A menina, gourmet de nascença, era louca para fazer bolo. A mãe, porém, cautelosa dizia que só aos 12 anos. Quando completou uma dúzia de primaveras, Daniela Cadena fez um bolo de caixinha. Foi o primeiro, pouco tempo depois já não precisava mais de misturinhas industrializadas, passou a preparar os próprios quitutes. Até que surgissem menus – duas entradas, prato principal e sobremesa – servidos na casa dos pais, no Lago Sul.
“Para mim, era muito natural estar na cozinha experimentando pratos”, diz a autodidata brasiliense, que aprendeu segredos culinários lendo livros de cozinha e testando sabores. Ainda no segundo grau, Daniela teve a ideia de vender no Sigma pirulito de chocolate e sanduichinho natural produzidos em casa com a ajuda da colega Ana Cristina. Quando foi aprovada em dois vestibulares: direito, à noite no Ceub, e psicologia, pela manhã, na UnB, ainda encontrou tempo para cozinhar para os amigos. Clicava cada prato com olhar estético, o que a levou a desenvolver nova paixão pela fotografia. Chegou a ser convidada a expor fotos sobre Brasília na Rodoviária.
Ainda durante o curso de direito, Daniela se tornou estagiária do procurador Rodrigo Janot, renomado gastrônomo, com quem falava também sobre receitas. No fim do ano, Janot ofereceu à equipe de auxiliares almoço no Le Bateau Ivre, que era o seu restaurante preferido comandado pelo hoje saudoso chef Gerard Durand. “Foi o primeiro confit de canard que comi na vida”, lembra Daniela, cujo prato predileto, não por acaso, é justamente o pato confitado.
Há pouco mais de um ano, a futura doceira pediu para uma amiga que iria ao sul da França que trouxesse nougat, que ela ama, desde que provou numa feira na Provence e comprou sem perguntar o preço. “Você acaba de gastar os 50 euros que dariam para todas as compras”, informou-lhe o pai. A história se espalhou na família e entre os amigos. Por isso, quando a xará Daniela Cronenberg, foi encarregada de lhe trazer um nougat de Cannes, observou: “ Amiga, você deve fazer esse doce com um pé nas costas.”
Não deu outra. Cadena pesquisou um monte de receitas e obteve um resultado 50% com menos dulçor que o francês, adaptando a consistência de acordo com o clima. “O principal desafio foi descobrir o ponto das caldas de açúcar (demerara orgânico) e do mel de cipó uva, que mescla com clara de ovo caipira e acrescenta castanhas” Ela faz cinco sabores de nougat e todos levam amêndoas e flor-de-sal de Mossoró. São diferenciados pela cor do rótulo como verde escuro, o de pistache, cranberry e macadamia; amarelo, de figo turco, nozes e castanha-de- caju; marrom de avelã e nozes; laranja da casca da laranja-bahia e pistache e verde forte, de cupuaçu e castanha de caju.
Estão disponíveis em vários pontos de venda, como Teta Cheese (na tábua para cortar); no Quanto Café, Evolua, Acervo e outros, além do Universal que vai oferecer de sobremesa no mês de julho. Daniela recebe encomendas para festas e, se for mais de um cento sai por R$ 12 a unidade. Telefone: 98422-2707.
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