O desafio de unir o PSL após Bolsonaro ser chamado de “traidor”

Bolsonaro PSL
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Coluna Brasília-DF

A manifestação dos policiais em frente ao Planalto terminou chamando o presidente Jair Bolsonaro de “traidor” e fez balançar o apoio do PSL à reforma previdenciária. O esforço daqui para frente será no sentido de unir o partido a votar o texto integral. Afinal, a legenda à qual o presidente é filiado tem que dar o exemplo para as demais.

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A coluna registrou, há meses, que o governo de Jair Bolsonaro teria com o seu partido o mesmo problema que o ex-presidente Lula teve com o PT, quando a Previdência esteve em debate. Nos tempos petistas, Heloísa Helena e um grupo de deputados deixaram a sigla e formaram o PSol. Resta saber o que farão os integrantes que não concordam com as propostas do governo.

Por onde passa boi…

Senadores pressionam o governo sobre cargos, porque começaram a ver dois pesos e duas medidas nas indicações. A direção da Sudeco, por exemplo, contou com o apoio do governador de Goiás, Ronaldo Caiado. Agora, muitos consideram que a porteira está semiaberta. Ainda não passa boiada, mas…

Por falar em Bolsonaro…

Ele abriu a reunião dos ministros, ontem, citando o caso de Marcelo Álvaro (Turismo). “O governo tem que ser um só. Se o governo não ficar junto, o próximo pode ser qualquer um. Qualquer coisinha, a imprensa vem para cima. Hoje é o Marcelo, o Moro. Querem atingir a mim, ao governo”, disse o presidente, segundo relatos de ministros.

… ninguém sai

A forma como ele se referiu ao ministro do Turismo deixou gente na sala com a certeza de que Bolsonaro vai seguir à risca o que disse anteriormente: só demite o ministro do Turismo se houver alguma prova cabal contra ele. Para completar, o ministro pediu licença para não integrar a lista dos que iriam ao jogo do Brasil, porque tem de ir a Mato Grosso do Sul lançar o Investe Turismo.

O climão na Casa

Levantamento da consultoria Arko Advice com 113 deputados de 24 partidos: a maioria, 76,1%, acredita que a reforma será aprovada. Metade prevê que a economia ficará entre R$ 800 bilhões e R$ 1 trilhão. São 513 deputados, apenas 113 foram ouvidos. Porém, a sensação geral é de aprovação, inclusive entre parlamentares de oposição.

Curtidas

Heleno pulou fogueira I/O PT bem que tentou convocar o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, para que ele explicasse aos senadores por que foi à manifestação de apoio a Sérgio Moro, que teve, entre um dos focos, a defesa da intervenção militar e o fechamento do Congresso.

Heleno pulou fogueira II/ O único partido que apoiou foi a Rede. Os demais não viram necessidade sequer para um convite. “Ele estava lá como cidadão e não como ministro”, defendeu o senador Major Olímpio, com apoio dos partidos de centro e até de alguns da oposição.

Artistas na luta I/ Um grupo de músicos foi ao Senado para pedir encarecidamente que o novo plano nacional de turismo não isente hotéis e motéis do pagamento de direito autoral por música nos quartos. “As pessoas precisam entender que as músicas têm autores e que eles vivem disso”, afirma a cantora Sandra de Sá.

Artistas na luta II/ O projeto ainda não está em votação no plenário, mas é certo que o tema vai esquentar no segundo semestre. Sandra pergunta: “Será que os hotéis vão baixar a diária ou deixar de cobrar dos compositores?”

Cotado para a Educação, senador Izalci Lucas é chamado para reunião com Bolsonaro

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Cotado para ministro da Educação, o senador Izalci Lucas (PSDB-DF), terá um encontro com o presidente Jair Bolsonaro neste Sábado. Ele foi indicado por um grupo expressivo de deputados evangélicos, inclusive Bispo Rodovalho, que já foi deputado federal por Brasília. O PRB, braço da bancada evangélica, tentou indicar o deputado João Roma (PRB-BA), ex-secretário de governo da prefeitura de Salvador. Roma, entretanto, é visto como um nome muito ligado ao prefeito ACM Neto, presidente do DEM, que já tem três ministros no governo,  Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Tereza Cristina (Agricultura) e Luiz Mandetta (Saúde).

Há um desconforte entre os partidos de centro por causa da quantidade de cargos que o DEM tem no governo. Conforme antecipou a coluna Brasília-DF hoje, o DEM aproveita esses espaços para ampliar sua base nos municípios, atraindo prefeitos. O movimento provocou tanta ciumeira que ajudou a tirar o ex-deputado Mendonça Filho (DEM-PE)  da lista de possíveis ministros da Educação.

Guedes: ideia é se aproximar dos EUA sem abandonar a China

paulo guedes
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Washington — O ministro da Economia, Paulo Guedes, pretende sair dos Estados Unidos, amanhã, com a certeza de que plantou a semente do “ganha-ganha”, ou seja, não é excluir a China em favor dos Estados Unidos, mas dar ao país Ocidental o espaço que, no passado recente, não foi tão valorizado na relação comercial. “Houve uma atitude de desinteresse com um parceiro extraordinário, que está aqui do lado. E isso se agudizou no período do governo do PT. Vários países fizeram acordo com os americanos e nós não. Vamos mudar isso e não é para se contrapor a ninguém”, disse o ministro, numa rápida entrevista no hotel onde está hospedado.

Essa visão não significa abandonar a China, principal parceiro comercial do Brasil hoje, e sim ampliar a relação com os Estados Unidos. Tecnicamente, avisam alguns integrantes da comitiva, é deixar bem claro aos Estados Unidos que há o interesse chinês em financiar infraestrutura no Brasil e que cabe aos ocidentais decidir se vão deixar o país comercialmente mais atrelado à China ou trabalhar de forma conjunta para favorecer essa reaproximação. Da parte do Brasil, a ordem é manter as negociações abertas com todos.

O tema foi tratado no jantar da noite de domingo, quando o ministro conversou com formadores de opinião norte-americanos e fez um discurso sobre as relações comerciais do Brasil acoplado a uma análise geopolítica, sobre o fato de a economia de mercado produzir democracias. E que o mundo, a China inclusive, opta pela economia de mercado para tirar sua população da pobreza. Guedes foi ainda claro ao dizer, no jantar, que “o Brasil, geopoliticamente, sabe o que é: Ocidental e uma democracia”. O ministro foi ainda incisivo ao dizer que “só quer saber do que pode dar certo”. Ele, porém, mantém reservas para dizer como e sobre quais produtos as conversas podem evoluir ainda nesta viagem aos Estados Unidos. Ele saiu do hotel direto para uma conversa como secretário de Comércio dos Estados, Wilbur Ross.

 

Declaração de Bolsonaro sobre Lava-Jato da Educação provoca tensão com parte do DEM

Bolsonaro
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Coluna Brasília-DF / Por Denise Rothenburg

A nova defesa que o presidente Jair Bolsonaro fez esta semana da Lava-Jato da Educação soou estranha para um pedaço do DEM, partido que dominou a área no governo de Michel Temer, sem mexer em todas as estruturas de poder montadas nos tempos petistas. É que a declaração de Bolsonaro no Twitter veio logo depois de o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ter se colocado como um comandante da Casa e não um defensor incondicional do governo. Para completar a desconfiança de alguns demistas, o próprio Bolsonaro já havia dito que colocaria uma lupa nos gastos em educação há cerca de 10 dias. Em política, reza a lenda, não existem coincidências.

 

A turma de Bolsonaro, entretanto, garante que uma coisa não tem nada a ver com a outra. O presidente quer, sim, averiguar o que ocorreu com os recursos da Educação, doa a quem doer. Quem tiver o que responder, que se prepare. E, nesse ponto, Jair Bolsonaro terá todo o apoio da população.

 

O DEM, por sua vez, quer que Bolsonaro lhe faça a corte, peça apoio formalmente, o que até agora não ocorreu. Caberá ao ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, servir de ponte entre o presidente e o seu partido, que, embora não seja dos maiores da Câmara, está no comando do ritmo de votações da Casa. Até aqui, Onyx venceu todas as batalhas em que se envolveu. Suas duas apostas — Jair Bolsonaro para presidente da República e Davi Alcolumbre (DEM-AP) para presidente do Senado — tiveram sucesso. Resta agora acalmar o DEM e aprovar a reforma previdenciária para mudar de patamar na política.

 

Um novo João Alberto

Os senadores avaliam com muito cuidado a escolha do futuro presidente do Conselho de Ética da Casa. A ordem é buscar alguém que não seja suscetível a pressões de redes sociais na hora de analisar pedidos contra algum senador. Eles querem alguém como o ex-presidente João Alberto Souza (MDB-MA), que arquivou ações contra oito senadores, incluindo Gleisi Hoffmann (PT-PR), Fernando Collor (PTC-AL) e Aécio Neves (PSDB-MG).

Carnaval de protestos

O presidente Jair Bolsonaro venceu por larga maioria de votos em Brasília, mas foram as críticas ao governo e o “Lula Livre” que tiveram mais visibilidade nos blocos de Brasília. Há quem atribua uma parte das críticas a grupos de funcionários públicos insatisfeitos com a reforma previdenciária.

 

Por falar em reforma…

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, só instala a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na semana que vem. Essa semana curta por causa do carnaval servirá apenas para tentar ajustar os ponteiros e definir relator. Logo, o calendário da nova Previdência ainda é uma incógnita.

 

Ganhou fôlego/ A saída de Fábio Schvartsman da presidência da Vale, ainda que temporária, e as suspeitas de que a direção da companhia sabia dos riscos da barragem de Brumadinho fará com que os partidos indiquem logo os integrantes da CPI que vai investigar a empresa, no Senado.

Acelera aí/ Se quiserem uma CPI Mista, os deputados vão ter de correr. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, avisou que vai esperar até 11 de março. Se não houver a mista, o Senado fará sozinho.

Diferenças gritantes I/ Os deputados que foram aliados de todos os governos relatam as diferenças entre Dilma Rousseff (foto) e Jair Bolsonaro: ele sabe como funciona a política e tem humildade para recuar quando percebe que
está errado.

Diferenças gritantes II/ Em relação aos filhos, Paula era para lá de discreta e não entrou para a política. Os três filhos políticos de Bolsonaro representam uma emoção a cada dia.

Demissão de Szabó deixa Bolsonaro em dívida com Moro

sérgio moro
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Coluna Brasília-DF / Por Denise Rothenburg

O ministro da Justiça, Sérgio Moro, não desistirá da guerra contra o crime organizado dentro do Poder Executivo por causa da não nomeação de Ilona Szabó para o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. A tendência do ministro é esperar para pedir ao presidente que o apoie nas grandes causas, que certamente virão. Agora, o presidente Jair Bolsonaro é meio que devedor do ministro, a quem prometeu dar carta branca no combate ao crime organizado e na nomeação das pessoas do governo.

Szabó fora do conselho, dizem aliados de Moro, foi constrangedor, mas não representou o fim do mundo. Moro, friamente, escolherá as batalhas que travará dentro do governo. E essa nomeação, afirmam pessoas próximas a ele, não está na lista dos embates mais importantes e decisivos de sua trajetória.

Presidente tem que resistir a pressões

Aliados do presidente Jair Bolsonaro ficaram preocupados com a rapidez com que ele cedeu aos seus apoiadores mais radicais, tirando Ilona Szabó do Conselho do ministério e também por ter pregado desde já a redução da idade de aposentadoria das mulheres. Nesse ritmo, vai ter
muito deputado pedindo mais
na hora da votação.

Por falar em pedir…

O Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (Dnit) continua como o sonho de consumo de muitos políticos. Nos partidos, não faltam “talentos” para indicações nessa seara com orçamento de R$ 8,5 bilhões.

Redes de ódio

O post de Eduardo Bolsonaro chamando de absurda a liberação de Lula para ir ao enterro do neto de 7 anos foi comparado aos de simpatizantes do PT que comemoraram o atentado a Jair Bolsonaro, durante a campanha. A política, que já havia perdido a vergonha há tempos, perdeu o respeito e a humanidade nos dois casos. Triste.

Por falar em Lula e Eduardo…

Entre os governistas, há quem diga que chegou a hora de Eduardo esquecer o ex-presidente preso e se concentrar nas reformas que o país precisa e em angariar votos no Congresso. É assim que ajudará o pai. Afinal, a eleição acabou, o tempo de Lula passou e o momento é de tocar o barco.

CURTIDAS
Ele contra elas/ O senador Ângelo Coronel (BA) conseguiu comprar uma briga com toda a bancada feminina. Ele é autor de projeto que revoga a quota de candidaturas femininas nas eleições.

Elas contra ele/ Os grupos de WhatsApp das deputadas está fervendo. A deputada Tereza Nelma (PSDB-AL) alertou o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e o Instituto de Advogados do Brasil (IAB), que ontem editou uma nota para protestar contra o projeto do deputado.

Por falar em mulheres…/ A bancada feminina no DF nunca foi tão ativa. A deputada Celina Leão (PP-DF) vai presidir a Frente Parlamentar da Mulher. Ela e Flávia Arruda (foto) farão uma tabelinha nessa pauta de gênero. Érika Kokay (PT-DF), a única veterana do grupo, segue firme na defesa dos trabalhadores.

…elas têm a força/ Paula Belmo (PPS) joga na área social e no fim dos benefícios aos políticos. E Bia Kicis, procuradora, se concentra nos temas jurídicos, como a redução da aposentadoria dos ministros do STF, e os educacionais, como a Escola sem Partido.

PSL quer o cargo de Gustavo Bebianno

Bebianno
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Entre “empoderar” o filho vereador Carlos Bolsonaro, demitindo o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, ontem mesmo, e dar todo o respaldo ao ministro, deixando Carlos constrangido, o presidente Jair Bolsonaro tentou, inicialmente, optar pela equidistância da crise. Mas os laços familiares e os discursos de Bebianno nas últimas 48 horas falaram mais alto. Assim, a ideia de deixar o ministro no cargo, defendida por militares e parlamentares, ruiu. A conversa ontem entre o presidente e Bebianno terminou com o ministro demissionário e enfraquecido, com o desfecho oficial marcado para as próximas horas. Com a instantaneidade das redes sociais, está prestes a sair oficialmente do Planalto o único do ministro do PSL. O ministro da Secretaria de Governo, Santos Cruz, não é filiado. E Onyx, da Casa Civil, é deputado federal pelo DEM, partido aliado, porém, mais independente de Bolsonaro. Diante dessa realidade, o PSL se prepara desde já para reivindicar o cargo.

Quanto ao filho, levando-se em conta os novos tuítes, parece que entendeu a mensagem do pai e dos militares. Não xinga ninguém, faz propaganda das boas ações do governo e menciona as ações no Rio de Janeiro. Melhor assim, comentam os políticos. A saída de Bebianno, porém, o fortalece. Nesse sentido, resta saber se Carlos permanecerá na linha, exercendo o mandato de vereador, deixando que o pai exerça o papel de presidente da República, ou vai insistir em ter protagonismo no governo, para irritação de muitos dentro do próprio Planalto.

Respingou geral

A crise envolvendo o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, provocou uma corrida de diplomatas estrangeiros atrás de informações sobre o que estava acontecendo. Alguns mandaram o seguinte recado ao governo: quem quer investimentos não pode ficar fazendo marola.

Onde pegou

O que levou o presidente Jair Bolsonaro a querer demitir o ministro foi o fato de Bebianno dizer em alto e bom som que não sairia. Afinal, diziam ontem alguns aliados de Bolsonaro, se o vereador Carlos não pode se intrometer em assuntos de governo, ministros também não podem dizer que não saem e ponto. O correto é: “O cargo pertence ao presidente da República”. #ficaadica.

Advogados versus Justiça

A quebra de sigilo do escritório do advogado Antônio Cláudio Mariz, que atende o ex-presidente Michel Temer, abriu guerra entre os advogados e a Justiça. Vem aí um pedido de habeas corpus assinado por vários profissionais para que o sigilo do escritório seja preservado.

Briga antiga

Não é a primeira vez que a Justiça quebra sigilo de um advogado. Mas foi a primeira vez que essa quebra atingiu um dos grandes escritórios do país. A sensação entre os advogados é de que há uma tentativa de silenciá-los.

Ensaio & erro/ Quem acompanha o dia a dia do Planalto considera que esse governo inovou até nisso: nunca antes na história do país os filhos do presidente da República quiseram ter tanto protagonismo no Poder Executivo, ao ponto de disputar espaço com o próprio pai.

Melhor de três/ Diante das confusões criadas por Carlos, há quem diga que Eduardo Bolsonaro, que era o mais polêmico, virou “Eduardinho paz e amor”. Flávio, considerado o mais calmo e cordato, também está mais discreto no Senado.

Kicis e Toffoli/ A mesa destinada à deputada Bia Kicis (PSL-DF, foto) e ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, continua rendendo. Ela conta que o comentário não foi “Se ele sentar aqui, vai ter briga” e, sim, uma pergunta: “Ele está com medo de briga, por isso não vai se sentar aqui?”. Dito e feito, Toffoli não se sentou.

É só o aquecimento/ O governo com ministros enfraquecidos, sem que as reformas ou o PT tenham entrado na arena da política. Nos bastidores, há quem diga que, em vez de brigarem entre si, o governo — e, de quebra, os filhos do presidente — deveriam se concentrar nas reformas e guardar energia para o confronto com a oposição.

Bolsonaro ganha tempo para decidir sobre a inclusão de militares na reforma da Previdência

militares
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A decisão do presidente Jair Bolsonaro de apresentar a reforma da Previdência depois da viagem a Davos deu ao governo pelo menos mais 10 dias para fechar o texto e amadurecer o que deve ser feito, especialmente, em relação aos militares. Hoje, eles não têm um sistema previdenciário completo, uma vez que quem passa para a reserva pode ser chamado em caso de necessidade, com ocorreu, por exemplo, com os policiais, no Ceará. O mesmo período será usado para o líder do governo, Major Vitor Hugo, sondar os aliados sobre o tamanho do grupo com que o presidente poderá contar para “o que der e vier”. Até aqui, essa é a maior incógnita no Planalto.

Bloco dos pragmáticos

A decisão do PCdoB embaralhou o jogo na Câmara. O partido vai indicar o voto em favor de Rodrigo Maia, mas não participar do bloco formal que hoje engloba o DEM e o PSL. O PDT segue pelo mesmo caminho. O PSB não quer Maia, mas quer um bloco com esses dois partidos. Vai terminar surgindo aí um bloco, sem compromisso com candidaturas a presidente da Casa. O que eles querem é vaga na Mesa Diretora.

Lição petista

O PT está decidido a fazer qualquer movimento que lhe garanta espaço na Mesa Diretora, desde que não tenha que se aliar formalmente ao PSL de Bolsonaro. Em compensação, não lançará candidato a presidente da Câmara. O partido fará tudo para não repetir 2015.

Preço foi alto

Naquele ano, quando Eduardo Cunha venceu, o PT apostou suas fichas em Arlindo Chinaglia e perdeu tudo — a Presidência da Câmara, cargos de comando à Mesa Diretora. Mais tarde, esse erro custou a Presidência da República.

Discurso & prática I

Autoridades do governo estão convictas de que o decreto do presidente Jair Bolsonaro flexibilizando a compra de armas não mudará muito o dia a dia do cidadão. Nem tampouco a segurança das famílias, especialmente, as de baixa renda, dado o preço dos artefatos e da munição.

Discurso & prática II

A diferença entre discurso e ação vale também para a transferência da Embaixada em Israel, de Tel Aviv para Jerusalém. Muito se falou sobre o tema nos primeiros dias de governo, mas até agora nenhuma ação concreta foi adotada.

Presença de Levy/ Sempre que está em Brasília, o presidente do PRP, Levy Fidelix, vai religiosamente à vice-presidência da República. Nem que seja para dar um “olá” ao vice-presidente, general Hamilton Mourão.

Rocha versus Dallagnol/ O deputado Hildo Rocha (MDB-MA) chamou o procurador Deltan Dallagnol para a briga nas redes sociais. Num vídeo, Rocha diz que Deltan pede voto aberto para presidente do Senado, mas vota secretamente na hora de compor a lista tríplice para o cargo de Procurador-Geral da República.

Meia volta no PSL/ Pressionados por suas redes sociais, deputados ligados a Jair Bolsonaro engrossam publicamente o “fora Renan”. Em conversas reservadas, porém, já tem muita gente do partido torcendo pelo senador alagoano.

No embalo da Rede/ Ao se lançar candidato a presidente do Senado, Álvaro Dias se antecipa a Tasso Jereissati e espera conquistar o apoio do bloco encabeçado pela Rede. Serão 15 dias de muito movimento nessa seara.

Bolsonaro deve rescindir contratos de aluguel e mexerá no bolso de Luiz Estevão

Bolsonaro mexerá no Bolso de Luiz Estevão
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Para desespero dos empresários que alugam prédios para o poder público federal, a intenção do governo Jair Bolsonaro é fazer com que a administração central fique concentrada na Esplanada dos Ministérios. Há quem diga que, se distribuir melhor os espaços, cabe. São 19 prédios na Esplanada, incluindo a Justiça e as Relações Exteriores, que têm seus palácios. Quatro pastas estão dentro do Palácio do Planalto. O Banco Central também tem a própria sede. Todos têm anexos.

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A ideia do governo é entregar praticamente todos os imóveis alugados. Os contratos que podem ser encerrados no curto prazo ainda estão em fase de levantamento. Mas, segundo alguns ministros, já é possível afirmar que um dos que perderá dinheiro nessa história é o empresário Luiz Estevão, que administra seu império a partir da Papuda desde março de 2016. Em dezembro, ele completou mil dias de cadeia. Se o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, decidir seguir pelo mesmo caminho, o faturamento despencará da casa dos milhões.

 

Um pé no Nordeste

O telefonema do governador do Ceará, Camilo Santana, pedindo apoio da Força Nacional de Segurança para ajudar a conter a onda de violência que assola o estado é vista como a porta de entrada do governo Jair Bolsonaro na região onde o PT continua forte em termos eleitorais. Por ironia do destino, o secretário de Segurança Pública, general Theófilo, que vai cuidar do caso, foi o adversário de Camilo Santana na eleição.

 

Não foi por falta de aviso

Há um ano, o deputado Danilo Forte (PSDB-CE) pediu que o presidente Michel Temer decretasse intervenção no Ceará por causa das ações do crime organizado. Na época, Camilo Santana disse que estava tudo sob controle. Agora, passada a posse, os ataques voltaram e uma janela se abre para o governo federal ajudar o petista.

 

Gabinetes invadidos

Não foi apenas o PT que sofreu com a invasão de gabinetes na Câmara. Nas transmissões de cargos, vários servidores de carreira, técnicos, tiveram suas salas arrombadas e maçanetas quebradas. Muitos consideraram a atitude inexplicável, uma vez que a segurança tem chave-mestra que poderia ter sido usada na varredura.

 

Renan e o PSL

O lançamento da candidatura do senador Major Olímpio à Presidência do Senado é a estratégia do presidente do PSL, Luciano Bivar, para contrabalançar o apoio a Rodrigo Maia (DEM-RJ). O PSL lança apenas para não ter que apoiar Renan. Rápido no gatilho, Renan fez chegar ao governo que pisará no acelerador das reformas constitucionais. O gesto de Renan deixa um problema para Bolsonaro: se o partido do presidente ficar com Major Olímpio e Renan vencer, as dores de cabeça vão sobrar para o governo.

Conselhos a Bolsonaro I/ O presidente está sendo aconselhado por personalidades de Brasília a restaurar a disposição original dos móveis do Palácio da Alvorada. Pela retomada das cadeiras azuis, flagrada ontem pela TV Globo, há quem diga que ele acolherá a sugestão. Resta saber se fará o mesmo em relação às imagens sacras.

Conselhos a Bolsonaro II/ A capela do Alvorada, anexa ao prédio principal, também precisa de algum ajuste. No período em que Dilma se manteve afastada do Planalto, cuidando da defesa no processo de impeachment, a capela foi transformada em escritório para assessores.

Humor e governo I/ Depois de o chanceler Ernesto Araújo (foto) ganhar o apelido de Beato Salu, personagem da novela Roque Santeiro, de 1985, foi a vez da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, ganhar a alcunha de “Dilma do governo Bolsonaro”, dada a capacidade de proferir frases inspiradoras de memes, como a tal “meninas de rosa e meninos de azul”.

Humor e governo II/ Gente do próprio governo Bolsonaro se lembrou na hora da frase de Dilma sobre as crianças, “sempre que você olha uma criança, há sempre uma figura oculta, que é um cachorro atrás”.

Bolsonaro precisa manter aceso o sentimento popular para pressionar o Congresso

Bolsonaro
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Depois dos primeiros discursos do presidente eleito, muito se falou sobre a necessidade de “descer do palanque”, que a eleição acabou, etc. Porém, quem o conhece garante que não será bem assim. “Ele simplesmente não pode fazer isso”, diz o professor Paulo Kramer. O presidente Jair Bolsonaro optou por queimar a ponte com o presidencialismo de coalizão. Portanto, precisa manter aceso o sentimento popular para pressionar o Congresso a apoiar a agenda do Poder Executivo.

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É esse sentimento de resgate da bandeira verde e amarela, e da necessidade do ajuste fiscal e das reformas, que ele pretende usar nos próximos meses. Só tem um problema aí, diz o professor: “Como alertava Max Weber, o carisma é inerentemente instável e fugaz, logo, a janela de oportunidade para implementar os pontos prioritários dessa agenda é estreita”. Portanto, o governo vai acelerar nesses primeiros meses e tratar de ganhar tempo onde for possível.

Guedes quer “desjudicializar” a economia

Muitos se perguntaram o que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, comentavam aos cochichos na transmissão de cargo de Guedes ontem à tarde. Era a necessidade de “desjudicialização” das matérias tributárias e a simplificação do tema na Constituição. Vem muita coisa por aí.

 

Guedes por Rodrigo

A presença do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na transmissão de cargo de Paulo Guedes, já estava acertada há tempos e a proximidade entre os dois foi fundamental para ajudar a levar o PSL a fechar com a reeleição do deputado para mais dois anos de comando na Casa. Até aqui, avisam alguns, Rodrigo Maia é quem tem mais trânsito e experiência para garantir a agenda de reformas econômicas.

 

Governo fora

A proximidade entre Paulo Guedes e Rodrigo Maia não garante o apoio fechado do governo ao demista. O presidente Jair Bolsonaro quer ficar distante dessa disputa. Prefere isso a fazer como a presidente Dilma Rousseff, que apoiou Arlindo Chinaglia (PT-SP) contra Eduardo Cunha (MDB-RJ) e perdeu.

 

Enquanto isso, no Clube do Exército…

Ao falar de improviso na transmissão de cargo do ministro da Defesa, Fernando Azevedo, o presidente Jair Bolsonaro mencionou que o ex-ministro general Joaquim Silva e Luna “não vai colocar o pijama”. Ao fim da cerimônia, o general disse ao jornalista Leonardo Cavalcanti que ficou surpreso com a referência e garantiu não saber qual cargo poderá ocupar.

 

Cada um no seu quadrado

Poucos deputados prestigiaram a posse de Sérgio Moro na Justiça. A maioria preferiu mesmo ir ao Planalto, Agricultura, Desenvolvimento Social, Turismo e Saúde, onde os ministros são políticos. Com Moro, estavam o Judiciário e policiais. Em peso.

 

Guedes, o informal/ O ministro da Economia, Paulo Guedes, não é muito chegado às menções protocolares. Em seu primeiro discurso oficial, dispensou a extensa nominata. Apenas saudou “as autoridades” e agradeceu a todos, “em primeiro lugar, minha família”.

Padrinhos/ Na posse, destaque para Winston Ling e Bia Kicis, que apresentaram Paulo Guedes a Jair Bolsonaro em novembro de 2017. “Jamais imaginamos que hoje estaríamos todos aqui”, disse a deputada. Guedes, à época, ainda sonhava com a candidatura do empresário Luciano Huck.

O Carlos das redes e do Rolls-Royce/ Funcionários que cuidam do Twitter do Planalto não têm feito o expediente completo. Ontem, houve até quem não aparecesse, uma vez que a gestão das redes sociais palacianas ainda não está definida. A culpa, agora, recai sobre Carlos Bolsonaro (foto) — o filho que acompanhou o presidente sentado sobre parte da capota e com os pés sobre o estofado do Rolls Royce presidencial . Há inclusive quem diga, “bem, já que o Carlos tuíta tudo…”

Por falar em servidores…/ Ao exonerar todos os servidores da Casa Civil, não sobraram funcionários nem para atender o telefone. O ministro Onyx Lorenzoni e seus principais assessores tiveram que resolver tudo sozinhos. A intenção da equipe é que, até amanhã, as coisas já estejam normalizadas. Pelo menos, o novo ministro não encontrou computadores apagados e sem HD, como ocorreu na passagem de Dilma para Michel Temer.

Ministros são orientados a blindar Bolsonaro no caso Queiroz

queiroz blindagem bolsonaro
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Por mais frouxas que sejam as explicações do ex-assessor Fabrício Queiroz em relação à movimentação financeira atípica detectada pelo Coaf, o governo que assume daqui a três dias está com tudo preparado para manter esse assunto bem longe do presidente eleito, Jair Bolsonaro. Entre todos os ministros, a ordem é dizer em alto e bom som que esse tema não é assunto de governo e que quem deve responder é o próprio Queiroz.

Ainda que, por hipótese, o ex-chefe de Queiroz, o deputado estadual Flávio Bolsonaro, senador eleito, seja chamado a dar qualquer explicação, ele estará lá como integrante da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). E, sendo assim, dizem alguns, o assunto morrerá nos gabinetes palacianos. Afinal, ali não faltam assuntos importantes a tratar, como a reestruturação do governo e a economia.

Ninguém sai

É bom o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, se acostumar com a prisão. A avaliação de promotores do Rio de Janeiro é a de que ele não sai de lá tão cedo. Foi por isso, inclusive, que seus advogados pediram e conseguiram que ele não seja enviado a outra prisão quando terminar o mandato daqui a três dias.

O PT e a democracia I

A decisão do PT de não comparecer à posse de Jair Bolsonaro é vista como um sinal de que não terá diálogo algum com o governo no futuro. Dentro do próprio partido, muitos estão preocupados, porque a posição do PT mostra desrespeito aos preceitos democráticos.

O PT e a democracia II

A avaliação de alguns é a de que o PT age hoje da mesma forma que agiu em 1985, ao não votar em Tancredo Neves no colégio eleitoral e punir os que votaram — Bete Mendes, José Eudes e Airton Soares. Resta saber se, desta vez, punirá quem decidir comparecer à posse.

O PT e a democracia III

Naquele período, o papel do PT era “tensionar”, conforme mencionou em várias entrevistas o ex-presidente do partido José Genoino. Daqui para frente, não será diferente. É o PT voltando às origens.

CURTIDAS

Vai faltar lugar I/ No balanço geral, a turma ligada a Jair Bolsonaro nem esquentou com a decisão do PT de não comparecer à posse. É que, contando os 140 convidados do presidente eleito, os parlamentares deste mandato e do próximo, já são mais de 2 mil pessoas.

Vai faltar lugar II/ A solenidade no Congresso é considerada o ponto alto, porque é lá que o presidente eleito assina o termo de posse e profere o discurso político para os Três Poderes.

Menos um/ Quem vai faltar à posse é o atual ministro da Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab. Ele fez uma transmissão de cargo simbólica ontem no Ministério, quando se despediu dos funcionários e apresentou o novo ministro, Marcos Pontes, e o futuro secretário executivo, Júlio Semeghini. Kassab embarcou ontem para São Paulo, onde assumirá a Casa Civil do governador eleito, João Dória.

A pausa de Kassab/ O atual ministro não volta para a transmissão de cargo, mas não cortará laços com Brasília. É que a Casa Civil paulista será responsável pela representação do estado de São Paulo na capital da República. Logo, quando reassumir o cargo depois da licença não remunerada que vai tirar no início do governo, ele estará sempre por aqui.