Tag: poesia
Hoje em dia é preciso estar atento para não ser acusado de assédio. Um assovio fora de hora pode ser confundido com uma cantada indecente, um olhar mais insinuante pode causar dor de cabeça em cibalena, uma ordem no trabalho pode levar à delegacia, quem sabe, ao xilindró. São dias perigosos. Mas a alma romântica vence qualquer barreira, até as […]
O pintor irlandês Francis Bacon dizia que sua mente só funcionava bem para criar quando ele estava de ressaca e, por isso, bebia. O poeta alemão Charles Bukowski escrevia de garrafa na mão: “É este o problema com a bebida, pensei, enquanto me servia dum copo. Se acontece algo de mau, bebe-se para esquecer; se acontece algo de bom, bebe-se […]
Perdão: Estou predestinado a ser feliz. Que fazer? Não sei torturar Nem quero o poder A honra não me tenta Nem o sucesso almejo São versos de Climério Ferreira. Desmentem Pessoa duplamente: nem todo poeta é um fingidor, nem toda poesia é transe (o luso culpou a alteração de consciência por fazer 40 poemas em poucas horas). Melhor ficar com […]
Começa mais um ano em que a prosa dos políticos vai tentar dominar nossas cabeças. É da prosa que vem o proselitismo, os prosélitos, o sectarismo e as discussões chatas, num tempo em que não basta mais expor argumentos; investem em lavagem cerebral. É tempo de eleição, quando vaidades afloram. Tempo bom para o tinhoso fazer alistamento. A prosa é […]
Não é exatamente um parnasiano. Mal sentou-se e, sem que fosse feito o menor aceno, foi servido, com cerveja de garrafa “mofada”, canela-de-pedreiro, estalando de gelada. Antes do primeiro gole, olhou para o copo já suado e, alto e bom som, declamou: Eu bebo, Não é por vício, nem por nada É que olho no fundo do copo E vejo […]
Bares com as portas novamente abertas, o negócio agora é se adaptar ao horário. Para ver futebol, só se for campeonato europeu por causa do fuso horário, para ver os jornais da tevê, não se pode ir além dos programas vespertinos, regados a sangue; a opção é o velho papo. Mas não tem sido fácil. A turma vesperal dos botecos […]
Não é raro ver um sujeito escrevendo num guardanapo, enquanto sorve uma cervejinha, um conhaque, um daiquiri… São os poetas de bar, movidos a álcool, inspirados pela musa que mora no fundo das garrafas. Ou não. Há também a poesia sóbria. Advogado de profissão, ele tem chegado para a etílica reunião meia hora mais cedo. É o tempo que tem […]
Jorge Brito entrou exultante na padaria Pão Mineiro. Tinha conseguido um exemplar – exatamente o de número 11 – dos 50 volumes impressos de um opúsculo publicado pela editora Cultrix com a poesia Toada para se ir a Brasília, de Cassiano Ricardo. E mais: com a assinatura do autor. Era de se compreender a excitação do nosso livreiro-garimpeiro naquela manhã […]
Impressionado com a retórica dos causídicos, João Bosco Marinho, sonhou ser advogado. Acabou atendendo ao capricho do pai, caminhoneiro sertanejo, e virou médico. Fez carreira e amigos em Brasília, mas não se esquece da terra natal, Santa Luzia do Cabugi, na Paraíba, e nem das palavras que tanto o encantaram. Já com mais de 60 anos, decidiu fazer música e […]