Sob nova direção

Publicado em coluna Brasília-DF

A avalanche de medidas aprovadas pelo Parlamento, que resultou no aumento das despesas governamentais nesses últimos dias antes do recesso, deixou ao governo a certeza de que o Planalto perdeu totalmente o comando do processo legislativo. Em especial na Câmara, onde quem manda hoje é o triunvirato DEM, PP e PR, ao qual se agrega, vez por outra, ao Solidariedade. O MDB tem parte nessa turma, mas se torna uma massa a cada dia mais amorfa, enquanto o grupo capitaneado pelo DEM/PP e cia. ora se alia à oposição mais orgânica (PT-PCdoB-PSol-PDT), ora ao governo. PSDB e PPS, considerados os partidos mais “pé no chão”, estão cada vez mais sozinhos.

Em tempo: Os partidos que comandam a cena são os mesmos que rezavam pela cartilha de Eduardo Cunha, atualmente na cadeia. Não é à toa que o presidente do DEM, ACM Neto, quer se afastar um pouco desses companheiros.

Vai ajudar os outros
A absolvição do senador Delcídio do Amaral no caso de obstrução de Justiça vai reforçar o discurso de muitos que estão com a corda no pescoço e a cabeça a prêmio no Legislativo. A partir de agosto, vai prevalecer o lema: enquanto os tribunais não derem um veredicto, não dá para cassar ou afastar qualquer senador do mandato.

Assunto popular
A análise da abertura de um pedido de impeachment do prefeito Marcelo Crivella no Rio reacendeu o pisca-alerta do mundo político. Há quem tenha o receio de que, diante das dificuldades econômicas que o país atravessa, o próximo presidente, seja quem for, acabe colecionando alguns pedidos nessa área logo na largada, caso queira promover gastos sem cobertura orçamentária.

Nem piscou
O mercado não se assustou muito com a derrubada do dispositivo da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que proibia a concessão de reajustes salariais aos servidores em 2019. Conforme antecipou a coluna ontem, o que vai segurar os aumentos é o teto de gastos.

Aí, vai dar ruim
Analistas já fizeram chegar às coordenações de campanha dos pré-candidatos à Presidência que o melhor a fazer é não mexer muito no teto e, sim, segurar as despesas. Se tirar o teto para investimentos ou outros gastos, o deficit projetado na casa dos R$ 130 bilhões, vai piorar a situação do país.

Tudo de novo I/ Depois do solta-prende do ex-presidente Lula no último domingo, tem grão-petista planejando ações em torno do direito do ex-presidente gravar um vídeo para a convenção do partido, entrevistas e mensagens para os petistas.

Tudo de novo II/ A primeira parada de um recurso para que Lula possa gravar entrevistas e vídeos deve ser o Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Aliás, foi para isso que os deputados pediram o habeas corpus. Há quem diga que , se tivessem feito apenas esse pedido, sem a liberdade, poderiam ter alcançado algum sucesso.

Longo recesso/ O governo está com receio de montar uma agenda mais alentada para o esforço concentrado de agosto. É que, depois da ampliação dos gastos, é melhor deixar tudo para depois da eleição.

Mandato derramado/ O PTC, novo partido de Delcídio do Amaral (foto) vai à Justiça tentar reverter a inelegibilidade do ex-senador e lançá-lo candidato. Delcídio, entretanto, ainda não decidiu se quer concorrer à Casa que não lhe deu o benefício da dúvida quando permitiu que ele ficasse preso.