Ator Marcelo Cavalcanti pratica o otimismo acima de tudo

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Ator da série Rua do sobe e desce, número que desaparece, Marcelo Cavalcanti comemora o Dia dos Pais acreditando num futuro mais igualitário para a filha

O ator Marcelo Cavalcanti sabe que os dias estão mais propícios ao pessimismo, com a pandemia de covid-19 matando milhares por dia e com o cenário cultural brasileiro cada vez mais incerto. Com tudo isso, o intérprete de Dionísio na série Rua do sobe e desce, número que desaparece, do Canal Brasil, ainda acha espaço para o otimismo. Além da série, Marcelo arranca gargalhadas do público e se diverte a valer com seus convidados no projeto Improlive, que apresenta semanalmente nas redes sociais.

Pai de uma menina, Marcelo confirma que é sempre um otimista. “Espero um Brasil mais justo, sem preconceito, que respeite as diferenças, que pense no próximo e com menos desigualdades sociais. Um país menos machista, fascista, racista e homofóbico. Um país em que minha filha possa ser quem ela quiser ser. Eu sou sempre otimista. Sempre acho que as coisas vão melhorar, mas o mundo só vai ser melhor se educarmos nossos filhos pensando nessas causas”, afirma.

Sobrinho-neto de Maria Clara Machado, um grande nome do teatro nacional, Marcelo cresceu tendo acesso à cultura e hoje tem certeza de que “a arte e a cultura não morrem. Por mais que governos autoritários tentem abafá-las e censurá-las, elas sempre renascem mais fortes, são a identidade de um país. Creio que o retorno do teatro pós-pandemia virá pelas ruas, praças, jardins, espaços arejados, alternativos e não numa caixa preta. Então, voltemos à Grécia antiga.”

Entrevista// Marcelo Cavalcanti

Pai de uma menina, Marcelo Cavalcanti sonha com um Brasil mais justo

Como você foi parar no elenco de Rua do sobe e desce, número que desaparece?
Eu já havia trabalhado com (o diretor) Luiz Carlos Lacerda no filme O que seria desse mundo sem paixão. Ele gostou muito do meu trabalho e, um tempo depois, me contou do projeto da série e me fez o convite.

Como foi trabalhar com o Luiz Carlos Lacerda?
Ele é muito minucioso, cuidadoso, sabe muito bem o que quer em cada detalhe. Ao mesmo tempo é um diretor sensível às surpresas que surgem no momento do ”ação”. Ele é a história do nosso cinema. É uma enciclopédia do cinema brasileiro e mundial. Dividia experiências e conhecimento com a equipe o tempo todo. Eu ficava perto absorvendo tudo. Trabalhar com o Luiz Carlos Lacerda é enriquecedor.

Na série você interpreta um ator em início de carreira, com as inseguranças da profissão. Como foi revisitar esse momento?
Lembro que em meus primeiros testes, eu ficava muito nervoso achando que cada teste era o teste da minha vida. Eu me cobrava muito. Mas cada “não” que eu recebia me fortalecia e me estimulava a melhorar cada vez mais. Trazer à tona essas sensações e convicções da minha trajetória e emprestar ao Dionísio, foi essencial para humanizar e aprofundar esses momentos do personagem na série.

Você tem cenas de nudez e sexo na série, com o André Arteche. Como lida com esse tipo de série?
Não tenho problemas em fazer cenas de nudez e sexo desde que estejam a serviço da obra e que sejam importantes para contar a história.

Você está prestes a completar 40 anos, idade considerada tabu para os homens. A idade representa algo a mais do que um número para você?
Eu penso em viver até os 80. Então, 40 é o meio do caminho. É um marco importante pra mim, de sabedoria, inteligência, calma e de conquistas. Mas tenho certeza que o melhor está por vir. Novos papéis, novos perfis e novas escolhas. Para mim, 40 é o momento que todo seu caminho te dá suporte para crescer cada vez mais, como pessoa, profissional e consequentemente como artista.

Você é parente de Maria Clara Machado e o Dionísio acaba fazendo uma peça dela na série, com ele e você no elenco (risos). Ela teve alguma influência na sua decisão por ser ator? Qual?
Eu cresci no Teatro o Tablado assistindo a todas as peças da Clara. Amo muito toda a sua obra, desde pequeno. Uma vez em uma confraternização familiar, Clara chamou a mim, meu irmão, meu primo e nos levou para o lado de fora da casa e começou a nos contar a história de um dragão verde que ali vivia, nos transportou para uma viagem em seu universo naquela tarde e dizia: – Isso é o teatro. Eu achei tudo muito maravilhoso e fiquei encantado. A partir daí minha relação com o teatro mudou. Logo depois comecei a fazer aula no Tablado com a minha outra tia avó, Aracy Mourthé. Eu tinha 11 anos.

O Tablado é um importante celeiro de talentos teatrais do país. De que maneira centros como esse sobreviverão pós-pandemia num governo que não dá muita atenção à cultura?
Muitos centros vão acabar, infelizmente é verdade, mas outros movimentos vão surgir. Sempre surgem. A arte, a cultura não morrem. Por mais que governos autoritários tentem abafá-las e censurá-las, elas sempre renascem mais fortes, são a identidade de um país. Creio que o retorno do teatro pós-pandemia virá pelas ruas, praças, jardins, espaços arejados, alternativos e não numa caixa preta. Então, voltemos à Grécia antiga.

Durante a pandemia você tem divertido seus seguidores com a Improlive. Como surgiu o projeto?
Eu amo improvisar. É uma das minhas escolas. Então veio a ideia de fazer uma live de Improviso, assim surgiu o Improlive. Como estamos impossibilitados de nos encontrarmos presencialmente, o intuito era juntar os amigos para jogar , produzir e também nos divertir para abstrair da pandemia. Na primeira parte eu recebo um músico convidado e na segunda parte uma atriz ou um ator convidado. É uma live totalmente interativa. Estou feliz com essa repercussão. O retorno foi muito positivo, não só do público como dos convidados, que gostam muito da experiência. Amigos como Mateus Solano, Lúcio Mauro Filho, Thaty Taranto, Paulinho Serra, Guga sabatiê, Raissa Xavier, Raphael Gouveia, Pedro Nego, Polly Marinho, Vitor Thiré, Marco Esteves, Hamilton Dias, Dudu Azevedo e Ana Hikari já passaram pelo Improlive. Hoje, eu produzo, faço a programação visual e apresento. Tem sido muito bacana.

Você tem uma filha pequena. Como espera que seja o Brasil da juventude dela? Você tem esperança que será melhor do que o do jovem de hoje?
Espero um Brasil mais justo, sem preconceito, que respeite as diferenças, que pense no próximo e com menos desigualdades sociais. Um país menos machista, fascista, racista e homofóbico. Um país em que minha filha possa ser quem ela quiser ser. Eu sou sempre otimista. Sempre acho que as coisas vão melhorar, mas o mundo só vai ser melhor se educarmos nossos filhos pensando nas causas já citadas a cima.

Você tem algumas novelas, mas ainda não teve um protagonista em folhetins. Sente falta? Se sente preparado?
Novela nunca protagonizei, mas no teatro já protagonizei algumas peças. Na série Rua do sobe desce, número que desaparece, o Dionísio não é o personagem central, mas ele tem uma importância significativa, passeando por alguns núcleos. O que amadurece um ator é seu caminho. E graças ao meu caminho e minhas escolhas me sinto preparado para protagonizar uma novela.

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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