Há diferença entre comandar uma seleção e um clube. O risco de desgaste quando se lidera um combinado nacional é muito menor do que no batidão do dia a dia de um time. O português Paulo Sousa sabe muito bem disso. Acaba de trocar a Polônia pelo Flamengo. Um dos desafios dele é ser mais longevo no cargo do que quatro ex-técnicos de seleção que comandaram o time rubro-negro na fase de reconstrução iniciada em 2013. Mano Menezes, Vanderlei Luxemburgo, Paulo César Carpegianni e Reinaldo Rueda passaram rapidamente pelo Ninho do Urubu. Não completaram um ano e saíram pela porta dos fundos. Mano, Luxa e Rueda de forma polêmica.
O Flamengo foi o primeiro emprego de Mano Menezes depois de a CBF demiti-lo da Seleção Brasileira. Iniciou cheio de gás, conseguiu alguns bons resultados, mas se perdeu. Pediu demissão depois de sofrer virada do Athletico-PR e justificou que não estava atingindo os objetivos. A primeira alegação teria sido de que o elenco não estava compreendendo o que ele, Mano, transmitia. Posteriormente, assumiu que o problema era ele.
A gestão de Eduardo Bandeira de Mello apostou em outros três ex-técnicos de seleção. Vanderlei Luxemburgo passou pelo Flamengo em 2014. Apesar da experiência como técnico do Brasil no período de 1998 a 2000, não funcionou na última passagem pelo Flamengo. Demitido, saiu acusando a diretoria rubro-negra de entender muito de negócios e nada de bola. “Saíram no New York Times, mas não entendem nada de futebol”, detonou Luxemburgo.
Reinaldo Rueda desembarcou no Flamengo com bons trabalhos nas seleções da Colômbia, Honduras e Equador no currículo. Havia classificado as duas últimas para a Copa do Mundo em 2010 e 2014, respectivamente. Amargou vice na Copa do Brasil e na Sul-Americana, mas saiu de forma polêmica ao dar as costas ao Flamengo e aceitar convite para assumir outra seleção, o Chile.
A saída inesperada de Reinaldo Rueda trouxe de volta ao clube Paulo César Carpegiani. Lembrado como técnico do primeiro título da Libertadores e do Mundial de Clubes, ambos em 1981, os últimos trabalhos razoáveis do treinador, à época, eram em seleções. O Paraguai disputou as oitavas na Copa de 1998 antes de trabalhar no Kuwait. A eliminação na semifinal do Carioca de 2018 contra o Botafogo culminou com a saída do veterano treinador do Flamengo.
Paulo Sousa é o quinto ex-técnico de seleção do Flamengo em nove anos. O primeiro na Era Rodolfo Landim. Abel Braga, Jorge Jesus, Domenec Torrent, Rogério Ceni e Renato Gaúcho jamais tiveram a experiência de liderar o vestiário de uma esquadra nacional. Só times. Portanto, cabe ao novo treinador rubro-negro o papel de encerrar a amaldiçoada série de insucessos dos ex-técnicos de seleção no Flamengo. Permanecer uma temporada inteira no cargo será um bom começo.
O primeiro passo do lusitano é entender a nova dinâmica de trabalho. Paulo Sousa reunia-se pouco com Lewandowski e companhia. Levava uma vida como a de Tite: convocação, treino, jogo e dispersão do elenco para a devolução dos atletas aos clubes. A partir desta segunda-feira, o trabalho será domar um elenco tão ou mais badalado que o de muitas seleções. Da Polônia certamente. Administrar egos de Gabriel Barbosa, Bruno Henrique, Arrascaeta, Everton Ribeiro, Diego Alves, Rodrigo Caio, David Luiz, Isla, Pedro…
Parece fácil, mas não é. Seleção é muito mais cômodo do que time. E o vestiário do Flamengo pesa!
Memória do blog
Retrospecto dos últimos quatro ex-técnicos de seleção no Flamengo (2013-2021)
» Mano Menezes, ex-técnico da Seleção Brasileira
» Vanderlei Luxemburgo, ex-técnico da Seleção Brasileira
» Reinaldo Rueda, ex-técnico da Colômbia, Equador e Honduras
» Paulo César Carpegiani, ex-técnico do Paraguai e Kuwait
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