O cozinheiro é conhecido pelo trabalho como pizzaiolo, mas também prepara pratos congelados
“Se você me chamar para ir cozinhar na sua casa, basta me mostrar onde estão os materiais e os alimentos, o resto é por minha conta”, garante Ocacyr Junior, Oca para os íntimos, o chef autodidata de 64 anos, que passou a cozinhar depois que perdeu definitivamente a visão há 26 anos. Ele recusa a expressão deficiente visual, porque “o cego não é uma pessoa deficiente, é sim eficiente naquilo que se propõe a fazer; a deficiência está em quem julga essas pessoas”, dita o chef, que gosta de comer, daí ter-se dedicado a culinária quando não havia mais chance de voltar ao antigo trabalho no banco.
Sua luta foi árdua desde que sofreu um acidente de carro e o único órgão atingido foram os olhos. Por quase 10 anos, ele foi submetido a 35 cirurgias, entre elas, 12 transplantes de córnea. Após a última, aos 38 anos Oca teve uma infecção hospitalar que acarretou a cegueira definitiva. Foi aí, que o mineiro nascido em Formiga e residente em Brasília desde o primeiro ano de idade, procurou ficar independente cursando o Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais (CEEDV), que ensina orientação e mobilidade.
Personagem de filme
Em 2004, Oca que já cozinhava com o seu pai, de quem herdou o nome, fez um curso de pizzaiolo com o chef Dudu Camargo e foi o único da turma que seguiu adiante a carreira profissional. Foi Dudu quem o apresentou ao ator Edson Celulari em uma visita a Fratello Uno, pois esse precisava compor a sua personagem no filme Teu mundo não cabe nos meus olhos, do cineasta gaúcho Paulo Nascimento, sobre um cego que herda uma pizzaria do pai. Celulari ficou surpreso ao descobrir uma figura verdadeira para a ficção e admitiu que “tudo que aprendeu para interpretar o personagem foi comigo”, relata Oca Junior.
A história de superação do cego que se tornou pizzaiolo foi revelada no programa do Jô Soares, quando Ocacyr Junior fez pizza de linguiça calabresa ao vivo e garantiu boas gargalhadas do entrevistador e do público. Além da calabresa, há portuguesa, marguerita, atum com cebola, bacon com alho, palmito com creme de leite e catuperoni, que é muçarela, pepperoni e catupiry, entre os sabores das redondas de massa artesanal com 15 cm de diâmetro vendidas congeladas por R$ 10 cada.
Encomenda
O chef tem na mulher Juliana Cardim a ajudante que o acompanha nos convites para cozinhar fora. Com a participação de mais uma pessoa a dupla já serviu jantar na Estancia Gaúcha para 300 pessoas. Capaz até de desossar frango em sete minutos, Oca tem no tato um de seus melhores sentidos a ponto de ser também massoterapeuta. Elegante em seu dólmã vermelho, feito sob medida, prepara em casa os pratos que são vendidos congelados.
Atualmente, a estrela do menu é o arroz de polvo com camarão, mas também tem vatapá e bobó de camarão, além de galinhada e feijoada. Outra atração é o baião que não é de dois, mas de oito sabores feito com amor pelo chef, que se sente feliz com a opção: “Se eu pudesse voltar a enxergar e não pudesse trabalhar com gastronomia, eu não queria voltar a enxergar. A comida além de alimentar o corpo, alimenta a alma, dá nostalgia, traz emoções e constrói memórias”, conclui. Telefone: 98208-6588 e instagram @ocacyrjunior.
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