Conheça séries que tratam de autismo com sensibilidade

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Produções como Atypical, da Netflix, e Malhação, da Globo, abordam autismo com responsabilidade. Veja outros títulos!

Sempre que uma produção de tevê ou de cinema trata de assuntos delicados como autismo parte do público fica com a pulga atrás da orelha: como será essa representação? Isso acontece porque a linha entre a caricatura (no sentido ruim da palavra) e a naturalidade é muito tênue. O caminho seguido também pode ser o da delicadeza, opção adotada por Atypical, série recentemente disponibilizada pela Netflix, e pela atual temporada de Malhação, Viva a diferença.

“Todo tipo de representação e de divulgação é muito importante. Ajuda bastante, mesmo que, às vezes, tenha um olhar romantizado”, afirma Ana Paula Golias, membro do Movimento Orgulho Autismo Brasil (Moab) e da Gerência de ajuda a pessoas com autismo, criada há pouco tempo pelo GDF.

Ana Paula ainda ressalta que é preciso que o público tenha a consciência de que há vários níveis de autismo e que, geralmente, apenas um é representado por obra. “É uma forma muito válida de mostrar que essa população (os autistas) existe e que ela quer e precisa ser vista. Meu filho tem autismo grave, mas não posso dizer que só ele pode ser mostrado. Os autistas moderados e leves também precisam ser vistos porque também sofrem preconceito”, complementa.

Em Atypical, o autismo é tratado de uma forma bem leve, o que, segundo, Ana Paula, é um ponto positivo. Sam (Kier Gilchrist) tem 18 anos e decide que quer namorar pela primeira vez, mas o rapaz tem dificuldades em permitir que uma menina nova entre para o mundo dele. Mesclando passagens cômicas e emocionantes, os oito episódios da primeira temporada da atração da Netflix acompanham ainda a relação da família de Sam com ele e com o autismo.

O pai dele, Doug (Michael Rapaport) quer se aproximar mais do jovem; a irmã Casey (Brigette Lundy-Paine) quer entrar para uma faculdade, mas teme deixar o irmão; e a mãe, Elsa (Jennifer Jason Leigh), acabou se anulando por conta do rapaz e agora quer dar a volta por cima.

“Há um pré-conceito, no sentido genuíno da palavra mesmo, com a família do autista também. A gente passa por um julgamento descomunal. Por isso, quando (a tevê) retrata os familiares, também ajuda bastante”, afirma Ana Paula, que ainda não teve a oportunidade de assistir a Atypical.

Malhação: amizade como antídoto contra o autismo

Trama de Benê em Malhação trata autismo com leveza

Interpretar uma autista ou a mãe de uma não é tarefa fácil para nenhuma atriz. O desafio tem sido abraçado por Daphne Bozaski e Aline Fanju, a Benê e a Josefina, mãe e filha em Malhação — Viva a diferença.

Na novela escrita por Cao Hambúrguer, a abordagem do autismo é bastante delicada e leve. Benê não lida bem com sons altos, luzes intermitentes, não se sente à vontade com multidão e nem quando é o centro das atenções. Além da mãe, as amigas Lica (Manoela Aliperti), Keyla (Gabriela Medvedovski), Ellen (Heslaine Vieira) e Tina (Ana Hikari) são o porto seguro de Benê.

“Tivemos um trabalho fundamental com nossa preparadora de atores Laís Correa, onde fomos buscando dentro de nós a essência para cada personagem. E assim busquei quais sentimentos da Daphne poderia emprestar para a Benê. Mas nos meus processos de composição sempre assisto a muitos filmes e leio livros para entender melhor os temas e questões que a Benê passa na trama”, afirmou Daphne ao Correio.

Aline Fanju também comemorou o fato de a novela tratar desse assunto com naturalidade: “A Josefina é mãe da Benê, uma menina que tem uma espécie de fobia social. É muito especial a maneira como o Cao Hambúrguer tem lidado como esse assunto. Ainda não sei direito como isso vai se desenvolver, mas é muito bonito ver como as outras quatro amigas a acolhem e a respeitam. A minha parceira com a Daphne também é grande. Nos preparamos para os personagens — lemos livros e assistimos a filmes sobre o assunto.”

Autismo com representatividade na tevê

Amor à vida — A novela de Glória Perez tinha a personagem Linda (Bruna Linzmeyer). A menina tinha autismo num nível avançado e acabou apresentando uma evolução muito boa ao conhecer e se apaixonar pelo médico Rafael (Rainer Cadete). “A atriz foi muito bem, mas o desenvolvimento da personagem foi utópico. Mesmo assim, a abordagem do assunto é benéfica”, avalia Ana Paula Golias.

O farol das orcas — O filme argentino está no catálogo da Netflix e apresenta uma história verídica na qual uma mãe procura na Patagônia um tratamento com orcas para o filho dela. “A luta dessa mãe é uma coisa impressionante. Esse filme é muito bom”, indica Ana Paula.

Touch — A série disponível na Netflix mostra um pai em dificuldades de comunicação com o filho autista. Para diminuir esse abismo, o homem descobre a habilidade do menino com os números e usa desse artifício. “A série é muito boa, mas essa facilidade do garoto com os números não é muito crível”, critica Ana Paula.

O contador — O filme de Gavin O’Connor traz Ben Affleck numa atuação classificada por Ana Paula como “impressionante”. Ele vive um contador autista que tem facilidade com os números, mas dificuldades sociais.

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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