Paralisação entra em seu quinto dia, com 100% da produção parada. Os operários ficaram nos veículos (um micro-ônibus e duas vans) em frente o Batalhão da PM por cerca de uma hora. Relataram que receberam telefonemas de chefes, obrigando-os a comparecer à fábrica.
A Gerdau está adotando um forte esquema de repressão contra os metalúrgicos, que realizam a maior greve já ocorrida na fábrica em São José dos Campos. Neste domingo (16), os veículos que transportavam trabalhadores da empresa foram desviados para o 46º Batalhão da Polícia Militar, uma manobra adotada pela Gerdau para intimidar os funcionários e forçá-los a entrar na fábrica, denunciou o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos.
De acordo com a entidade sindical, os operários ficaram nos veículos (um micro-ônibus e duas vans) em frente o Batalhão da PM por cerca de uma hora. De lá, a empresa enviaria todos para a fábrica. A ação só foi cancelada após a chegada do Sindicato, por volta das 21h40. Dirigentes sindicais receberam a denúncia dos trabalhadores por celular.
Imagens (vídeo) de trabalhadores nos veículos: https://we.tl/yX0lTnEVsG
Os operários relataram que receberam telefonemas de chefes, obrigando-os a comparecer à fábrica. Os trabalhadores estão em greve porque a empresa se recusa a abrir negociação por reajuste salarial.
A paralisação começou na quinta-feira (13) e, desde então, a Polícia Militar tem mantido homens no entorno da fábrica. Na sexta-feira (14), até mesmo a Tropa de Choque esteve na unidade para tentar forçar a entrada dos trabalhadores. Mas, apesar da repressão, ninguém entrou.
Para o advogado Aristeu Pinto Neto, a atitude da Gerdau é um crime contra o direito à greve e à organização do trabalho. “Os trabalhadores estão sendo tratados como propriedade da empresa e isto não é admissível num ambiente democrático”, afirma.
“A Gerdau tem uma forte política de truculência e assédio moral vergonhoso contra os trabalhadores e de perseguição a dirigentes sindicais em todo o país. O fato é que a empresa está agindo de forma arbitrária e ilegal, já que o direito à greve está sendo desrespeitado. O Sindicato tem todas as imagens gravadas e vai tomar medidas contra essa postura da empresa”, afirma o presidente do Sindicato, Antônio Ferreira de Barros, o Macapá.
O Sindicato já ajuizou pedido de dissídio coletivo no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), em Campinas, e se mantém aberto a negociações.
Reivindicações
Além do reajuste da Campanha Salarial deste ano, os trabalhadores também estão na luta para que a Gerdau cumpra a Convenção Coletiva de 2015. Até agora a empresa não aplicou o reajuste salarial de 9,88% negociado no ano passado entre o Sindicato e o grupo patronal, informou Macapá.
Na categoria metalúrgica da região, mais de 10.000 trabalhadores já conseguiram reajuste salarial entre 9,62% e 11%. Foram aprovados acordos em fábricas como General Motors, Avibras, Ericsson e TI Automotive.
Por uma greve geral
O Sindicato dos Metalúrgicos e a CSP-Conlutas também estão em campanha pela construção de uma Greve Geral contra as reformas planejadas pelo governo de Michel Temer (PMDB).
“Governo e patrões estão fazendo severos ataques contra a classe trabalhadora. É preciso unificar a luta de todas as categorias para derrotar as reformas trabalhista e da Previdência e garantir a manutenção de direitos”, conclui Macapá.