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Bolsonaristas vão forçar convocação de governadores na CPI da Covid
A aprovação do pedido dos senadores governistas para convocar o governador do Amazonas, Wilson Lima, a prestar depoimento na CPI é vista como a porta aberta para levar outros comandantes estaduais à maratona de perguntas, inclusive o de São Paulo, João Doria; o do Rio de Janeiro, Cláudio Castro; o do Pará, Helder Barbalho; e até o do Distrito Federal, Ibaneis Rocha. A ideia será tentar emplacar esses pedidos já na próxima semana, ou assim que chegarem documentos sobre os repasses de recursos para os estados.
A avaliação do governo é a de que o comando da CPI, leia-se seu presidente, senador Omar Aziz; o vice, Randolfe Rodrigues; e o relator, Renan Calheiros, não terão como recusar essas convocações, uma vez que são estados que tiveram denúncias de desvio de recursos. Ainda que alguns governadores já tenham afastado quem foi suspeito de má aplicação do dinheiro público, essa guerra vai se acirrar nos próximos dias. Até aqui, o governo está sob desgaste, e nada indica que vá virar esse jogo se não pressionar por colocar os governadores ali, em desfile.
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Em tempo: a frase do presidente Jair Bolsonaro, em sua live, a respeito do relator e do governador de Alagoas, Renan Filho — “Vamos investigar teu filho, que a gente resolve esse problema. Desvio mata, frase não mata” —, indica que essa batalha promete ser intensa e ainda deixou os senadores com a suspeita de que a Polícia Federal pode ser acionada para tentar emparedar o alagoano. Por enquanto, é só suspeita.
Dupla dinâmica
Toda a estratégia do governo para a CPI está nas mãos dos ministros da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, e da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos. A ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, está mais dedicada às reformas e à pauta da Câmara dos Deputados.
E Alagoas, hein?
A conversa entre Renan Calheiros (MDB-AL) e o presidente da Câmara, Arthur Lira, na casa da senadora Kátia Abreu (PDT-TO), está rendendo. Segundo aliados do governo, Bolsonaro está “com os dois pés atrás” em relação ao deputado alagoano que tem a chave da gaveta dos pedidos de impeachment. Confia que esses pedidos não serão levados adiante, mas não está
totalmente relaxado.
Cenário favorável
Na longa conversa que teve com o ex-presidente José Sarney, o ex-presidente Lula e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, passaram em revista as perspectivas de alianças nos estados. No Nordeste, avisam os petistas, está tudo dominado.
Deixemos para depois
O cenário do Maranhão, porém, ficou fora da conversa. Lá, o governador Flávio Dino (PCdoB) é adversário dos Sarney, e ninguém queria esfriar o café de tantos agradecimentos a Sarney pela lealdade com que sempre tratou Lula.
Estratégia de Pazuello/ O fato de cogitar ir à CPI e não falar nada será usado contra o próprio Pazuello. Tem muito observador atento dentro da comissão e do governo apostando que o ex-ministro será usado como bode expiatório — aliás, como esta coluna levantou há meses, quando foi feito o pedido de instalação da CPI.
Devagar e sempre/ O presidente Jair Bolsonaro não desistiu de criar o partido Aliança pelo Brasil. Até aqui, 100 mil fichas já foram homologadas, há 200 mil recolhidas e faltam 191 mil assinaturas.
Tal e qual o PSL/ Aliados do presidente já o aconselharam a seguir para um partido pequeno mesmo, tal e qual o Patriotas, ao qual Bolsonaro já disse a amigos que se filiaria, e a coluna registrou. Se Bolsonaro transformou o PSL num partido grande em 2018, poderá fazer o mesmo por outra legenda em 2022 até sair o Aliança pelo Brasil.
Sarney é uma festa/ Dia desses, chegou ao ex-presidente José Sarney (foto) um pedido inusitado: Gravar uma mensagem de aniversário para um jovem que terá como tema de sua festa… José Sarney. Isso mesmo, com direito a banner e tudo mais. André Kamada, de São Bernardo do Campo, é fã do ex-presidente e tem até quadros com a imagem de Sarney. Do alto de seus 91 anos, o ex-chefe do Executivo gravou um vídeo e enviou para o garoto, de 13 anos.
Na cesta de problemas que o governo tem para administrar ao longo deste semestre, nenhum é mais urgente do que a sanção do Orçamento, prevista para a próxima semana. Nem mesmo a CPI. E nesse sentido, o mais novo lance relacionado ao Orçamento é um parecer técnico da Câmara que dá ao presidente da Casa, Arthur Lira, condições de manter sua posição, de defender que seja sancionado do jeito que está e, se for o caso, corrigir ao longo do ano, com projetos de lei enviados ao Parlamento. Os pareceres do Executivo, porém, recomendam vetos e colocam o chefe do Planalto na hora da verdade: ou atende à sua equipe econômica, liderada pelo ministro Paulo Guedes, ou agrada à área política.
Em tempo: se a sanção fosse obra do presidente da Câmara, ele não hesitaria um segundo em seguir a orientação técnica da Casa. Já o presidente da República não pode desconsiderar o que diz a sua própria equipe. O tempo está se esgotando, e esse tema é o que mais terá reflexos, seja político, seja econômico, para o futuro do governo. Ao contrário da CPI, em que haverá o confronto de narrativas, as contas públicas chegaram ao ponto em que não há mágica.
O amigo do inimigo
A opção do presidente Jair Bolsonaro por Arthur Lira (PP-AL), um dos principais adversários políticos do senador Renan Calheiros e do governador Renan Filho em Alagoas, levou diversos governistas a vetar o nome de Renan para relatar a CPI da Covid. O alagoano está, hoje, na oposição, fez campanha para Fernando Haddad, em 2018, e já declarou a intenção de apoiar Lula em 2022.
O inimigo do inimigo
Se Bolsonaro fizer qualquer gesto de aproximação com Renan, a fim de tentar obter uma postura mais afável do senador, terá problemas com Lira, o homem que tem a chave da gaveta em que os pedidos de impeachment se acumulam.
Se correr, o bicho pega…
A intenção, de uma maioria de líderes, de deixar que a própria CPI defina seu funcionamento ensaia ser o pior dos mundos para o governo. É que os independentes, somados aos oposicionistas, prometem fazer o presidente e o relator. Nesse caso, o governo não ficará com nenhum dos postos importantes da CPI.
… e se ficar, o bicho come
O governo vai tentar deixar a CPI para o futuro, por causa da pandemia, mas essa espera é uma faca de dois gumes. Afinal, quanto mais demorar, mais perto do calendário eleitoral estará o cronograma da comissão parlamentar de inquérito. É mais desgastante para o governo federal e, também, para alguns governadores.
Ouviu, Moro?/ A frase da ministra Cármen Lúcia (foto), do Supremo Tribunal Federal, de que “plenário
não é órgão revisor de turma”, é um recado direto ao ex-juiz Sergio Moro. Ela considera que não há espaço para
o pleno do STF rever a suspeição
do ex-ministro.
Por falar em STF…/ As apostas do PT são de que Lula estará livre para fazer campanha no ano que vem. Aliás, tanto bolsonaristas quanto petistas sonham com essa polarização e já preparam material a respeito.
Campanha 2022 no ar/ Voltou a circular em grupos de WhatsApp uma imagem de Lula em 2018, num ato político em que um casal gay se beija na frente do palco. Sob essa imagem, uma do presidente Jair Bolsonaro em formatura do colégio militar e a inscrição “a escolha é sua”.
Um país de luto/ Einhart Jacombe, publicitário da primeira campanha de Ciro Gomes à Presidência da República e que trabalhou nas campanhas de Fernando Henrique Cardoso, é mais uma vítima da covid-19, assim como o deputado José Carlos Schiavinato (PP-PR). Nesse cenário de mais de 360 mil mortes, só mesmo as vacinas para renovarem as esperanças de dias melhores. A antecipação de dois milhões de doses da Pfizer, anunciadas pelo governo, é um alento.
Partidos brigam pela relatoria e presidência da CPI da Covid-19
Plano A
Risco existe
Inclua-me fora dessa…
… e desta
Enquanto isso, na Câmara…
Os intocáveis: Flávia Arruda é orientada a manter equipe de ex-ministro na Secretaria de Governo
Blindagem diante da tensão…
…e da pandemia
Os novos limites de Lira…
… e do governo
A história recomenda cautela
Nos bastidores, parlamentares avaliam que Guedes tenta montar discurso de saída do governo
Pragmatismo em três atos rumo a 2022
A ministra da “transição”
Agora vai
Onde pega
Por falar em filhos…
Brasil consolida posto na galeria dos países que pior reagiram ao avanço do coronavírus
Brasília-DF, por Carlos Alexandre de Souza
Com dois milhões de infectados segundo as estatísticas oficiais, o Brasil consolida seu posto na galeria de países que pior reagiram ao avanço da pandemia do novo coronavírus. Esse fracasso torna-se mais retumbante se considerarmos que a nação assistiu, durante vários dias, à prévia do drama sanitário no continente europeu, com proporções dantescas em localidades como Milão, na Itália.
Esta semana, o presidente Jair Bolsonaro discorreu mais uma vez seu julgamento sobre a pandemia. Ao defender, mas não recomendar, o uso da cloroquina, o chefe do Executivo saiu-se com uma frase profética: “A história vai dizer quem estava certo e a quem cabe a responsabilidade sobre parte das mortes”.
De fato, chegará o momento em que o Brasil precisará refletir sobre o desastre sanitário que se abateu sobre o país. Está evidente a parcela de responsabilidade do governo federal, que, entre outros equívocos, completou, esta semana, dois meses sem ministro da Saúde. Mas, há erros e falhas graves também nos estados e municípios.
Em diversos pontos do país, muitos governadores e prefeitos enveredaram por caminhos tortos no enfrentamento da pandemia, vacilantes entre a pressão econômica e as recomendações de autoridades sanitárias. O resultado é o que se vê hoje: uma pandemia que segue descontrolada em boa parte do país, e uma desorientação na conduta dos brasileiros. O julgamento da história virá, não há dúvida.
Ironia
No país onde a ciência é vilipendiada sistematicamente, a maior esperança para superar a pandemia reside em um esforço científico — a produção de uma vacina contra o novo coronavírus. Ou seja: enquanto o remédio milagreiro não vem, vamos de cloroquina, máscara e álcool em gel. Prevalecem as atitudes individualistas, após o fracasso das ações coletivas, como o isolamento social.
Atos e palavras
Enquanto o presidente segue firme na defesa da hidroxicloroquina, o Ministério traduz em atos as palavras do chefe. O ofício enviado pelo Ministério da Saúde à Fiocruz, insistindo na divulgação do uso do medicamento, comprova, mais uma vez, a opção do governo federal em ir contra todas as indicações no combate à covid-19. A Sociedade Brasileira de Infectologia repudiou a nova ofensiva do governo federal.
Brother Trump
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), considerado um adversário político pelo Planalto, conseguiu apoio de um aliado do presidente Bolsonaro. O estado anunciou, ontem, que o governo de Donald Trump doará equipamentos e infraestrutura para a construção de um hospital de campanha em Bacabal, a 250km de São Luís. O Maranhão registra mais de 104 mil casos, com aproximadamente 2.600 mortes.
BNDES enxuto
O BNDES está seguindo a mesma cartilha da Petrobras, com anúncio de programa de enxugamento da folha salarial. Na segunda-feira, o banco lança um programa de estímulo à aposentadoria, que pode afetar até 10% do quadro de 2.623 servidores. Com a medida, o BNDES espera reduzir a folha de pagamentos em até R$ 190 milhões por ano.
Mega-auxílio / O segundo relatório sobre a execução do auxílio emergencial, aprovado, ontem, pelo Tribunal de Contas da União, informa que o total desembolsado para ajudar 59 milhões de brasileiros é 16 vezes maior do que os recursos utilizados com o Bolsa-Família antes da eclosão da pandemia. “A demanda de famílias pelo auxílio emergencial é mais do que o triplo da demanda por proteção social oferecida anteriormente pelo Programa Bolsa Família”, detalhou o ministro Bruno Dantas (foto), relator do documento. Segundo o relatório, caso o governo federal mantenha o pagamento do auxílio emergencial até dezembro, a conta da ajuda chegará perto de meio trilhão de reais — quase um terço da arrecadação de impostos no Brasil.
Problema maior / Os números analisados pelo TCU indicam um problema muito anterior à chegada da pandemia no país: a situação crítica de milhões de brasileiros em estágio de miséria. Vivem à margem de políticas públicas, na informalidade econômica e indigência social. Dezesseis anos de governos de esquerda foram insuficientes para retirar essa legião de brasileiros da miséria. Agora cabe à atual administração, de clara inclinação liberal, socorrer essa parcela vulnerável da população.
Vidas indígenas / Mais uma entidade manifestou-se sobre a necessidade de salvar o meio ambiente no país. A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, grupo formado por mais de 200 representantes do agronegócio, da sociedade civil, setor financeiro e academia, enviou carta para o governo federal e o Congresso. No documento, a entidade defende a proteção dos povos indígenas na pandemia e o combate ao garimpo. “É possível ser uma potência florestal, agrícola e da biodiversidade e, ao mesmo tempo, conservar e expandir o enorme patrimônio natural do país. Mas, este modelo só tem sentido se garantir, também, a proteção aos povos originários da floresta”, defende o texto.
Nomeações do Centrão para cargos na Esplanada visam blindar Bolsonaro
Brasília-DF, por Carlos Alexandre de Souza
Há semanas a aproximação entre o Planalto e o Centrão tem mostrado resultados, com a nomeação de integrantes da composição de legendas para cargos no governo federal, em troca de uma promessa de apoio parlamentar e a construção de uma blindagem contra um eventual processo de impeachment. Na última semana, o acordo provocou mudanças na composição de vice-líderes do governo na Câmara.
Três vagas deverão cair nas mãos do insaciável apetite do Centrão. Um dos atingidos com a negociação foi Daniel Silveira (PSL-RJ), destituído do cargo. Bolsonarista atuante, disposto a enfrentar manifestantes nas ruas que divergem da política do presidente, o deputado não escondeu a insatisfação de ter sido convidado a se retirar do posto.
“Estranha essa relação de homens tão próximos manobrarem enfraquecimento da base do presidente. Ser líder só tem ônus, mas ao menos que seja alguém de honra”, disse. Deputado federal por 27 anos, Jair Bolsonaro sabe que não se constrói uma base parlamentar apenas com afinidades ideológicas. Não existe, portanto, uma nova política. É a política de sempre, no tradicional toma lá dá cá e sempre sujeita a mudanças, que está em curso para angariar estabilidade ao governo Bolsonaro.
AntiSupremo
Outro ponto nevrálgico na mudança é a urgência do Planalto em evitar novos confrontos com o Supremo. Daniel Silveira é investigado no inquérito que apura a organização de atos antidemocráticos. Otoni de Paula (PSC-RJ), outro vice-líder que ficou sem cargo, disparou uma sequência de impropérios contra o ministro Alexandre de Moraes — “lixo”, “esgoto do STF” e outros termos — antes de desocupar a cadeira.
Conselho a Guedes
O procurador-geral Augusto Aras enviou recomendação ao ministro da Economia, Paulo Guedes, com propostas para dar mais transparência ao recursos federais destinados ao combate à covid-19. Guedes tem 30 dias para informar se vai acatar as recomendações ou apresentar justificativa para não implementar as medidas. A Procuradoria observou que a flexibilização do regime fiscal, financeiro e de contratações adotado durante o período de calamidade pública não dispensa o governo federal de adotar políticas que garantam transparência, controle e fiscalização dos recursos gastos no combate à doença.
Pária financeiro
Defensor de uma retomada econômica verde, o ex-presidente do Banco Central, Pérsio Arida, afirma que o Brasil tornou-se um pária do investimento internacional em razão do descaso do governo federal com o meio ambiente. Um dos formuladores do Plano Real, Arida também rebate críticas do ministro da Economia, Paulo Guedes: “Ressentimento e inveja são assuntos para divã de psicanalista.”
Correspondência
Duas cartas enviadas ao governo brasileiro pela ONU e pela OEA indicam que a proposta, no atual formato, poderá violar compromissos que o Brasil assumiu com a comunidade internacional. A maior preocupação é a proteção legal ao direito à privacidade. Amanhã, a Câmara realiza a primeira audiência pública sobre o projeto aprovado no Senado. O evento será transmitido pela internet, e deve ter a participação do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Prontos para o voto
Um levantamento preliminar feito pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) aponta que 125 parlamentares — 124 deputados federais e um senador —, em exercício do mandato, podem concorrer a uma vaga para prefeito ou vice-prefeito nas eleições municipais de 2020. As legendas com maior número de pré-candidatos são o PT (13), o PSL (12) e o PSB (12). Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro concentram o maior número de concorrentes, com 15, 14 e 9 políticos aptos para a disputa eleitoral.
Imunes
A primeira-dama, Michelle Bolsonaro (foto), anunciou nas redes sociais que não está infectada por covid-19. Ela publicou seu teste com o resultado “não detectado” para o vírus. “Minhas filhas e eu testamos negativo para a covid-19. Agradeço as orações”, escreveu. Michelle é mãe de Laura, 9 anos, sua filha com o presidente Jair Bolsonaro, e Letícia Firmo, 17 anos, fruto de outro relacionamento da primeira-dama. As duas filhas residem no Palácio da Alvorada, residência oficial da presidência.
Follow the money
A operação do Ministério Público do Rio de Janeiro que resultou na prisão de Edmar Santos, ex-secretário de Saúde do governador Wilson Witzel, na última sexta-feira, apreendeu um total de R$ 8,5 milhões em dinheiro vivo. Boa parte dessa bolada foi entregue aos promotores por um dos investigados. Edmar Santos é acusado de liderar um esquema de desvio de recursos em compras para atender à emergência da covid-19. Ele foi exonerado no mês de maio, em meio às denúncias de fraudes. A defesa do ex-secretário afirma que o dinheiro não foi encontrado em nenhum dos endereços do ex-colaborador de Witzel.
No primeiro ano de governo, Bolsonaro terá dificuldades para investir
A decisão do futuro governo de começar seus serviços pela óbvia reestruturação das pastas, acrescida da revisão dos atos dos últimos 60 dias da gestão Michel Temer, significará uma lupa bem potente sobre os mais recentes leilões de distribuidoras de energia: o da Amazonas Energia e o da de Alagoas, marcado para hoje.
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De quebra, o governo ainda vai jogar mais luz sobre os empenhos orçamentários editados nos últimos dias, que prometem incrementar os restos a pagar. Até aqui, pelas contas da futura equipe, o primeiro ano de Jair Bolsonaro terá muita dificuldade em investir, por causa da quantidade de restos a pagar. A conta, entretanto, só poderá ser fechada nos primeiros dias de janeiro, depois que a equipe econômica souber o total empenhado esta semana. A cifra já está na casa dos bilhões.
Olho neles
Cinco nomes abrem 2019 com um capital político de fazer inveja a muitos, porque tiveram mais de 10 milhões de votos: o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL); o adversário dele no segundo turno, Fernando Haddad (PT); o governador eleito de São Paulo, João Doria (PSDB); o terceiro colocado na disputa presidencial, Ciro Gomes (PDT); e o atual governador de São Paulo, Márcio França (PSB).
Hora da defesa I
O ministro de Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab, vai se licenciar da Casa Civil de João Doria nos primeiros dias de janeiro. Quer aproveitar o período para se dedicar à sua defesa no processo que o envolve no esquema de tráfico de influência da JBS. O sonho de Kassab é voltar à Casa Civil paulista como Henrique Hargreaves voltou ao cargo no governo Itamar Franco, no início dos anos 1990. Sem nenhuma mácula.
Hora da defesa II
Quanto ao ex-assessor Fabrício Queiroz e outros da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, continua o mistério das movimentações financeiras incompatíveis com os rendimentos. Queiroz, que movimentou R$ 1,2 milhão, somando-se saques e depósitos, não é quem chama mais a atenção dos investigadores. Eles estão de olho em Elisângela Barbiere, assessora do deputado estadual André Ceciliano (PT). Ela movimentou R$ 26,5 milhões. Essa turma vai começar o ano se explicando.
Aviso não falta
A agenda do futuro governo, divulgada ontem, foi classificada pelos integrantes do gabinete de transição como um “preventivo”. Ali, estão todas as regras sobre uso de aeronaves, requisição de passagens, diárias etc. Ninguém vai poder alegar desconhecimento das normas. Melhor assim.
CURTIDAS
Que seja proveitoso…/ Mal a agenda do governo foi divulgada, começaram as apostas dos políticos sobre quanto tempo vão durar as reuniões ministeriais marcadas para todas as terças-feiras.
… Enquanto dure/ É que muitos ministros têm viagens, reuniões fora e aí começa um tal de mandar representantes. Em outros governos, as reuniões só funcionavam quando se limitavam a pequenos grupos.
França, o enigma I/ O governador de São Paulo, Márcio França (foto), aproveitou a entrevista ao Valor para colocar João Doria como o maior contraponto a Jair Bolsonaro nos próximos quatro anos. Aí tem.
França, o enigma II/ Quem leu a entrevista com uma lupa faz suas apostas: ou Márcio França quer jogar Doria para a disputa presidencial, a fim de tentar voltar ao governo de São Paulo daqui a quatro anos, ou vai se lançar nessa corrida.