A ameaça da pitanga

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Depois de uma certa idade ninguém quer explorar mais nada. Pelo menos é o que dizem por aí, já que os anos envergam e tiram o viço. Assim, não se sabe se foi o recolhimento forçado pelo vírus ou alguma conjunção astral, mas os três amigos deram de explorar as margens do lago Paranoá, aproveitando que as cercas caíram. Descontadas […]

Afugentando a cachorrada

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Não sei se dá para precisar a data, mas seria útil saber quando é que o Brasil começou o processo que redundou neste cinismo todo. Há tempos vivemos uma epidemia moral que vem acabando com a fama cordata do brasileiro; viramos iconoclastas, detratores, ridículos. Cuspimos para o alto como se não houvesse gravidade. Foi Antístenes quem, 400 anos antes de […]

Um lobisomem entre nós

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Medo fascina. Ninguém sabe exatamente porque as pessoas leem livros e veem filmes macabros, que deixam os cabelos da nuca em pé, dão frio na espinha e tremeliques pelo corpo; sensações longe de serem agradáveis. Há arrepios melhores. Mas o horror abraça. Há quem defenda que o corpo pede liberação de adrenalina para melhorar os reflexos, outros garantem que a […]

Um divã no botequim

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Convenhamos que bar não é lugar para discutir relação. Mas como hoje ninguém tem lugar para nada e a vida privada escorre pela latrina, lá estava o casal tentando acertar os ponteiros. Antes, porém, devo esclarecer que não caí na tentação de fazer fofoca; o que segue é só um caso mundano, cheio de testemunhas involuntárias. A moça parecia confundir […]

O homem das flores

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O colorido de Brasília brota do chão e desafia a cidade feita em concreto rígido. Mas nem sempre foi assim. Nos primeiros anos da capital, o objetivo principal era plantar grama; por um motivo prático: conter a poeira que subia da terra vermelha, impulsionada pelos lacerdinhas, como eram chamados os redemoinhos. A nova capital nasceu do cerrado desmatado por correntes […]

Agulha no agulheiro

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A habilidade do ser humano fazer música nasceu junto com as palavras. Ou até antes: há quem defenda que as primeiras comunicações eram musicais, ou quase; ainda hoje um grunhido vale por mim palavras, principalmente se sair da garganta da patroa. Daí para a frente foi a sonoridade – a onomatopeia – que dava sentido ao que ia sendo nominado. […]

Os gambás virtuais

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Quem toca um instrumento logo conhece alguém que também toca, que conhece outro e normalmente isso acaba numa roda musical. A cada encontro, uma descoberta, uma alegria que contagia também quem gosta de música mesmo sem tocar nada; alguns até decidem aprender. Não há nada de anormal nisso. O que é fora de série é um pessoal assim estar junto […]

Entre leões e urubus

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As esparsas chuvas recentes lavaram o céu de Brasília. A névoa seca formada por poeira, material orgânico flutuante e sabe-se lá mais o quê deu lugar a um azul anil vivíssimo que tem tornado a secura dos últimos dias suportável; no mínimo, mais colorida. Como está difícil ficar em casa, muita gente se arrisca pelos lugares públicos da cidade, desafiando […]

Canjebrina, a assassina

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O rapaz tem pinta de ser um brasileiro que sua para viver. O frio da noite nesta temporada de seca pedia casaco e até um pouco mais, mas ele ainda estava em mangas de camisa quando entrou no bar e, sem economizar na altura da voz – um amigo meu, preconceituoso, diz que pobre só fala gritando – pediu: – […]

Os bichos soltos

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Não demora muito e Brasília vai passar a ser conhecida como a capital das capivaras. E pelo menos desta vez não tem nada a ver com os antecedentes criminais de burocratas e políticos que eleitores de todo o País mandam para cá – capivara, no mundo jurídico, é sinônimo de folha corrida; quanto mais cabeluda, mais capivarento é o sujeito. […]