A Vinícola Brasília reúne 10 vinhedos em espaço que integra a Rota das Uvas do DF
“A altitude geográfica, que traz mais radiação solar, e a amplitude térmica, característica magnífica de período previsível sem chuvas, além de água disponível, são responsáveis pelo terroir do cerrado, que conjuga natureza e terra com a enorme capacidade das pessoas, que tem ligação muito forte com a agricultura, numa feliz combinação da excelência que está dentro das garrafas”. Assim se pronunciou o enólogo gaúcho Marcos Vian, autor dos vinhos locais, durante a inauguração da Vinícola Brasília, aberta no último fim de semana, como parte das comemorações do 64º aniversário da cidade.
O ato contou com a presença do governador Ibaneis Rocha, que aproveitou o evento realizado no PAD-DF, a 55 quilômetros da rodoviária, para lançar a Rota das Uvas de Brasília, que segundo ele, “será mais um polo de geração de emprego e renda, com o fomento da cadeia produtiva em torno da fruta”. A rota, semelhante ao que existe no mundo inteiro em regiões vitivinícolas como da França, Itália, Espanha, Portugal, Califórnia e outras, reúne sete projetos localizados não só ao longo da rodovia Brasília-Unaí, mas também no Lago Norte e Sobradinho. Para o secretário de Governo, José Humberto de Araújo, “a cidade precisava de mais alternativas para o turista ter oportunidade de conhecer a área do agronegócio, onde o enoturismo está crescendo muito”.
Arcos, vidro e concreto
Sempre chamou a atenção de quem passa pela BR 251, o canteiro de girassóis, na época da floração, e a construção do imponente prédio ao lado da entrada da AgroBrasília. Depois de algum atraso está pronto e tem até jardim e vinhedos na frente. A obra é assinada por dois escritórios de arquitetura da cidade: o Lazzeri Arquitetos e o Studio Az Projetos, de Flavia Amorim e Renata Melendez, que com o marido Rodrigo, são co-proprietários da Ercoara.
“Por se tratar da primeira vinícola da cidade, era importante que o espaço tivesse a identidade local e que fosse um marco nessa nova etapa da região”, explica o paper assinado pelos responsáveis pela arquitetura, totalmente inspirada no modernismo da capital. Linhas retas, concreto aparente, cobogós e espelho d´água são elementos marcantes presentes na edificação, que contou com mão de obra local. Os azulejos, por exemplo, foram fabricados pela Cubo Azulejaria, de Brasília. Os arcos em tijolinho é outra referência feita à origem italiana dos primeiros agricultores.
A estrutura, que conta ainda com uma loja para a venda de vinhos, pode ser alocada para festas e eventos. Para tanto, quatro dias antes da inauguração assumiu o cargo de gerente comercial, Artur Farias, responsável pelo funcionamento do espaço aberto para o público.
Meia dúzia de rótulos
Antes mesmo dos discursos houve uma degustação técnica dos vinhos avaliados por especialistas que se reuniram na cave, localizada no subsolo do prédio, onde estão as barricas. Começou pelo excelente Sauvignon Blanc Cobogó de boa acidez com aromas de frutas, como maracujá e goiaba, com toque cítrico, ideal para o clima quente do cerrado, seguido pelo rosé Pilotis, feito de Sirah e Tempranillo.
Na sequência vieram três tintos: Malbec Syrah Croqui, Malbec Alvorada e Syrah Alvorada. Por último, o Syrah Monumental, que foi apresentado entre as 16 amostras mais representativas na Avaliação Nacional de Vinhos 2023, realizada em Bento Gonçalves. Foi a primeira vez na história do concurso que um vinho de inverno (classificação que se refere ao sistema de produção de dupla poda ou ciclo invertido) ganhou destaque na seleta lista.
Todos os rótulos são de autoria do arquiteto e designer brasiliense Raffa Inneco, inspirado nos ícones locais, como cobogó, pilotis e Eixo Monumental. A estimativa é produzir cerca de 300 mil garrafas por ano.
Euforia dos donos
Lágrimas e muita emoção não puderam ser contidas na celebração da obra, resultado do pioneirismo, trabalho e paixão de vitivinicultores que transformaram o solo da região em deslumbrantes videiras, símbolo da produção de um líquido vivo, bíblico e edificante. Identificados por um elegante chapéu branco, homens e mulheres serviram pessoalmente os vinhos aos visitantes representando os 10 vinhedos: Casa Vitor, Ercoara, Horus, Marchese, Miro, Monte Alvor, Oma Sena, Alto Cerrado, Villa Triacca e Vista da Mata.
O sonho e disposição desses produtores em revolucionar o vinho brasileiro numa nova região com ciência e tecnologia resultam do trabalho e da garra de seus ancestrais, que há quase meio século foram convocados pela administração da época para tocar o ambicioso programa de assentamento dirigido. Agricultores sulistas, a maioria de ascendência italiana, fizeram do PAD-DF um enorme sucesso.
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