The Good Fight: um começo a altura do legado de The Good Wife

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Spin-offs sempre são um desafio. Quando a CBS anunciou que a história de The Good Wife iria continuar, mesmo após o fim da série, a desconfiança tomou conta dos fãs. E ainda por cima sem a personagem principal? Difícil dar certo… Mas The Good Wife não era uma série comum. Ela entregou alguns dos melhores episódios da televisão, como Hitting the fan, na 5ª temporada, e terminou de uma forma que deixou um vazio enorme nos nossos corações. Muitos personagens fortes, cativantes, e um histórico de tratar de forma crítica assuntos atuais e polêmicos.

E não é que The Good Fight conseguiu manter o nível da produção? Agora, sobre o comando de Christine Baranski, que dá vida a Diane Lockhart, a ponte entre o seriado original e a nova trama ganha vida. Para quem não acompanhou a temporada, que terminou neste mês, a advogada estava se aposentando, quando o homem responsável por seus investimentos é preso em um caso escandaloso de corrupção. Ela perde tudo e precisa recomeçar do zero. Claro que David Lee não permite sua volta, e o único escritório que dá espaço para ela é Reddick, Boseman & Kolstad. Uma empresa dominada por advogados negros. É aí que, finalmente, Diane se junta ao lado “bom” e começa a comprar as “lutas certas”.

Ela leva junto a advogada Maia Rindell, filha do homem responsável pelas suas finanças. A garota é sua afilhada, e mesmo que os Rindell sejam responsáveis pela falência de Diane, as duas se unem e se protegem. Já na firma, está a forte e afiada Lucca Quinn, interpretada por Cush Jumbo. A advogada já tinha aparecido em The Good Wife e ganhou o público com sua personalidade marcante. Para completar o quarteto que comanda cada segundo da série, entre Marissa Gold, outro personagem que já tínhamos visto no seriado original.

A questão “Trump”

Nada seria mais propício ao momento político que os Estados Unidos vivem, do que a troca de escritório de Diane e Maia. Elas deixam para trás Stern/Lockhart & Gardner, um escritório dominado por advogados brancos, ricos, que defendem empresários milionários, traficantes, e todo tipo de gente, e se mudam para Reddick, Boseman, & Kolstad, um escritório com funcionários exclusivamente negros, conhecidos por defender diversos casos de discriminação racial praticados pela polícia de Chicago. Epa, está se lembrando de várias manchetes que tomaram conta dos jornais nos últimos tempos, não é mesmo?

Mas o posicionamento da série contra a nova administração norte-americana fica clara desde a primeira cena da temporada. Diane está assistindo o pronunciamento de Trump durante sua posse, quando, de forma contida mas visivelmente incomodada, desliga a TV e vai embora. As referências continuam durante todo o seriado, as vezes de forma mais direta, outras com uma delicada sutileza, mas nada deixa tão claro a posição dos roteiristas quanto este início.

Em cima do muro?

A impressão que fica é que The Good Fight não tem medo de lidar com nenhum assunto polêmico. E sim, eles sempre assumem uma posição. Seja cyberbullying, violência policial, racismo, cyberterrorismo… Esse é, provavelmente, um dos maiores acertos de The Good Fight. Essa herança da primeira série é a marca registrada do programa. Há coragem na série. E mais do que isso, há muita luta. Luta para se defender ideologias, sem se deixar corromper.

Teste da CBS

Para quem não sabe, a série foi a primeira lançada pelo CBS Access, um serviço de streaming do canal norte-americano CBS. Ele funciona de forma parecida com o HBO GO e a Netflix. Apenas o primeiro e o segundo episódio foram exibidos, no mesmo dia, na televisão. O resto dos fãs tiveram que acompanhar o programa pela internet. Mas a pergunta que fica é: a série vai vir para o Brasil? A Netflix conseguiu negociar The Good Wife, mas como vai ficar a exibição do spin-off?

Nada é perfeito…

A minha crítica fica para a abertura que o final da primeira temporada deixou para uma possível rivalidade entre Diane e Erica Kolstad, a sócia da nova firma. Uma série que bate tanto na tecla do empoderamento feminino, e que acertou em tantos pontos vai decepcionar muito se fugir para esse clichê. Duas mulheres que não conseguem trabalhar juntas, não conseguem dividir espaço nem comandar juntas uma empresa, e brigam por ciúmes, controle… E pior ainda, colocar as duas figuras femininas mais fortes da série, uma branca e uma negra como adversárias? Espero que o caminho tomado seja outro.

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