Extremismo Político e Digital

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Vice-Presidente da Argentina
Cristina Kirchner

A ex Presidente e atual Vice-Presidente da Argentina, Cristina Kirchner, safou-se de dois disparos no rosto, por falha na pistola de Fernando Sabag Montiel, de 35 anos, que atentou contra a sua vida na noite de 01/09, em Buenos Aires. Os “Haters” na internet se dividem nos mais variados Grupos, desde ataques misógenos, políticos, à violência do racismo, da homofobia, entre outros. Fernando alimentou-se de teorias neonazistas, tatuou um “sol negro” e uma “cruz gamada”, símbolos nazistas em seu corpo. Sua fonte ideológica, claro, os diversos Grupos de Internet que seguem impunes a cooptar mentes fracas e pertubadas, como a deste jovem nascido no Brasil.

No seu Artigo: “A Senda do Ódio”, o extraordinário pensador e intelectual Português, Rui Tavares, nos dá algumas pistas das origens do extremismo moderno ao exemplificar a figura do jornalista Leon Daudet (16/11/1867 a 02/07/1942) e sua Obra: “O Estúpido Século XIX”, recheada de discursos de ódio contra os avanços científicos, a democracia, o progresso e o Estado Laico. O posicionamento radical de Daudet se notabiliza em suas obras literárias e na imprensa francesa de sua época, pelo apoio ao Fascismo, ao Anti-Semitismo e sua posição pró Nazista.

Curiosamente, diversas lideranças políticas parecem ter ressuscitado estes pilares da separatividade e trabalham claramente com a máxima do “Separar para Conquistar”. Tais fatos se reconhecem com as Polarizações Políticas verificadas globalmente com radicais de esquerda e de direita a se atacarem, gerando um imenso prejuízo às relações humanas e ao convívio em sociedade. O adoecimento emocional, chega a uma escala inominável com a indústria farmacêutica a bater todos os recordes ano após ano, na produção e venda de ante-depressivos, no número alarmante de suicídios, na evasão escolar e profissional.

Se há muito, veículos de imprensa sustentam-se de notícias ruins e sangrentas e os canais de entretenimento banalizam-se com seus conteúdos de violência e alarmismos de toda natureza, a Internet e seus algorítimos se encarregam de fomentar os posicionamentos de ódio, proliferando  conflitos e toda ordem explícita ou oculta de boatos e destruições de reputações, gerando aumento exponencial no tráfego de informações, que gera publicidade, que gera U$bilhões anuais.

Que mundo é este onde o pior e mais chocante é o que mais vende? em que momento caímos nesta armadilha da divisão, da pedagogia do medo, na radicalização, na polarização?

Será que este sentimento escalado mundialmente pelas redes sociais, são fortuitos, ingênuos, frutos de uma livre expressão, como tentam nos convencer ou é fruto de ma clara manipulação social? Como desconsiderar a relação óbvia destes extremismos estimulados com ataques coletivos como os verificados no dia 04/07 nos EUA e tantos outros ocorridos de forma recorrente por lá? O atentado à Vida do extraordinário pacifista e ex Primeiro-Ministro Shinzo Abe, em 08/07, próximo passado é resultante desta corrente insana de agressões virtuais que extrapolam para atos extremos de agressões físicas, por vezes fatais, como lamentávelmente foi o caso.

Recentemente a barbárie do radicalismo político chocou o Brasil, com a notícia de que um extremista de direita de Foz do Iguaçu-PR, invadiu uma festa de aniversário familiar, temática, que homenageava o pré-candidato presidencial, Lula da Silva e após discutir, regressou com arma em punho, atirando no aniversariante que antes de morrer revidou e o atingiu também, deixando-o em estado grave. Tanto um, quanto outro, não faziam segredos em suas redes sociais acerca de suas predileções políticas e assim eram identificados por seus amigos e familiares mais próximos.

Invariavelmente me arrepio com a intensidade de discursos apaixonados, ideológicos que suscitam o “nós contra eles”, a luta do “bem contra o mal” e outros absurdos semelhantes, que tentam sacralizar suas “causas”, cometendo a heresia de evocar tal qual se via nos tempos obscuros da idade média e da “Santa Inquisição”, o sagrado nome Divino para justificar agressividades verbais (escritas, faladas e expressadas de diversas formas), para além da prática de atos insanos como estes mencionados.

Precisamos nos desintoxicar do mundo digital, filtrando nossos acessos, escolhendo o padrão de conteúdos que desejamos internalizar e vibrar! Autoconhecimento é tudo na senda da exteriorização do Amor, da Harmonia e da Paz que desejamos Viver! Enquanto precisarmos de um “inimigo” para rivalizar e com isso expressar as nossas potencialidades, seremos presas fáceis nas mãos dos que buscam o nosso distanciamento e separatividade humana.

A Humanidade urge dar o seu Salto Civilizatório e convergir ao invés de se desagregar, sob o risco de nossa própria sucumbência. É chegada a hora de corrigirmos as rotas, regulamentarmos de forma mais rigorosa os excessos, abusos e violências digitais, exigindo dos atuais controladores do mundo virtual, as suas próprias responsabilidades!

É preciso avançarmos para a Terceira Geração da Internet (Web 3), contemplando indivíduos e coletividades, ao invés dos impérios bilionários da Web 2 sustentados com toda esta massa de irascividade e destemperos que só causam distanciamentos e enriquecimento dos proprietários das redes sociais. É preciso privacidade e premiação para aqueles que contribuirem efetivamente para um conectividade universal, descentralizada, autônoma, capaz de redirecionar os desígnios essenciais de uma rede mundial voltada para a Fraternidade Humana ao invés de destruí-la e escravizá-la!

Que possamos refletir mais uma vez sobre nossas próprias responsabilidades e sobre os alertas daqueles que embora neste mundo nos ajudam a não ser aprisionados por ele, como por exemplo o Sábio Mestre Dalai Lama:

Namastê!

One thought on “Extremismo Político e Digital

  1. Quão rico esse assunto! Necessariamente, não há o que dizer. Atualmente, as prozas não existem mais, um assunto sobre intelecto ou futurista não faz parte do cotidiano humano e por consequência, não temos refletido em novas ideias que possam fazer com que o mundo se torne um lugar melhor. De fato, precisamos nos desintoxicar do mundo digital, buscar soluções e conversas pacificas uns com os outros, aprender a compreender e ter empatia pela vida do próximo, e, se colocar no lugar de quem necessita de apoio.

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