Balanço: Orgulho e paixão acerta ao usar a leveza para retratar sua história

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Confira um balanço da novela Orgulho e paixão, que chegou ao fim na última segunda-feira (24/9)

Novela de Marcos Bernstein, Orgulho e paixão mais lembrou os bons clássicos “contos de fadas” do que um folhetim tradicional. Isso se deve ao fato de ter apostado na mistura de elementos do romance, da aventura e da ação, sempre com um ar de ingenuidade, e ainda com espaço para abordar importantes e atuais debates — apesar de a trama não se passar no dias de hoje — , com uma sutileza poucas vezes vista na tevê.

Os debates, inclusive, foram o grande trunfo da novela. O principal assunto foi o feminismo e o papel da mulher, que permeou diversas histórias desde a estreia, entre elas, a da protagonista e sonhadora Elisabeta (muito bem vivida por Nathalia Dill); da aventureira Mariana (Chandelly Braz); da senhora do café, Julieta (talvez o melhor papel da carreira de Gabriela Duarte); e até da romântica Ema (Agatha Moreira). Tanto que o discurso final de Elisabeta falou exatamente sobre as várias mulheres do Vale do Café, destacando a força de cada uma delas e as mudanças enfrentadas ao longo das trajetórias até se tornarem empoderadas ao final da novela.

Mas não foi apenas o feminino que teve holofote em Orgulho e paixão. A novela inovou mostrando o primeiro beijo gay do horário das 18h e apostou no romance entre o mecânico Luccino (Juliano Laham) e o capitão do exército Otávio (Pedro Henrique Müller). Em tempos de intolerância, o folhetim levantou a bandeira contra a homofobia e a favor da diversidade, o que nem todas as novelas têm conseguido fazer. E isso, mais uma vez, com uma leveza que o horário pede.

Em seu discurso final, Elisabeta destacou as mulheres do Vale do Café. Crédito: TV Globo/Divulgação

Inspirada em alguns livros de Jane Austen, como Orgulho e preconceito e Emma, Orgulho e paixão recorreu a uma construção narrativa que remete ao passado, com tramas leves e personagens bem caricatos. Nada de mocinhos que também são maus e vilões que também são bons. A trama apostou no maniqueísmo. O que poderia ser um defeito, no folhetim foi uma qualidade e não distanciou o público. No final, os bonzinhos viveram felizes para sempre e os maus foram castigados de alguma forma.

Outro ponto alto de Orgulho e paixão foram as atuações. Alessandra Negrini e Grace Gianoukas, Susana e Petúnia respectivamente, interpretaram a melhor dupla da novela, em uma vilania com atmosfera cômica. Gabriela Duarte também merece ser destacada. Em seu retorno à tevê, conseguiu dar vida à complexa Julieta e conquistou o público, sendo uma das personagens mais adoradas da novela. Não dá para não lembrar ainda de Vera Holtz, a mãe das Benedito, Ofélia, e de Ary Fontoura, Afrânio, o barão de Ouro Verde.

Após a exibição do capítulo final, Orgulho e paixão encerrou a história mantendo o padrão alto que mostrou em sua exibição, como uma narrativa bem redonda e bem construída, com inserção de assuntos importantes e uma leveza que será difícil esquecer e reproduzir de novo na telinha.

Quer spoilers do final? Confira aqui os desfechos de cada personagem.

Adriana Izel

Jornalista, mas antes de qualquer coisa viciada em séries. Ama Friends, mas se identifica mais com How I met your mother. Nunca superou o final de Lost. E tem Game of thrones como a série preferida de todos os tempos.

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