Convivência (quase) pacífica

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(da Revista do Correio) (foto: Lucas Von Glehn / Divulgação)

 

Ter um animal de estimação em casa é sinônimo de alegria para muitas pessoas. Eles são companheiros em qualquer situação. Quem já possui um bicho sabe disso e, com certeza, já deve ter sentido aquela vontade de aumentar a família, mas sempre surgem dúvidas. Qual o melhor momento? Como evitar o ciúme? Especialistas esclarecem e explicam que a apresentação entre dois bichinhos tem tudo para dar certo, entretanto, deve ser extremamente planejada.

Por mais inteligente que o seu animal de estimação pareça ser, ele vai ter dificuldade de compreender a chegada repentina de outro similar. Exatamente por essa razão, a introdução deve ser feita aos poucos. “Antes de decidir, devem ser avaliadas várias questões, como idade, gênero e raça, por exemplo. Não existe mágica, tem que ser gradual”, afirma o especialista em comportamento canino, Lucas von Glehn.

Um aspecto que facilita a relação entre os pets é a diferença de idade: quanto menor mais fácil. A adaptação de bichos com idades parecidas acontece de maneira mais natural, logo, é menos complicada. De acordo com Lucas, é preciso ter mais cuidados com cães idosos e cachorros muito novos. “Diferentemente dos cães mais velhos, o filhote tem muita energia”, disse. Por isso, os donos devem estar atentos para controlar um pouco do entusiasmo dos pequenos.

A servidora pública Paula Pane, 27 anos, e o marido dela sempre gostaram de bichos e adotaram uma cadelinha de rua, a Jay. Posteriormente, Paula pegou uma fêmea que morava na casa de seus pais para fazer companhia a ela. Infelizmente, pouco tempo depois Nissy faleceu e a dona percebeu que Jay passou a se sentir solitária. “Nós trabalhamos o dia inteiro, ela fica muito tempo sozinha. Achamos que precisava de companhia e compramos uma filhote da raça border collie”, contou Paula.

A escolha da raça da nova integrante da família foi uma preocupação, ainda que a servidora pública afirme que a personalidade da Jay é tranquila. Ela acreditava que adaptação não seria um problema, mas, mesmo assim, optou por uma consultoria com um especialista. “Lemos muito sobre como deveria ser a transição. Porque a Jay — que já tinha se acostumado a ser única — começaria a dividir atenção novamente”, ressalta. A mudança de comportamento ficou evidente para a dona: a cadelinha queria chamar a atenção. E conseguia. A vira-lata, que sempre foi muito obediente em relação às suas necessidades, começou a fazer xixi fora do lugar.

Foi então que os donos entenderam a importância de aprender a ignorar as atitudes de “rebeldia”. Paula percebeu que brigar com a cadela primogênita era suficiente para satisfazer sua necessidade de ser notada. “Quando eu chegava em casa e percebia que ela tinha feito xixi no lugar errado, não falava nada. Apenas limpava e ia embora”, relata a servidora pública. Jay começou a perceber que a estratégia já não funcionava mais e voltou a se comportar. Hoje, a relação entre as duas cadelinhas tem sido bem tranquila.

O primeiro conselho dos especialistas é que o contato inicial entre os novos membros da família aconteça fora de casa, para que eles possam se encontrar de forma mais casual. O motivo de se realizar a apresentação fora do lar é simples: “Dentro de casa já existe uma estrutura de matilha, à qual o animal já se adequou. Quando o outro individuo entra abruptamente, surge um comportamento de desconfiança, que pode gerar competições gratuitas”, pontua Lucas. Outra sugestão é fazer pelo menos duas ou três inserções antes de realmente introduzir o novo bichinho no lar.

É natural entre os bichos o instinto de competitividade, porém, existem formas de os donos desestimularem tal comportamento. Um jeito simples de amenizar possíveis tensões é associar algo positivo a esse encontro, para que eles entendam que existe vantagem na relação. Basta oferecer um estímulo, seja um carinho, seja um petisco. A ideia é que eles se sintam bem e vejam o encontro como algo compensador, deixando de lado a tendência ao ciúme.

A associação de animais é vantajosa, tanto para os donos quanto para os bichos de estimação. “Quando se tem dois cães, por exemplo, eles vão se bastar durante maior parte do tempo e fazer companhia um para o outro”, diz o especialista em comportamento canino, Lucas von Glehn. Porém, é importante compreender que isso não tira a responsabilidade do dono de se fazer presente. A interação com a pessoa é essencial para o animal. O profissional esclarece ainda que o mais aconselhado é que os bichos tenham gêneros diferentes e que um dos dois seja castrado para evitar crias fora de hora. “O dever em relação à procriação é dos donos”, defende. Cabe a eles manter a harmonia entre os novos amigos.

Dicas para o dia a dia:
Pense no tamanho dos bichos. É interessante que eles sejam compatíveis.
Cada animal deve ter o seu próprio pote de comida e de água.
Dê atenção individual a cada um dos pets regularmente
Cumprimente o bicho de estimação veterano primeiro, sempre.
Não permita disputa por brinquedos. Cada um deve ter o seu.