Por muito tempo, a maior atração da Serra Catarinense foi o frio. Nos últimos anos, porém, além das baixas temperaturas que atraem turistas do Brasil inteiro, as terras de Santa Catarina produzem uvas viníferas que se transformam nos melhores vinhos de altitude do país. São castas francesas e italianas que chegaram ao estado trazendo um novo panorama para a viticultura.
Mas o que domina a produção são mesmo as uvas americanas, além de uma híbrida (cruzamento entre uva vinífera e uva americana) que é a branca Goethe, natural da região de Urussanga e Pedras Grandes. Em 2012, os vinhos dessa uva tiveram o reconhecimento oficial de sua qualidade, tipicidade e identidade com a conquista para os Vales da Uva Goethe da única Indicação de Procedência do setor vitivinicultura fora do Rio Grande do Sul.
A fruta, que recebeu o nome em homenagem ao escritor e poeta alemão Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832), foi originada nos Estados Unidos e resulta do cruzamento de 97% de viníferas europeias e 13% de uvas americanas. Foi trazida por um imigrante italiano para São Paulo no final do século 19 e no começo do século 20 chegou à Santa Catarina pelas mãos de outro italiano Giuseppe Caruso MacDonald, que dá nome à primeira vitivinicultura de Urussanga, fundada em 1913, cujos barris de tijolo maciço com quase 4 metros de altura se tornaram ponto turístico da cidade, que tem apenas 20 mil habitantes.
Extremamente aromático e frutado, o vinho é leve e tem boa acidez. Sua cor amarelo-palha chega às vezes à tonalidade dourada. Não demorou a ganhar fama rompendo a fronteira catarinense até chegar em 1930 ao Palácio do Catete, sede do governo Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, onde o vinho branco catarinense era servido ainda no Copacabana Palace e no Jóquei Clube. No final do século 20, o cultivo da uva Goethe foi quase extinto em função da exploração do carvão. Muitas famílias abandonaram os vinhedos e foram trabalhar nas minas.
Só recentemente se deu uma retomada no cultivo da uva quando produtores locais se reuniram e fundaram a associação ProGoethe, que congrega diversas vinícolas, como a Casa Del Nonno, Vigna Mazon, Vinícola De Noni, Trevisol e Quarezemin. O vinho harmoniza bem com frutos do mar.
Três gerações de amor pelo vinho formam a Casa Del Nonno, cuja tradução significa a casa do avô. Atualmente, Renato Mariot Damian e Matheus Damian, pai e filho, tocam a vinícola que fica no coração da cidade. Foi lá que se deu a elaboração do primeiro espumante da uva Goethe. Se tiver chance não perca a degustação do bom frisante durante um animado sunset — evento que acontece uma vez por mês. O destaque é o espumante brut 100% Goethe. As visitas podem ser feitas de segunda a sexta (das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) e sábado, das 8h às 12h, à rua Olivio Gealdini Mariot 79, em Urussanga.
Na comunidade de São Pedro, interior de Urussanga, a família Mazon, imigrante de Treviso, na Itália, iniciou a produção de uva e vinhos na década de 1970 e, 30 anos mais tarde, abraçou o enoturismo, oferecendo um lugar ideal para confraternizar, relaxar e degustar a boa comida e o bom copo. O cardápio não poderia ser mais saboroso: frango ensopado, feito no fogão à lenha; fortaia, que são ovos batidos à moda italiana misturados com queijo e galinha frita na banha com cebola alho, molho de tomate. Antes, porém, você degusta salada de folhas de radicchio estalando de frescas com molho pesto feito com nozes pecan.
Gizelda Mazon lembra que a propriedade já foi “ponto de parada para descanso dos que íam em busca das águas termais de Gravatal, que fica a apenas 60 quilômetros”. Considerada a expressão máxima do terroir são os espumantes produzidos pelo método champenoise (ou tradicional) brut e demi sec Terrarra, além dos vinhos seco e demi sec Augusta, em homenagem à Augusta Debiasi, mãe dos fundadores da Vigna Mazon. Com diversos salões, no meio do parreiral, lá costumam ser realizadas festas de casamento, formatura, aniversários, congressos e cursos de degustação de vinhos e cozinha gourmet. Acesse www.mazon.com.br ou ligue (48) 3465-1227.
Natural de Nova Veneza, cidade próxima, o arquiteto Névton Vicente Rech Bortolotto é diretor de Cultura e Turismo de Urussanga, mas você poderá encontrá-lo no horário de refeições no restaurante Pirago, tocado por ele e pela mulher, no bairro do mesmo nome. Trata-se da primeira casa típica colonial edificada em pedra a partir de 1885 por imigrantes italianos provenientes de Pirago, região italiana de Longarone. O prédio, que conserva a beleza e a originalidade, guarda ambiente acolhedor graças à madeira de demolição usada no interior.
Lá se pode comer muito bem e barato. Por apenas R$ 60 são servidos cinco pratos entre as seguintes opções: risoto de alho-poró com palmito e linguiça; nhoque recheado de muçarela ao molho de 4 queijos; espaguete à matriciana; filé de frango com molho de aspargo; filé-mignon ao funghi e outras. Fica na Estrada Giovanni Baldessa, telefone (48) 3465-2907.
O caminho mais bonito para Urussanga — cidade que cultiva a tradição italiana e todos os anos realiza a festa Ritorno Alle Origini, este ano foi de 24 a 26 de maio — é pela SC 114 atravessando a Serra do Rio do Rastro, conjunto de cânions de excepcional beleza localizados no município de Bom Jardim da Serra. É necessário, contudo, que o tempo esteja bom, com céu limpo, caso contrário cai a neblina e pouco se enxerga da paisagem.
São Joaquim, a região mais fria de Santa Catarina, a metros a nível do mar, é um terroir excelente para uvas francesas como Cabernet Sauvignon, Merlot, Pinot Noir e Sauvignon Blanc. Ancorados nas lembranças do avô que produzia vinhos na região metropolitana de Curitiba, os irmãos Bassetti liderados por José Eduardo, engenheiro químico e editor, em 2008 deram início à produção da Villagio Basseti. “Vamos fazer vinhos e bebê-los lendo livro”, brincava o editor, que fêz parceria com o turismólogo Eduardo Sobânia, da agência Na Trilha Certa, e oferece visita à vinícola… de bicicleta.
Ainda limitada a uma vinícola boutique, a empresa tem planos de construir nova cantina e um bistrô. Destaque para o Donna Enny, Sauvignon Blanc varietal que homenageia a mãe dos fundadores de 92 anos. Fica à margem da rodovia SC 114, km 295, a 11 quilômetros do centro de São Joaquim, também considerada a capital nacional da maçã. Além da fruta, é típica de lá Frescal, que é uma carne salgada desidratada naturalmente.
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