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O líder do MDB, Isnaldo Bulhões, acaba de decolar da Bahia, onde foi dizer ao líder do PSD, Antonio Brito, que está fora de construções de candidaturas fora do bloco PSD, Republicanos, Podemos e MDB, montado justamente para que possam sobreviver. Enquanto o bloco tiver dois nomes, Brito e o candidato do Republicanos, Hugo Motta, a tendência é que não haja sequer um anúncio formal do apoio do MDB a Hugo Motta. Brito ficou de conversar com o presidente do PSD, Gilberto Kassab, e avaliar o que vem pela frente, mas, até esta tarde a conversa é a de que, a preços de hoje, faltando quatro meses para o pleito, não há motivos para retirar candidatura.
A avaliação interna de alguns partidos é a de que o presidente da Câmara, Arthur Lira, errou ao fixar um prazo para anunciar um candidato à sua sucessão. Lira esperava anunciar o nome de Elmar Nascimento em agosto, mas não conseguiu um consenso. Elmar não gostou, pensou em buscar o PL, de Valdemar da Costa Neto, mas Hugo Motta foi mais rápido ao beija-mão de Jair Bolsonaro. O movimento do União Brasil, então, que ja tem o apoio do PSB e do PDT, foi buscar Kassab e Brito. A ideia de Kassab e de Rueda era atrair o MDB. Não deu.
Nada está totalmente fechado, mas o Republicanos e o PP tentam colocar a candidatura de Hugo Motta como fato consumado e consenso entre governo e oposição. Porém, a esta altura do campeonato, há muitos movimentos simulados e há muita insatisfação com essa pressa em fechar logo um candidato. Um político de destaque disse ao Correio que já viu presidentes da Casa darem prazo aos outros, mas nunca a si mesmo para fazer reduzir o próprio poder e, ainda mais, frustrando expectativas. O período será de muito bastidor. Por enquanto, segue o jogo.
Rodrigo Maia, o não-candidato, dá o tom e chama governo a votar reformas
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é agora um não-candidato, em busca de um sucessor e de uma pauta para encerrar seu mandato com chave de ouro, chamado o governo a ajudar na aprovação de reformas cruciais que o país precisa. Esse é recado mais imediato da entrevista que concedeu há pouco à GloboNews, a primeira depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu por 6 a 5 que nem ele e nem o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, podem ser candidatos à reeleição para esses cargos no ano que vem.
Ele acusa o governo de não aprovar a PEC Emergencial no Senado, prometida para em dezembro de 2019, como forma de aliviar o caixa e dar sinais positivos para o mercado. Maia considera que “acabaram as desculpas” para não votar essa matéria e diz com todas as letras: “A eleição já passou, não sou candidato a presidente da Câmara. Podem até derrotar um movimento pela independência da Câmara, mas é preciso avançar na pauta econômica”
Ao mesmo tempo em que cobrou uma postura mais ativa do governo em relação às reformas — ele cita ainda a reforma tributária —, ele lança a campanha “Câmara livre” para buscar um nome que represente seu campo da politica na troca de comando na Casa.
Maia terá o desafio de construir um candidato em oposição a Arthur Lira, que hoje é visto com o nome que tem o apoio do presidente Jair Bolsonaro. “Precisamos da Câmara livre de interferência de outros poderes, de uma candidatura que seja a favor do Legislativo”, diz Maia, citando alguns nomes, como Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Baleia Rossi (MDB-SP), entre outros, tomando o cuidado de manter a ordem alfabética no elenco.
Ele menciona que não tinha a intenção de ser candidato e, justiça seja feita, nunca disse que seria. Antes da decisão do STF, tomou inclusive o cuidado de se manter equidistante daqueles que se apresentavam para concorrer à Câmara, de forma a poder ajudar e trabalhar a construção de um candidato depois que o STF desse seu veredicto. “Se esse campo que eu e muitos representamos chegar lá, não será a derrota do governo, será a vitória de uma agenda que moderniza o estado e a economia, a vitória da Câmara”, diz.
Ao mesmo tempo que elenca as pautas em curso e a sucessão para presidente da Câmara, Maia lembra ainda que, para 2022, se os campos da centro-esquerda e da centro-direita conseguirem se unir em torno de um nome têm tudo para soarem favoritos. E ele inclui nesse rol de Ciro Gomes (PDT) a João Dória (PSDB).
Quando ao presidente Jair Bolsonaro, ele menciona a questão adas vacinas como algo em que o governo pode perder o controle, uma vez que a população deseja as vacinas. A politica entra agora na fase de construção nos bastidores, algo que requer olho vivo e acompanhamento diário.
E, seja para perder ou ganhar, o não-candidato Maia é um personagem a ser acompanhado bem de perto nos próximos dois anos, porque, além de um nome para a Presidência da Câmara, estará dedicado à construção de uma candidatura de centro em oposição a Bolsonaro, caso o presidente não consiga agregar uma parcela expressiva desse campo político.
Coluna Brasília-DF
As promessas do ministro da Economia, Paulo Guedes, de acelerar as reformas e as privatizações, depois de encerrado o processo eleitoral, não são compartilhadas pelos congressistas. Ali, não há consenso sequer sobre se a tributária deve ser votada antes da administrativa, ou vice-versa. O texto, então, nem se fala. Quanto às privatizações, muitos consideram que é preciso esperar mais um pouco para vender as estatais, em especial, a Eletrobras, porque, em plena pandemia, o preço seria inferior ao que a empresa vale.
E como pano de fundo de tudo isso está a disputa pela Presidência da Câmara, que já ganhou corpo e, se não for bem trabalhada, a abertura do Legislativo de 2021, em fevereiro, será marcada por um mar de mágoas e rusgas entre os partidos com os quais o governo espera contar para aprovar as propostas. Até aqui, o governo não ajudou a arrumar essa confusão. E, se entrar mal nessa onda de disputas, arrisca ver a sua agenda morrer na praia.
“Golpistas” não passarão
O PT resiste a apoiar o presidente do MDB e líder do partido, Baleia Rossi, para presidente da Câmara. Os emedebistas são considerados, entre os petistas, como os principais artífices do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Vale lembrar que, se os votos a favor do impeachment contarem na hora de escolher o candidato a presidente da Casa, Arthur Lira também votou a favor do afastamento da presidente, em 2016.
Cerco a Davi I
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, conseguiu levar o presidente Jair Bolsonaro ao Amapá, no sábado, mas continua dançando numa chapa quente. Além de ter de suar a camisa para reverter a queda de seu irmão Josiel nas pesquisas para a prefeitura de Macapá — a eleição está marcada para 6 de dezembro —, é alvo de pressões de todos os lados, sobretudo para manter a posição contrária à privatização do sistema elétrico.
Cerco a Davi II
No mesmo dia em que Bolsonaro passeava pelo Amapá ao lado de Davi e do ministro Bento Albuquerque, o Coletivo Nacional dos Eletricitários publicou carta aberta de uma página em jornais do estado com duras críticas ao ministro e à direção da Eletrobras, acusando-os de “desleixo e vileza” pelo apagão. O documento cobra do presidente do Senado: “Pedimos seu apoio na luta pela manutenção a Eletrobras estatal. A companhia possui, hoje, R$ 12 bilhões em caixa e está absolutamente pronta para apoiar a retomada do crescimento do país após a superação deste momento tão terrível”.
Quem vai pagar por isso?
A notícia de que o governo tem milhões de testes para detecção em estoque pode resultar em processos por crime de responsabilidade. A dúvida dos oposicionistas, hoje, é se ingressam contra Jair Bolsonaro ou contra o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Ou ambos.
Recado I/ A foto do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ao lado de João Doria, no fim de semana, teve o intuito de mandar uma mensagem ao presidente Jair Bolsonaro. Algo do tipo: olha, você está com Arthur Lira, mas eu não estou sozinho.
Recado II/ Maia costuma se reunir com o governador paulista quase todas as semanas, a diferença é que não tem foto.
Sobrevivente/ O mesmo governo que faz, hoje, uma solenidade no Planalto para comemorar os 20 anos do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel) apresentou proposta, no ano passado, para extingui-lo, com outros desse setor. A contar pela festa comandada pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria, mudou de ideia.
Partidos em baixa/ Na rodada da pesquisa XP/Ipespe, 41% dos entrevistados disseram não se lembrar do partido do prefeito em quem votaram em 15 de novembro. Mais uma demonstração de que o brasileiro continua distante da política.