IMG_0735 Onice Moraes de Oliveira, proprietária da Referência Galeria de Arte - Crédito: Paulo Vega Jr.

O negócio da arte

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A mistura de tradições, vivências e etnias traz, ao Brasil, uma cultura intensa, diversificada e com uma longa trajetória histórica. Todos esses fatores possibilitam que diferentes tipos de artes sejam criadas no país e, para que cada obra seja devidamente exaltada, é possível contar com galerias para expor, comercializar e valorizar o trabalho artístico. 

Em Brasília, um dos empreendimentos que se destaca nesse setor é a Referência Galeria de Arte, que possui mais de 26 anos de atuação na capital. O espaço, localizado na Asa Norte (SCLN 202), não cobra entrada para ver as exposições em cartaz e surgiu a partir de um projeto familiar, onde a proprietária Onice Moraes de Oliveira avaliou que o Distrito Federal possuía uma carência voltada à exposição de obras de arte.

“Essa situação precisava ser mudada, tendo em vista que a cidade é a capital do país, nascida e criada como um símbolo da arte moderna, sob os projetos de Oscar Niemeyer, Athos Bulcão, Lúcio Costa, Marianne Peretti, Ceschiatti e Bruno Giorgi. Dessa forma, era necessário trabalhar para que a arte estivesse presente na região”, explica. 

Com toda sua expertise, a galeria mantém a sua tradição de realizar visitas periódicas em ateliês para conhecer as obras de artistas pessoalmente. Esse cuidado possibilita que a Referência encontre um acervo exclusivo, especial e de alta qualidade para os seus clientes. Além disso, Onice preza pela parceria com cada artista para que haja uma relação duradoura e, dessa forma, é possível estar a par dos projetos e necessidades dos profissionais do ramo. 

“Além de comercializar as obras dos artistas que representa e as obras que fazem parte de seu acervo, o papel do galerista é em grande medida apoiar o artista, criando meios para que ele continue a produzir com o máximo de liberdade. Por outro lado, é também papel do galerista ouvir as demandas do artista, saber o que ele precisa para realizar um projeto pessoal, que talvez nada tenha a ver com a galeria. Tudo precisa ser visto e revisto constantemente para contribuir para um ecossistema das artes sustentável”, explica. 

O espaço consolidado na cidade como um ponto importante para exposições, obteve alguns destaques ao longo deste ano. Foram realizadas, por exemplo, mostras individuais e coletivas de artistas representados pela galeria. “O trabalho de galeria vai muito além de realizar exposições e fazer vendas. Sempre elaboramos o cronograma com pelo menos um ano de antecedência. Reunimos a equipe e pensamos mês a mês as ações tanto de exposições, como educativos – encontros e conversas abertas ao público, oficinas para artistas, entre outros – e participações em feiras de galerias de arte e mostras institucionais”, comenta.

Arte na capital

Para Onice, não é de hoje que o Distrito Federal se destaca na produção de arte contemporânea. Segundo a empreendedora, muitos dos artistas de Brasília têm grande visibilidade no país e no exterior. “Talvez pelo fato da cidade já ter surgido com a interação entre urbanismo, arquitetura e arte, mas também pela relação da academia com as artes visuais, como o Instituto de Artes da Universidade de Brasília e a Faculdade Dulcina de Moraes, de onde saíram muitos dos profissionais que hoje são atuantes no mercado”, avalia.  

Nesse contexto, a riqueza artística de Brasília também foi um fator fundamental para que Onice se interessasse pelo segmento. A empresária galerista pontua que, com a convivência e visitação a outros ambientes, foi determinante para a criação da Referência. “A pioneira galeria Oscar Seráphico, no Setor Comercial Sul (SCS), foi uma inspiração para me apaixonar pela arte. As obras ficavam dispostas na galeria, de tal forma que podíamos manuseá-las e escolher o que que quiséssemos. Trouxemos essa forma de expor os trabalhos dos artistas para o dia a dia da Referência. Os nossos clientes gostam de visitar o acervo e ver as obras de outros artistas que não conhecem ainda ou conhecer melhor a produção de vários deles”, diz.

Três perguntas para Onice Moraes de Oliveira, proprietária da Referência Galeria de Arte:

Qual será o futuro da arte?

A arte existe desde os primórdios da história da humanidade. Ela é a manifestação concreta da presença humana sobre a terra. É através da arte que, no futuro, as pessoas vão poder contar como nós éramos, o que pensávamos, como nos relacionávamos e quais eram os nossos anseios como pessoas. Imagino que isso continuará acontecendo hoje e no futuro. Os suportes, meios, matérias e temas de interesse podem mudar, mas ela sempre será um espaço de fabulação, onde o indivíduo pode criar novas possibilidade.

Quais são os serviços oferecidos pela galeria?

Além de apresentar as obras dos artistas representados e de obras do acervo da galeria a colecionadores, curadores, arquitetos e representantes de instituições públicas e privadas, a Referência oferece consultoria sobre como montar uma coleção de arte, realiza projetos expográficos de acervos privados, instalação de obras na casa ou no escritório dos clientes, encontros com artistas e curadores, ações educativas e projetos culturais.

Quais os planos para 2023?

O mês de janeiro começa com a continuidade da exposição “Arte Por engano”, de Francisco Galeno. Logo depois, abrem as mostras de Marcela Campos, Karina Dias, Patrícia Bagniewski, Talles Lopes, Valdson Ramos, Ralph Gehre e José Roberto Bassul.  Também vamos participar da SP-Arte. Estamos também trabalhando para realizar a terceira edição da Feira Brasília de Arte Contemporânea (FBAC).