Existia uma expectativa muito alta em torno do filme Operação fronteira, da Netflix. E os motivos eram muitos. O primeiro deles era o elenco estrelar composto por Ben Affleck, Oscar Isaac, Pedro Pascal, Charlie Hunnam e Garrett Hedlunc. Depois, a história que prometia ser uma espécie de Onze homens e um segredo, com o dobro de ação ao mostrar um grande assalto e uma fuga maior ainda. Para finalizar, o fato de que a Netflix está vivendo um bom momento para os longas-metragens originais, com o sucesso de Bird box e de Roma, vencedor do Oscar.
Porém, nenhum desses fatos foi capaz de salvar Operação fronteira. Com direção de J.C. Chandor, o filme acompanha a história de Santiago ‘Pope’ Garcia (Oscar Isaac), um ex-soldado das Forças Especiais dos Estados Unidos que decide armar um plano para roubar o dinheiro de um poderoso traficante de drogas que mora no Brasil em uma região que faz fronteira com a Colômbia e o Peru. A ideia de Pope é aproveitar uma oportunidade e conseguir grana para a viver bem a vida toda.
Para executar esse arriscado plano, ele convoca quatro ex-companheiros do exército: Tom ‘Redfly’ Davis (Ben Affleck), William ‘Ironhead’ Miller (Charlie Hunnam), Ben Miller (Garrett Hedlund) e Francisco ‘Catfish’ Morales (Pedro Pascal). Inicialmente, os personagens não topam a missão. Porém, são convencidos pelo fator financeiro e ainda, mesmo que inconscientemente, pela própria vontade de reviver os sentimentos da época da experiência militar.
O filme começa ao melhor estilo de Onze homens e um segredo, com cada um dos cinco protagonistas exercendo muito bem a sua função dentro do roubo, com cenas de ação bem feitas e diálogos interessantes. No entanto, a ganância dos personagens faz com que o plano desande e tudo vira uma grande bagunça. Não só na missão do quinteto, como no enredo do filme. O longa-metragem passa a seguir um caminho pesado, violento e arrastado ao mostrar a fuga feita pela fronteira que une Brasil, Colômbia e Peru, com uma sequência de cenas de mortes totalmente brutas e até desnecessárias.
Com nomes de saltar os olhos, como Ben Affleck, Oscar Isaac, Pedro Pascal, Charlie Hunnam e Garrett Hedlunc, esperava-se muito mais do filme. A reunião do quinteto é, na verdade, um grande desperdício. Não é que os astros estejam ruins em seus papéis, esse não é o caso. O problema não é de atuação. É que a narrativa é tão confusa, que não justifica um investimento tão alto em ótimos atores. Fora que Pedro Pascal é completamente anulado na trama, quase como um coadjuvante de luxo.
A impressão é que o projeto sofreu uma virada e se transformou em outra coisa. Existe uma certa intenção de discutir os traumas e os valores desses personagens, que não estão apenas fugindo do assalto, mas das próprias vidas, metaforicamente. Só que tudo é tão demorado e violento que não causa empatia no espectador, que também entra nessa confusão que é Operação fronteira,. O longa que prometia, na época da produção, discutir o tráfico nas fronteiras, acabou sendo uma mexidão de tudo e, ao mesmo tempo, nada.
Sem falar que o retrato do Brasil é aquele bem característico de filme gringo: em que os personagens sequer falam português. Era melhor nem dizer que a produção se passava no território brasileiro.
O final de Operação fronteira dá a entender que poderia ter uma sequência, mas depois de tudo que foi exibido nas quase duas horas de filme, é melhor deixar pra lá mesmo.
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