A Liderança Feminina na Era Pós-Digital

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Poucas pessoas sabem que a Era da Informática tem um DNA feminino que atendia pelo título de Condessa de Lovelace. Sim, a Britânica, Ada Lovelace, formada em Matemática, criou o primeiro algoritmo para ser processado por uma máquina, sendo a primeira programadora da história. Entenda, ela não foi apenas a primeira mulher a escrever um código, o que já seria um feito histórico, foi a primeira pessoa da humanidade a escrever linhas de códigos. Podemos considerar, portanto, que a inteligência matemática de uma mulher deu início a uma transformação exponencial da história, iniciando a chamada Era Digital da humanidade.
A Condessa foi uma mulher fascinante, que faleceu jovem, aos 36 anos, com a mesma idade de seu pai, Lord Byron, ao lado de quem foi sepultada. Ela tinha muito apreço pelas artes, incluindo a dança. Seu espírito era maior do que a rejeição que sofreu dos seus pais. Sonhou e escreveu livro com suas pesquisas aprofundadas sobre materiais, vapor, anatomia de pássaros etc que permitisse realizar o seu sonho de voar, após ficar um ano doente com sequelas de sarampo, usando muletas para andar. Seu desejo de extrapolar os limites físicos, tinham origem na imensa capacidade de associar o pensamento lógico, ao metafísico. Em sua perspectiva, computadores poderiam ir muito além de cálculos e processamentos de números. Sua iniciação na matemática deu-se pelo medo de sua mãe que a filha pudesse seguir o veio boêmio de Lord Byron, pai de Ada, um dos escritores da famosa obra: “Dom Juan”. Por fazer jus à fama do personagem, mantinha os mais diversos relacionamentos extraconjugais e abandonou o lar quando a menina ainda era um bebê de 4 meses.
Entre 1842 e 1843, Ada traduziu um artigo do engenheiro militar italiano Luigi Federico Menabrea sobre a “máquina analítica”. Suas anotações extrapolaram o próprio teor original por trazer referências matemáticas minuciosas de sua própria autoria, incluindo um algoritimo por ela criado que deveria ser processado pela dita máquina analítica.
O Departamento de Defesa dos Estados Unidos, em 1980, aprovou a documentação de uma linguagem de programação, intitulada: “Ada”, em sua homenagem. No ano seguinte, o Prêmio Ada Lovelace foi criado pela Associação de Mulheres da Computação; Em 1998, foi criada a Medalha Lovelace pela Associação Britânica de Computação que passou a promover em 2008 uma competição anual para alunas. São diversas as iniciativas que homenageiam o pioneirismo desta Mulher muito a frente de seu tempo. Recentemente, em 2018, o Senado dos Estados Unidos, avaliou e instituiu por unanimidade, o dia 09 de outubro como Dia Nacional Ada Lovelace: “Honrar a vida e as contribuições de Ada Lovelace, como uma das principais mulheres em ciências e matemática”, declarou o Senador Democrata,  Ron Wyden

Mulheres na Astronomia


Henrietta Swan Leavitt (1868-1921) – astrônoma, norte-americana, antecedeu ao Hubble. Calculou a distância entre as Galáxias a partir da Luminosidade das Estrelas. Sua “régua cósmica”, ampliou de forma imensa os nossos horizontes. Sem os seus cálculos, o famoso astrônomo jamais poderia ter alcançado a precisão que sustentou o estudo dos astros.

Margaret Hamilton (1936) – Aos 14 anos já se dedicava a astronomia). Foi a engenheira de softwares responsável pela Missão Apollo 11, que levou o homem à Lua há cerca de 52 anos atrás.

Katherine Bouman, ou “Katie” Bouman, como se apresenta é doutora em engenharia elétrica e ciência da computação pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology). Foi a responsável por um grande feito na história recente da Astronomia, que permitiu a comprovação da Teoria dos Buracos Negros. No auge de seus 29 anos, em 2019, Katie liderou o desenvolvimento de um algoritimo com uma equipe de 200 Pesquisadores. O desafio consistiu em fotografar um buraco negro, provando pela primeira vez a sua existência. Ao invés de usar um Telescópio, sua criatividade permitiu utilizar dados de radiotelescópios em todo o mundo. “Fotografar uma laranja na lua, mas com um radiotelescópio. Imaginar algo tão pequeno significa que precisaríamos de um telescópio com 10 mil quilômetros de diâmetro, o que não é prático, porque o diâmetro da Terra não chega a 13 mil quilômetros”, afirmou a jovem e inovadora cientista.


As extraordinárias mulheres negras da história espacial
É imprescindível conhecermos a história incrível de 3 mulheres negras que contribuíram muito com a  história da NASA em sua hegemonia conquistada na corrida espacial. No Livro: “Estrelas Além do Tempo” (HarperCollins), que no Brasil também dá nome ao filme, podemos conhecer o pioneirismo das cientistas: Katherine Johnson, Dorothy Vaughan e Mary Jackson, tanto na luta pelo espaço e reconhecimento da competência feminina em um meio dominado por homens, quanto na questão racial. Viveram situações absurdas como por exemplo a obrigação de utilizarem um banheiro que ficava fora do prédio onde trabalhavam a uma longa distância, pois a segregação lhes proibia de compartilhar o mesmo banheiro que as mulheres brancas. Ao final deste artigo apresento o Trailer do filme para que saibam mais sobre esta saga extraordinária e a colaboração de cada uma nas viagens espaciais.

Destaco que Katherine Johnson, em 2015, recebeu o justo reconhecimento por suas contribuições científicas, ao ser honrada com a maior condecoração civil dada a uma pessoa pelo Governo norte-americano, a “Medalha Presidencial da Liberdade”. Em 2016, um Centro de Pesquisa com o seu nome foi inaugurado na NASA. Ela contava 97 anos. Aos 101 anos no dia 24 de fevereiro, faleceu.


Eu tive o privilégio de proferir uma Palestra com o tema deste artigo, para o “Conselho das Mulheres Empresárias”, no histórico Grande Hotel de Araxá, em Minas Gerais, há cerca de 1 ano atrás. Na ocasião pude compartilhar sobre a visão de que no chamado mundo em “disrupção”, potencializado pelos avanços tecnológicos e mudanças profundas, baseadas na economia colaborativa e do compartilhamento, a palavra de ordem será “humanização”, “colaboração em rede”.
Os excessos de uma mentalidade predominantemente Yang: (referência oriental sobre uma das energias que permeiam o Universo, cujas características são mais identificadas com a energia masculina) acumulativa, separatista, territorialista, bélica, conflituosa, desintegradora, dominadora, gananciosa, impermanente, controladora, nos últimos séculos, tem gerado toda ordem de desequilíbrio sistêmico, esgotamento dos recursos naturais, abismos sociais, concentrações de renda em proporções inaceitáveis, exclusão de gêneros, racismo e uma escala global de opressão e punição, está em revisão, pois os estragos causados levam a humanidade para uma condição de extinção praticamente irreversível.
O resgate, a regeneração planetária do ponto de vista social e ambiental, passa por uma postura mais integrativa ou se preferir por um olhar mais Yn (referência oriental sobre a outra energia que permeia o Universo cujas características se identificam melhor com a energia feminina). Aonde percebemos sua atuação? Nos movimentos inclusivos e de defesa das minorias que espalham-se mundo a fora, a consciência ecológica liderada por crianças como a jovem sueca, Greta Thunberg, ativista do clima e da proteção dos animais (vegetariana) de 13 anos que mobilizou o mundo ao liderar greves para que sua geração deixe de frequentar as escolas nas sexta-feiras e de frente ao Parlamento de seu País, fez o mundo enxergar que não adianta enviar seus filhos para serem educados a viver em um mundo que poderá não existir mais, devido ao risco de colapso ambiental. A disseminação de empresas criativas e startups reinventando a economia mundial, o questionamento dos modelos tecnológicos de aplicativos que exploram a vida humana e a migração de plataformas de entregas, compras para o controle dos próprios prestadores de serviços, os movimentos de hortas urbanas como as de Paraisópolis em São Paulo que pretendem gerar 30% de toda demanda de hortaliças diretamente dos telhados das casas da comunidade, os movimentos antirracistas organizados com o resgate de escritores , cientistas e profissionais negros de todos os segmentos da Sociedade, a cultura de reutilizar, reciclar, do trabalho compartilhado, da moradia compartilhada, do equilíbrio ecológico através do veganismo, a simplicidade, o minimalismo e dezenas de outras modalidades, constituem-se na própria característica regenerativa feminina: associativa, integradora, colaboradora, acolhedora, cuidadora, restauradora, tolerante, espiritualista. A transformação da realidade tem a essência e a natureza feminina.
Os avanços tecnológicos apontam para o fato de que as atividades braçais, operacionais, que exigem força física, comumente associadas a mão de obra masculina, serão substituídos por máquinas, equipamentos e robôs. Os segmentos de futuro com baixa capacidade de substituição da mão – de obra, pela Inteligência Artificial ou pelos robôs estão relacionados às atividades artísticas, de acolhimento pessoal, de engenharia, computação e outras com maior desempenho e performance intelectual. Contudo, outras inteligências como a emocional e a espiritual são cada vez mais entendidas e aplicadas nas organizações modernas também. É um cenário favorável a energia feminina.
Como dizia a Condessa Ada, “A associação da intuição e da imaginação com os conceitos matemáticos e científicos, são ferramentas capazes de explorar “mundos invisíveis ao nosso redor”. Assim, como o pensamento feminino deu início a Era Digital, será ele o responsável pelo equilíbrio e resgate da Sociedade Humana, na Era Pós-Digital! Que possamos viver em um mundo mais justo, pautado pelo equilíbrio, respeito, solidariedade, compaixão, compaixão, amor e fraternidade! Mudemos a narrativa da escassez e da competitividade selvagem, pela conscientização de nossas dimensões mais essenciais, de abundância e harmonia. Tenhamos a coragem de acreditar e participar ativamente da construção deste mundo que queremos ver e viver. Iniciemos pela visão sistêmica e integradora típica do feminino que tem a capacidade de acolher o masculino, em busca de um equilíbrio mais profundo, projetando e moldando um Novo Existir!
Namastech ! (link)

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