Há quem enxergue na homenagem da Fifa a Cristiano Ronaldo um belo reconhecimento à quebra do recorde de maior artilheiro da história em exibições com a camisa de seleção. Para mim, não passou de um senhor mea-culpa com quatro anos de atraso.
Em 2018, o Fifa The Best e a Bola de Ouro cometeram uma injustiça com Cristiano Ronaldo. Os respectivos colégios eleitorais consagraram Luka Modric melhor do mundo. Sim, o meia ajudou a levar a Croácia ao vice-campeonato na Copa da Rússia, mas o atacante português, sim, havia quebrado a banca na temporada 2017/2018. Ninguém jogou mais bola do que ele naquele período. Foi eleito o cara do jogo em 15 exibições. Portanto, certo ou por linhas tortas, temos uma discreta correção histórica.
Antes do Mundial, Cristiano Ronaldo levou o Real Madrid ao tricampeonato da Champions League com um desempenho pessoal extraordinário. Foi o artilheiro do principal torneio de clubes do mundo com 15 gols, seis deles na fase de mata-mata. Balançou a rede três vezes nas oitavas e outras três nas quartas de final.
Portugal foi eliminado precocemente da Copa do Mundo contra o Uruguai nas oitavas de final, mas Cristiano Ronaldo deu show à parte no empate por 3 x 3 com a Espanha. O português balançou a rede três vezes na primeira rodada do Grupo B, em Sochi. Uma exibição de gala.
Provavelmente, o erro de Cristiano Ronaldo foi ter se despedido do Real Madrid para fechar com a Juventus. O time espanhol é uma máquina de consagrar melhores do mundo. Tanto que Modric — e não Cristiano Ronaldo — ficou com o prêmio em 2018.
Aquele foi apenas um dos principais erros da coleção de equívocos do Fifa The Best. Alguns deles expostos na cerimônia desta segunda, em Zurique, na Suíça. Há muito a ser corrigido.
Cristiano Ronaldo marcou 54 gols e deu 11 assistências em 55 jogos por Real Madrid e Portugal na temporada 2017/2018, mas o prêmio de melhor do mundo foi para Luka Modric, protagonista de cinco gols e 11 assistências em 59 jogos. O croata teve 29,05% dos votos contra 19,08% do português e 11,23% do egípcio Mohamed Salah. Ausência de Lionel Messi entre os finalistas foi outra distorção daquela edição.
Há, por exemplo, distorção temporal. Se o prêmio refere-se ao que aconteceu na temporada 2020/2021, encerrada em agosto, o Fifa The Best não deveria ser entregue em janeiro.
Ao empurrar a cerimônia para o início de outro ano, a Fifa permite confusões como a presença de Mohamed Salah entre os três. O craque egípcio fez um início de temporada 2021/2022 espetacular. Por sinal, o que ele fez até aqui deveria ser levado em conta na próxima eleição.
Capitão do Brasil, Thiago Silva votou em Neymar para melhor do mundo. Parça do brasileiro no Paris Saint-Germain, Lionel Messi também escolheu o menino Ney. Quanta brodagem!
A escolha do time ideal do ano é outra brincadeira de mau gosto. O bizarro sistema tático 3-3-4 lembra coração de mãe. É o tal do sempre cabe mais um. Para acomodar a todos, o desenho vira uma incompreensível bizarrice. Pelo menos o tal time imaginário não entra em campo.
Duas eleições agradaram. Bacana de mais ver Édouard Osoque Mendy conquistar o prêmio de melhor goleiro do mundo. Ele é o primeiro negro a conquistar a façanha. O senegalês prova que, sim, a África tem bons goleiros. Vou recordar pelo menos três aqui: André Onana e os históricos Joseph Antoine Bell e Bruce Grobelaar. Portanto, aplausos para Mendy.
Bacana, também, o reconhecimento a Thomas Tuchel. Boicotado no PSG, ele mostrou valor no Chelsea. A Alemanha tem o melhor técnico do mundo pela quinta vez em 10 anos. Jupp Heynckes (2013), Joachim Löw (2014) e Jürgen Klopp (2019 e 2020) ganharam o prêmio antes do comandante do clube londrino.
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