O meia De La Cruz sucumbe diante da marcação do Bolívar nas alturas. Foto: Jorge Bernal/AFP
Quando Tite deixa De La Cruz e o centroavante Pedro no banco contra o Palmeiras no Allianz Parque, a torcida do Flamengo interpreta que a prioridade é o duelo na altitude de 3.600m com o Bolívar, em La Paz, pela Libertadores. Quando o técnico abre mão de sete jogadores na viagem para a capital da Bolívia, entre eles Ayrton Lucas, Arrascaeta e Pedro, passa a mensagem de que o compromisso com o Botafogo neste domingo, às 11h da manhã (importante!), no Maracanã, é o mais importante da semana. Entenderam?
Ao dizer publicamente antes da estreia no Brasileirão que conversaria com a diretoria sobre qual é a prioridade na temporada, Tite arrumou sarna para se coçar.
Dezessete dias depois do título da conquista do Carioca, o Flamengo perde a confiança da torcida. Virou o time que perde, sofre gol e ainda não sabe qual é a prioridade. Não está claro para a “nação” e irrita até quem tem boa vontade com o processo.
O clássico de domingo contra o Botafogo será termômetro para Tite. Se vencer, convencerá rubro-negros desconfiados de que está na rota certa. Em caso de derrota, a arquibancada não poupará a comissão técnica de apupos. Simples assim. O Flamengo é assim.
Defendo faz tempo a necessidade de variação tática. Tite inicia a partida com uma linha de três zagueiros formada por Fabrício Bruno, Léo Ortiz e David Luiz. Ele não fazia isso desde 13 de junho de 2017, quando escalou Thiago Silva, David Luiz e Rodrigo Caio contra a Austrália, em Melbourne, na goleada por 4 x 0 do Brasil contra os donos da casa.
Sem a posse da bola, Wesley e Viña transformaram a retaguarda rubro-negra em linha de cinco defensores no 5-3-2/5-4-1. O plano inicial era encurtar espaço nas laterais, ter a posse da bola e usar a velocidade do Bruno Henrique. Não parecia o melhor momento para colocar em prática três beques. Não nas alturas. Faltavam entrosamento e fôlego.
A estratégia caiu por terra cedo e o Bolívar explorou a maior deficiência do Flamengo neste momento da temporada: o espaço para cruzamento nas laterais e cabeçadas letais. Chico abriu o placar. Assim o time sofreu gol do Atlético-GO e do São Paulo no Brasileirão. O Palmeiras teve um gol de cabeça anulado no domingo. O Bolívar marcou um de cabeça e outro não passou pelo crivo do VAR. Há indiscutivelmente vulnerabilidade pelo alto. Fabrício Bruno tem 1,92m. Léo Ortiz, 1,85m. David Luiz, 1,89m. Estatura não deveria ser problema.
Bastou sair o gol relâmpago do Bolívar para Tite desmontar o plano dos três zagueiros. Léo Ortiz deu passos à frente e passou a formar linha de quatro no meio de campo com Igor Jesus, Gerson e Victor Hugo. De La Cruz ficava mais avançado para auxiliar Bruno Henrique.Viña empatou a partida, porém o Flamengo não conseguia dispor de algo essencial nas alturas: posse de bola. O Bolívar teve 63% contra 37% do Flamengo.
A última vez que isso aconteceu foi na vitória por 1 x 0 contra o Defensa y Justicia no duelo de ida das oitavas de final da Libertadores. A última vez que o Flamengo teve uma posse de bola tão baixa aconteceu ao nível do mar contra o Grêmio, em Porto Alegre, na derrota por 2 x 0 pelo Campeonato Brasileiro de 2018: 39,7% sob o comando de Maurício Barbieri.
O segundo gol do Bolívar é resultado de uma falha individual do lateral-direito Wesley na disputa pela bola no lado campo e de uma defesa desarrumada no contra-ataque do adversário. A inversão da trama da esquerda para a direita encontra Bruno Sávio livre, leve e solto para chutar cruzado e decretar a primeira derrota do Flamengo na temporada. Quatro pontos em três jogos no primeiro turno da fase de grupos não estava nas contas do Flamengo. Há risco de deixar a vice-liderança nesta quinta e alimentar um jogo decisivo contra o Millonarios na última rodada pela segunda vaga do grupo, no Maracanã.
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