Torcida Oculta

Publicado em coluna Brasília-DF

Senadores de todos os partidos já esperavam e comemoraram a absolvição da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) do crime de corrupção. É que o resultado favorável à petista representa a renovação de esperanças de muitos sob investigação, um grupo que, aliás, começa a sair da toca. Alguns pretendiam se unir a Fernando Collor que, em 12 de junho, apresentou uma nova reclamação contra o ex-procurador Rodrigo Janot. Nos tempos em que Janot comandava a PGR, todas as reclamações eram arquivadas sem discussão. Agora, depois do indiciamento do ex-procurador Marcelo Miller, há quem tenha esperanças de mostrar que nem todos os políticos investigados são bandidos. Falta, entretanto, combinar com o STF, com o Ministério Público, com a Polícia Federal e, lá em outubro, com o eleitor.

Atualização: Depois de Gleisi, agora, o PT espera soltar Lula dia 26 de junho. Espera contar com, pelo menos, Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli e Gilmar Mendes nessa empreitada.

Rádios na lida
O maior lobby em ação no Congresso ontem foi o das rádios comunitárias. Em pauta, a possibilidade de aumentar a potência de 1km para 50km e, de quebra, poder fazer publicidade. Só tem um probleminha: não dá para ter o mesmo espaço das rádios comerciais sem pagar, por exemplo, o Ecad. O embate está feroz nos bastidores.

“Vou trabalhar para não homologar a candidatura. Eu e vários”

Renan Calheiros
(MDB-AL), senador, sobre a convenção do MDB que decidirá sobre o nome de Henrique Meirelles como candidato a presidente da República

Por falar em Renan…
O senador calcula que o debate eleitoral continuará travado até haver uma definição se Lula poderá ser candidato ou o PT lançará outro nome. Mas não acredita que Meirelles tenha qualquer chance sequer de emplacar dentro do partido, uma vez que a chapa Dilma-Temer passou por 63 votos de diferença.“O Meirelles é uma ficção. A esta altura, empurrar goela abaixo um representante dos bancos é muito difícil”, diz o alagoano.

Reforma na grande área
A reforma trabalhista faz seu primeiro aniversário em 13 de julho e o governo vai aproveitar o embalo para explicar as novas regras país afora. Quem fará o périplo é o novo ministro da Secretaria-geral da Presidência da República, Ronaldo Fonseca. Ele percorrerá 13 capitais, seis do Sul/ Sudeste, três do Nordeste, uma do Norte e três do Centro-Oeste: Brasília, Goiânia e Campo Grande.

Arrumou um lado…
Ao colocar os dois pés na candidatura de João Doria ao governo de São Paulo, Geraldo Alckmin espera atrair o DEM, que ensaia uma aproximação maior com o senador Alvaro Dias, do Podemos. O DEM já fechou com Doria e conseguiu reservar a vaga de vice na chapa do PSDB paulista. Alckmin ainda está com a vice em aberto.

…Desarrumou outro
A aposta de quem observa a distância os movimentos em São Paulo é a de que o governador Márcio França (PSB), pré-candidato à reeleição, fará algum tipo de represália. Geraldo Alckmin que se cuide.

Te cuida, Biu de Lira/ Renan Calheiros (MDB-AL) conversava reservadamente no fundo do cafezinho do Senado com o presidente do PP, senador Ciro Nogueira. Trocavam impressões sobre a eleição nacional e alagoana. Renan citava todos os municípios que devem votar com a chapa do governador Renan Filho (MDB). Deixou claro que vai sobrar pouco espaço para os pepistas no estado, entre eles o senador Benedito de Lira.

Dinheiro para Cunha/ Mesmo na cadeia, Eduardo Cunha (foto) ainda consegue algum. O advogado Renato Ramos conseguiu dia desses que o ex-deputado obtivesse R$ 5 mil de um jornal por difamação. O valor, entretanto, não paga uma bolsa daquelas que a mulher do ex-presidente da Câmara costumava desfilar nas redes sociais nos tempos de fartura.

Vai ser assim I/ Deputados ficaram estarrecidos com o discurso do deputado Sóstenes Cavalcanti (DEM-RJ), em defesa do vereador Fernando Holiday, aquele que Ciro Gomes (PDT) chamou de “capitão do Mato”. Sóstenes repetiu pelo menos 10 vezes seguidas a expressão “Ciro caloteiro” e rechaçou qualquer conversa do partido com o pré-candidato pedetista.

Vai ser assim II/ O deputado Adilton Sachetti (PRB-MT), que assistia ao discurso do fundo do plenário, saiu-se com esta: “Essa campanha vai ser assim: do pescoço para baixo virou canela”. Faz sentido.