A hora do galo cantar

Publicado em Deixe um comentárioCrônica

Morador da Asa Sul há décadas, Márcio resolveu que era hora de mudar de ares e investiu em uma casa num condomínio na área rural. Aposentado, não precisava ficar na quadra que ele nem reconhecia mais, tantos eram os novos moradores, que encheram as ruas internas de carros. E comprou uma casa num condomínio da área rural. Era tudo o […]

Hedonista em tempo integral

Publicado em Deixe um comentárioCrônica

A pia batismal pode definir um futuro. Aconteceu em Mimoso do Sul, Espírito Santo, quando um servidor público entrou na igreja decidido a batizar o filho como Victor Hugo, homenagem ao escritor, dramaturgo e ativista francês. Foi impedido pelo padre que, mesmo passados cem anos, não havia perdoado as críticas que Hugo fez à Igreja Católica. O homem não se […]

Assédio poético

Publicado em Deixe um comentárioCrônica

Hoje em dia é preciso estar atento para não ser acusado de assédio. Um assovio fora de hora pode ser confundido com uma cantada indecente, um olhar mais insinuante pode causar dor de cabeça em cibalena, uma ordem no trabalho pode levar à delegacia, quem sabe, ao xilindró. São dias perigosos. Mas a alma romântica vence qualquer barreira, até as […]

A verdade em fantasia

Publicado em Deixe um comentárioCrônica

O problema das efemérides é que, no frigir dos ovos, elas não têm serventia. É assim agora: faz 10 anos que o Correio Braziliense começou a publicar este caderno e, com ele, essas crônicas. Ou mais ou menos isso, só o Chiquinho do arquivo é capaz de saber a data certa. Além de não dar muita pelota para datas e […]

Mato de ninguém

Publicado em Deixe um comentárioCrônica

O ataque é sorrateiro, de baixo para cima; os inimigos não voam nem pulam, mas têm uma resistência extraordinária e se agarram com incrível facilidade. É uma incursão militar, como se estivessem invadindo uma praia na Normandia. Centenas? Milhares? Uma miríade, incontáveis como estrelas e doloridos como espinhos cravados. É preciso voltar no tempo da narrativa. Nosso amigo foi aliviar […]

No caminho da roça

Publicado em Deixe um comentárioCrônica

Balão não pode mais e isso a gente compreende, até porque nessa época de seca, basta triscar duas bolas de gude que o mato pega fogo. Mas bandeirinha de papel de seda colorido não pode faltar em festa junina, uma tradição milenar apropriada pela igreja Católica de culturas pagãs que saudavam a chegada do verão do hemisfério norte. No mais, […]

Os inimigos estão por aí

Publicado em Deixe um comentárioCrônica

É difícil precisar quem foi o primeiro inimigo de Brasília, mas todos tinham em comum uma visão tacanha de mundo. Continua assim. Inventavam todo tipo de motivo para dizer que uma capital no centro do país seria inviável. Um intelectual, Gustavo Corção, chegou a vaticinar que o lago não iria encher por conta do terreno arenoso que ele nunca conheceu. […]

Alegria na música triste

Publicado em Deixe um comentárioCrônica

Amigo estrangeiro, forjado na rebeldia do punk rock, nunca conseguiu entender a tradição brasileira de se reunir para tocar e cantar músicas tristes. Fica impressionado com a melancolia das letras dos sambas que ouve nas rodas, com a festa formada diante de temas depressivos e até com a acedia das melodias dos chorinhos. Mal sabe ele que música triste é […]

Não vai dar tempo

Publicado em Deixe um comentárioCrônica

O mundo anda com muita pressa. Não bastasse ouvir os recados deixados no telefone com rotação acelerada para ganhar parcos segundos, agora a onda é ouvir música em velocidade mais rápida. Isso mesmo: o pessoal está com urgência que a música acabe. O artista gasta fosfato e talento – alguns nem tanto – para fazer uma canção e o gaiato […]

Poesia embebida em álcool

Publicado em Deixe um comentárioCrônica

O pintor irlandês Francis Bacon dizia que sua mente só funcionava bem para criar quando ele estava de ressaca e, por isso, bebia. O poeta alemão Charles Bukowski escrevia de garrafa na mão: “É este o problema com a bebida, pensei, enquanto me servia dum copo. Se acontece algo de mau, bebe-se para esquecer; se acontece algo de bom, bebe-se […]