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As suspeitas de lobby no governo na área de saúde levaram à preparação de um projeto de lei e decreto de agenda para as autoridades. A ideia é tentar dar um basta, inclusive, nessa história de lobista abordando autoridades em restaurantes e eventos em Brasília, para tratar de assuntos de trabalho. Em breve, cada lobista que pedir uma reunião no governo terá que entrar no site e preencher algumas informações, tais como quem representa, o assunto que vai tratar e o que quer modificar, e também seus dados. Essa exigência valerá para qualquer um que defenda interesses privados, seja remunerado ou não.
As reuniões extra-agenda entre representantes do poder público e empresas privadas, ainda que sejam fora do local de trabalho e horário de expediente, também precisarão ser incluídas na agenda, num prazo de 72 horas. Se não houver atualização, poderá haver sanção. Pelo visto, o caso do ex-secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten, sobre as reuniões com a Pfizer causou algum incômodo.
Há quem diga que essas propostas serão, ainda, a forma de o presidente Jair Bolsonaro ter um discurso anti-lobby escusos, na hora em que a CPI da Covid acusá-lo de favorecer laboratórios que produzem hidroxicloroquina.
Termômetro de problemas
A insatisfação do baixo clero no Parlamento está num crescente desde que o governo passou a priorizar as emendas de relator e a segurar a massa de emendas individuais e de bancada. Em breve, vai ter gente querendo dar recado direto no painel de votação da Casa. Podem apostar.
O “jabutizal” para aprovar…
As emendas que o senador Marcos Rogério (DEM-RO) acolheu no relatório do projeto da Eletrobras aumentam ainda mais a despesa da União com a proposta. Cria, inclusive, mais subsídios à indústria de carvão até 2035. As alterações, porém, são classificadas nos bastidores como algo sob encomenda para aprovar a medida provisória, hoje de manhã, a fim de dar tempo à Câmara de votar até o dia 22.
… e mais contas a pagar
É tanto penduricalho que técnicos do setor passaram boa parte da noite fazendo os cálculos e concluíram que a ideia é aprovar de qualquer jeito, apenas para o governo dizer que deflagrou o processo de privatização. Se o “jabutizal” que os parlamentares incluíram na MP terminar aprovado, hoje, a judicialização será inevitável.
Centro rachado/ Diante do anúncio de Luciano Huck, de que não concorrerá à Presidência da República, em 2022, o almoço do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta com presidentes e representantes de partidos de centro foi visto nas conversas paralelas como uma tentativa de emplacar outro nome. Só tem um probleminha: cada um ali já tem um candidato em mente.
União difícil/ A junção de todos os partidos de centro em torno de uma candidatura é missão impossível a preços de hoje. O PSD de Gilberto Kassab (foto), por exemplo, já decidiu que terá candidato próprio. Kassab sequer participou do almoço. “São pessoas de bem que estão buscando um caminho. Mas, nós, do PSD, já decidimos ter candidato próprio. Não dava para chegar lá com essa decisão já tomada”, afirmou ele à coluna.
Arruma outra agulha/ Durou pouco o discurso do governo, ensaiado na reunião ministerial, de que o Chile teve aumento do número de casos porque vacinou a maior parte da população com a CoronaVac, a primeira vacina disponível no Brasil graças ao esforço de João Doria. O governo chileno apresentou dados de redução das hospitalizações e mortes. Não é por aí que conseguirá espetar o governador de São Paulo.
Périplo/ Inocentado no inquérito dos atos antidemocráticos, o empresário Otávio Fakhoury passou por Brasília, esta semana, para expor sua posição e tentar tirar esse problema dos ombros. E não descarta concorrer a um mandato em 2022.
Espíritos armados/ A temperatura entre Renan Calheiros (MDB-AL) e Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) subiu demais durante o depoimento do ex-governador Wilson Witzel à CPI da Covid. E quem conhece os dois acredita que subirá mais ainda. Já tem gente pensando em detector de metais para evitar armas no plenário da comissão.
Enquanto a CPI da Pandemia vai aos poucos refrescando a memória dos brasileiros sobre o processo da tragédia de 411 mil mortes por complicações decorrentes da covid-19, o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula vão montando o tabuleiro para 2022. Bolsonaro, conforme adiantou a coluna, já tem fechados quatro partidos — PP, PL, PTB, Republicanos e o pequeno a que se filiará. Lula, por sua vez, tem o PT, o PCdoB e deve ter ainda o PSB e o PSol.
Quem está no papel de terceira via é o PSD. Ao fechar a filiação do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, o presidente do partido, Gilberto Kassab, se coloca como gente grande neste jogo, uma vez que já tem em suas fileiras o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, reeleito com louvor no primeiro turno. Kassab, que estará com Lula esta semana, já avisou que pretende lançar candidato próprio.
CPI 2, governo 0
O governo acredita que o depoimento do ex-ministro da Saúde Nelson Teich vai se somar ao de Luiz Henrique Mandetta, num estado de puro desgaste para o Planalto. Caberá a Marcelo Queiroga a tarefa de tentar empatar o jogo.
Ponto fraco
No caso de Eduardo Pazuello, a avaliação geral é a de que, quanto mais tempo o general pedir para se explicar, pior vai ficar, por causa dos documentos que podem chegar à Comissão. É preciso esclarecer, por exemplo, as negociações de vacinas que Teich tentou fazer e Pazuello não conseguiu dar continuidade.
Os primeiros reflexos da CPI
Bem ou mal, a CPI da Pandemia já produziu efeitos positivos. Na Câmara, a reforma tributária é colocada no palco principal das discussões, ainda que não se saiba aonde vai chegar. E o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, corre no sentido de vacinar toda a população até ao final do ano.
Vem por aí
A ideia do governo é transformar a vacinação num atenuante ao desgaste que virá com a CPI. No Planalto, ministros estão convencidos de que, com a população vacinada, os brasileiros vão esquecer as primeiras falas de Bolsonaro contra a vacina chinesa e, também, o pronunciamento da “gripezinha”. A oposição, por sua vez, aposta que a CPI ajudará a refrescar a memória do brasileiro sobre o pano de fundo das 411 mil mortes até aqui.
Guedes e Wajngarten no alvo/ As discussões de hoje, depois do depoimento do ex-ministro da Saúde Nelson Teich, vão girar sobre a convocação do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten.
Tchau, Aguinaldo/ O presidente da Câmara, Arthur Lira, promete levar a reforma tributária ao plenário, mas falta combinar com os líderes. O texto do relator Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) ainda não é consenso entre os líderes e se não for, não há como encaminhar direto. Há quem aposte que, se Arthur insistir, será mais um tema para o STF.
Enquanto isso, no Salão Verde…/ Um vídeo em que aparece a deputada Alê Silva (PSL-MG), no Tik ToK, dançando “Carpinteiro”, no Salão Verde da Câmara dos Deputados, com dois assessores, viralizou nos grupos WhatsApp das excelências.
Doutor Ulysses de testemunha/ A gravação, na entrada do plenário, mostra ao fundo, a estátua do presidente da Câmara, Ulysses Guimarães. A cena inusitada foi criticada pela deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) nas redes sociais: “A deputada bolsonarista Alê Silva não tem mesmo o que fazer na Câmara?! O Brasil com mais de 400 mil mortes por covid e essa criatura usa as dependências da Câmara para fazer dancinha?”
Embora tratada como por sua assessoria como uma agenda privada, a visita do ex-presidente Lula a Brasília movimentará o meio diplomático. O ex-presidente tem encontro marcado esta semana com diplomatas de, pelo menos, três países, Rússia, Alemanha e Argentina. Esses encontros são tratados como “visitas privadas”, mas a expectativa de deputados do PT e a de que o ex-presidente converse sobre o combate à pandemia, o cenário político do continente Sul americano e, de quebra, dê ainda aos diplomatas explicações sobre sua volta à ativa, depois da anulação suas condenações pelo Supremo Tribunal Federal.
Esses encontros são apenas um parte da agenda privada em Brasília. Lula tem ainda almoço marcado com o ex-presidente José Sarney, e há expectativa de uma conversa com o relator da CPI, Renan Calheiros. conforme adiantou a coluna Brasília-DF dia desses. Porém, esse encontro com Renan vem sendo desaconselhado por alguns petistas para não dar margem a versões de que Lula deseja influir na CPI da Covid, uma vez que Renan é o relator. Alguns petistas, por, garante que os dois vão se reunir. Lula chega à cidade esta tarde, junto com o ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, e segue direto para o hotel onde ficará hospedado.
Os principais estrategistas do presidente Jair Bolsonaro comemoram discretamente a anulação das condenações de Lula. Na avaliação dos bolsonaristas, a volta do petista enfraquece uma aliança de centro e, portanto, uma terceira via que possa tirar o país da polarização na qual o chefe do Planalto navegou em 2018 e saiu vitorioso. “Quanto mais o PT colocar a cabeça para fora, melhor para nós” era a frase mais repetida por ministros do governo ontem. A análise é de que é melhor enfrentar o PT, um adversário conhecido e desgastado, do que um que possa angariar simpatias e renovar as esperanças do centro para a direita.
O ensaio geral foi na live desta semana, em que Bolsonaro falou que Lula pode ser candidato e, nas entrelinhas, se colocou como o nome mais seguro para enfrentar o petista num segundo turno. Ele ainda avisou que o próximo presidente escolherá dois ministros do Supremo Tribunal Federal.
Ali, é administrar o prejuízo
Ao avaliar nome por nome da lista de integrantes da CPI da Covid, o governo praticamente jogou a toalha. Não há meios de conseguir maioria. A avaliação é de que o Executivo demorou a pedir que seus aliados fossem escalados para a CPI e, quando acordou, era tarde.
Vão ter de engolir
Em conversas reservadas, os senadores têm dito que, depois de tanto mencionar Renan Calheiros como um possível relator, qualquer outro nome soaria como uma derrota do alagoano. Ou seja, está difícil o governo conseguir emplacar um nome diferente na relatoria.
Bolsonaro fica
O presidente Jair Bolsonaro rechaçou qualquer possibilidade de viajar para não sancionar o Orçamento da União para este ano. Como ele sempre diz: pior do que uma decisão mal tomada, é uma indecisão.
Muita calma nessa hora
Animados com a volta de Lula ao palco principal rumo a 2022, os petistas se dividem sobre o caminho a seguir. Há quem diga que não dá para colocar Lula no papel de candidato desde já, porque pode soar arrogante. Outros consideram que não tem o que pensar. É começar a percorrer o país e, quem quiser que se una ao nome mais bem colocado nas pesquisas para enfrentar Bolsonaro. A decisão será tomada no segundo semestre.
Clube do Bolinha/ As 12 senadoras que compõem a bancada feminina da Casa ficaram fora da CPI da Covid.
Limonada tucana/ Logo depois que o STF chegou à maioria pela anulação das condenações de Lula, o PSDB lançou em suas redes que “o Brasil pode ter a chance de, democraticamente, se livrar do lulismo e do bolsonarismo em 2022, basta votar diferente”. Para bons entendedores, foi mais um sinal de que a campanha já começou.
Fidelidade partidária/ O governo aposta que o senador Marcos Rogério (foto), do DEM-RO, vice-líder do governo, está para o que der e vier ao lado do presidente Jair Bolsonaro na CPI da Covid. O parlamentar, porém, será mais fiel ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
Mobiliza aí/ Antes da tradicional live das quintas-feiras, circulou pelas redes sociais bolsonaristas uma convocação para que cada aliado levasse, pelo menos, mais 50 pessoas para assistir à fala presidencial transmitida em várias plataformas. Pelo menos nos primeiros 15 minutos, mais de 300 mil acompanharam o discurso de Bolsonaro.
Centrão rachou, Lula quer Alexandre Kalil para vice na chapa petista
Coluna Brasília/DF de 18 de março de 2021
Diante da queda na avaliação da gestão do presidente Jair Bolsonaro e da alta da covid, dos juros e dos preços, deputados do grupamento que hoje sustentam o governo no Congresso adotam um certo distanciamento. Não é pequena a quantidade de parlamentares que, embora publicamente se coloque como base aliada, diga, em conversas reservadas, que só está ao lado de Bolsonaro por causa das emendas, necessárias para atendimento dos prefeitos ávidos por recursos orçamentários.
Esse cenário levou o PT de Lula a buscar os partidos de centro. O primeiro movimento foi procurar o PSD, presidido por Gilberto Kassab. O sonho do petista, hoje, é ter o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, como seu candidato a vice. A ideia é repetir a fórmula da campanha vitoriosa de 2002, quando Lula fez chapa com o então senador José Alencar, de Minas Gerais. Kalil, bem colocado para o governo do estado, não pensa nessa hipótese. O leque de 2022 ainda terá muitos ensaios.
Huck 2026
Diante da confusão na política, o apresentador Luciano Huck recolheu os flaps. A ida para o domingo, no lugar de Faustão, e a posição da família pesam a favor do adiamento do projeto de concorrer à Presidência da República.
Administrativa aponta para mais desgaste
A insistência do governo em dar prioridade à reforma administrativa na Câmara não é consenso na base aliada. A aposta é de que, quando o texto que Jair Bolsonaro entregou ao Congresso estiver em discussão, o governo viverá uma profusão de carreatas, como a dos policiais, nesta semana.
Música para o Centrão
Diante das dificuldades e da queda de popularidade, o governo faz um pente-fino nos cargos disponíveis para oferecer aos aliados. Vem aí uma nova temporada para ficar de olho na Seção 2 do Diário Oficial da União.
Agora só falta você
Na base aliada, a toada, hoje, para levantar a popularidade é de que o presidente Jair Bolsonaro precisa admitir a necessidade de maior distanciamento social nas cidades em que o sistema de saúde esteja no limite. Afinal, foram mais de 5 mil mortes em dois dias. Bolsonaro ainda não se convenceu. A live desta quinta-feira é vista como um termômetro.
CURTIDAS
O teste de Bia I/ É bom a presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), da Câmara, Bia Kicis (PSL-DF), se preparar. O bate-boca entre os deputados Paulo Teixeira (PT-SP), que chamava Jair Bolsonaro de “genocida”, e Alexandre Jordy (PSL-RJ), que tachava o petista de “vagabundo” e “cúmplice de ladrão”, foi só o começo. Ontem, ela descobriu onde fica a campainha, para pedir atenção dos colegas.
O teste de Bia II/ As apostas são de que o debate da reforma administrativa, a partir da próxima semana, fará subir ainda mais a temperatura das discussões entre os extremos.
Energia em debate/ Instalada a Frente Parlamentar de Energia Renovável na Câmara, o governo já convidou seu presidente, Danilo Forte, a integrar a comitiva que irá a Glasgow, na Escócia, para a 26ª Conferência das Partes (COP) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, a COP 26, em novembro deste ano. Mas dificilmente o governo levará na bagagem a Eletrobras privatizada. Hoje, o Coletivo Nacional dos Eletricitários lança a campanha “Salve a energia”, contra a privatização da empresa.
Enquanto isso, em Paris…/ Bares, restaurantes e museus estão fechados desde novembro e, agora, outras medidas virão. Na última terça-feira, a França registrou 408 mortes. E, aqui, onde chegamos a 6.045 em três dias, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, diz que a situação é “até confortável”.
Os petistas analisam o quadro para 2022 com a certeza de sucesso com base em três premissas: 1) Em 2018, o candidato Fernando Haddad chegou ao segundo turno, mesmo com o ex-presidente Lula preso. Agora, Lula está solto. Logo, poderá fazer campanha Brasil afora. 2) O ex-juiz Sérgio Moro, na avaliação do PT, não tem mais empuxo para ajudar este ou aquele candidato. 3) O presidente Jair Bolsonaro já não tem a mesma “pegada” eleitoral e perdeu grandes apoios. Logo, não há motivos para evitar uma candidatura própria com o ex-prefeito na cabeça de chapa.
O PT, porém, ainda não sabe qual o grau de rejeição ao partido. É a única variável que eles consideram negativa hoje. Significa que o candidato terá que apostar mais na renovação de quadros. E aí mora o problema. A turma mais antiga não quer abrir mão da visibilidade para dar vez a novatos.
Onde mora o perigo
A ampliação da posse de armas, feita numa canetada pelo presidente Jair Bolsonaro, foi vista com muita desconfiança pela oposição. Há quem suspeite de que ele esteja criando um exército paralelo, para o caso de as coisas saírem do seu controle mais à frente.
Por falar em armas…
Os decretos também representam uma forma de o presidente dar um afago aos radicais que o apoiam, no mesmo momento em que ele começa a entregar os ministérios aos partidos, nomeando para a pasta da Cidadania o deputado João Roma, indicado do Republicanos. Até aqui, o presidente sempre dizia que não negociaria ministérios com os partidos. Essa negociação é hoje a maior arma de Bolsonaro no Parlamento.
… o cartucho de Bolsonaro está cheio
Tem muita gente no DEM com a crença de que a revolta de ACM Neto com a nomeação de João Roma para ministro da Cidadania não passou de encenação. O partido ferve e a ala independente teme que Bolsonaro, num dos seus inúmeros rompantes, diga que Neto sabia da nomeação de João Roma e não lhe disse que não o fizesse. Foi mais ou menos o que o presidente fez com Sérgio Moro, ao dizer que havia prometido ao então ministro da Justiça uma vaga no Supremo Tribunal Federal.
Agora, lascou
A retirada dos militares da fiscalização da Amazônia deixa os embaixadores brasileiros com muita dificuldade de fazer com que autoridades e instituições ambientais estrangeiras acreditem que a região está protegida e vai se desenvolver de forma sustentável. O chanceler Ernesto Araújo e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, são vistos como aqueles que apenas repetem o discurso ideológico do chefe.
Moro na foto/ Em conversas com aliados, o senador Álvaro Dias (Podemos-PR) tem dito que, se Sérgio Moro não for candidato a presidente da República, será pule de dez para o Senado. Estaria eleito sem sair de casa.
Por falar em Moro…/ A pressão sobre os procuradores da Lava Jato é vista com desconfiança por quem não se enroscou nas falcatruas relevadas pelo Petrolão. Daqui a pouco, vão dizer que o desvio de recursos e as delações premiadas não passavam de ficção.
… ele tem narrativa/ Moro ensaia o discurso de que interessa ao PT e ao presidente Jair Bolsonaro desmoralizá-lo e a Lava Jato. Se o discurso pegar, o ex-juiz se manterá como um player e a ser considerado. Porém, tanto os bolsonaristas quanto os petistas estão convictos de que a polarização de 2018 se repetirá em 2022, com Bolsonaro versus Fernando Haddad num segundo turno.
Calma, pessoal!/ A porta de um apartamento num condomínio de classe média alta em Brasília amanheceu, dia desses, pichada com uma cruz. Tudo porque um cachorrinho novo chora e um vizinho não gostou do barulho. Ora, quem não tem tolerância para conviver com essas situações ou não sabe conversar para resolver diferenças, deveria optar por morar num descampado.
Coluna Brasília-DF, por Carlos Alexandre de Souza (interino)
As eleições marcadas para este domingo podem indicar questões importantes para 2022. A mais relevante delas é o desenho que se formará para a construção de candidaturas competitivas à sucessão do Planalto. Nas maiores cidades do país, os favoritos, segundo as pesquisas de opinião, não constituem uma renovação no cenário. É mais provável que os vencedores atuem como apoiadores de uma aliança maior, ainda em construção, mas que já realiza movimentos concretos e elevou o estado de alerta no Planalto. Bruno Covas (PSDB) e Eduardo Paes (DEM), se eleitos, podem desempenhar um papel relevante nas conversas em curso entre João Doria, Rodrigo Maia, Luciano Huck, Sergio Moro e Luiz Mandetta, alguns dos atores em evidência nas especulações sobre 2022. O presidente Jair Bolsonaro, natural candidato a um segundo turno, não espera um adversário proveniente de um amplo entendimento partidário. “Não teremos um líder feito no Brasil de dois anos, não vai aparecer. A não ser montado na grana, comprando um tantão de coisa por aí, em especial os marqueteiros. Fora isso, não terão outros líderes num curto espaço de tempo”, disse o mandatário, na última terça-feira.
Sem espaço
Se, por um lado, a ausência de um adversário com ampla coalizão partidária é a expectativa de Bolsonaro, a situação para 2022, por outro lado, não está confortável para o candidato à reeleição. Nenhum dos favoritos a prefeito nos maiores colégios eleitorais, caso vençam nas urnas, parece disposto a dar palanque ao presidente daqui a dois anos. Os caminhos estão estreitos, também, entre governadores, alvo de constantes ataques do Planalto.
É comigo mesmo
Sem partido, em um cenário político pulverizado e adverso e com uma tremenda crise econômica pela frente, Bolsonaro
parece ter de contar com ele mesmo para repetir o feito de 2018.
Cartórios no STF
Está no Supremo Tribunal Federal (STF) uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI-4851) que pode prejudicar o serviço de cartório notarial na Bahia. A ação contesta uma legislação estadual de 2011, que transformou em privados os cartórios de registros. Até então, essas unidades eram de caráter público.
Ao plenário
O ministro Dias Toffoli fez um pedido de destaque para submeter o caso à análise presencial dos integrantes do Supremo. Ainda não há previsão para a discussão ser retomada. A relatora, ministra Cármen Lúcia, posicionou-se pela remoção de centenas de notários e registradores com décadas de experiência na atividade cartorária.
Muda tudo
Entre as medidas adotadas para evitar novos ataques de hackers, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) orientou ministros, servidores, terceirizados e estagiários a mudarem a senha de acesso aos sistemas da Corte. Segundo o ministro Humberto Martins, que assumiu a presidência do tribunal há dois meses, o STJ está atento para impedir novas investidas cibernéticas, após alerta emitido pela Polícia Federal.
Moro de saias
Neste domingo de pleito municipal, os eleitores do Mato Grosso serão os únicos do país a escolher um senador. Eles vão definir o substituto de Selma Arruda, que, em 2019, teve o mandato cassado pela Justiça Eleitoral por uso de caixa dois e abuso de poder econômico na eleição de 2018. Ex-juíza, Selma Arruda ficou conhecida como “Moro de saias”, pelas ações em favor do combate à corrupção. Carlos Fávaro, Nilson Leitão e Pedro Taques estão na briga, segundo levantamento do Ibope.
Tarcísio e Marinho: dois ministros para elevar a popularidade de Bolsonaro
Coluna Brasília-DF
Os ministros Tarcísio de Freitas, da Infra-Estrutura, e Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional, são vistos no Palácio do Planalto como os “ministros das entregas”. É com eles que o presidente Jair Bolsonaro conta atualmente para mostrar serviço junto à população. Tarcísio fez, esta semana, o que foi lido como “um gol de placa”, ao entregar a concessão antecipada das ferrovias Carajás e Vitória-Minas, e obter da Vale a construção de duas outras ferrovias.
Não por acaso, Tarcísio foi explicar esse tema na live presidencial de ontem. Marinho, por sua vez, tem recebido os louros da conclusão de obras no Nordeste, como o abastecimento de água na Bahia e Piauí, onde o presidente esteve ontem. Em tempo: ao ministro da Economia, Paulo Guedes, Bolsonaro deu a missão de arrumar dinheiro para que haja mais entregas à população, inclusive o Renda Brasil.
O auxílio é fundamental para o Nordeste, região que o presidente busca conquistar, a fim de reforçar seu eleitorado para 2022. Até aqui, as propostas de Guedes para tentar arrumar recursos carecem de apoios no Congresso, por onde devem passar.
Ativo precioso
A forma como o ex-ministro da Justiça e ex-juiz Sergio Moro foi às redes sociais defender a Lava-Jato, chamando-a de “a maior operação de combate à corrupção no mundo”, deixou na classe política uma certeza: ele é candidato em 2022, e a Lava-Jato sua bandeira. Até aqui, o partido que abriu as portas para recebê-lo foi o Podemos, do senador Álvaro Dias (PR).
Vai ter que engolir
A semana em que o Centrão se esfacelou deixa um recado claro para Bolsonaro. O capitão não tem saída, a não ser dialogar com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). É quem tem o poder de comando na Casa e navega em todos os setores.
Eletrobras na lida…
Técnicos da Eletrobras tiveram uma reunião virtual com Maia. Eles encaminharam um estudo com as oportunidades de investimento da companhia, nos próximos anos, em transmissão e geração de energia. O documento mostra que a estatal tem recursos para gerar empregos no pós-pandemia, por meio de projetos de infraestrutura, em linha com os objetivos do programa Pró-Brasil, e sem romper a regra do teto de gastos.
…E na roda
Os técnicos argumentam que a Eletrobras lucrou R$ 24 bilhões nos últimos dois anos, tem mais de R$ 12 bilhões em caixa e um nível de endividamento reduzido. A estatal está na lista de privatizações do governo, mas depende de autorização do Congresso. Maia, no entanto, reafirmou aos servidores da companhia que o assunto não entrará na pauta dos próximos meses.
CURTIDAS
Sul vira campo minado/ Com a pandemia em alta no Sul do país, há entre os aliados do presidente muitos com medo de que ele perca votos na região. Afinal, o governo federal não teve uma coordenação nacional efetiva de combate ao coronavírus, faltam medicamentos básicos e sobra cloroquina, um remédio que não tem eficácia comprovada. E, por isso, não pode ser usado por todos pacientes.
Desativar minas!/ Depois do Nordeste, é para o Sul que Bolsonaro segue, a fim de conferir, in loco, a sua popularidade.
As voltas que o mundo dá/ Rogério Marinho (foto) não conseguiu votos para se reeleger à Câmara dos Deputados e, hoje, é uma das apostas para uma eleição majoritária, seja o Senado, seja o governo estadual.
Por falar em Senado/ Davi Alcolumbre (DEM-AP) tem votos hoje em quase todos os partidos. Até Álvaro Dias já topou conversar.