Bento Gonçalves (RS) – Uma forte geada tardia em setembro do ano passado na Serra Gaúcha, quando a brotação das parreiras já estava em curso, causou uma quebra na safra da uva. “A perda em termos de quantidade da fruta não afetou a qualidade do vinho”, afirmou o enólogo Juliano Perin, presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE), que promoveu no último sábado, nesta cidade, a 24ª Avaliação Nacional de Vinhos.
“Não se trata de um concurso – explica Perin – mas de uma mostra que pretende dar ideia como foi a safra 2016”. Participaram do certame 241 amostras de 46 vinícolas de mais de 10 microrregiões produtoras. Se no passado, o vinho brasileiro era essencialmente gaúcho e ainda predomina fortemente, hoje se faz vinhos em diversos outros estados. Além do Rio Grande do Sul, enviaram amostras para a avaliação vinícolas de Santa Catarina, Bahia, Minas Gerais e São Paulo.
Novas castas
Outro diferencial foi a diversidade de cepas provando que as vinícolas brasileiras vêm alcançando excelente resultados não apenas com castas tradicionais, como as tintas Cabernet Sauvignon e Merlot e a branca Chardonnay. Pela primeira vez, a avaliação – considerada a maior do mundo – classificou 11 variedades distintas entre as 16 selecionadas para o público. Essas 16 resultaram de uma seleção entre 75 mais representativas da safra, segundo apreciação técnica feita por 90 enólogos.
Entre as tintas, a diversidade se deu com Alicante Bouschet, Tempranillo, Tannat e Marselan, cuja amostra da Casa Valduga obteve nota acima de 90. A uva é uma híbrida de origem francesa resultante do cruzamento entre Cabernet Sauvignon e Grenache. Entre as brancas, destaque para a Chardonnay, Sauvignon Blanc, Moscato Giallo e Riesling Itálico, que coube a mim comentar. A amostra era de um vinho fino seco não aromático, que ainda estava no tanque da Salton. No tom amarelo pálido me agradou muito o aroma de maçã verde e o frescor mineral na boca, como só os brancos alemães têm, embora no cultivar itálico é menos expressivo do que no renano.
Homenagens
Um juri formado por especialistas e jornalistas do Brasil e do exterior (Bélgica, Chile, França, Grécia, Estados Unidos e Reino Unido) no total de 15 comentou cada uma das amostras. A 16ª foi comentada por um jurado sorteado entre a plateia, da qual fizeram parte mais de 850 pessoas de diversos pontos do Brasil.
O serviço do vinho, feito por alunos do curso de viticultura e enologia da região, também teve números grandiosos. Noventa estudantes serviram as taças dos participantes num trabalho que durou cinco horas, pois para cada uma das 16 amostras foram servidas 90 garrafas totalizando 1.440. Após as degustações, um grupo da Cia Sorriso com Arte, de Santa Maria (RS) apresentou um show de dança e arte circense.
Ao final do evento, a ABE que comemora 40 anos conferiu dois troféus de reconhecimento. O primeiro denominado Vitis Amigo do Vinho 2016 ao professor italiano Roberto Rabachino, autor de mais de 22 livros, que já formou mais 1.500 sommeliers internacionais no Brasil. Rabachino, que já comandou degustação na Trattoria Da Rosario, em Brasília, dedicou o troféu a todos os pequenos produtores brasileiros. O Troféu Vitis Destaque 2016 foi entregue ao enólogo Antonio Agostinho Czamobay, o primeiro a conquistar o título de Enólogo do ano em 2004. Conhecido pela sua veia poética, o homenageado se declarou “muito emocionado, como dia o poeta Vladimir Maiakovski, ‘ minha anatomia ficou louca. Sou todo coração’.
A colunista viajou a convite da Associação Brasileira de Enologia (ABE)
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