Presente em diversos pratos da gastronomia, é uma iguaria que ganha cada vez mais espaço nos menus de restaurantes brasilienses
Pouca gente sabe que existe em Brasília uma fabulosa produção de mirtilo, aquela frutinha roxa de sabor um pouco ácido muito apreciada na gastronomia no preparo de purê, sorvetes, sucos, drinques ou mesmo pelo consumo in natura, que tem propriedades medicinais incríveis, sendo a mais conhecida a de combater o envelhecimento. Originária da Europa e dos Estados Unidos, a fruta típica de clima frio é uma das mais ricas de antioxidantes já estudadas. O poder de melhoria da visão atribuído ao mirtilo é uma história que vem desde a 2ª Guerra Mundial quando os pilotos britânicos comiam a fruta antes dos vôos noturnos por acreditarem que assim enxergavam melhor os alvos inimigos.
Conhecido como blueberry, em inglês, e arándano, em espanhol, o mirtilo brasiliense é fruto da tenacidade e dedicação do pesquisador nissei Osvaldo Kivoshi Yamanishi, de 55 anos, engenheiro-agrônomo formado na Universidade Federal do Paraná com mestrado e doutorado no Japão. Desde 1997, o descendente de japoneses nascido em Ibiúna (SP) reside na capital e é professor da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (FAV) da Universidade de Brasília. É lá em seu gabinete cheio de livros e vidros de amostras do mundo inteiro de mirtilo e de outras frutas processadas que o pesquisador se comunica com o planeta da fruticultura com um olho no computador e o outro nos canteiros, onde crescem mais de 3 mil plantas da espécie Vaccinium pertencente à família Ericaceae.
Com conteúdo elevado de polifenóis tanto na casca quanto na polpa, a frutinha foi introduzida no Brasil no ano de 1983 através de uma coleção de plantas trazidas pela Embrapa Clima Temperado sendo que a primeira iniciativa comercial se deu a partir de 1990, em Vacaria (RS), uma das regiões gaúchas mais frias, cuja temperatura no inverno chega fácil a zero grau ou até abaixo. Este ano, no dia 30 de julho os termômetros registraram 7,2 ºC negativos. Daí o espanto do professor Yamanishi quando viu uma florescente cultura de mirtilo no norte da Austrália, região produtora de banana e mamão, que fica no paralelo um pouco abaixo ao de Brasília.
“Uma importante empresa agrícola comprou enorme extensão de terras férteis e caras para produzir mirtilo na Austrália. Me contaram que um nativo quando viu a chegada das mudas não entendeu a opção e exclamou: se é para plantar em vasinhos, poderiam ter comprado cascalho que é mais barato”.
Muitos usos
“Um dos mais altos custos na produção do mirtilo é a colheita feita manualmente”, diz o professor, que acaba de voltar do Peru, para onde leva os alunos num intercâmbio de experiências no cultivo da fruta, que foi o principal produto agrícola na pauta das exportações peruanas em 2021, a frente da uva, abacate e morango. Como qualquer outro, a expansão do cultivo do mirtilo vai depender sempre da demanda.
Nos Estados Unidos existem mais de 600 produtos processados da fruta à venda no mercado, desde vitaminas e comida infantil até o pão. Aqui, o mirtilo in natura, que pode ser encontrado o ano inteiro, está presente no cardápio de cafés e restaurantes de alta gastronomia. A começar pelo da chef Alice Yamanishi, mulher do professor Osvaldo, que comanda o Yuzu-an, instalado no Clube Nipo-Brasileiro, ao lado do Rubaiyat na Avenida das Nações. Lá, ela prepara o blueberry soda, “bebida refrescante sem álcool que pode ser preparada com tônica ou com água com gás e limão”, ensina.
“Os clientes gostam muito de consumir o mirtilo na “sakerinha”, informa a chef. Trata-se de um drinque feito com saquê, mirtilo e morango. Já o chef pâtissier francês Serge Segura confecciona torta de mirtilo, que faz sucesso no L`Amour de Pain, nos fins de semana. “A fruta chega às quintas-feiras e eu preparo uma base de paté sucrée (massa açucarada que se desmancha na boca) e cubro com creme de confeiteiro e geleia de mirtilo”, diz Serge, que oferece a iguaria em porção individual, enquanto a torta precisa ser encomendada.
No restaurante Aroma (407 Sul), o chef Ronnie Peterson não deixa faltar no menu a sobremesa que ele desenvolveu com o nome de merengata. É uma compota de frutas, como mirtilo, com suspiro. Também se usa a blueberry em bolos, coberturas e muffins, além de caldas, molhos e no smoothy, gelado que é uma delícia.
Pode-se dizer que mirtilo é a cereja do bolo da vez. O pesquisador Yamanishi até concorda e observa: “pode-se colher três quilos de fruta por planta, cujo valor agregado é capaz de trazer uma renda verdadeira ao pequeno produtor”.
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