A posse do “armistício patriótico”

Publicado em Política

A posse que marcou a chegada do deputado Fábio Faria (PSD-RN) no cargo de ministro das Comunicações teve a simbologia de parecer mais uma tentativa de buscar harmonia entre os três Poderes, em especial, pela presença do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que há tempos não comparecia a eventos desse tipo. “É hora de deixarmos as diferenças ideológicas de lado e unir esforços para derrotar o vírus que já ceifou milhares de vidas. É hora de pacificar o país”, disse o novo ministro, pregando o que chamou de “armistício patriótico”. O presidente Jair Bolsonaro falou pouco na posse, porém, deixou claro o que pensa: “Não são as instituições que dizem o que o povo deve fazer. É o povo que diz o que as instituições devem fazer” e ponderou que, “em que pese até não concordar com alguns artigos da Constituição, é compromisso de todos nós honrá-la e respeitá-la para o bem comum. Respeitando cada artigo da nossa Constituição atingiremos o bem comum”, afirmou o presidente.

Num cenário em que todos usavam máscara de proteção, lembrando que o país vive uma trágica pandemia causada pelo novo coronavírus, a presença de Maia e dos presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, e do Tribunal Superior de Justiça (STJ), João Otávio Noronha, era o recado de que os Poderes buscam a paz e que há atitudes politicas em curso nesse sentido. Porém, ainda não há certeza de que essa paz virá, tirando toda a tensão que não esteja diretamente relacionada à pandemia de covil-19. A ideia é a de que a colocação de limites para o inquérito das fake news, em votação hoje no STF, ajude a distensionar o ambiente.

O novo ministro das Comunicações, Fábio Faria, citou a necessidade de armistício patriótico, logo depois de citou os efeitos da pandemia, que “transformou as visitas pessoais e as comunicações”. Mencionou as aulas online, trabalho em home office, a telemedicina ampliada. “É prioritário fazer o processo de inclusão digital andar a passos largos. Ainda há uma grande parcela da população sem acesso a internet, milhões de crianças que não têm como acompanhar as aulas online e adultos sem ter como trabalhar remotamente.

Já Marcos Pontes, que agora cuidará apenas da Ciência e Tecnologia, deu um alento a todos a falar das pesquisas sobre a vacina para a Covid-19. Na plateia da posse, a esperança é a de que, além da vacina, venha a paz na seara política. Porém, essa paz hoje parece mais distante do que a sonhada vacina.

Maioria dos governadores deve anunciar corte de gastos logo após posse

corte de gastos
Publicado em coluna Brasília-DF

Pelas conversas que a coluna manteve nos últimos dias com governadores eleitos, a maioria pretende assumir anunciando cortes de gastos, centralização de despesas e, em alguns casos, virá, inclusive, anulação de contratos. Alguns não descartam sequer entrar em regime de recuperação fiscal, aproveitando a popularidade inicial, para colocar as contas em dia. Ou seja, se alguém tinha esperanças de faturar nas posses, pode esquecer. O momento é de austeridade em todos os níveis de governo.

Campanha 24 horas

Se tem alguém que não parou de trabalhar nestes dias de festas foi o deputado João Campos (PRB-GO), candidato a presidente da Câmara. Esta semana, ele se reuniu com o futuro vice-presidente, general Hamilton Mourão. Hoje, tem encontro com o governador eleito de São Paulo, João Doria.

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O deputado goiano quer mostrar que não está restrito aos votos evangélicos. Até aqui, os adversários têm dito que ele ficará no “gueto” de parte da bancada evangélica e não tem condições de agregar mais votos do que Fábio Ramalho (MDB-MG) ou Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Camata e a segurança

Num primeiro momento, o assassinato do ex-senador e ex-governador Gerson Camata (MDB-ES) deixou as autoridades em pânico, com o receio de que o estado tivesse voltado aos tempos dos grupos de extermínio. A vingança do ex-assessor e a facilidade de acesso a armas, porém, deixaram o mundo da política em estado de alerta. Ninguém está seguro.

CURTIDAS

Nunca antes…/ …na história deste país, os jornalistas foram proibidos de sair do Congresso em direção ao Planalto nas posses presidenciais da era democrática pós-ditadura militar. Desta vez, por questões de segurança, quem está credenciado no Congresso terá de ficar por lá e não ir ao Planalto.

Sigmaringa Seixas I/ De Bolsonaristas, caso da deputada eleita Bia Kicis (PRP-DF), à presidente do PT, Gleisi Hoffman, que também foi eleita deputada, todos os partidos estiveram representados no último adeus ao ex-deputado Sigmaringa Seixas, um exemplo do exercício do diálogo na política.

Sigmaringa Seixas II/ Ao longo do velório, muitos se perguntavam quem poderá assumir a missão de abertura de diálogo na ausência de Sig. Alguns nomes circularam nas rodas: no plano nacional, Heráclito Fortes, Paulo Delgado, Jaques Wagner e José Eduardo Cardozo. De todos, só Wagner terá mandato.

Sigmaringa Seixas III/ A falta de mandato nunca foi empecilho para o exercício por parte de Sigmaringa. E não fará falta aos quatro. Heráclito Fortes, aliás, é quem tem mais condições de assumir esse papel no plano nacional. No plano local, o nome mais lembrado para o exercício do diálogo foi o do deputado Chico Vigilante, escalado ontem para ler a carta de Lula.