uma vida que se conta (Edusp), de Nádia Battella Gotlib. Mas, um detalhe chama a atenção: na terceira vez em que elas se viram, Clarice convidou Olga para uma visita a seu apartamento. Lá, Olga se surpreendeu: Clarice havia escrito uma carta para propor a amizade.
Estava ao lado de minha cama
atormentado pelas imagens
do planalto ardendo em chamas
quando tive uma alucinação
senti os pés perderem o chão
e vi os deputados federais
que venderam a alma a satanaz
para anistiar o crime do Caixa dois
se dirigindo à sala de um juiz
presos por algemas no inferno
com listras zebradas de presidiários
nos tailleurs importados e nos ternos.