A ordem invertida de Bolsonaro

Jair Bolsonaro
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O discurso de Jair Bolsonaro a investidores, durante evento na Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, fez soar o alarme de descompasso entre o que deseja o presidente da República e seus aliados. Ele disse que “o próximo passo”, depois da Reforma da Previdência, é a aprovação da Reforma Administrativa.

Acontece que, hoje, não há o menor consenso em relação ao texto, que sequer começou a tramitar por causa da pandemia. Até os R$ 300 bilhões que o presidente cita como economia a ser gerada nos próximos dez anos são vistos como um “chute”. O número não foi acompanhado de memória de cálculo, que permita aos congressistas auferir a sua veracidade.

Para completar, na base do governo, a Reforma Tributária está mais adiantada, uma vez que já tramita nas duas Casas, e há um interesse em votar algo dentro dessa reforma ainda este ano, ainda que seja na “comissão café com leite” –– o colegiado misto que não tem previsão no trâmite oficial das propostas de emendas constitucionais, mas que hoje cumpre o papel de tentar buscar um consenso entre os textos que estão na Câmara e no Senado.

Moral da história: apesar da fala presidencial de confiança, os investidores vão esperar um pouco mais antes de decidir investir por aqui. A ordem lá fora é “muita calma nessa hora”.

Corre, Chico, corre

Está intensa a pressão nos bastidores para que Chico Rodrigues (DEM-RR) se afaste do mandato por seis meses, de forma a reduzir o desgaste de seus colegas no Senado. E o prazo é hoje, antes de o Supremo Tribunal Federal (STF) analisar, na sessão de amanhã, a decisão de afastamento tomada pelo ministro Luís Roberto Barroso. E que, até agora, ainda não foi analisada pelo Senado.

O medo de Chico

O problema é que o senador teme uma nova operação. Ele teve o pedido de prisão negado porque está no exercício do mandato. Mas, se aceitar uma licença, pode ficar exposto. E ainda deixaria o suplente na mesma situação, com a obrigação de defender o pai na tribuna do Senado.

Quando o assunto é medo…

É tenso o clima entre os magistrados que têm a conduta sob investigação no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A nova corregedora nacional de Justiça, ministra Maria Thereza de Assis Moura, empossada recentemente, pediu celeridade no andamento dos casos.

… nem a turma do Judiciário escapa

Maria Thereza tem especialização em Direito Penal Econômico e Europeu pela Faculdade de Coimbra e, até assumir a corregedoria, integrou uma das turmas de direito criminal do Superior Tribunal de Justiça, onde ganhou fama de ser rígida na aplicação de penas. Antes, quando era advogada, foi integrante do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCrim), que tem a linha de ser duro contra desvios de magistrados. Ela chegou ao STJ em 2006, indicada pelo então ministro da Justiça do governo Lula, Márcio Thomaz Bastos.

CURTIDAS

Artistas aliados/ Depois da arte de Rodrigo Camacho com cartuchos de balas, que marcou o lançamento do partido Aliança pelo Brasil, foi a vez de Marco Angeli levar a Jair Bolsonaro um quadro com um desenho do presidente em preto e branco. Atrás do quadro, a mensagem: “O homem que devolveu a esperança ao Brasil”. O encontro do artista com Bolsonaro, ontem, foi intermediado pela deputada Bia Kicis (PSL-DF).

Terceiro setor na pauta do STJ/ O Superior Tribunal de Justiça julga, hoje, o recurso sobre a possibilidade de enquadrar os dirigentes do terceiro setor na Lei de Improbidade Administrativa. O julgamento vem sendo acompanhado com uma lupa pelos advogados. “Estatizar as entidades do terceiro setor para fins de punição é perigoso. Não resta dúvida de que são entidades privadas e o julgamento tende a tensionar o conceito dessas entidades. Não podemos aceitar que o Judiciário, apenas para punir, transforme o terceiro setor em público”, diz Kildare Meira, representante da Covac Advogados.

E aí, vai pagar o hospital?/ É bom o Sindicato Rural de Tailândia (PA) se preparar. Se o show da cantora Mariana Fagundes, um exemplo do que os médicos citam daquilo que não deve ser feito durante uma pandemia, resultar em aumento dos casos de coronavírus na cidade, é dele que serão cobradas as despesas hospitalares do evento –– que havia prometido respeitar todos os protocolos de segurança sanitária e distanciamento social.

Aliás…/ A sensação que se tem é a de que o brasileiro ligou o “dane-se” em relação à pandemia. As pessoas promovem eventos com todo mundo sem máscara e sem distanciamento, como se o vírus estivesse ido embora.

São Paulo vira laboratório eleitoral de 2022

São Paulo vira laboratório eleitoral de 2022
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A eleição paulistana passou a ser acompanhada com lupa por todos os partidos por causa de fenômenos que prometem se repetir em 2022. Além da disputa pelo fim da hegemonia do PT no segmento à esquerda, há o racha no bolsonarismo e o afastamento de aliados do presidente Jair Bolsonaro — divisão que atinge, inclusive, as igrejas evangélicas, distribuídas entre vários partidos.

No caso das esquerdas, os ataques de Guilherme Boulos (PSol) a Márcio França (PSB) foram considerados, por muitos políticos, como uma tentativa do PSol de tentar desgastar um adversário perigoso hoje e no futuro e, de quebra, tirar o PT de cena. Afinal, o PSB é, hoje, um dos partidos à esquerda com trânsito no centro e aberto a candidaturas alternativas num amplo espectro rumo a 2022. Okay, que lá na frente, a construção está totalmente em aberto, mas, no caso de São Paulo, os exercícios de manobras nacionais estão em curso. Por isso, lá, é olho vivo.

Ruim para todos

A soltura do traficante André do Rap coloca governo, Congresso e Supremo Tribunal Federal em mais uma rota de desgaste. O Parlamento aprovou a lei, o presidente Jair Bolsonaro não vetou, o STF aplicou e, agora, o bandido está solto.

Por falar em candidatura…

Quem acompanha a disputa pela Comissão Mista de Orçamento garante que esse imbróglio não tem solução no curto prazo. Está cada vez mais intrincada a relação entre o bloco de Arthur Lira (PP-AL), que lançou Flávia Arruda (PL-DF), e o mais ligado ao presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que tem Elmar Nascimento (DEM-BA) como candidato.

… vai ser no drive-thru

A tendência é decidir no voto. E essa eleição é secreta, no painel de votação, idêntica à escolha de autoridades. Em tempos de pandemia, a tendência é repetir o sistema adotado para escolha de embaixadores, há alguns dias, no Senado. A diferença é que tem que ter votação entre os deputados e os senadores que compõem a comissão.

O prejuízo da festinha/ Em tempos da covid-19, fazer campanha não está fácil. Em Fortaleza, por exemplo, bastou a festa de aniversário de Carol Bezerra, mulher do prefeito Roberto Cláudio, para que o pedetista José Sarto testasse positivo logo depois, o que levou a paralisar a campanha. Todos os presentes ao convescote estão em quarentena.

O prejuízo da festinha II/ O medo do vírus é tal que os eleitores também querem distância de quem testou positivo. Resultado: campanha da situação, em Fortaleza, só na reta final.

Clube fechado/ Cada vez mais próximo do presidente Jair Bolsonaro, o Centrão começa a sentir um certo incômodo com o fato de não ter nenhum “ministro da Casa”, ou seja, com gabinete no Planalto. O presidente Jair Bolsonaro, porém, não vai mudar essa situação agora, uma vez que a vaga da Secretaria-Geral da Presidência da República, no lugar de Jorge Oliveira, já está reservada para o almirante Flávio Rocha (foto).

Atendi, talkey?/ O almirante é anfitrião de jantares com bancadas de deputados e senadores. Dia desses, reuniu a bancada de Minas Gerais em sua casa, em torno de vários ministros. E, de quebra, há quem diga que o presidente, ao nomear o almirante, atende ao desejo daqueles que já fizeram chegar ao chefe do Executivo a mensagem: “Chega de general”.

Bolsonaro é aconselhado a não depor

Bolsonaro
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Que ninguém se surpreenda se, na hipótese de o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir pelo depoimento presencial a respeito do inquérito sobre interferência na Polícia Federal, o presidente Jair Bolsonaro decidir não depor ou ficar em silêncio. É que o fato de ser um inquérito, ou seja, uma investigação para apurar se haverá abertura de ação judicial, tem levado alguns aliados a aconselharem o presidente a não depor.

Perdas & danos

Aliados do presidente consideram que o desgaste político de decidir não prestar depoimento será pequeno, e não dará palco para Sergio Moro. A outra saída é marcar uma data bem distante. Assim, o caso já terá esfriado quando os investigadores forem ao Planalto ouvir o presidente.

Governo abre a bolsa de maldades depois da eleição

Bolsonaro abre a bolsa de maldades depois da eleição
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A decisão de deixar o Renda Cidadã está diretamente relacionada à necessidade de “cortar no músculo”, conforme definiu o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), no jantar em que selou a paz com o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Vêm por aí corte de salários e de programas que podem ser substituídos ou acoplados. De quebra, se não houver o novo imposto sobre transações eletrônicas, até os recursos do Fundeb correm o risco de serem colocados novamente na roda.

O plano B, uma vez que aprovar a proposta este ano será difícil, será prorrogar o estado de calamidade. Algo que, por enquanto, é visto como a pior saída.

Protejam as togas

A transferência de inquéritos e ações penais das turmas do Supremo Tribunal Federal (STF) para o plenário foi lida em todas as esferas como uma forma de os ministros se protegerem de ataques e darem mais peso às decisões relacionadas a casos de corrupção, como os desvendados até aqui pela Lava-Jato.

A vingança de Fux

Em conversas reservadas, alguns magistrados ouviram do presidente do STF, Luiz Fux, que ele estava muito incomodado com os empates na Segunda Turma, no período em que Celso de Mello esteve afastado. Agora, com os processos no plenário, vai acabar o “na dúvida, pró-réu”, que prevaleceu em casos da Lava-Jato nos tempos de licença médica do decano.

Por falar em Lava-Jato…

Ao contrário do que disse o presidente Jair Bolsonaro, sobre ter “acabado” com a Lava-Jato, quem entende de investigação acha que essa árvore não é uma bananeira. E ainda terá muitos frutos. Ainda mais agora com o julgamento no plenário, onde as sessões são transmitidas pela tevê.

… o alvo de Bolsonaro é outro

O presidente pode até dizer que “acabou com a Lava-Jato”, mas seus mais fiéis aliados tiveram nessa declaração a seguinte leitura: “ele acabou foi com Sergio Moro”. O ex-ministro da Justiça não é mais juiz, não vai para o STF e nem tampouco os partidos querem dar um espaço para que o magistrado que virou sinônimo de combate à corrupção seja candidato a presidente da República.

Jorge Oliveira, o bom companheiro

Como o leitor da coluna já sabe desde sexta-feira, Jorge Oliveira vai para o Tribunal de Contas da União (TCU). E chegará lá para ser os olhos e ouvidos de Bolsonaro, que não quer ser surpreendido por denúncias de corrupção no governo.

Funil ativado/ A indefinição sobre a reeleição para presidente da Câmara, colocou os pré-candidatos na rua e dois deles no radar das excelências: Baleia Rossi (MDB-SP) e Arthur Lira (PP-AL).

Lições da pandemia I/ O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Antônio Élcio Franco Filho, participa hoje, às 10h30, do webinar Saúde, pandemia, aprendizado e comunicação – A Era do Cuidado. O número dois da Saúde vai debater o atual momento vivido pelo setor no Brasil, os avanços e as expectativas em investimentos para 2021. O evento será transmitido pelo canal da In Press Oficina, no YouTube.

Lições da pandemia II/ Também participam do bate-papo virtual o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, Eduardo Rocha; e a diretora de Relacionamento com a Mídia da In Press Oficina e de Atendimento do Ministério da Saúde, Márcia Leite. A moderação estará cargo da diretora de Relacionamento com o Poder Público da In Press Oficina, Fernanda Lambach.

Muita calma nessa hora/ As polêmicas e dúvidas sobre o currículo de Kassio Nunes Marques não tiraram a disposição dos aliados de Bolsonaro de aprovar o nome do desembargador para o STF. Mas não deixa de ser um desgaste. Afinal, dizem alguns, é muito triste viver num país onde não se pode confiar nem nos títulos acadêmicos apresentados pelas autoridades.

Quebra dos acordos para presidir comissões da Câmara preocupa

Quebra de acordo
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A Comissão Mista de Orçamento promete se transformar num centro de tensão entre os partidos liderados pelo deputado Arthur Lira (PP-AL) e os demais, além de abrir um precedente grave na disputa pela presidência das comissões técnicas da Casa.

Até a noite de ontem, não havia um acordo que evitasse o voto a voto entre a deputada Flávia Arruda (PL-DF), candidata oficial do bloco capitaneado por Arthur Lira (PP-AL), e o deputado Elmar Nascimento (DEM-BA).

A disputa no voto, se confirmada, deixará em aberto a perspectiva de disputa nas demais comissões. Aí, avaliam alguns, a Câmara dos Deputados promete virar um salve-se quem puder. E com o presidente da Casa em fim de mandato, o descontrole promete tomar conta.

Maia empoderado

O governo está ciente do problema que a briga pelas comissões técnicas pode gerar na condução de votações. Por isso, não quer ter Rodrigo Maia (DEM-RJ) enfraquecido a ponto de não conseguir mais colocar ordem na Casa.

Afinal, se quiser aprovar alguma coisa antes de janeiro, terá de ter uma boa convivência com todos os partidos, e não só com o Centrão.

Onde mora o perigo

A maior preocupação, hoje, do governo é chegar a dezembro sem o Renda Cidadã. Já está certo que, se não tiver condições de aprovação, o jeito será prorrogar o auxílio emergencial no início de 2021, algo que o governo resiste neste momento, até para forçar o Congresso a votar uma proposta.

Novo mutirão para salvar vacina

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), já estuda meios de acelerar as votações dos indicados para as agências reguladoras. A de vigilância sanitária (Anvisa) vai ficar com dois diretores a partir desta semana, ou seja, sem quorum para aprovar nada. Ou o Congresso agiliza essas votações — e o governo as indicações que faltam — ou a aprovação da vacina da covid-19 ficará embarreirada.

Outros encontros virão

O café da manhã de ontem com a presença de Maia, no Alvorada, e o jantar entre o presidente da Câmara e o ministro da Economia, Paulo Guedes, foram apenas o início de uma relação que tem de se manter firme por mais alguns meses a fim de garantir o bom andamento da pauta.

Lei do gás e só

A depender dos palpites de 174 parlamentares ouvidos pela XP Investimentos, apenas a Lei do Gás tem alta chance de ter sua votação concluída, na Câmara e no Senado, este ano: 53% classificaram as chances como altas. Já a privatização da Eletrobras ficou em 12% em termos de alta chance de aprovação este ano. O Renda Cidadã, 32%.

Ali tá dominado/ O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) relaxou em relação ao seu mandato de senador. Sabe que, com o governo em fase de “paz e amor” com os congressistas, não terá problemas no Conselho de Ética.

Ali também/ O máximo que pode ocorrer é alguma provocação dos oposicionistas em plenário. Porém, com as sessões virtuais, esses ataques não têm tanta virulência quanto nas sessões presenciais.

Joice, a ecumênica/ Candidata a prefeita de São Paulo, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) mencionou em sua propaganda eleitoral seus “irmãos em Cristo”. Há alguns meses, ao comparar o presidente Jair Bolsonaro a Adolf Hitler, disse que, enquanto “judia”, não compactuava com ditadores.

“Sambarilove”, Pix!/ Viralizou a resposta de Bolsonaro sobre o sistema Pix de pagamentos, que entrará em vigor no mês que vem. Sem saber do que se tratava, Bolsonaro falou da carteira de aviação, da área de infraestrutura, de Tarcísio de Freitas, e por aí foi. Lembrou o personagem da Escolinha do Professor Raimundo, Armando Volta. Que começava sua fala com um “somebody love” pronunciado assim: “sambarilove”.

Pode sair da Bahia a alternativa contra os extremos entre Lula e Bolsonaro

Rui Costa governador da Bahia
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Uma entrevista do governador da Bahia, Rui Costa (PT), há quase um mês, acendeu as esperanças de parte do centro da política para formação, se não de um novo partido, de um grande conjunto de forças capazes de caminhar juntas em 2022.

Já tem gente que hoje faz oposição ao PT disposta a conversar com o governador. O que facilita essas conversas é o fato de Costa e o prefeito de Salvador, ACM Neto, cuidarem de manter uma postura de respeito mútuo e institucional no exercício do poder.

Hoje, ACM Neto não fala sobre 2022. Mas alguns trabalham nesse rumo. Sinal de que a política não está parada, nem ficará deixando o presidente Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva sozinhos na avenida, interessados em manter a polarização na próxima temporada eleitoral.

Na entrevista, ao Poder em Foco, capitaneado pelo jornalista Fernando Rodrigues, Rui Costa disse com todas as letras que está disposto a conversar com João Doria, Luciano Huck e quem mais chegar em busca de algo que leve à união das forças políticas.

Quanto à candidatura do ex-presidente Lula, Costa tem sido bem comedido. Sempre reitera que não é o momento de pensar em nomes e sim em projetos e união de forças. A leitura dos políticos foi uma só: Lula que recolha os flaps, porque o bloco do “Eu sozinho” não terá vez.

Cargos cobiçados

Já está a pleno vapor a guerra no governo federal e nos partidos aliados para ocupar as vagas da Autoridade Nacional de Proteção de Dados. O decreto publicado em agosto definiu cinco vagas do conselho diretor, a serem indicadas pela Casa Civil. Mas, dentro do Executivo, quem está ajudando nessa montagem é o secretário-executivo do Ministério das Comunicações, Fábio Wajngarten.

“Não se agradece com toga”

Frase sempre repetida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello. Em tempo de escolha de ministros para o STF, convém lembrar.

Por falar em toga…

Kassio Nunes terá facilidade na aprovação de seu nome dentro do Senado. Porém, com a esposa trabalhando por lá, será de bom tom se julgar impedido quando trata de casos relacionados às excelências. Pelo menos, processos relacionados a senadores piauienses.

Onde mora o perigo

Diante da disputa entre os ministros Rogério Marinho e Paulo Guedes, os bolsonaristas começaram a fazer contas eleitorais. O presidente Jair Bolsonaro já perdeu o discurso de defensor da Lava-Jato ao dispensar o ministro Sergio Moro, e de “nova política” ao se aliar ao Centrão. Resta a bandeira da responsabilidade fiscal e da recuperação econômica. Se perder essa, vai ficar mais do mesmo.

CURTIDAS

Déjà-vu?/ Nos idos dos anos 90, a Comissão Mista de Orçamento tinha um anexo especial, conhecido como “subvenções sociais”. Por ali, eram repassados recursos a instituições privadas e fundações de caráter social, que terminaram investigadas dentro da CPI do Orçamento. Muita gente terminou cassada por causa disso. Até aqui, qualquer semelhança daqueles casos com os repasses a instituições sociais de hoje é mera coincidência.

Salles nas queimadas/ A ida do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ao Mato Grosso do Sul, neste fim de semana, ajudou a aplainar as críticas que ele sofre no Congresso. Pelo menos, dentro da base aliada.

Pesquisas, sempre elas/ O PT odeia se pautar por pesquisas, mas o fato é que seus candidatos ficaram baqueados com os resultados da primeira rodada do Ibope. O que mais abateu foi ver Marília Arraes, como terceira colocada em Recife, perdendo para o primo João Campos (PSB) e Mendonça Filho (DEM).

É por aí/ O problema, avaliam os petistas, é que tem gente demais tirando a vaga de polarização com os partidos mais conservadores, posto que, por muito tempo, foi ocupado pelo PT. Ou seja, a perspectiva de a polarização acabar em 2022 é grande.

Arthur Lira ganha força política após Lindôra pedir rejeição de denúncia

Deputado Arthur Lira (PP-AL).
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O pedido da procuradora Lindôra Araújo ao Supremo Tribunal Federal, de rejeição da denúncia feita há quatro meses contra o líder do Centrão, deputado Arthur Lira (PP-AL), foi considerado a notícia mais importante na correlação de forças que, no momento, regem as articulações dentro do Congresso Nacional.

Os procuradores afirmam não haver provas de que o deputado recebeu R$ 1,6 milhão da Queiroz Galvão. Essa é a justificativa técnica. Mas, politicamente, os parlamentares avaliam que o presidente Jair Bolsonaro deu um passo na direção da candidatura de Lira à Presidência da Casa.

Discretamente, o presidente vai se aproximando cada vez mais do grupo ligado a Arthur Lira e deixando de lado o DEM do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Aliás, entre os líderes aliados, a leitura é a de que, com esse pedido do MP, Lira ganha fôlego para conquistar a Presidência da Comissão Mista de Orçamento, deslocando Maia. Os bastidores da política vão ferver até terça-feira, quando se espera um desfecho da briga na CMO.

O bloco fura-teto…

A turma interessada em romper o teto de gastos cresce a cada dia dentro da base do governo, ainda que o presidente Jair Bolsonaro e os ministros assegurem que a ideia está fora de cogitação. Agora, a conversa é a de que, por causa da pandemia, pode-se admitir furar o teto por dois ou três anos, porém, com “responsabilidade fiscal”.

… coleciona argumentos

O teto voltou a incomodar porque as excelências não querem mexer nos recursos do Fundeb, o Fundo de Desenvolvimento da Educação. Em relação aos precatórios, o mercado não quer. “Cada um tem uma pendência nesses tempos de pandemia, que não pode mexer, logo, não temos saída”, avaliou um vice-líder à coluna.

Conta outra

Entre os economistas, entretanto, esse discurso de “responsabilidade” não emplaca. Se furar o teto, avaliam os integrantes da equipe econômica, Bolsonaro pode dizer adeus ao equilíbrio fiscal.

E ele se deu bem

Até aqui, quem faturou politicamente com a história do Renda Cidadã foi o presidente Jair Bolsonaro. É o detentor do discurso “Eu quis ajudar as pessoas, mas o Congresso não quis”. Essa versão de que era dinheiro do Fundeb, dos precatórios, para os bolsonaristas, é apenas “um detalhe”.

Ricardo reina/ Os novos vice-líderes do governo levados para um café com o presidente Jair Bolsonaro são todos neófitos nas articulações políticas. Significa que Ricardo Barros (PP-PR) tem o comando absoluto das conversas na Câmara.

Por falar em eleição americana…/ A resposta do presidente Jair Bolsonaro ao candidato Joe Biden em suas redes sociais ganhou o apoio do senador Plínio Valério (PSDB-AM), que não é bolsonarista. “O presidente está certo quando diz que a nossa soberania não é negociável. E olha que não sou da base do governo. Sou da região, e a situação não é a que se pinta lá fora”, diz.

Demorou, mas chegou/ O ex-deputado e ex-ministro Carlos Marun aproveitou o almoço, ontem, da reunião da Itaipu Binacional para receber a ordem do Mérito do Rio Branco, honraria que lhe foi concedida ainda no governo Michel Temer.

Mobilização nos Estados Unidos/ As estrelas da NBA e franquias deflagraram uma grande campanha para levar as pessoas às urnas nos EUA, onde o voto não é obrigatório. Alguns times inclusive ofereceram suas arenas para servirem de locais para votação presencial. Dia desses, Lebron James foi treinar com uma camisa “Vote or die”, ou seja, “vote ou morra”.

Semana termina com Planalto em festa

Balão festa Bolsonaro Planalto
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O governo encerra a semana com comemorações, haja vista a pesquisa do CNI/Ibope deste mês, a primeira de 2020 da série, com a aprovação de 50% da maneira do presidente governar e 40% de ótimo e bom na avaliação do governo. A notícia ficou mais saborosa para os governistas ao ser associada à decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, em favor de Jair Bolsonaro por escrito na investigação sobre a tentativa de interferência na Polícia Federal.

Os governistas se sentiram aliviados com o envio da decisão do ministro ao plenário virtual –– aquele em que os ministros vão colocando seus votos, sem que haja toda a pompa de uma sessão transmitida pela TV Justiça. Assim, crescem as esperanças dos apoiadores de Bolsonaro de reversão da tendência, revelada na semana passada, de que o presidente terminaria obrigado a ficar cara a cara com o ex-ministro Sergio Moro no Palácio do Planalto, que denunciou a suposta tentativa de interferência na PF.

Mais pressão sobre Guedes

A mesma pesquisa CNI/Ibope, que foi vista como um alívio para Bolsonaro, deixa a equipe econômica, liderada por Paulo Guedes, com a missão de entregar logo alguns produtos caros ao presidente. Caiu nos ombros do ministro da Economia os indicadores com taxas de desaprovação acima dos 60%: impostos (28% aprovam e 67% desaprovam); taxa de juros (30% aprovam e 64% desaprovam) e o combate ao desemprego (37% aprovam e 60% desaprovam).

Tropa de Alcolumbre balança

O parecer técnico de consultores do Senado sobre a inconstitucionalidade da reeleição dos presidentes das duas Casas legislativas tirou de cena vários apoiadores do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP). Há um grupo, agora, disposto a ajustar a visão para outros nomes.

Onde mora o perigo

A perspectiva de o STF não decidir, deixando os parlamentares cuidarem desse tema, uma vez que ainda não há uma candidatura oficialmente posta para o comando do Senado, é vista como o pior dos mundos para Alcolumbre. Isso porque ele estará exposto a uma ação direta de inconstitucionalidade, caso se apresente oficialmente para concorrer à reeleição.

MDB se anima

Diante das incertezas, o MDB entra no aquecimento e nas duas Casas. Na Câmara, o líder e presidente do partido, Baleia Rossi (SP), deflagrou conversas com os parlamentares. E, no Senado, o nome que entra em movimento é o do líder da bancada emedebista, Eduardo Braga (AM), que tem trânsito na oposição.

CURTIDAS

O novo normal/ O PT decidiu partir para cima de todos os ministros do governo que atacarem os governos Lula e Dilma no quesito corrupção, e a estreia foi justamente com o chanceler Ernesto Araújo, que classificou o país como “pária” e “exportador de corrupção” nos governos petistas. “Quando fala de corrupção, o senhor precisa explicar a corrupção na família do presidente. Aí, a gente começa a discutir corrupção”, disse o líder no Senado, Rogério Carvalho (SE). Foi um constrangimento em que o ministro ainda se prontificou a dar uma resposta ao líder petista, mas o presidente da Comissão de Relações Exteriores, Nelsinho Trad (PSD-MS), pediu apenas que Araújo concluísse o raciocínio, dentro do tema em debate –– a visita do secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, a Roraima.

Por falar em PT…/ O partido esperava uma colocação melhor para Jilmar Tatto, na primeira pesquisa DataFolha, depois de conhecidos todos os candidatos a prefeito de São Paulo. A surpresa da largada de 2%, empatados com o PSTU, enquanto Guilherme Boulos, do PSol, chegou a 9%, foi um baque e deixou a muitos a sensação de que Tatto é o nome errado na hora errada.

…e em eleição…/ Na live da semana, Bolsonaro deixou a impressão de que terminará entrando na campanha eleitoral deste ano. Citou especificamente São Paulo, Santos (SP) e Manaus, mas não elencou nomes. Se entrar, as apostas do presidente nessas cidades são, respectivamente, o deputado Celso Russomano (Republicanos); o desembargador Ivan Sartori (PSD); e o coronel da reserva do Exército Alfredo Alexandre de Menezes Júnior (Patriotas), que tem como nome de guerra Coronel Menezes.

No discurso na ONU, Bolsonaro esqueceu de corrupção e segurança para os turistas

Bolsonaro
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O discurso do presidente Jair Bolsonaro nas Nações Unidas não citou nem sequer uma vez o combate à corrupção, nem tampouco mencionou que as cidades brasileiras representam um porto seguro para os turistas do mundo inteiro, dois pontos que faltaram se comparados à fala presidencial de 2019.

Lá atrás, com nove meses e governo, Bolsonaro ainda não era próximo do PP de Ciro Nogueira, do PTB de Roberto Jefferson e ressaltava o “patriotismo, a perseverança e coragem de um juiz que é símbolo no meu país, o doutor Sergio Moro, nosso atual ministro da Justiça”.

A segurança nas cidades brasileiras também foi deixada de lado. Em seu lugar, entrou a defesa das reformas, o apoio à reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Em tempo: Conforme antecipou a coluna, Bolsonaro desta vez não citou nenhum ministro. Afinal, como ele já pode perceber enquanto presidente da República, a velha expressão “entra comigo e sai comigo” que ele usou para nomear muita gente, já caiu em desuso faz tempo.

Em ano eleitoral, não vai

Quem fez as contas garante: Com a eleição chegando aos lares dos brasileiros no início de outubro, com horário eleitoral, o governo não terá votos para aprovar o auxílio emergencial de R$ 300. Ninguém vai querer botar a cara e o nome no painel de votações e arriscar levar um “cartão vermelho”

A guerra do teto

A contar pelo que disse o secretário de Fazenda de São Paulo, Henrique Meirelles, a “tentação” de mexer no teto de gastos deve ser contida. No painel Telebrasil desta semana, o ex-ministro da Fazenda de Michel Temer e ex-presidente do Banco Central de Lula lembrou que é um dos instrumentos do governo para manter a confiança de que o país cuidará de equilibrar suas contas.

Separação litigiosa

Meirelles, com esse discurso, fica a anos-luz do PT de Lula. Ao lançar o plano de reconstrução nacional na segunda-feira, o PT defendeu o fim do teto de gastos e mais presença do estado para resolver a crise econômica. Meirelles se mantém na linha de atrair investimentos.

O funil das reformas…

A área econômica já sabe que reforma administrativa este ano não sai. Se alguma alteração constitucional for aprovada, será o primeiro turno da reforma tributária e olhe lá. Daí, a intensa agenda de reuniões desta semana. A ideia é acelerar esse processo e, se der, incluir o novo imposto sobre sobre operações eletrônicas.

Olho no lance/ Deputados e senadores começam a prestar atenção nas grandes casas de apostas digitais que faturam bilhões, por exemplo, com o futebol. Dados que circulam entre os parlamentares apontam R$ 4 bilhões arrecadados na Copa do Mundo.

Agora, os elogios, talkey?/ A presença de líderes no Planalto, ontem, para acompanhar, ao lado de Bolsonaro, a exibição do discurso na ONU, e já saíram dali com as orientações na ponta da língua para elogiar a fala presidencial.

Tensão no Senado/ O jantar que o senador Izalci (PSDB-DF, foto) ofereceu, ontem, aos colegas num amplo salão de festas da cidade, atraiu as excelências cansadas do isolamento, mas alguns foram com medo. Apesar do distanciamento social, sabe como é, em meio a confraternização, muita gente esquece que o Brasil ainda vive uma pandemia.

Por falar em tensão…/ O discurso na ONU reavivou o mal-estar entre o presidente Jair Bolsonaro e o conselho nacional dos secretários de saúde (Conass). Essa história de dizer que ficou fora da coordenação da covid-19 foi meia-verdade.