Os primeiros pingos ofereciam um espetáculo fascinante. Era apenas uma chuva, mas a animada conversa na mesa do bar foi interrompida como se não tivesse a menor importância diante da primeira água que caia do céu depois de quatro meses.
Como se o espetáculo precisasse de complemento, uma jovenzinha e uma criança deixaram a proteção da marquise e saíram numa dança alucinada e algo desencontrada, saudando a temporada que chegava.
Mãos levantadas, rostos virados para o alto, pareciam desafiar os marmanjos de gravata afrouxada que chegavam ao boteco e cujo maior ato de coragem foi trocar a cerveja do final da tarde por um Domec. A mesa emudeceu, caso raro.
Não era uma chuva grossa a que caia na Asa Norte, mas o importante é que molhava e confortava, provocava uma vontade de respirar fundo, não apenas para sentir o aroma da terra molhada, mas para aliviar as entranhas.
A seca terrível, agravada pelo racionamento provocado pela irresponsabilidade oficial, ficava para trás. A chuva durou pouco; as duas dançarinas de roupas umedecidas entraram no carro sob os protestos da senhora que trazia pacotes da padaria. Não era exatamente uma bronca. A nós parecia inveja de não ter feito o mesmo. E ela nem podia ter o alento de uma dose de conhaque de gengibre.
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