Em uma das minhas empreitadas pela Netflix, procurando aquelas séries que não são tão comentadas, esbarrei em One day at a time, e que descoberta feliz, viu? Quando apertei o play pensei: lá vem mais uma série carregada de estereótipos, com latinos engraçados para fazer os norte-americanos rir. Mas não é nada disso.
A história gira ao redor de Penelope, divorciada, filha de imigrantes cubanos, ex-militar que serviu durante a guerra no Afeganistão, e que trabalha como enfermeira para sustentar sozinha os dois filhos e a mãe. O roteiro é leve como uma pena, mesmo nos momentos em que assuntos mais sérios são abordados.
A filha é feminista convicta, a mãe uma trabalhadora dedicada, a avó é católica ferrenha, bem conservadora, e o filho menor é um garotinho cheio de energia, que só quer saber de se divertir. O pai teve um sério problema de alcoolismo ao voltar da guerra, e como nunca procurou ajuda para se tratar, recebeu um pé na bunda da mulher, que não aceitou um homem agressivo dentro de casa.
Um dos aspectos mais cativantes da série é o amor que gira ao redor de todos os personagens. Mesmo em meio às brigas, aos preconceitos e a tanto sofrimento, é possível sentir o carinho presente em todas as cenas. Com muita calma e dedicação entre os familiares, eles conseguem superar os obstáculos que vão aparecendo ao longo do caminho, sempre deixando uma mensagem bonita para o público.
Quero só abrir um parênteses para falar de Schneider, um rapaz branco, classe média alta, filho do dono do prédio onde a família cubana mora. O personagem é essencial para estabelecer o contraste entre a realidade dele e a de Penelope. Cada dia ele aparece com um problema mais supérfluo do que o outro, que vira ‘nada’ comparado à existência muito mais complicada dos inquilinos.
Não, não é apenas a mulher independente que faz a roda girar nessa atração. Homofobia, preconceito racial, machismo, superação, convivência de diferentes gerações, tantos assuntos fortes juntos… Definitivamente vale a pena.
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