Angela Pitel, proprietária do Restaurante Roma | Crédito: Divulgação

Um clássico que conquista gerações

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Roma e Brasília se misturam. Esse fato só é possível graças a Simon Pitel que, em 1964, adquiriu o Restaurante Roma. O estabelecimento foi criado antes mesmo da inauguração da capital, por Luiggi Brandi. Pioneiro na região, sua premissa era oferecer o sabor da autêntica culinária italiana. 

“O restaurante passou a ser dirigido pelo meu pai, um belga apaixonado pela gastronomia e pelas oportunidades do Brasil. Ele escolheu Brasília como sua cidade do coração e aqui iniciou o seu legado. Desde então, o Restaurante Roma se tornou uma referência em tradição, qualidade e hospitalidade, atravessando gerações e mantendo viva a essência dos seus fundadores”, conta Angela Pitel, atual proprietária e filha de Simon.

Desde o dia que abriu as portas, permanece no mesmo local: na 511 Sul. No entanto, ainda que renomado e querido por muitos moradores da região, o Restaurante Roma também vivenciou momentos desafiadores. 

“Ao longo das décadas, enfrentamos muitos desafios, especialmente, os econômicos. Em tempos de orçamento apertado, sabemos que comer fora, muitas vezes, deixa de ser uma prioridade. Por isso, adaptamos o nosso cardápio com pratos individuais que atendessem não só ao paladar, mas também ao bolso do brasiliense, especialmente em tempos de vacas magras”, explica Angela.

Mais recentemente, o maior desafio, de acordo com a proprietária, foi a pandemia de 2020. “Como tantos outros, tivemos que nos reinventar da noite para o dia. A nossa sorte foi já contarmos com um serviço de delivery bem estruturado, o que facilitou a migração do movimento do salão para as entregas”, destaca. 

Em contrapartida, superando as adversidades, o Roma também traz em sua história momentos simbólicos que, na percepção de Angela, reforçam o papel do restaurante como parte viva da história de Brasília. “Por estar presente desde o início da capital, colecionamos memórias que vão muito além da gastronomia, são histórias que revelam como o Roma também se tornou um ponto de encontro, convivência e até de reconciliação”, ressalta. 

Durante as décadas de 1960 e 1970, até o início dos anos 1980, o Roma funcionava até às cinco horas da manhã. Naquela época, a proprietária destaca que a boemia brasiliense era forte e os bailes, festas e encontros culturais movimentavam a cidade. “O nosso restaurante era parada obrigatória para quem queria ‘restaurar as energias’ depois da noite agitada com uma canja de galinha bem temperada ou nosso tradicional caldo verde”, recorda.

Angela comenta ainda que, entre os momentos memoráveis, o restaurante também já teve o privilégio de atender diversas autoridades e personagens políticos importantes. “O mais bonito disso tudo é que, mesmo quando eram opositores nas tribunas, dentro do salão do Roma sempre reinaram a cordialidade e o respeito. Já recebemos, inclusive, alguns ex-presidentes, porém não durante o exercício do cargo”, acrescenta.

Mais recentemente, o restaurante foi escolhido como cenário para um filme gravado em Brasília, chamado “Pequenas Criaturas”, de Anne Guimarães. Para Angela, trata-se de uma nova forma de eternizar o espaço e mostrar ao Brasil um pedacinho da história da capital que pulsa também dentro do Roma. “Esses momentos são provas de que somos mais que um restaurante: somos palco de encontros, de memórias e de histórias que atravessam gerações”, indica. 

O paladar brasiliense

Depois de décadas, o filé à parmegiana continua sendo o carro-chefe da casa. Os ingredientes do prato são selecionados, mas Angela destaca que o diferencial é o carinho envolvido na preparação. “É o verdadeiro segredo da nossa receita”, pontua. Segundo a proprietária, o objetivo é que a comida remeta à infância, às memórias da casa da avó e ao conforto que só o alimento preparado com amor pode proporcionar. “É um clássico que conquista gerações e continua sendo o queridinho de quem passa por aqui”, diz. 

No entanto, embora seja o destaque da casa, Angela ressalta que o cardápio, ao longo dos anos, se desenvolveu e, atualmente, vai muito além da culinária italiana. “Adaptando sabores e criando pratos que dialogam com o paladar do brasiliense. Contamos com uma variedade deliciosa de massas, pizzas e outras especialidades que agradam aos mais diversos gostos. Cada prato conta uma história de tradição, afeto e dedicação”, afirma.

Três perguntas para Angela Pitel, proprietária do Restaurante Roma:

No mês do aniversário de Brasília, o que leva o Roma a celebrar junto à capital?

É justamente esse nascimento conjunto que torna o mês de abril ainda mais especial para nós. Celebrar o aniversário do Restaurante Roma junto com o da capital é motivo de orgulho e gratidão. Para nós, é uma honra fazer parte da história de Brasília desde os seus primeiros dias, carregando também o sonho do senhor Simon, que sempre acreditou no potencial da cidade que estava nascendo para construir, lindamente, sua história. 

Por que o estabelecimento é um dos mais tradicionais da capital?

A história do Restaurante Roma se entrelaça com a própria história de Brasília. Localizado na icônica W3 Sul, a avenida que, na época, era considerada o shopping a céu aberto da cidade. Nela o restaurante rapidamente se tornou um ponto de encontro para moradores e visitantes. Era comum ver famílias e amigos caminhando pela W3 aos finais de semana, parando no Roma para saborear uma boa refeição e aproveitar momentos de lazer. Com o passar dos anos e a evolução da cidade, a movimentação da W3 diminuiu, mas o Roma permaneceu firme, consolidado não apenas pelo seu endereço, mas pelo carinho do público brasiliense. 

O que garante a qualidade dos pratos oferecidos?

A qualidade dos nossos pratos vai muito além dos insumos de primeira linha. O verdadeiro diferencial do Restaurante Roma está no cuidado com que tudo é feito. Esse cuidado começa na nossa cozinha, com uma equipe que é, na verdade, uma grande família.