São Paulo – “As famílias são a chave para o estímulo na primeira infância. É ela que provê recursos, apego, amor, estímulo e aprendizados”, comentou Raquel Bernal, professora da Universidade de Los Andes, na Colômbia, durante o oitavo Simpósio Internacional de Desenvolvimento da Primeira Infânncia. “Nem todos os pais sabem fazer isso. Em alguns, não há espaço no cérebro pra pensar na criança já que estão lidando com problemas graves como falta de comida, falta de moradia.”
Por isso, ela defende que programas de parentalidade, incluindo os de visitas domiciliares, são muito importantes. No entanto, eles precisam ter qualidade. “Em outras áreas, se o governo investir em algo que não for bom, pode só desperdiçar dinheiro. Na primeira infância, se a qualidade do programa não for boa, você pode machucar e prejudicar as crianças”, alertou Raquel.
Elementos-chave que ela cita para assegurar a qualidade de programas de parentalidade são: currículo estruturado com base em evidências; pessoal qualificado, treinado e orientado sistematicamente; brinquedos e materiais para compartilhar; e supervisão construtiva. “Não tem equidade sem qualidade. E sem qualidade a gente corre o risco de intensificar desigualdades”, declarou Mariana Luz, CEO da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal.
Na avaliação do professor do Insper Naercio Menezes, para ajudar as famílias com menor escolaridade e renda, há muito que se pode fazer. “Os programas em que vemos mais efeito são os de visitas domiciliares, como o Criança Feliz. É importante ter alguém visitando essas famílias pobres para identificar problemas e encaminhar quando preciso, por exemplo, para um médico; além de ajudar a melhorar a interação entre as mãos e as crianças”, apontou.
O formato é reconhecido mundialmente, como comentou Helen Raikes, professora catedrática de estudos da criança, juventude e família da Universidade de Nebraska-Lincoln, nos Estados Unidos. Avaliando programas de visitas domiciliares, ela concluiu que eles têm resultados tanto de curto quanto de longo prazo.
“Os programas de visitação familiar podem reduzir pela metade a taxa de abuso e negligência à criança e o envolvimento com os serviços de proteção infantil”, analisou ela, a partir de quatro estudos sobre programas de intervenção de qualidade para crianças de 0 a 3 anos em situação de risco nos Estados Unidos.
Esse tipo de política pública também traz impactos ao desenvolvimento cognitivo e de linguagem. Em longo prazo, os resultados envolvem melhor escolaridade, empregabilidade e salários ao longo da vida. Em geral, na vida adulta, essas pessoas tendem a ter filhos mais tarde e a ser mais saudáveis (com taxas mais baixas de pré-hipertensão, menor risco de doenças cardíacas e menos obesidade).
*A jornalista viajou a convite da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal
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