Não dá mais para contar nos dedos quantas são as casas que servem sushi e sashimi em Brasília. Até churrascarias tiram proveito de sua fama. Isso pode até dar a (falsa) impressão de que a cozinha japonesa se limita a essas receitas. Só uma olhada mais atenta no cardápio se percebe o quanto é amplo o repertório.
Com certeza, a constatação vai acontecer quando abrir as portas na 213 Sul (Bloco B), o novo japa chamado Kawa, que em japonês significa rio. “A palavra remete ao sobrenome dos meus sócios, o nissei Eduardo Togawa e o cearense José Afrânio Rios”, explica o chef e sushiman Marcos Akaki. Foi ele quem teve a ideia de se lançar numa empreitada ambiciosa e cara como é o restaurante que está sendo finalizado na Asa Sul.
“Pensamos inaugurar o Kawa por volta do dia 20 de julho, mas a obra pode atrasar”, admite o chef de origem japonesa, que não é estranho na cidade. Akaki chegou em 2016 para tocar o Oma, na 411 Sul. Quando venceu o contrato de um ano, por uma questão de logística, a grife se mudou para o Centro de Lazer Beira Lago, onde os donos acomodaram o bistrô nipônico no prédio ocupado pelo Otro Parilla.
Seduzido pela capital, o sansei paulista de 43 anos passou a vislumbrar outras alternativas. “Tive a oportunidade de conhecer empresários interessados num projeto gastronômico”, revela. Assim, Akaki se torna sócio-proprietário de um restaurante, muito maior do que já teve em São Paulo.
Ele é o primeiro cozinheiro da família — o pai é arquiteto e a mãe administra a empresa de construção —, e toda a sua formação é baseada nas técnicas e sabores orientais. O chef viveu 14 anos no Japão, numa província distante 30 quilômetros de Tóquio e, de volta a São Paulo, continuou a trabalhar em casas típicas de sua etnia, que somam mais de 20.
Os peixes e frutos do mar vêm do litoral paulista, mas cogumelos, verduras, frutas e legumes são produzidos no Distrito Federal. Até os cortes especiais da carne têm selo brasiliense, como a Beef Passion. “Desenvolvi as entradas para serem compartilhadas”, explica Akaki, que elegeu a guioza; os cogumelos grelhados na chapa com manteiga, shoyo e saquê (R$ 20) e o beans tempurá, que é um empanado de vagem com molho de teriyaki e crispy de shimeji (R$ 22).
Entre os principais, destaque para o ebi rios, camarão empanado em massa crunch envolto em tiradito de salmão temperado com tabasco, finas fatias de limão taiti, teriyaki, cebolinha e gergelim torrado por R$ 44. Outra sugestão são canoas de endívias grelhadas cobertas com cubos de salmão temperado com cítrico de limão siciliano, massagô (ovas de peixe) com wassabi e vieiras por R$ 35.
“Ao compartilhar pratos, você pode comer com muito mais qualidade e por menor preço”, sentencia o chef, que não serve rodízio. Sushis e sashimis vêm num combinado de 22 a 70 peças. O maior dá para três pessoas e custa R$ 258. Com capacidade para 120 lugares, a casa tem um salão térreo, sushibar, robata grill e outro sushibar no primeiro andar. Com toque oriental está sendo executado jardim externo, onde ficarão mesas protegidas por ombrelones.
Com a mesma madeira da indústria náutica a fachada é feita de ripas, usadas também no interior da loja, num efeito leve, bonito e sofisticado, que por si só, já é capaz de fazer a casa bombar. Imagine os sabores.
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