Começa o jogo

Publicado em coluna Brasília-DF

Ao contrário do que esperava a equipe econômica do governo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, fará um aquecimento da base aliada com medidas infraconstitucionais e, posteriormente, discutirá a reforma da Previdência.
O freio é fruto das reclamações da base aliada e avisos do tipo, “voto a favor do presidente na denúncia, mas não venha com reforma da Previdência”, dito por dezenas de deputados aos líderes partidários. Ou seja, diante de tanta confusão e do susto que o governo tomou no início da votação, com o placar favorável à denúncia, a ordem é deixar baixar a poeira. Até porque, Rodrigo Maia tem uma viagem internacional marcada para a semana que vem, e Michel Temer cuidará da saúde. A Casa só volta com força depois do feriadão de finados.
Em tempo: a votação de ontem foi classificada por deputados aliados ao governo como a “mais cara da história”.
A da Previdência, quando houver, será a única capaz de empatar em termos de preço.

“Foi criminoso”
A acusação é do deputado Sarney Filho, licenciado do cargo de ministro do Meio Ambiente apenas para votar a denúncia ontem em plenário. Referia-se ao incêndio que consome o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Zequinha Sarney foi informado que se fosse apenas um acidente teria parado nas áreas que são preparadas para evitar que o fogo se alastre como se alastrou. “Tudo indica que vem daqueles que não queriam a ampliação do parque. Vamos investigar”, diz ele.

Sonho de França.
Só que não.
O acordo entre o governador Rodrigo Rollemberg e Maria de Lourdes Abadia era a largada para uma grande construção do vice-governador de São Paulo, Márcio França, no sentido de conquistar o apoio do PSDB à sua candidatura ao governo de São Paulo e juntar o PSB ao projeto de Geraldo Alckmin ao Planalto. Nem o PSDB do DF nem o de São Paulo topam. O PSB nacional também busca outros caminhos.

Por falar em PSDB…
Além do PSB, que tem nove deputados de saída — muitos rumo ao DEM —, o PSDB perderá parte expressiva de sua bancada.

Sem sossego
Com o presidente Michel Temer no hospital, os ministros praticamente abandonaram a conquista dos votos. Assim, um deputado ligou para o presidente: “Cadê os ministros, que ainda não vieram para cá ajudar?” Foi aí que alguns se mexeram e seguiram até a Câmara para ajudar na conquista do quórum.

Fiscal dos votos I/ O deputado Marcus Pestana (foto), do PSDB-MG, passou grande parte da votação sentado estrategicamente na mesa próxima ao elevador da sala de café dos deputados. A todos que saíam, ele perguntava se já havia votado. Pestana, ao votar, jogou a denúncia no colo do PT, citando a afirmação da denúncia de Rodrigo Janot de que o esquema começou com Lula.

Fiscal dos votos II/ Assessores e líderes do governo acompanharam voto a voto, dentro do plenário, com a lista de parlamentares em mãos. Já no primeiro estado, o Rio Grande do Sul, esse grupo tomou um susto com o número de votos contrários ao presidente, maior do que os favoráveis, o que nunca aconteceu na primeira denúncia.

Sempre eles…/ Yeda Crusius (PSDB-RS) perdeu a hora e não votou. Nilson Leitão, tucano e presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, quase sofre do mesmo problema. Ele conversava com o deputado Pedro Vilela (PSDB-AL) e, quando viu que a bancada de Mato Grosso do Sul estava votando, saiu correndo da sala de café em tempo de dizer um “sim” esbaforido no plenário.

Por falar em tucanos…/ O PSDB fez de tudo para tentar evitar que o partido saísse chamuscado da votação de ontem sobre a segunda denúncia contra o presidente. Porém, a maioria dos deputados, na hora de votar, dizia “voto com o relatório do PSDB, a favor de Michel Temer”.