O outro lado do paraíso termina nesta sexta. Confira balanço!

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A novela de Walcyr Carrasco foi um sucesso de público, mas dividiu a crítica especializada. E você, o que achou de O outro lado do paraíso?

Chega ao fim nesta sexta-feira (11/5) a novela das 21h da Globo, O outro lado do paraíso. No melhor estilo, “falem mal, mas falem de mim”, o folhetim de Walcyr Carrasco dividiu público e crítica. Enquanto é um sucesso de audiência, O outro lado do paraíso não agradou à imprensa, incomodada, especialmente, com o frágil texto de Walcyr.

Antes do desfecho ー para o último capítulo ficaram a punição dos vilões Sophia (Marieta Severo) e Zé Victor (Rafael Losso) e o final feliz de Clara (Bianca Bin), provavelmente ao lado de Patrick (Thiago Fragoso) ー, o penúltimo capítulo trouxe um julgamento eterno (que não terminou) com a cara da novela. Sem pé nem cabeça. Numa estratégia risível, o advogado de Sophia, vivido por Paulo Betti, tenta convencer os jurados e a juíza Raquel (Érika Januza), amiga de infância de Clara, parte interessadíssima no processo, que a assassina é Clara e não Sophia.

O capítulo inteiro foi dedicado ao julgamento, que não terminou. Até Raquel pediu intervalo de um dia! No dia seguinte, Mariano (Juliano Cazarré) reaparece para tumultuar tudo. Pelo menos a gente vai ter a oportunidade de ver um dos brasilienses da novela em destaque ー os outros são Denise Milfont e Anderson Tomazini, que deu uma entrevista para o blog, lembra?

O que valeu a pena em O outro lado do paraíso

Difícil, né? Mas algumas coisas valeram a pena na trama de Walcyr Carrasco. Marieta Severo deu show como Sophia. Durante a novela toda a vilã chamou a atenção, mesmo quando a personagem se perdeu. O ápice foi na reta final quando Sophia sofreu um AVC. Que atriz, minha gente! Marieta entortou a boca, sem vaidade nenhuma, e, com a dicção perfeita, se fez entender.

Marieta Severo brilhou na reta final da novela

Eliane Giardini, a Nádia, e Laura Cardoso, a Caetana, também brilharam. A primeira, especialmente no início da novela, quando Nádia destilava veneno e fazia de tudo para separar o filho Bruno (Caio Paduan ー leia entrevista com o ator) da então empregada doméstica Raquel. Mas Eliane não só divertiu, emocionou nas cenas em que a personagem se redime e aceita a relação dos dois.

Aos 90 anos, Laura Cardoso mostrou o porquê é considerada uma das damas da nossa tevê e também alternou momentos divertidos e emocionantes, como o do casamento de Josafá (Lima Duarte) e Mercedes (Fernanda Montenegro), uma das cenas mais comentadas de O outro lado do paraíso.

Laura Cardoso, Lima Duarte e Fernanda Montenegro: elenco dos sonhos

O que não foi bom em O outro lado paraíso

Mas não dá para acertar sempre, né? E O outro lado do paraíso está longe de ser uma sucessão de acertos. Pelo contrário, passará como uma novela de mais bolas foras do que dentro.

Quando a novela começou, duas tramas prometiam muito sucesso. Sophia tem uma filha anã, Estela (Juliana Caldas, leia entrevista com a atriz), e a maltrata, falando impropérios como chamar a menina de “monstrengo” para baixo. Estela vem para o Brasil, deixando um doutorado no exterior. Escutar isso tudo quieta deixou a personagem o menos crível possível.

Outro núcleo que descambou para o ridículo foi o de Samuel (Eriberto Leão). Alvo da vingança de Clara, ele tem a homossexualidade escancarada pela mocinha da história. Oi? Vingança não era para ser ruim? Isso é favor, Clara!

Romance de Cido e Samuel foi tratado como comédia pelo autor

Mas o problema não está aí. A relação de Samuel e Cido (Rafael Zulu) caiu no humor fácil e sem graça, digno das antigas esquetes de Zorra total. O que poderia render boas reflexões e cenas densas à altura de uma novela do horário nobre não nos fez nem chorar, nem rir. Nem mesmo Ana Lúcia Torre, sempre muito bem, salvou a lavoura. Na reta final, o casal Samuel e Cido voltou a ser falado por uma cena de beijo gay, seguida de mais uma atrocidade: a mãe de Samuel desiste da cura gay porque ele ameaça a abandonar caso ela não trate Cido bem.

A Globo ainda perdeu a oportunidade de discutir um problema que assola a sociedade brasileira: a violência contra a mulher. No início da trama, Gael (Sergio Guizé) bate na esposa, Clara. Ela o denuncia depois de sofrer bastante e ele acaba preso. Quando é solto, ele se namora Aura (Tainá Müller) e também a agride, mas não é denunciado. O problema é que daí por diante, Walcyr Carrasco apostou numa virada na trama na qual o médico Renato (Rafael Cardoso) passa a ser vilão e Gael o… mocinho! Mocinho que agride mulher?! Mais patético foi a cena de quinta-feira em que, sendo testemunha num julgamento, Gael se declara para Clara e pede perdão por ter batido nela, dizendo-se arrependido e pedindo mais uma chance.

Só para citar mais um problema de O outro lado do paraíso: que autor não sonha com esse elenco. Além dos medalhões já citados, Walcyr Carrasco tinha à disposição Glória Pires e Juca de Oliveira. Ele foi defenestrado (sorte a do grande ator!) lá pela metade da trama num ataque cardíaco patético. Ela, coitada, não teve tanta sorte. A personagem, Elizabeth, ficou à deriva a novela inteira, sem ter a menor função. E pior: encabeçou uma errônea abordagem do alcoolismo que beirou a irresponsabilidade.

Espero que fique a lição para a Globo. O outro lado do paraíso é a oitava novela de Walcyr Carrasco em 10 anos. Não dá para ser criativo e competente sem um intervalo maior. Só para comparar: João Emanuel Carneiro, autor da sucessora Segundo sol, no mesmo período escreveu quatro folhetins. Também é muito (vide o fiasco de A regra do jogo), mas é a metade. Férias urgente para Walcyr e que ele volte a ser aquele de O cravo e a rosa e Chocolate com pimenta!

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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