Rodrigo França revela os bastidores do confinamento no BBB sob o ponto de vista de um homem negro

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Ex-BBB Rodrigo França relembra participação no reality show em livro, no qual relaciona as situações vividas dentro da casa com a realidade racista do Brasil

“O que ele foi fazer em um programa como aquele?” Essa foi uma das perguntas que o ator, escritor e professor Rodrigo França mais escutou após participar do Big brother Brasil 19, temporada que inicialmente ficou marcada pelo maior número de participantes negros da história do reality show, no entanto, acabou se tornando a edição que premiou uma participante acusada de racismo.

A resposta a essa pergunta está no livro Confinamentos & afins — O olhar de um homem negro sobre resistência e representatividade, escrito por Rodrigo em parceria com Adalberto Neto e lançado pela Editora Agir. A obra traz um relato da experiência do artista no BBB sob o ponto de vista dos debates levantados no programa durante a participação, que perpassam pelo racismo estrutural.

“O que me motivou (a escrever o livro) foi a discussão de que muitas vezes as pessoas passam por racismo e não reconhecem, não sabem que estão nesse cenário. A gente naturaliza, acredita que é normal”, explica Rodrigo. No livro, ele elenca momentos em que sentiu preconceito dentro da casa, como o famoso episódio do ronco, mas sob um ponto de vista pedagógico, mesclado a dados que fazem o leitor compreender o panorama do preconceito racial. “O livro é uma ferramenta da informação de dados que ficam muitas vezes invisibilizados. Eu precisava fundamentar. Não é o que simplesmente penso”, completa.

Dentro da casa, Rodrigo chegou a ser criticado pela postura de não brigar após os ataques sofridos. Ele justifica: “Não é que eu deixei de falar ou denunciar, eu tive um posicionamento pedagógico, que vem a partir da minha vivência de ser professor. Eu não queria ser colocado lá dentro numa condição de um personagem, num estereotipo do homem negro marginalizado e tóxico”.

Confinamentos & afins foi rascunhado um mês depois da saída do BBB, mas foi na pandemia que Rodrigo conseguiu finalizar e perceber que poderia existir uma conexão do leitor com a experiência dele, por causa da quarentena imposta. Mesmo que traga momentos mais duros, a obra também relembra situações felizes do ex-BBB, como o encontro com os colegas da Gaiola, amigos dele até hoje.

Futuro de Rodrigo França

Crédito: Robson Maia/Divulgação

Ele acredita que a experiência do BBB19 refletiu na edição deste ano, que sagrou Thelma Assis vencedora. “Acho que tudo é um processo. De certa forma o desserviço da minha edição foi contribuindo para uma construção de uma Thelminha, sem esquecer da performance dela e do Babu. O Brasil parou e trouxe uma discussão antirracista”, comenta.

Atualmente, Rodrigo prepara-se para estrear na segunda temporada de Arcanjo renegado, do Globoplay, que acompanha o líder do BOPE no Rio de Janeiro vivido por Marcelo Mello Jr. Na produção, ele viverá o deputado estadual Gustavo. As gravações serão retomadas em 2021, por causa da pandemia. “É uma série que tem muita aglomeração. Ficou para o início do ano que vem. Foi um convite do José Junior (criador do seriado), que, justamente, muda essa narrativa ao colocar um ator negro para representar alguém de poder. Acho que a série vem para modificar estruturas”, comenta.

Confinamentos & afins — O olhar de um homem negro sobre resistência e representatividade
De Rodrigo França e Adalberto Neto. Editora Agir, 160 páginas. Preço: R$ 34,90.

Adriana Izel

Jornalista, mas antes de qualquer coisa viciada em séries. Ama Friends, mas se identifica mais com How I met your mother. Nunca superou o final de Lost. E tem Game of thrones como a série preferida de todos os tempos.

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